San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 43
Sorvetinho + Finalmente Descoberto Onde o Yan Mora + Desenho




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Yan e eu andamos um pouco. Atravessamos a rua e seguimos a mesma calçada. Ele entrou na terceira loja.

A sorveteria. Metade das mesas do lugar estava ocupadas.

Segui Yan. Ele pegou um pote de plástico — ou papel, não sabia do que era exatamente — e me deu outro.

Olhamos os freezers. Tinham muitos sabores, todos de massa.

Jesus, isso é o paraíso!

Comecei a pegar um pouco de cada. Caramelo salgado, chocolate belga, baunilha, pistache, manga, morango, chiclete, flocos e por último de paçoca.

Yan tinha pego tantos sabores quanto eu. Nos olhamos e rimos.

— Dá o seu. Vou pesar.

Recuei antes que ele pegasse o meu pote. — Eu vou junto, tenho que pagar.

Yan deu um passo para frente, ficando perto e pegou o pote da minha mão. Fiquei um pouco em choque.

Ele riu. — Você não me deixou pagar aquela vez que saímos, então eu insisto em pagar hoje. — O olhei, com a boca meio aberta. Ele estava perto. — Vai lá em cima pegar uma mesa. Já vou subir. — E foi para a fila de pesagem.

Enquanto subia, tentava fazer meu coração se acalmar.

No andar de cima haviam três casais em lugares distantes um do outro, e duas amigas em uma mesa no centro.

Fui até uma mesa na parede, do lado das janelas. Me sentei na cadeira da parede.

Esses casais cheios de coraçõeszinhos não me fazem bem. Devíamos ter ficado lá em baixo.

Vi Yan subindo. Ele me viu e andou até a mesa.

— Aqui está, senhorita. — Colocou o pote na mesa e sentou-se na minha frente.

Sorri. — Obrigada. — Peguei a colher de plástico que estava fincada no sorvete e comecei a comer.

Yan fez o mesmo.

— Uau, esse de paçoca é incrível — falei.

— Sério? Nunca comi esse.

Empurrei meu pote para ele. — Experimenta.

Sem hesitar, ele pegou um pouco do sorvete e comeu. — É bom mesmo. Já comeu de avelã?

— Não.

Ele empurrou seu pote para mim. — Esse aqui. — Apontou.

Peguei um pouco e comi. — Nossa! É muito bom. Devia ter pego desse também.

Voltei a comer o meu. Todos eram ótimos. Dei uma colherada do de chiclete.

— Esse colorido é do quê?

— Chiclete.

— Que gosto exatamente seria de chiclete?

— Não faço ideia. — Ri.

Yan sorriu. Antes que eu levantasse a mão para comer, ele a pegou, a puxando e comeu o meu sorvete que estava na colher.

— Ei! — Dei risada, mas morrendo de vergonha.

— É bom — falou rindo. — Tá bom... — Deu uma colherada em um sorvete claro do seu pote e estendeu a colher para mim. — Prova esse.

Ele realmente queria dar a colher na minha boca...?

Engoli seco, olhei para a colher e me aproximei. Comi, tentando não olhar para Yan diretamente, e voltei a me recostar.

— Hmm... Limão? — O olhei, apesar do meu rosto ferver.

— Siciliano — acrescentou, voltando a comer.

Voltei a comer, e olhei para o lado. O casal que estava lá no fundo estava se beijando. Olhei para o outro lado, e aquele outro também estavam. Desviei o olhar para a janela.

De canto de olho vi Yan olhando para onde eu havia olhado e rindo.

Que clima... Agora eu preciso falar.

— Você... — comecei, e o olhei — tinha dito que seus pais moram em Mogi, certo? — Ele balançou a cabeça. — Com qual dos dois você mora?

— Com os dois. — Riu. — Meu pai mora no Jardim Modelo e minha mãe no Jardim Veneza.

Jardim Modelo nunca tinha ouvido falar, mas Jardim Veneza... — É perto de onde eu moro. — Tentei conter minha felicidade.

