Tommen tinha o péssimo costume de se apaixonar pelas namoradas do irmão mais velho, Joffrey.

Quando Joff chegou em casa, anunciando a bela Sansa Stark como sua namorada, o coração de Tommen falhou uma batida. Sansa era tão linda! Merecia alguém melhor que o irmão. Ela, no entanto, não parecia concordar com os pensamentos de Tommen.

A Stark estava maravilhada por Joffrey, seus olhos brilhavam quando Joffrey estava por perto, e sua respiração acelerava. Sansa passaria horas e horas somente olhando para o namorado, e ouvindo ele lhe contar as mais diversas histórias. Tommen não entendia como alguém pura como a Stark, poderia se apaixonar por alguém como o irmão.

Tommen mataria alguém, somente para ter a honra de passar seus dedos pelos cabelos vermelhos da garota. Ele seria capaz de viver em baixo da ponte, se esse fosse o preço por um beijo dos lábios rosados de Sansa. O garoto era capaz de tudo pela Stark.

Mas, obviamente, o sentimento não era recíproco. Sansa estava apaixonada por Joffrey, e não por ele. E Joffrey não parecia apreciar a honra que era ter o amor de Sansa. Ele a esnobava e a colocava de lado, Sansa não era a prioridade em sua vida, como era na vida de Tommen.

Joffrey nunca saberia como era sonhar com aqueles olhos azuis da garota, e desejar que os mesmos o reparassem. O irmão tinha tudo, mas tudo não parecia o bastante.

O pai de Tommen e atual presidente de Westeros, padrasto de Joffrey, Robert Baratheon, pareceu bastante contente com o namoro. Era amigo do patriarca da família Stark, e juntar-lhe as famílias lhe pareceu uma boa ideia. Os Starks governavam o norte com mão de ferro, seria bom ampliar a influência da família Lannister-Baratheon.

Mas o namoro não durou muito.

Tommen ainda se lembrava da noite em que Sansa chegou chorando em sua casa. Foi ele quem abriu a porta para a moça, e ao ver seus olhos marejados, Tomm imediatamente quis abraçar a garota, e lhe dizer que tudo ficaria bem. Mas não foi assim que aconteceu. Sansa o ignorou, como sempre, e subiu as escadas, rumo ao quarto de seu namorado. Eles ficaram, mais ou menos, uma hora lá dentro, os gritos podiam ser ouvidos por toda a casa. Tomm se lembrava de ouvir a mãe dizer que era bom a Stark nunca mais aparecer naquela casa, enquanto Myrcella se encolhia conforme os gritos aumentavam.

Foi Sansa quem finalizou a discussão. “Você é um idiota, Joffrey, um idiota! Está tudo acabado entre nós! Se é que ainda existia algo.” Então ela saiu do quarto do irmão, e foi correndo para o andar de baixo, pronta para sair dali.

Tommen a seguiu, e quando eles já estavam fora da casa, ele a alcançou, Sansa quase o xingou, pensando que fosse o irmão, mas ao ver que era apenas Tommen, ela relaxou. O menino aproveitou o momento, e se aproximou da ruiva, e então a abraçou. Sansa aceitou o abraço, e chorou. Ela deixou todas as suas lágrimas caírem no ombro do Baratheon. Tommen finalmente realizou seu desejo, e acariciou as madeixas ruivas de Sansa, que eram tão macias quanto ele imaginava.

“Obrigada pelo consolo, Tommen, e me desculpe por ter molhado sua camiseta. Você é uma criança muito fofa, melhor que seu irmão. Se mantenha assim.”

Criança? Sansa o via como uma criança? Após o chamar de criança, Sansa fez um cafuné em seus cabelos e foi embora, os cabelos ruivos balanço ao vento foi a última coisa que Tommen viu, antes dela virar na esquina.

Tommen não era uma criança! Ou era?

Ele descobriu, algumas semanas depois, que Joffrey estava traindo Sansa com uma amiga de Arya, irmã de Sansa. Não foi preciso fazer muito para descobrir quem, além de Joffrey, que causou o sofrimento de Sansa. Tommen apenas seguiu o irmão por uma tarde, para o ver se agarrando com Beth Cassel, uma nortenha. A Cassel era bonita, tinha cabelos castanhos encaracolados que iam até os ombros, pele branca e olhos cinzas. Ela era bonita, mas não era Sansa. O caso deles durou umas três semanas, e então Beth pulou fora, aparentemente, ela enxergou como Joffrey realmente era, e o largou.

