— Testuda, que ideia mais sem cabimento! – Ino-chan reprendia a pupila da Tsunade-sama por uma ideia, vamos dizer, sem cabimento.

Depois que sai correndo do apartamento da Sakura-chan e Sasuke-san acabei por ter um encontro violento com Ino-chan. Sim, violento! Estava absorvida demais em meus pensamentos e acabei por trombar em Ino que carregava um vaso de flor gigantesco.

E agora estou aqui, vestindo roupas dela, que diga-se de passagem não faz nenhum pouco meu estilo. Ouvindo ela reclamar com Sakura-chan.

— TenTen-chan, não me leve a mal. Eu só pensei que como você é a única solteira e o Sasuke me disse que você murmurava enquanto dormia. - Engasguei com chá devido a revelação fazendo Sakura parar de se explicar, mas mal me recompus e ela voltou a tagarelar.

— Falava de um homem com olhos lindos e impactantes quando dormia, eu concluí que você falava do Yamato-san, afinal estes são os únicos olhos mais impactantes da vila. – Uma gota desceu na testa de Ino me causando risos, os quais eu contive.

Então Sasuke falou para Sakura que eu falava dormindo, isso tira as minhas dúvidas. Escutou que eu falava sobre meu sonho e logo concluiu que eu me referia a Yamato!

—Então eu pensei em juntar vocês dois. – Suspiro depois de ouvir suas conclusões. Sério isso? Não foi de todo o mal suas intenções, mas erraram feio ao pensar no homem com quem eu sonhava. E o que faz o Yamato-san pensar que eu estava interessada nele?

— Sakura-chan! Os olhos do Yamato-san causam medo. – Digo sem animação e cheia de resignação. Cansei desta história. Ino-chan se aproxima novamente depois de mais um cliente satisfeito sair da floricultura.

— Mas Tenten-chan, afinal com quem você estava sonhando? – Ino pergunta depois de escorar no balcão com um sorriso malicioso nos lábios. Are e quem disse que eu estava sonhando com um homem?

— Diga TenTen, pois eu preciso saber quem são os donos dos tais olhos, já que não é o Yamato. – Sakura argumenta e eu levo o chá até meus lábios. Eu não irei dizer, afinal não estava sonhando com ninguém! Só com o meu colega de time.

Entretanto antes que eu possa responder o sino da porta bate indicando um novo cliente e meu rosto arde, quando pela porta entra Neji-san. Desvio os olhos para as garotas que já insinuam que mataram a charada. Não, isso é um equívoco.

—Sakura-chan, você é mesmo burra feito uma porta. – Ino cochicha e a rosada fica corada. – Olha para o Neji-san...para os olhos dele. – Ino termina sua frase e eu tento abaixar atrás do balcão de tanta vergonha.

Sakura parece concordar com Ino em sua conclusão, mas antes que possa dizer algo em minha defesa Neji caminha em nossa direção. Essas roupas da Ino estão curtíssimas, eu não posso deixar Neji-san me ver vestida assim.

—Ohayou Ino-san, Sakura-san... TenTen-san? –Neji diz e parece surpreso por me ver ali, quase agachada detrás do balcão. Faz muito tempo deste a última vez que nos vimos.

— Olá, Neji-kun! Vai querer qual hoje? – Ino toma a frente para quebrar o gelo que se formou. Neji parece sair do transe que estava.

— Ah, sim! Por favor, os lírios. – Ino-chan abre seu sorriso costumeiro enquanto Sakura-chan parece assimilar os fatos, que vale ressaltar que estão distorcidos. Vejo uma piscadela de Ino para a rosada que afirma positivamente e fico sem entender.

— Tudo bem, TenTen-chan vai atender o seu pedido. - Finco o pé no chão para não sair de trás do balcão enquanto nego veementemente fazendo Neji franzir o cenho. Mas Sakura me puxa pelo pulso e não precisa ser um gênio para saber que não estou mais atrás do balcão.

O meu rosto está pegando fogo de vergonha enquanto Neji passa os olhos em minhas vestes. Ino ri de canto junto da Sakura e eu queria lançar três mil objeteis cortantes nas duas.

