San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 35
Lili E Sua Amiga Confusão




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— Está tudo bem? — James perguntou a Lili, voltando a dobrar a perna, com o joelho próximo ao queixo.

— Sim. — Lili deu um gole de sua xícara.

— Tudo bem.

O jeito que ele respondeu não foi como se acreditasse nela, e sim que não tinha desistido do assunto ainda.

Nunca tinha visto James tão relaxado e descontraído. Era legal vê-lo assim. Era algo bem diferente da escola.

Conversamos um pouco sobre a festa, e após um tempo Júlio apareceu.

Pegou uma torrada e um pedaço de queijo branco, e começou a comer quando se sentou na poltrona ao lado de Lili. Ela dobrou as pernas igual as de James, e virou levemente o corpo, como se desse as costas a ele e ficando de frente a nós.

Ela e James se olharam. Um olhar cheio de palavras não ditas.

— Ah mas foi tão fofo seus pais dançando. — Ela disse, de repente.

— Achou fofo porque não eram os seus pais. — James disse, baixo.

— Se fosse eu ia achar fofo do mesmo jeito.

Júlio estava quieto, comendo. Parecendo estar em outro mundo.

Será que ele percebeu o gelo da Lili?

Depois de arrumarmos as coisas do café, Lucia nos emprestou maiôs. Os vestimos e ficamos com os mesmos shorts.

Nós quatro ficamos sentados na beira da piscina, com as pernas dentro da água. Tínhamos que esperar o tempo para a comida baixar, mas tudo começou com água sendo espirrada um no outro. Quando vimos já estávamos nadando.

Parecia que Lili estava parando de ignorar Júlio, já que começou a jogar água nele. Mas só um pouco. No almoço, ela dava mais atenção a Lucas, talvez para deixa-lo bravo.

Ajudamos com a louça, esperamos mais um tempo e voltamos a piscina.

De tarde, Lili disse que queria ir para casa. James insistiu que ficássemos mais, mas ela não quis. Ela ligou para casa, nos trocamos, agradecemos e nos despedimos da família.

James nos acompanhou até o portão. O pai de Lili já estava na frente da casa, que acenou para James, e ele retribuiu.

— Obrigada pela festa. — Lili disse, o abraçando.

— Eu que agradeço por terem vindo.

— Até mais tarde — disse, indo para o carro.

— Até!

Me virei e o abracei. — Obrigada, James.

— Obrigado a você, também.

Ficamos mais tempo abraçados. Nos soltamos e peguei sua mão rapidamente. — Eu sei que não é suficiente, mas eu também gosto de você.

Ele sorriu. — Eu sei. — E mostrou a língua.

Dei risada, e corri para o carro.

***

Ao chegarmos em casa, eu e Bru contamos a minha mãe como foi a festa. Falamos um pouco com Alex, que estava brincando com carrinhos em seu quarto, e depois fomos para o meu quarto.

— Lili, posso tomar banho? — Bru perguntou.

— Claro, vai lá.

Ela pegou sua bolsa e saiu do quarto.

Me sentei na poltrona.

Sinceramente, o que eu estou fazendo? Estou esperando o quê? Júlio me pedir em namoro? É mais fácil ele virar gay do que isso.

Fiquei com raiva ao lembrar do que ouvimos ontem à noite. Filha da puta. Quem é o idiota aqui? Ele ou eu por esperar algo?

Tentei afastar as lágrimas que estavam vindo. Senti meus olhos lacrimejando.

— Por que não me disse que ia passar a noite fora?

Olhei para frente.

Não, por favor, você não. Não agora.

Viktor entrou no quarto e sentou na beirada da minha cama.

— E por que eu te diria alguma coisa? — Tentei não falhar a voz, desviando o olhar.

— Só pra eu não ficar aqui à toa.

— Então você só finge que vem aqui pelo Alex?

— Claro que não. Ele é meu irmãozinho. Mas você sabe que eu sempre te procuro.

Eu não estou com cabeça pra discutir com você, Viktor. Sai daqui.

— Por que essa cara? A festa foi ruim?

O ignorei. Continuei olhando o tapete.

O ouvi levantando. Ele agachou na minha frente. — O que foi? — perguntou, parecendo preocupado.

