San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 49
Viagem Linda


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! Como estão?

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698681/chapter/49

Sorri, menos do que eu queria e o olhei, estranhando. — O que está fazendo aqui?

Yan colocou aquele fone em sua orelha e sorriu. — Indo para casa. Se eu tivesse perguntado como você iria embora, poderíamos ter vindo juntos.

— Sim... Que coincidência termos pego lugares juntos.

— Na verdade, não é. Eu subornei o cara do caixa para me dar esse lugar, já que eu adivinhei que você estaria aqui. — Se encostou na poltrona, sorrindo.

— Ah é? Então você tem uma bola de cristal? — Dei risada.

— Tenho.

— Pode ver meu futuro?

— Infelizmente não. — Fez cara de decepção. — Esqueci ela na escola.

— Que pena. — Balancei a cabeça.

— Fico te devendo. — Me olhou. — Você gosta bastante de Queen?

— Não conheço todas as músicas, mas gosto. E você?

— Eu também.

Entraram mais algumas pessoas, e um cara segurando uma mochila parou do lado do Yan, olhando para cima. — Com licença? — Ele falou. — Este lugar é meu — disse, educado.

Yan o olhou. — Desculpe, é que minha amiga passa mal em viagens e não conseguimos lugares juntos. Se importa de trocarmos de lugar?

O cara me olhou, e olhou para Yan. — Ah, tudo bem. Qual sua poltrona?

— Quarenta e cinco.

— Ok.

— Obrigado. — Yan disse antes do cara ir para trás.

— Por nada. — E se foi.

Yan se virou para mim com um sorriso de menino travesso.

— Bola de cristal, né? — O ônibus começou a andar.

Ele não conseguiu segurar o riso. — Claro.

Balancei a cabeça, fingindo estar decepcionada, mas no fundo, haviam brilhos ao redor da minha cabeça. Ele ia sentar lá no fundo, mas me viu aqui e “roubou” o lugar de outra pessoa.

— Olha, vou te contar um segredo. — Tirou o fone e chegou perto. Tirei o meu para ouvir melhor. — Eu que passo mal em viagens.

— Sério?

— Sim. Eu já estava me preparando pra ficar mal e dormir a viagem toda. Mas quando estou com alguém, conversando e distraído, o mal-estar é pouco. Não conta pra ninguém. — Sorriu.

— Pode deixar. Só não sei se vou conseguir te distrair.

— Claro que vai. Você faz isso sempre. — Colocou o fone de volta.

Aquilo me pegou de surpresa. — Como assim? Sério? — Corei.

— Sim. Você é legal, então não vejo o tempo passar quando estamos conversando.

Sorri e olhei para baixo. — Acho que acontece comigo também.

— Somos bons em nos distrair. — Se arrumou no lugar, sentando de lado, ficando quase de frente para mim, apoiando a cabeça no encosto.

O olhei, sem saber o que dizer, e meu fone caiu.

— Opa, desculpa. — Yan o pegou e o colocou de volta na minha orelha, deixando o rosto um pouco mais perto do meu. — Seu fone é curto. — Sorriu de leve.

Eu não sabia se me concentrava em não ficar vermelha ou se tentava não prestar atenção nele. — ... Pra onde você vai? Seu pai ou sua mãe?

— Minha mãe e depois meu pai. Quase teve briga quando começaram a falar desse feriado. Então eu calei eles quando disse que ficaria com os dois. — Riu.

— Uau, pra que brigar por isso.

— Sim. Nem parece que são adultos. — Olhou para a minha janela. — Não fica brava comigo caso eu durma, tá?

— Imagina... Está com sono?

— Não, é que as vezes nem conversar ajuda no enjoo, então meu cérebro põem no modo sono. — Deu risada. — E eu não percebo que dormi. Só quando acordo e vejo a pessoa brava.

— Não vou ficar brava. — Sorri. — Pode deixar.

— Tá bom.

Que vontade de apertar essa covinha, Deus, me segura. — Quais seus planos? Pra fazer em casa?

