San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 41
Como Um Frango + Convite (2) + Showzinho




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Na segunda de manhã, já fiquei mais tranquila. Yan apareceu.

O pouco que consegui falar com ele no ensaio, ele me disse que foi em uma festa de um parente do Gabriel e não conseguiu voltar cedo.

Trocamos poucas palavras durante a semana, já que todos estavam ocupados revisando todas as matérias. A semana seguinte era a semana de provas.

Alguns professores ainda davam matérias novas, já outros nos ajudavam a rever as matérias antigas. E além das lições, tínhamos que revisar todos os dias.

Foi uma semana meio estressante, mas ficou um pouco pior quando Yan disse que iria para a casa do Mateus no fim de semana, junto com Gabriel, para estudarem.

Então na sexta fui para a casa da Lili, e também fizemos o fim de semana dos estudos.

Segunda de manhã, no refeitório, parecia que havia uma áurea de tensão sob os alunos. Isso porque eram as primeiras provas do ano.

Depois das primeiras provas, eu só queria passar um tempinho jogando conversa fora com Yan. Mas era só estudo e estudo, e poucas palavras no ensaio, tirando as falas da peça.

Estávamos nos esforçando, mas se tirássemos notas ruins teriam as provas de recuperação na outra semana.

***

O sentimento de liberdade era palpável. Me senti livre, leve e solta na sexta. Finalmente não precisaria estudar depois da aula.

Apesar das provas terem sido difíceis, acho que fui bem em todas. Se não fosse depois de estudar tanto, me dava uma livrada na cara.

Com toda aquela correria acabei esquecendo de devolver o casaco do Yan.

Desci com ele na hora do café, mas não o vi. Ficamos na mesa do jardim até dar a hora do ensaio.

James e eu fomos para o auditório tagarelando sobre as provas.

Nos sentamos no lugar de sempre, e Erica apareceu e se juntou ao assunto.

Eu estava virada para James e Erica, mas meus instintos estavam esperando sentir alguém do meu lado. O que felizmente, não demorou.

— Oi, gente. — Yan falou para nós e se sentou do meu lado.

— Oi — respondemos juntos e eu me virei para ele. Estendi o casaco. — Desculpa a demora. Essa semana estava meio maluca...

— Nem me fale. — Pegou a roupa, sorrindo. — Eu tinha até esquecido dele. Obrigado.

— Eu que agradeço.

Ele me olhou. — A gente quase não conversou essa semana. Eu fiquei tão cansado, parecia que minha cabeça ia explodir.

Sorri. — A minha também. Era matéria demais.

Minha vontade era de agarrar seu pescoço e ficar ali por duas horas.

As professoras chegaram e partirmos pro palco. E automaticamente lembrei de onde tínhamos parado no ensaio anterior.

Naquela cena, Jasmim, seu pai, Gregório e o pai dele estavam em uma comemoração. Uma festa ao ar livre, à noite.

Faltavam alguns dias para o casamento, e Jasmim já tinha deixado de ver Heitor. Ela estava sempre triste e cabisbaixa.

Haviam outras pessoas além de mim, James, Ricardo e Gustavo.

Fiquei alguns passos afastada, como se a concentração da festa estivesse mais para trás do palco.

Olhei para cima — Jasmim estava olhando para o céu — e suspirei.

Jasmim estava triste, pensando e sentindo falta de estar nos braços de Heitor.

Então, Jasmim — eu — foi puxada pelo braço por alguém que tapou sua boca. Ela ficou desesperada, mas a pessoa a segurou e a puxou rápido para uma parte mais escura.

No fundo, Jasmim já sabia quem era.

Yan me puxou para o canto do palco, como se me colocasse contra a parede. Fiquei de lado para a plateia.

— Jasmim... — Ele disse.

— H-Heitor... — gaguejei, abrindo um sorriso.

— Oi. — Ele sorriu, segurando meu rosto.

— Como...? O que você está...

— Não importa. — Ele cercou minha cintura, me abraçando.

Cerquei seu pescoço e o abracei. Eu não poderia estar fazendo essa cena melhor. Jasmim morria de saudades de Heitor, e eu morria de vontade de abraçar Yan.

E então, Jasmim se lembrou do porque quis dar um basta no que tinha com ele. — Heitor, espera. Solte-me.

Yan me soltou, me olhando. — O que foi?

— Você é louco? — Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Por que você veio até aqui? Sabe que se alguém nos ver...

— Ninguém vai nos ver aqui. — Voltou a segurar meu rosto. — Eu precisava te ver. Não aguentava mais um dia sem olhar em teus olhos. Senti tua falta desde que me deixou sozinho na clareira.

