Durante as aulas de segunda, eu estava fazendo um esforço tremendo para ficar com a mente focada.

Mas a sala não ajudava. Todo segundo eu ouvia “nossa, estou ficando nervoso” ou “espero que a gente ganhe” ou “vamos jogar com tudo”.

EU JÁ SEI QUE VAMOS JOGAR, NÃO PRECISA ME LEMBRAR DISSO TODO SEGUNDO.

Tudo estava misturado na minha cabeça. Lições, matérias, jogo, a escola toda me vendo jogar, etc. Coisas básicas.

O jogo começava as duas, mas tínhamos que estar no ginásio pelo menos meia hora antes.

Na mesa, no almoço, todos conversavam. Júlio não aparentava um pingo de nervosismo.

— Você tá muito tensa, Bru. — James me olhou. — Vamos fazer um aquecimento pra você relaxar.

— Aquecimento?

— É, se alongar, fazer uns polichinelos. — Riu.

— Eu tô fora. — Júlio deu de ombros.

— Não te perguntei nada. Azar o seu.

— Mas onde isso vai me ajudar? — perguntei.

— Libera a tensão do corpo. — Lili falou.

— Tá, vamos tentar.

Uma hora, nos encontramos no jardim. Eu e Júlio já estávamos com o uniforme de ginástica.

James nos fez alongar o corpo todo. Claro que muitas pessoas ficaram nos olhando, mas fazer coisas ridículas em grupo não era tão vergonhoso.

Uma e vinte fomos para o ginásio. James e Lili se sentaram na arquibancada, e Júlio e eu ficamos no banco dos jogadores com o resto da equipe.

Todos estavam nervosos, e ficavam mais conforme o lugar enchia.

— Bru! — Alguém me chamou.

Olhei para trás. Yan estava apoiado na grade de proteção da quadra

Levantei e cheguei perto.

— Tá nervosa? — Ele perguntou. — Espera, que pergunta idiota, claro que você tá.

— Sim, estou bastante. — Dei risada, tocando rapidamente os dedos na bochecha dele, mostrando a pedra de gelo.

— Nossa. — Ele riu. — Você sempre fica com as mãos geladas quando está nervosa? — Segurou minha mão, tentando esquentá-la.

— Na maioria das vezes, sim. — Corei.

— Pessoal, vamos treinar um pouco. — Prof. Eliza disse.

Olhei para trás e todos levantaram. Olhei para Yan.

Ele sorriu. — Boa sorte. Lembre que vamos jogar na final.

— Eu sei. — Sorri.

Yan deu um beijo nas costas da minha mão e eu sai andando antes que entrasse em combustão

Treinamos rapidamente de um lado da quadra, enquanto a outra sala usava o outro lado.

Enquanto nos arrumávamos em nossos lugares, analisei nossos adversários.

O povo do terceiro era diferente. Os meninos eram maiores e mais altos, assim como as meninas.

Eles pareciam ser fortes.

Respirei fundo várias vezes.

O jogo começou.

Eu estava na defesa central, já que era a mais ágil para receber ataques. Júlio estava no meio de rede. Ele era bom em bloqueio e ataque.

1º Set – 1ºA – 20 X 25 – 3ºC

2º Set – 1ºA – 25 X 23 – 3ºC

3º Set – 1ºA – 15 X 13 – 3ºC

Quando ouvi o apito, indicando o final do jogo, eu não me liguei. Estava tão concentrada, que só percebi o que estava acontecendo quando todo mundo começou a se e me abraçar.

— A gente ganhou?

— Ganhamos, Bru! — Júlio berrou, me abraçando.

O abracei e demos um abraço em grupo com nossa equipe.

Aí percebi que todos que estavam ali, estavam batendo palmas e a maioria gritava.

Olhei para Lili e James. Eles estavam de pé, gritando também.

Procurei Yan. Ele estava afastado com Mateus e Gabriel. Eles acenaram para mim, sorrindo.

Acenei de volta, feliz da vida.

Eu nem ia pensar em como devia estar meu estado. A alegria era maior.

Cumprimentamos a outra sala e fomos liberados para sair.

Quando me virei, fui atacada por Lili e James num abraço.

— Parabéns! — disseram ao mesmo tempo.

Ri e os abracei. — Obrigada.

— Aêêê! — Júlio se juntou ao abraço.

— Vocês foram ótimos. — James disse nos olhando.

— Eu disse que íamos ganhar. — Júlio empinou o nariz.

— Ai, Deus — Lili revirou os olhos. — Bru você joga muito bem.

— Verdade. — James concordou. — Você fica muito concentrada.

— E é muito rápida! — Lili levantou os braços.

— Eu também me concentro. — Júlio falou.

— Dá pra ver que você se mexe de acordo com a bola. — James continuou falando comigo.

— Ei! — Júlio foi ignorado.

— Você também jogou bem, Júlio. — Coloquei a mão em seu ombro.

James riu e bagunçou o cabelo dele, e Lili deu um tapinha no ombro dele, mas com cara de nojo.