E mesmo com o relacionamento de Sansa e Joffrey tendo chegado ao fim, Tomm ainda reparava na Stark, quando ele a via pela cidade. Ela parecia mais feliz, com um sorriso verdadeiro.

A ilusão de Tommen, no entanto, acabou quando ele viu a Stark de mãos dadas com Willas Tyrell.

O garoto começou a odiar aquela família, e seu ódio somente aumentou, quando ele conheceu a nova namorada de seu irmão: Margaery Tyrell.

Margaery era majestosa, cada movimento dela era calmo, e isso ganhou o coração de Tommen.

Diferente de Sansa, a respiração de Margaery desacelerava quando Joffrey estava por perto. Aos olhos de Tomm, a Tyrell não estava apaixonada pelo irmão. Ela sabia usar as palavras certas para que Joff a obedecesse, ela manipulava Joffrey, sem que ele percebesse.

Mas Tommen percebia. E isso fazia seu coração bater mais forte.

Sansa era gelada, mas Sansa trazia fogo, Sansa era ingênua, e Sansa era intensa.

Já Margaery era calma, Margaery sabia o que falar, e quando falar, Margaery era uma rosa, e Margaery era inebriante.

Margaery fazia o sangue de Tommen ferver de uma forma anormal, ela desencadeava uma torrente de sensações físicas imediatas, nada tão inocente do que fora com Sansa. Ela conversava com Tommen, mesmo que Joffrey detestasse isso, e eles tinham tanto incomum! Os mesmos filmes e musicais, ela até tinha ido ver a peça daquele ator que Tommen tinha quisto um autógrafo.

Parecia tão injusto que o irmão tivesse uma namorada daquelas. Margaery o tocava também, sempre casualmente, no rosto, no cabelo, nos braços, como se nunca tivesse consciente do fato que Tommen parecia prestes a entrar em combustão espontânea. E diferente de Sansa, ela com certeza não falava com ele como se fosse uma criança, às vezes, o garoto tinha a impressão de que ela o tratava mais como um adulto do que Joffrey.

Quase como uma maldição, Tommen se viu apaixonado pela Tyrell. Isso não era certo. Ela era a namorada de seu irmão. Mas Margaery sabia o que ela causava nas pessoas, e ela sabia como se aproveitar disso.

Foi numa tarde qualquer de uma quinta qualquer, que Tommen decidiu que um dia, conquistaria e se casaria com Margaery Tyrell.

O garoto ouviu as batidas na porta, e como ele era o único em casa, foi atender. Era ela, a rosa mais bela da Campina, de Westeros e Essos. A respiração de Tomm falhou ao ver o sorriso da moça, e Margaery riu ao perceber a reação de Tommen. Ela perguntou por Joffrey, mas ele não estava em casa, e foi isso o que Tommen lhe disse.

“Você sabe guardar segredos, Tomm?” Margaery o perguntou, com aquela voz doce.

Guardar segredos era a especialidade de Tommen, ele nunca contara a ninguém, nem mesmo ao seu travesseiro, que fora apaixonado por Sansa Stark. Tommen também nunca contara a ninguém o segredo da irmã Myrcella, de que ela tinha uma queda por Robb Stark. Ele também nunca contará o segredo de Alyssa, e certamente nunca iria contar que se apaixonou por Margaery.

Tommen fez que sim com a cabeça, e Margaery voltou a falar, com um sorriso no rosto. “Você pode guardar um segredo para mim, Tommy?”

Sem esperar uma resposta, Margaery se aproximou dele, e depositou um casto selinho no canto de sua boca. Tommen não soube como reagir, ele apenas ficou parado, com a mão ainda na maçaneta na porta, olhando para o horizonte. A Tyrell deu uma leve risada, e então foi embora. Naquela mesma tarde, Joffrey e Margaery terminaram seu namoro.

Aquilo não era justo, simplesmente não era justo. Joffrey não sabia dar valor às suas namoradas, mas isso não dava a Tommen o direito de se apaixonar por elas.

Sansa foi como a chegada do verão em sua vida, apesar de ser do norte, ela era quente. Foi a garota quem trouxe um pouco mais de cor para sua vida. Já Margaery era como a chegada do outono, pois todas as flores pareciam murchas quando a Tyrell estava por perto.

Mas Tommen teria que conviver com isso, e conter seu coração toda vez que Joffrey trouxesse uma nova namorada para casa.