— Nem fiz nenhum — falou pensando. — Só quero aproveitar a família e meus cachorros.

— Tem cachorros?

— Sim. Três. E você?

— Tenho um, e uma gata

— Que legal. E quais seus planos? — Me olhou.

Ele parecia extremamente interessado na minha resposta. — Também não tenho planos. Só sei que quero deitar na minha cama e ficar lá por muito tempo.

Ele riu. — Eu também. — Olhou para minha mão, onde segurava meu celular. — Posso ver suas músicas?

Entreguei meu celular e ele começou a olhá-lo. — Mas não tem muitas.

— Tudo bem... — Olhou. — Pearl Jam... Scorpions...Aerosmith... Uau.

— Por que uau?

— Não esperava que você ouvisse esse tipo de música.

— E achou que eu ouvisse o quê?

— Ah, sei lá... Você tem cara de quem escuta pop.

— Mas eu escuto pop. — Sorri.

— Ahá. Então eu não estava errado.

— Em partes, não.

— E você acha que eu escuto o quê?

— Rock — falei rápido. — Não só rock, mas é o que você tem cara.

Sorriu. — Acertou. E também escuto pop, MPB e um pouco de eletrônica.

— Eu também. Você não tem músicas aí pra eu ver também?

— Não. Tive que formatar meu celular e perdi tudo o que tinha. Mas quando voltarmos eu te mostro.

— Tá bom. Não vou esquecer.

— Nem eu. — Sorriu, me devolvendo o celular.

Ficamos quietos, ouvindo a música nova que começou. Alive, do Pearl Jam.

Depois que acabou, olhei de canto que Yan tinha dormido. Como era fofo.

Encostei a cabeça no encosto e na cabeça dele, dobrando as pernas para o lado. Eu conseguia perfeitamente o cheiro do cabelo dele. Uma mistura de condicionador com o perfume habitual dele. Era o paraíso.

Fechei os olhos e me deixei levar pelo aroma e pela música. Ainda teríamos mais ou menos quatro horas de viagem.

***

Em locais estranhos, meu sono era muito leve. Qualquer barulho ou movimento me acordavam. Era só o Yan dar um suspiro que eu acordava. Mas às vezes, eu espiava de cabo de olho para ver se ele tinha acordado. E dava uma olhadinha no celular para ver as horas. Que se arrastavam.

Parecia que era mais cansativo dormir e acordar várias vezes do que a própria viagem.

Mais ou menos uma hora e meia depois, senti Yan se mexendo. Eu não estava mais encostada nele — ele já tinha se mexido antes e eu estava com dor no pescoço —. Apenas nossos braços estavam encostados, no apoio de braço.

Continuei de olhos fechados fingindo estar dormindo.

Senti meu fone sendo puxado da orelha. Só aí percebi que não estava mais tocando música.

Abri o olho direito bem pouco, o suficiente para ver Yan enrolando os fones e os colocando em algum bolso da minha mochila. Voltei a fechar os olhos.

Pouco depois, senti algo segurar meu a ponta do meu dedo indicador.

Olhei de cabo de olho de novo. Yan parecia analisar minha unha. Depois, foi pegando dedo por dedo, olhando todas as unhas.

Meu coração estava levemente afetado, mas continuei fazendo meu teatro. Sorte que havia um tempo em que não roía as unhas.

Depois, Yan virou minha mão com a palma para cima, devagar e “esticou” os dedos, deixando minha mão reta, usando suas duas mãos para isso.

Não que eu esteja reclamando, mas o que diabos ele está fazendo?

Com a direita, encostou cada dedo em cada dedo meu, e encostou nossas palmas em seguida.

Ele vai cruzar nossos dedos...? Jesus, estou sonhando?

Comecei a sentir algo no meu nariz. E não consegui segurar o espirro.

Droga!

— Saúde. — Yan falou baixinho.

— Obrigada — sussurrei. Não sei se eu pergunto o que ele estava fazendo. O olhei.