— E onde você mora? — Sorriu.

— Jardim Camila.

Yan ficou surpreso. — Uma amiga da minha mãe mora lá.

— Talvez a gente já tenha se esbarrado alguma vez.

— Vai saber, né?

— E como você divide com seus pais?

— Como eu fico na escola, cada férias eu fico com um. Férias de Julho com minha mãe, nas de dezembro com meu pai, e assim por diante. No começo do ano fiquei com meu pai, então em julho vou pra minha mãe.

Ou seja, vamos passar as férias pertinho...! — E você gosta? De ter duas casas?

— Ah, acho que sim. Não é ruim, mas não iria reclamar se meus pais ainda estivessem juntos. Mas foi melhor do que aguentar as brigas deles.

— Eles brigavam muito?

— Quando eu era menor, nunca tinha visto nada. Mas a partir dos meus onze anos, pelo que lembro, comecei a ouvir discussões uma vez ou outra. Depois foi piorando, e eles se separaram quando eu tinha treze.

— Deve ter sido bem ruim...

— É, foi ruim, mas é como eu disse, melhor separados do que brigando. Mas eu sei que eles ainda se gostam.

— Como sabe disso?

— Só pelo jeito que falam um do outro. Eles sempre perguntam como o outro está, se está namorando, ou se continua no mesmo trabalho, e coisas assim. É engraçado.

— Então por que não voltam?

— Não sei. Eles são teimosos demais. Não foi por falta de tentativa minha, acredite.

— Já tentou juntá-los?

— Sim. Fazia meu pai me levar na casa da minha mãe ou vice e versa, e fazia eles conversarem, e depois largava os dois sozinhos. — Riu.

— Nunca deu nada?

— Acho que não. Eles ficavam conversando, ou fazendo sei lá o que durante umas horas. Uma vez meu pai dormiu na casa da minha mãe, e eu fui para a casa da vizinha e dormi lá. Na manhã seguinte, meu pai me chamou pra se despedir e foi embora. Eu perguntei pra minha mãe se eles iam ficar juntos, mas ela falou que não. Ele só tinha dormido lá porque estava tarde para ir embora. Eu sabia que era mentira, não estava tão tarde assim, mas fingi que acreditei. Eu nunca entendia os adultos, e hoje em dia entendo bem pouco.

— Somos dois. — Dei risada, terminando o sorvete.

— Vamos? — Ele já tinha terminado.

— Sim.

Jogamos os potinhos fora e saímos da sorveteria.

Eu estava mais leve. Descobri o que eu queria, e ainda descobri mais coisas sobre ele.

— Vamos volta pra escola? — Ele perguntou.

— Tem mais alguma coisa que quer fazer?

— Aqui, não. — Me olhou. — E você?

Não sei porquê, mas aquilo me fez corar. — Não.

— Hm... Então vamos pra escola.

— Vamos.

Enquanto andávamos de volta, conversando sobre coisas aleatórias, percebi que muitas das meninas que passavam por nós, olhavam Yan dos pés à cabeça. Isso tinha acontecido antes ou eu estava cega prestando atenção só nele? Provavelmente a segunda opção.

— Estou ansioso pra ler. — Me olhou, animado.

— Então você vai subir quando chegar?

Ele me olhou, sorriu e olhou para frente. — Algo me diz que não.

— Algo...?

— Vai querer emprestado depois que eu acabar? — perguntou rápido, levantando a sacola.

— Você vai me emprestar?

— Se você quiser. Você é cuidadosa, não é?

— Sim.

— Então eu empresto.

Mais duas coisas que percebi. Ele confia em mim, e se sente à vontade comigo. Mais do que eu com ele. Àquela hora dele pegando a minha colher e depois dando a dele para eu comer. Você não faria aquilo com alguém que não estivesse confortável... Talvez eu nunca fique assim com ele. Não totalmente, por vergonha de fazer algo idiota.

Chegamos na escola, assinamos o papel e entramos.