— Heitor... — choraminguei com a voz embargada, prestes a protestar.

— Shh... — Ele me puxou de modo que seu queixo ficasse apoiado em minha cabeça. — Eu só queria ficar um pouco com você. Eu sei que é arriscado.

— Eu... eu também senti tua falta... Todos os dias... — O abracei pela cintura, fazendo cara de choro. — Cada segundo.

Yan levantou meu rosto. — Cada segundo. — E deu um beijo em minha testa. Outro em minha bochecha, outro na ponta do meu nariz e me olhou.

Eu estava “acostumando” a segurar a vontade de sair correndo pela vergonha. Mas era impossível controlar o nível de vermelhidão da minha cara.

Nesse momento, eles se beijavam, mas com nosso “acordo” não teria um beijo de verdade. Mas me assustei quando Yan se aproximou de novo.

Ele beijou o canto da minha boca — mais na bochecha que na boca — durante alguns segundos, ainda segurando meu rosto.

— Jasmim? — Alguém chamou.

Nós dois congelamos — eu já estava congelada — e me movi, saindo de frente de Yan. Andei até o centro do palco e “encontrei” Ricardo — pai de Jasmim.

— Onde estava? — Ele perguntou, aliviado. — Me deu um susto.

— P-perdão, papai. Queria olhar as estrelas... Não conseguia enxergar com toda a luz da festa.

— Bem... devia ter me avisado. Não é bom para uma moça sair por aí sozinha.

— Sim, perdão. — Abaixei a cabeça.

— Vamos voltar. — Estendeu o braço dobrado.

Me aproximei e coloquei o meu braço debaixo do dele. Olhei para trás a tempo de ver Yan “escondido”, olhando eu me afastar.

O restante das cenas foram sem Yan — infelizmente. James quase nem falou nas outras partes. Gregório não falava muito quando os pais de ambos estavam por perto.

Fomos dispensados.

Normalmente, eu esperava para falar mais com Yan, mas como um frango que sou, resolvi ir logo para o dormitório. Sai rápido e fui para o quarto de Lili.

Andei tão rápido que entrei e bati a porta respirando rápido, como se alguém estivesse atrás de mim.

— Mas que cara é essa? — Lili me olhou meio assustada, meio rindo, sentada na cama com um livro aberto nas pernas. — Está fugindo de quem?

Respirei fundo. — Da vergonha, talvez.

— Como assim, mulher?

Me sentei no final da cama. — Ah, você sabe do esquema que eu e Yan não nos beijamos... Mas hoje ele...

— Te beijou?! — Me cortou.

— Não. Sim... Ele.. Ele beijou aqui. — Coloquei o dedo no canto da boca.

Ela me olhou com cara de “é sério isso?” — Só isso?

— Só?! Foi aqui! — Apontei de novo, de forma exagerada.

— Af, achei que ele tivesse te beijado de verdade. — Revirou os olhos, mas sorriu. — Mas foi inesperado, né?

— Sim! — Coloquei as mãos no rosto. — Ele nem falou nada... Fiquei com vergonha e subi rápido.

— Ai meu Deus... Bom, ele já deve estar acostumado a te ver fugindo.

Fiz bico para ela.

Descemos. Lili já estava com a mochila. James já tinha mandado mensagem dizendo que tinha ido embora depois do ensaio, e Júlio tinha ido para casa mais cedo.

Pegamos a comida e nos sentamos. Vi Yan com Mateus em uma mesa longe.

Viktor se juntou a nós, e Lili não quis discutir dessa vez — acho que ela se esforçou para isso.

A hora que eu temia chegou. Viktor levou as bandejas e quando voltou, Lili se despediu.

Olhei os dois saindo, e olhei rapidamente para o fundo. Yan estava do mesmo jeito. Provavelmente nem chegou a me ver.

Levantei rápido e fui para o jardim.

— Bruna!

Meu coração quase saiu pela boca. Só porque estava a poucos passos da porta do dormitório.

Me virei para encarar Yan. Obrigada pelo jardim não ser tão bem iluminado.

— Oi... — Chegou perto. — Você... — Ele parecia hesitar. — É... Vai fazer alguma coisa amanhã?

Ele me pegou de surpresa. Achei que ia falar daquilo. — Não, nada.

— Eu vou em uma livraria aqui perto... Quer ir comigo?

Uau. Não posso desperdiçar uma chance dessas. — Sim, quero sim.

Yan sorriu, como se minha resposta fosse uma surpresa. — Ah... Tá. Podemos... Ir de tarde, depois do almoço?

— Sim... Pra mim está bom.

— Tá... Então... Nos vemos no almoço. — Deu uns passos para o lado e acenou.