Ele parecia hesitar, me olhando. — ... eu te acordei? Antes?

— Não... Por quê?

— Eu estava mexendo na sua mão... — Olhou para nossas mãos, que estavam lado a lado de novo. Me olhou, dando um sorriso de desculpas. — Eu estava comparando o tamanho... Sua mão é tão pequena. Parece de criança — brincou.

Abri minha mão esquerda e a olhei. — Parece normal pra mim.

Yan estendeu sua mão esquerda para mim. Estendi a minha direita e a alinhei com a dele, palma com palma.

— Vai me dizer que não parece de criança? — zombou.

— Comparando com a sua, claro que parece. — Dei risada. Ainda bem que ele não conseguia ver meu rosto vermelho com a pouca luz. Eu acho. — A sua mão que é gigante.

— Claro que não. — Riu. Dobrou meus dedos de modo que minha mão ficasse em punho, e dobrou sua mão sobre a minha. Fechava quase completamente. — Olha isso!

— Não tenho culpa — falei com tom de choro, brincando.

Ele riu. — Tudo bem, não se preocupe. Suas mãos são delicadas igual você.

— Eu sou delicada? — perguntei surpresa, corando mais.

— Sim. — Começou a “brincar” com minha mão. — Você é toda delicada.

Dei uma risadinha. — Não me acho delicada.

— Mas é. Eu já vi meninas nada delicadas, então eu sei o que digo. Você é delicada falando, rindo, andando, nos ensaios... em tudo.

— ... obrigada, então — disse, sem graça.

— Você se importa? — perguntou sobre nossas mãos.

— Não, fica à vontade — brinquei.

Ele deu um sorriso brincalhão de matar. Deitou meu braço sobre o apoio e continuou brincando com meus dedos.

Continuamos conversando sobre coisas aleatórias, e mesmo quando o ônibus entrou na parada, não levantamos. Eu queria ficar daquele jeito o máximo que conseguisse.

A maioria das pessoas saíram e todas as luzes do ônibus estavam acesas.

— Me empresta seu celular? — Ele pediu.

— O que vai fazer? — O peguei e entreguei a ele.

— Uma coisa. — Apertou algumas teclas e estendeu o aparelho na nossa frente. — Sorria.

Antes que eu mudasse de expressão, ouvi o “clic” da foto. — Espera!

Yan continuou tirando fotos.

— Calma, deixa eu me arrumar! — Dei risada, arrumando a franja.

— Você não precisa de arrumar, já está arrumada. — Continuou tirando. — Pronto?

O olhei, tentando fazer cara de brava, mas não conseguia tirar o sorriso do rosto. Ele ainda clicava no botão de fotografar. — Pronto. — Olhei para a câmera.

Ele chegou mais perto e continuou. Em algumas, ele fazia caretas, e em outras ficava sério. Acho que grande parte das fotos eu fiquei o olhando.

Quando o ônibus voltou a andar, ele parou. Pegou seu celular da mochila e começou a enviar as fotos para ele por bluetooth enquanto as víamos.

Ele tirou trinta e seis fotos.

Depois que ele terminou, guardamos nossos aparelhos. E a melhor parte: ele voltou a brincar com minha mão.

Durante o resto da viagem, tiramos outro cochilo — ou melhor, ele tirou —. Pegamos um pouco de trânsito ao entrar na cidade, mas chegamos ao terminal.

Antes de estacionarmos, já vi meus pais. Acenei da janela, sorrindo, e eles acenaram de volta.

— Seus pais? — Yan os olhou.

— Sim.

— Você parece bastante com a sua mãe.

— É, todo mundo fala isso. Alguém veio te buscar?

— Meu pai veio, mas vou encontrar ele lá fora.

— Ah...

O ônibus parou. Esperei em pé os desesperados descerem.

Seria estranho eu me despedir dele lá fora... Meus pais não iam deixar isso passar.

— Então vamos nos ver segunda só — falei para ele.

— É. — Ele levantou, se espreguiçando. — Daqui a muitos dias. — Sorriu.