— TenTen-chan, cuide da floricultura. Temos que resolver uma questão no hospital. Até mais! – Ino sai puxando Sakura para fora da floricultura e Neji retorna a me olhar depois das duas saírem. Que constrangimento!

— Os lírios TenTen-san. – Neji me faz lembrar o motivo de ele estar aqui, afirmo positivamente e vou pegar as flores numa estufa no fundo da loja. E neste momento tento puxar a saia para baixo, para que cubra mais minhas pernas e não obtenho êxito. Dentre todos estes anos juntos, acho que é a primeira vez que ele vê tanta pele exposta, minha é claro.

— Aqui estão, Neji-san. –Embrulho com cuidado para não estragar as flores, eu sei para quem elas são.

— Obrigado, não sabia que estava de volta.- Recebo o dinheiro e o guardo no caixa apenas para não encara-lo de tanta vergonha.

— Eu também não sabia que você tinha voltado. – Digo e ele afirma positivamente, afinal não temos mais tanto contado e um não saber o que acontece com o outro é normal, chega a ser lógico.

— Sua casa pegou fogo, Hinata-sama me contou. – Ele já justifica de onde tirou está informação e acabo sorrindo. Hinata sempre teve está mania de contar o que acontece comigo a Neji e vise versa. Como se fosse minha obrigação saber o que se passa na vida dele.

— Sim eu estava me hospedando na casa da Sakura-chan até resolver tudo. – Neji franze o cenho e depois logo retorna para sua fisionomia habitual.

— Hai e não está mais? – Neji me surpreende as vezes, sabe? Quando estou conversando com ele, digo quando estou falando e ele escutando sempre penso que ele não está prestando atenção e do nada ele faz uma observação.

— Pois é! Houve uns pequenos problemas e achei melhor sair. – Digo passando a mão na nuca, feito o Naruto. Ele retorna afirma positivo e um silêncio se apodera do local.

— E onde está agora? – O Hyuuga questiona e eu fico sem ter o que responder. Ótima pergunta!

— Você pode... – Neji é cortado abruptamente por Lee que entra um tanto estabanado na floricultura, quase derrubando uns vasos.

— Onde está Sakura-chan? Neji-Kun, TenTen-chan! –Diz animado por nos ver juntos depois de tanto tempo. – TenTen-chan, o que houve com suas roupas?

Rock Lee retorna a falar depois de abraçar Neji fortemente e eu tenho vontade de esgana-lo. Os dois passam os olhos novamente pelos meus trajes.

— Ora, Lee! – Fico nervosa e seus olhos já começam a marejar. Neji faz uma reverência mínima e segue para porta da floricultura me deixando com Lee que logo some atrás de Neji.

Fico sozinha novamente e escoro no balcão. Por um momento pensei que Neji iria me convidar para ficar com ele. Quero dizer me hospedar na casa dele. Na verdade, isso chega a ser insano, pois a probabilidade de isso acontecer é mínima, quase zero!

****

— Neji! Neji-san, Neji-sama, NEJI! – Lee vem aos berros pela rua e eu sigo sem lhe dar atenção. Por que ele tem que fazer tanto escândalo?

— Hai, Lee o que foi? – Paro e fico observando ele fazer uma seção de exercícios. Retorno a andar e ele me acompanha fazendo o máximo de silêncio possível.

— Viu como Ten-chan está cada vez mais bonita? – Era por isso o escândalo todo? Para dizer que TenTen-san está bonita? E tenho que concordar, mesmo estando vestido aquelas roupas indiscretas da Ino-san.

— Hai. – Olho para Lee com os cantos dos olhos e o vejo levantando as duas sobrancelhas em uma insinuação descarada.

— Eu vi o jeito que ficou olhando para ela. – Meu rosto arde e minha inseparável irritação volta. Do que Lee está falando?

— Lee, para de pensar asneiras. – O corto antes que manifeste mais besteiras. Eu a olhei de um jeito comum, sem segundas intenções ou qualquer coisa do tipo.

