Por um minúsculo momento, Jon achou que a tinha visto. Era fim de tarde e ele estava sentado em um banco nas docas de Porto Real, o celular nas mãos, tudo ao redor parecendo meio desfocado. Eu te amo. Uma mulher passou correndo atrás de uma criança e Jon não conseguiu evitar de persegui-la com o olhar. O cabelo ruivo ia atrás dela enquanto ela corria, caindo sobre seus ombros quando se abaixou para pegar a criança. Por um momento, ele estava paralisado. Eu te amo.  Por um momento, a dor parou e o mundo estava em pausa. Quando a mulher virou-se para ele, um rosto que Jon nunca havia visto antes, a dor voltou como se alguém tivesse dado o play. A dor queimava... E Jon estava queimando por sete dias completos.

Apenas uma semana atrás ele havia estado com Ygritte. Se você diz.

Jon estava sufocando, faziam sete dias que havia recebido a ligação de Tormund, apenas uma semana atrás o celular tocará e Jon perdera a capacidade de respirar.

Era uma piada? Uma das piadas ridículas que Ygritte gostava de pregar? Era uma piada cruel? Se você diz.

Checou o celular em suas mãos mais uma vez. O que ele estava esperando? Ele não iria tocar, nenhuma mensagem chegaria no meio do dia, nenhuma notificação. Não dela. Nunca mais o celular tocaria e uma foto da ruiva, da mulher que ele mais amou, iria aparecer. Ela não voltaria.

Jon lutava com todos os pensamentos sobre o porquê. Sobre todos os sinais, sobre tudo o que haviam dito. Se você diz. Lutava com todas as palavras que surgiam agora, tudo o que faltou ter dito, tudo o que ele queria ter mais uma chance de dizer.

Faziam sete dias que Ygritte havia falecido por overdose.

Faziam sete dias sem o abraço da ruiva, sete dias sem ouvir sua voz, sem ver seu rosto. Uma semana de dor, uma semana que ele não conseguia acreditar, eles estavam juntos, eles envelheceriam juntos, eles...

Fazia uma semana que Jon repetia as mesmas palavras em sua cabeça. Uma semana em que ele revivia a últimas palavras que ela dissera.

“Eu te amo, baby.” disse a ruiva, empurrando a mala para o corredor.

“Eu te amo mais.” sorriu o moreno, terminando de arrumar a gravata.

Um suspiro. Uma pausa. Um sorriso.

“Se você diz.”