Sorri, deixando minha mochila na poltrona. Sem pensar muito, dei um passo para frente e o abracei pela cintura.

No mesmo instante, ele passou os braços pelos meus ombros e me apertou.

Ficamos assim até a última pessoa sair.

Pegamos nossas mochilas — Yan pegou a minha, porque estava pesada — e descemos.

Antes de olhar para meus pais, fui até o cara que estava pegando as malas dos passageiros.

Yan continuou comigo enquanto eu pegava a minha mala. Depois que a peguei, ele colocou a mochila em cima dela e pegou a mala dele.

Nos olhamos e ele deu um beijo no meu rosto. — Espero que se divirta.

Sorri, sentindo meu coração se apertar. — Igualmente. Não vai se machucar.

E pela última vez, ele deu um sorriso enorme, mostrando suas covinhas dos deuses. — Vou tentar. Até segunda.

— Até. — Acenei enquanto andava.

Fui até meus pais e os abracei.

— Quem era aquele garoto? — Minha mãe perguntou.

Eu sabia! — Um amigo da escola.

— Foi tudo bem na viagem? — Meu pai perguntou pegando minhas coisas.

— Sim, tudo bem. Estou morta.

— Vamos pra casa.

Saímos de lá, pegamos o carro e saímos do terminal.

Meus pais fizeram milhões de perguntas sobre a escola, e eu as respondi quase no automático.

Parecia que toda aquela energia tinha sido roubada quando Yan foi embora. Ou talvez parte da minha mente tivesse ficado com ele.

Estava tudo escuro, então só podia lutar contra o sono ouvindo meus pais tagarelarem.

Só percebi que chegamos porque me cutucaram. Sai do carro e esperei minha mãe abrir a porta de casa.

Assim que entrei, o Batata — meu cachorro — veio nos receber feliz. Mas aí percebi que ele estava mais interessado na minha mãe.

— Que isso Batata? Já me esqueceu? — falei agachando, sonolenta.

Só pra não dizer que esqueceu, ele veio até mim e me cheirou. Abanou o rabo de leve e voltou a olhar minha mãe.

Ela riu. — Achei que ele ia pular em você

— Pois é. Traidor — Levantei. — E a Caju?

— Deve estar dormindo com a Ana. Sua cama está arrumada. Vai deitar que parece que você vai tombar.

— Tá, mas preciso da minha mochila.

Ah sim, por que esses nomes nos bichos? A Ana, minha irmã mais nova que os colocou. Ela era menor quando eles chegaram, e batata e caju eram coisas que ela estava comendo na hora. Ela falou suco de caju, mas decidimos deixar só caju.

Meu pai entrou e me ajudou a levar as coisas para cima.

Me troquei no banheiro, escovei os dentes e fui pro quarto, tentando não fazer barulho.

Mesmo no escuro, consegui ver que trocaram as camas por um beliche.

Ana estava dormindo na cama de cima, então me arrastei para a cama de baixo, me sentindo mais em casa devido ao perfume do amaciante que vinha das cobertas.

Achei que poderia chorar, já que estava com saudade de casa, mas não era pra tanto.

Ouvi alguns barulhos, e depois algo mexendo no meu colchão.

Me virei e vi a Caju me olhando, como se pensasse se devia se aproximar. Mas ela chegou perto e cheirou cada parte do meu rosto e cabelo.

Você também já me esqueceu?

Então ela esfregou a cabeça na minha bochecha e se aconchegou perto do meu pescoço. Adormeci enquanto fazia carinho nela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yan ♥ Meu eterno crush. Já contei que eu escrevo essa história desde meus 15 anos?
Quando comecei a escrever, eu não tinha feito nem 4 capítulos. Eu sempre começava uma história mas parava porque não sabia como continuar.
Fui pegar ela pra escrever de verdade depois dos 21, é mole? Claro que mudei muuuitas coisa xD Era uma coisa mais infantil (não que não seja cofcof)

Obrigada por estarem acompanhando! Deixem seus comentários :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.