— Eu só quis dizer que você não deve ser o único a olhar com outros olhos. – Que olhos, Lee? TenTen-san é apenas uma colega de time. Mas antes que eu possa responder ele retorna a falar.

— Neji eu não sou nenhum cego, todo mundo está vendo sua fissuração pela Ten-chan... –Fissuração? Que fissuração, será que é tão difícil fazê-lo entender que não estou interessado... é apenas admiração por ter se tornado uma konoichi excelente.

— Gai-sensei!!! – Mas antes que eu possa responder a razão do Lee viver aparece para queimar seu fogo da juventude.

— Lee!! – E a novela vai começar!

— Gai-sensei! – E eu não vou ficar para assistir. Deixo os dois de lado e sigo para o cemitério, mas as palavras de Lee não se dissipam. O que será que ele disse em olhar como outros olhos? Acho que as pessoas podiam ser mais diretas em vez de ficar falando por enigmas. Será que Ten-chan está finalmente deixando ser cortejada? Ela sempre dispensou todos garotos que ousaram a galantear e depois de um tempo ninguém ousou mais fazer isso...depois que passamos a ficar próximos demais.

Isso é ideia de jerico. Hun, até parece que as pessoas iriam pensar que eu e TenTen formamos um casal, chega a ser ridículo.

****

Noite 1

Depois de ser explorada pela Ino-chan a trabalhar o dia inteiro na floricultura acabei nestes lençóis macios na casa da Yamanaka. E hoje acho que não irei ter nenhum problema, quero dizer nenhum fenômeno fora do comum ao dormir.

Bom de constrangimento por hoje já basta o encontro com Neji. Ele não mudou em absolutamente nada, mas eu não ouvi nenhuma das suas grosserias, nem mesmo comentou da minha veste, mas seu olhar de reprovação era evidente. Afinal um Hyuuga.

Bem que não me importo nenhum pouquinho com o que Neji pensa. Me aconchego melhor e meu corpo amolece, enfim descansar.

2:00

3:45

3:47:56

Acordo depois de sentir uma presença e não reconheço o chakra, mas então lembro que estou na casa da Ino, provavelmente deve ser algum parente. Mas resolvo verificar mesmo assim, não é? Desço para cozinha e não vejo nada e nem detecto mais nenhum chakra. Bom, eu nunca fui a melhor nisto, Neji sempre reconheceu, detectou presenças extras nas missões.

Escuto um barulho vindo da sala e fico em alerta. Calma, TenTen você não é a única ninja nesta casa.

— Ino-chan? – Chamo num sussurro, não quero acordar ninguém e sigo em minha rota. E ao chegar na sala me arrependo internamente, me arrependo muito.

— TenTen-chan! – Ino grita a me ver e fico um pouco estática vendo ela prensada na parede pelo Gaara. Aí, por Kami-sama

— Foi mal! – Retorno para meu quarto o mais rápido possível, onde eu estava com a cabeça? E ao olhar pela janela escancarada vejo um vulto se dissipar. Eu não estava de toda errada, mas fui verificar no local errado.

Quem será e o que queria? Provavelmente algum ninja da guarda do Kage. Me jogo na cama novamente. Será que não consigo ficar longe de situações constrangedoras?

****

Noite 2

20:00

Meu sorriso congelado no rosto já começa a doer. Depois da ceia na casa da Ino-chan, sinto meu corpo quebrado pelas atividades que Tsunade-sama me obrigou fazer. Mas isso não é a pior parte, Ino-chan está furiosa comigo.

Até me ameaçou apagar minha memória com um jutsu novo que está desenvolvendo. Calma está não é a pior parte, não nem de longe!

A pior parte da história e ficar sorrindo para este anêmico do Sai, anêmico este que é namorado de Ino-chan. Eu nunca entendi suas peculiaridades e confesso que não me esforcei, como também não entendo a Ino-chan, mas isso não me cabe.

Torna-se hóspede das pessoas e acabar descobrindo segredos e faces ocultas não era o que eu esperava. Na verdade, eu não esperava nada.