Andei reto pelo refeitório, mas Yan me puxou pela mão para uma mesa próxima.

Sentamos lado a lado, e ele tirou o livro da sacola e rasgou o plástico e foi olhando as páginas, me mostrando algumas ilustrações.

— É a mulher dele que faz esses desenhos. — Yan falou apontando para um desenho.

— Uau. Ela desenha muito bem... Eu queria muito desenhar assim, mas é tão difícil,

— Já tentou aprender?

— Já. Minha irmã mais velha desenha bem, igual meu pai. Mas eu sempre achei que não era pra mim.

— Mas você insistiu?

— Hm... Não muito. — Dei risada. — O máximo que eu cheguei foi desenhar por uma semana seguida, com a Camila me ensinando. Mas eu fiquei irritada porque não conseguia fazer nada igual a ela e desisti.

Yan riu. — E você não quis mais.

— É, desisti. E você? Sabe desenhar?

— Sei. Nunca te mostrei meus desenhos? — Me olhou, fechando o livro.

— Não. Nunca me disse que sabia. — Fiquei curiosa.

— Não são exatamente desenhos. Prontos e tal. São esboços.

— Eu quero ver do mesmo jeito.

Ele sorriu. — Vou tentar lembrar de trazer meu caderno no jantar.

— Tá, não esquece.

Yan guardou o livro na sacola e decidimos comer algo. Pegamos um lanche leve e comemos enquanto conversávamos sobre desenho.

Depois de terminar, dei a desculpa que tinha lição para fazer. Eu sabia que ele queria ler, mas não ia querer me deixar sozinha ali.

Nos separamos no jardim e fui para meu quarto.

Sentei na cama. Eu já tinha feito todas as lições, então não tinha o que fazer.

Deitei e fechei os olhos, repassando o dia em minha cabeça.

Quando abri os olhos, estava escuro. Olhei o relógio e eram nove e quinze.

Droga!

Dei uma lavada no rosto e sai correndo do quarto. Desci e corri para o refeitório.

Ao entrar, vi Yan em uma mesa perto da parede do fundo, sentado sozinho, com a bandeja, um caderno do lado e mexendo no celular.

Andei rápido até ele. Assim que cheguei, puxando a cadeira da sua frente, ele me olhou.

Sentei, recuperando o folego.

Ele riu. — Dormiu, né?

Balancei a cabeça. — Não devia ter dormido. Não vou ter sono mais tarde.

— Já eu pretendo ficar acordado para continuar a ler o livro.

— Já começou a ler?

— Sim. Estou tentando ler devagar, mas está difícil. — Riu.

— Eu te entendo. — Sorri.

— Não vai comer?

— Ah, é. — Olhei para a cantina e olhei para seu prato, já vazio.

— Eu fico com você... — O olhei, e antes que eu ficasse corada, ele acrescentou. — E-eu não estou com pressa para subir. Eu espero você acabar de comer.

Sorri, meio sem graça e levantei. Peguei a comida e voltei.

Yan estava mexendo no celular de novo. — Se o Gabriel não me enche ao vivo, me enche por mensagem — falou rindo.

— O que ele está falando? — Comecei a comer.

— Ele está em um casamento. E disse que está um porre. — Riu. — Ele queria que eu fosse com ele, mas falei que não tinha nada a ver eu ir.

— E o que ele disse?

— Que se o pessoal levava namorados, não tinha problema levar amigos, porque é quase a mesma coisa.

— Quase a mesma coisa? — Dei risada.

— Ele que disse. — Levantou as mãos, como quem não tem culpa. — Mas eu falei dos meus planos e ele não insistiu mais depois das outras duas vezes.

Sorri. — Falou que ia atrás do seu livro?

Ele me olhou — ...é, falei.

Acabei de comer, arrastei a bandeja para o lado e olhei para o caderno e para ele. — Posso?

Yan olhou o caderno, parecendo um pouco envergonhado, e o pegou, o colocando na minha frente. — Vamos lá.


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