Acenei e ele foi para o caminho entre as árvores.

O olhei até desaparecer, sem acreditar. Será que as coisas estavam evoluindo entre nós?

Subi, não sabendo se queria pular, correr ou sei lá. Entrei no meu quarto, fechando a porta e encostando as costas nela.

Vamos sair de novo! Alguém me belisca, não pode ser real.

Tudo bem, ele disse que é aqui perto... Mas não deixa de ser uma saída... Preciso escolher uma roupa.

Corri para o guarda roupa. Olhei as opções. Apesar de não ter tantas roupas sempre ficava na dúvida.

Não adianta querer usar algo produzido.

Escolhi uma calça jeans azul escuro e uma blusa branca, larguinha com uma fita preta na gola — que dava para fazer um laço — e os sapatos do uniforme.

Tomei banho, lavei o cabelo e fiz algumas lições.

Enquanto esperava o sono, já na cama, ficava repassando o ensaio várias vezes...

 

Acordei no susto. Sentei rápido e olhei o relógio, já achando que estava atrasada. Ainda eram dez e meia.

Passei as mãos no rosto, sentindo a afobação indo embora aos poucos.

Olhei através da porta da varanda. Estava tudo claro e meio dourado lá fora.

Joguei as pernas pro lado e levantei. Afastei a cortina, e abri a porta, indo para a varanda. O jardim parecia brilhar.

Olhei para frente. Yan estava em sua varanda, sentado no chão, de lado e encostado na grade, lendo algo.

Ele deve acordar cedo todos os fins de semana. Será que não gosta de dormir...? Mas quem é que não gosta de dormir?

Dei risada. Imagina se ficássemos e morássemos juntos? Ele iria acordar cedo e eu tarde. Tadinho.

Yan olhou para o lado e me viu.

Apesar de ainda estar com vergonha de ontem, eu me sentia feliz. Então acenei antes que ele levantasse a mão.

Ele sorriu e acenou de volta.

Ficamos nos olhando e eu não sabia o que fazer. Mordi o lábio inferior, ficando meio nervosa, e lentamente me virei para entrar.

Ainda sentia ele me olhando quando entrei. Meu rosto estava quente, e eu sorria igual uma boba.

Fui ao banheiro e me assustei em como eu estava. Meu cabelo estava armado e bagunçado.

Do que adianta não querer que ele me veja depois do treino se deixo ele me ver depois de acordar? Fala sério, Bruna.

Pelo menos acho que ele não conseguiu ver minha cara oleosa e as remelas... A menos que ele tenha uma visão supersônica... Enfim.

Lavei o rosto e arrumei o cabelo.

Me sentia animada. Queria ouvir música.

Voltei ao quarto, peguei meus fones na gaveta da escrivaninha e pluguei no celular que estava no criado mudo.

Coloquei para tocar “I Want To Break Free” do Queen.

Quando as batidas começaram, balancei a cabeça. Quando ele começou a cantar, cantei junto, sem me importar com a altura.

I’ve fallen in love! — Levantei os braços. — I’ve fallen in love for the first time... — Subi na cama. — God knows! God knows I’ve fallen in love! — Dancei. — Oh how I want is break free!

Pulei da cama e dancei pelo quarto. A música acabou e começou “A Kind Of Magic”.

Fingi que meu celular era meu microfone. — One dream, one soul, one prize one goat... The bell that rings inside your mind! Is challenging the doors of time! It’s a kind of magic!

Depois, começou “Bohemian Rhapsody”. Comecei a fazer movimentos lentos com a música, enquanto andava ao redor da cama. E também fiz a guitarra imaginária, claro.

I’ m just a poor boy, nobory loves me...

Quando a parte animada começou, voltei a dançar em cima da cama. E na outra parte, dançava lento, mexendo os braços.

Nothing really matters...to me...

Fiz uma reverência para meu guarda roupa, na ponta da cama, e depois me joguei para trás, deitando e rindo.

Fazia tempo que não ouvia música. Era como se eu estivesse necessitada de ouvir.

Olhei para o teto, ainda sorrindo, e começou a tocar “Radio GaGa”. Deixei meu celular em cima da barriga e olhei para o lado.

Yan ainda estava na varanda, mas... Ele não estava do outro lado? E de lado? Agora ele estava de frente a grade. Assim que o olhei, ele havia tirado algo do rosto.

Fiquei tentando lembrar onde exatamente eu estava dançando.

Yan levantou o rosto rapidamente, olhando em minha direção, mas voltou a olhar para seu livro.

Sentei, saindo de vista da porta, meio em choque. Se ele viu meu show, serei obrigada a nunca mais olhar para ele. Mas, não teria como ele ter visto.


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