— Então quer dizer que você gosta do Neji? – Engasgo com o chá novamente, isso está quase virando um costume. Nani? Do que ele está falando? Olho para Ino que sorri sem graça.

— Sai-kun, o que nós conversamos? – Repreende o namorado e acho que ficar constrangida por conta do Neji-san também está virando rotina.

— Ora, Ino você me disse que está feiosa gosta do gênio dos Hyuuga, lembra? – Ino bate a mão contra a testa enquanto eu fico pensando no adjetivo que me fora atribuído gentilmente. Devo agradecer pelo feiosa?

— Obrigada, Sai e não é verdade, eu não gosto do Neji. – Ter que ficar falando isso para os outros está ficando frequente, devo me preocupar. E não leve a mal o Sai, ele é um pouquinho diferente.

— Sei, você fica babando por ele. Olha se a Ino te ajudar a ficar bonita você pode tentar em conseguir alguma coisa com ele. – Abro meu sorriso para o Sai, o que não lhe falta é sinceridade, na verdade falta naquele riso falso que sustenta no rosto.

Ino parece não querer interceder na conversa e apenas beberica o chá resignada e faço o mesmo tentando não ser mais a pauta da conversa, contudo Sai parece motivado a continuar.

— Você até que tem umas pernas bonitas, mas tem que arrumar este cabelo que está num bagaço... – Ele continua a pontuar os prós e contra da minha aparência e eu escuto no automático.

— Na verdade, você parece um homem invés de uma mulher. – Arregalo meus olhos por conta do que eu ouvi enquanto Ino engasga com o chá. Isso me faz recordar uma vez quando Kiba me disse a mesma coisa e eu fiquei tão nervosa que lancei a Jidanda (bola de ferro gigante cravada que contem tarjas explosivas dentro dela) nele. E ele ficou muito mal. Ino estava lá e viu a cena toda e verá novamente.

— O que você disse? – Sinto meu sangue ferver e sem perceber esmurro a mesa nervosa. Sai sorri novamente.

— Que você parece um homem invés de uma mulher. – Deve estar saindo fumaça pelas minhas orelhas agora. Eu vou matar este anêmico na porrada. Chuto a mesa em sua direção e ele desvia rapidamente.

— TenTen-chan! – Escuto Ino gritar meu nome, mas não resisto em socar a cara do Sai. Agarro pela cola da camisa e esmurro seu rosto branco feito papel. O jogo contra a parede da sala e procuro pelos meus pergaminhos, mas então eu lembro que não tenho nenhum no momento.

— Are, você não vai escapar desta Sai. – Vou em sua direção para ele engolir cada palavra que disse, entretanto antes que eu cheguei até meu alvo sinto minhas pernas falhar e a visão embaçar, mas antes de apagar escuto Ino falar algo um tanto incompreensível.

— Shintenshin no Jutsu!

Pisco diversas vezes e vejo que Ino está no meu subconsciente. Técnica de transferência de mente, Ino?

— Fica calminha aí, TenTen! — Are, Ino-chan prometeu que nunca iria usar está técnica em mim. Afirmo positivamente resignada. —Vou sair!

*****

Meu corpo inteiro está doendo e minha cabeça lateja de dor. Olho para os lados e vejo que estou no sofá da sala e a minha frente está uma loira furiosa de braços cruzados.

— TenTen-chan, você sabe como o Sai é difícil. – Ino suspira enquanto eu tento me levantar ainda tentando lembrar o que aconteceu.

—Hai, Ino-chan. Me desculpe pelo estrago. - Vejo a mesinha toda quebrada num canto da sala e a claridade do dia invadir o cômodo pela janela.

— Está tudo bem e me desculpe por usar a transferência de mente em você, mas você estava incontrolável. – Ino diz e me recordo de tudo e de pedir desculpas ao Sai, afinal ele só repete o que escuta.

— Hai, Ino-chan. Obrigada por me deixar ficar aqui, mas acho melhor eu ir agora. – Ela meneia a cabeça e subo para o quarto para recolher as minhas coisas. Não vou ser hóspede de mais ninguém. Tsunade que se cuide, estou indo para aí.

Eu definitivamente quero a minha casa!