Júlio olhou feio para ela, então rapidamente a abraçou.

— AAH! SAI! — Tentou escapar.

— Tá com nojo agora? — perguntou rindo.

Lili fez cara de sofrimento e rimos da cena.

— Vai tomar banho primeiro, seu nojento!

Ele riu e a soltou, mas antes deu um beijo em sua bochecha.

— Eca. — Passou a mão onde ele havia beijado, e ele riu mais.

— Vamos lá — disse.

Acompanhamos a multidão para fora. Assim que passamos pelas quadras, ouvi alguém me chamando.

Olhei para o lado e vi Yan e os meninos perto da parede da quadra.

Andei até lá e quando cheguei, Mateus e Gabriel pularam em mim, me abraçando.

— Parabéns, Bru! — falando juntos.

— Obrigada. — Os abracei de volta.

— Você foi incrível! — Mateus falou ao me soltar.

— Sim, você é tão pequena que é super-rápida! — Gabriel disse.

— Isso é bom? — perguntei sorrindo.

— Claro. — Mateus respondeu. — Não viu o tamanho daqueles grandalhões? Eles não são tão rápidos.

— Mas vocês estão quase lá, hein — brinquei.

Eles se olharam. — Somos um caso especial.

Yan ficou ao lado deles enquanto eu ria.

— Ainda bem que você já sabe que eles falam besteira.

— Ai, chegou o certinho. — Gabriel revirou os olhos.

Olhei para Gabriel rindo, e fui pega de surpresa quando senti Yan me abraçando pelos ombros.

— Você jogou muito bem mesmo. — Ele falou no meu ouvido.

Felizmente meu rosto estava coberto pelo ombro dele, ou os dois iam me ver vermelha.

Cerquei sua cintura e o abracei. — Obrigada.

Eu estava sonhando?

Só percebi que ficamos assim tempo demais quando um dos dois pigarreou.

Yan me soltou. — A-agora falta a gente ganhar. Estaremos mais perto da final.

— E vamos ganhar. — Gabriel disse. — Então fica esperta.

Sorri. — Tá, vou esperar por vocês — Pisquei, andando para trás.

Eles riram e eu me virei, andando e procurando meus amigos.

Eles estavam mais a frente, próximos ao meu dormitório.

Cheguei e decidimos ir tomar café. E apesar de cansados, Júlio e eu estávamos animados.

Eu até poderia jogar mais uma partida.

Mas depois que tomei banho, o cansaço bateu.

Deitei na cama, querendo dormir, e vi que já eram quinze para as cinco. Nem daria pra tirar um cochilo.

Fiquei lutando contra o sono nos dez minutos seguintes e então Lili veio me tirar do transe.

Descemos, encontramos James e fomos para o ensaio.

Olhei para os lugares que sempre olhava ao entrar, mas estavam vazios.

Então vi três cabeças conhecidas numa fileira mais para baixo.

Enquanto descíamos, me peguei tentando lembrar qual cena faríamos. Não conseguia lembrar.

Minha cabeça estava cheia de jogo.

James e Lili foram na frente e sentamos na fileira seguinte onde os meninos estavam.

Eu precisava arranjar um roteiro para lembrar a cena.

Segui a escada e subi no palco, indo atrás das cortinas.

A professora guardava os roteiros numa cômoda, que estava ali perto.

Abri a primeira gaveta e peguei o primeiro. Voltei o caminho enquanto procurava a cena.

Sem perceber, parei de andar quando achei.

Na história, teriam se passado algumas semanas depois do casamento. Jasmim e Heitor não se viram mais depois daquela festa.

A cena começaria com Jasmim e Gregório indo viajar. Nessa viagem, eles ficariam em uma pousada, mas pelas regras, não poderiam ficar no mesmo quarto.

E quem ia aparecer no quarto dela no meio da noite...?

Meu Deus, e eu esqueci disso!

— Começou sozinha, Bruna?

Tirei a cara do roteiro. Eduarda estava ali, e eu olhei assustada para frente. Eu estava bem no meio do palco e todo mundo da plateia me olhava.

Eita...

— Eu... — Meu rosto esquentou. — Só... fui dar uma olhada no roteiro... Já vou guardar.

Corri de volta para detrás das cortinas enquanto ouvia algumas risadas. Guardei o roteiro e passei as mãos na cara, me sentindo com calor.

Respirei e voltei ao palco, onde já estavam algumas pessoas.

— Você é uma peça, Bru! — Ouvi Gabriel falar alto.

Balancei a cabeça e tapei o rosto com uma mão, fazendo drama.

Começamos as primeiras cenas.

James veio, assim como Erica. Fizemos a cena de Jasmim, Marilya e algumas empregadas arrumando as malas.

Depois, Jasmim e Gregório chegando na pousada, vendo o quarto e andando pela cidade.

Encenamos o jantar, com muitas pessoas, e depois Gregório deixando Jasmim no quarto.

Ela toma banho e deita na cama de solteiro, feliz pela primeira vez em semanas por finalmente deitar sem Gregório ao seu lado.