Balancei a cabeça, negando que havia algo.

Viktor segurou minhas mãos. Uma ele a segurou na lateral de seu rosto, e a outra, segurou como os homens de antigamente seguravam as mãos das mulheres, para dar um beijo nas costas delas. Mas ele apenas passava o dedão em cima dos dedos, fazendo carinho.

Como ele fazia quando queria me acalmar. Quando eu havia brigado com alguém e ficava triste, ou qualquer coisa que me fizesse ficar chateada.

Geralmente nesses momentos eu chorava. Mas não vou. Esquece.

Meu coração estava acelerado. Ele ainda conseguia me causar isso. Era tão idiota.

Vendo que eu não ia desistir tão fácil, ele levantou. Eu me segurei para não o segurar no lugar.

Mas então, ele me puxou, me colocando de pé. Me puxou para perto da cama, e sentou onde estava antes, e puxou-me para ficar de frente a ele, e me abraçou pela cintura.

Fiquei parada, mas não resisti por muito tempo. Passei meus braços ao redor de sua cabeça e o abracei.

Seu cheiro era tão nostálgico que segurei o choro, mas não consegui impedir que algumas lágrimas escapassem.

Ele estava ouvindo meu coração acelerado e eu não podia impedir. Eu realmente queria um abraço. Dele.

— Tudo bem, não precisa me contar. — Ele disse, levantando o rosto e me olhando. — Não vou insistir, mas sabe que pode me falar, se quiser.

Balancei a cabeça, afirmando. Estava começando a perder a vontade de me segurar.

Viktor levantou, ainda me abraçando. Analisou meu rosto, passando os dedos nas lágrimas fujonas, aproximou o rosto do meu, mas recuei um pouco.

Ele não se mexeu.

Abaixei o olhar, e ele tomou meus lábios, segurando meu rosto.

Meu instinto foi de afastá-lo, mas me surpreendi por ter gostado daquilo.

Não foi um grande beijo, mas foi o bastante para eu querer me derreter em seus braços, cansada de fugir do que eu ainda sentia por ele.

Ele me olhou. — Quer deitar?

Antigamente, quando isso acontecia — após eu dizer o que eu tinha e chorar —, nos deitávamos, e ele me mantinha em seus braços, fazendo cafuné até eu me acalmar. E depois...

— Não. A Bruna está aqui. — Me afastei, passando as mãos nos olhos.

— E cadê ela?

— Está tomando banho.

— Ah... — Se aproximou de novo. — Você não quer repetir essa experiência incrível?

O mais engraçado era que ele conseguia dizer aquilo sério.

— Não. — Segurei o riso, me virando. — Não devia ter acontecido nem a primeira.

— Por quê? Você gostou.

— Sai daqui, Viktor.

Ele riu. — Tudo bem, você não pode fugir pra sempre. — Foi para a porta e parou para me olhar. Deu um último sorriso de lado e saiu.

Ri sozinha, encarando o teto.

***

Após tomar banho e me livrar do cloro do cabelo, voltei ao quarto e encontrei Lili brincando com a ponta do edredom da cama, meio corada.

Deixei a bolsa na cama e a olhei.

Ela deu um sorriso tímido. — Viktor veio aqui... — E ela começou a despejar a história toda pra cima de mim.

— E você deixou? — perguntei, espantada.

— Não deu tempo de me afastar... — disse, quase que se lamentando. — Mas no final das contas, eu quis. Eu gostei — falou olhando para baixo.

— Você está arrependida? Parece que está... Quer dizer, quando eu entrei você parecia feliz.

— Sim... Eu nem sei, Bru. Por um lado pareceu errado, mas por outro, foi tão... — Ela não terminou a frase. — Eu neguei por tanto tempo que ainda gostava dele. Eu deixei o que sentia pelo Júlio cobrir isso. Mas agora, ele me aparece quando estou querendo arrancar tudo o que tem a ver com o Júlio. Como se estivesse vindo para ajudar, sabe?

— Hmm... — Não vou concordar, nem discordar, porque não faço a menor ideia. — Mas e agora? O que vai fazer?

— Não sei. Isso é exatamente o que eu não sei! Eu me segurei para não grudar nele. E ele fez justo as coisas que fazia antes, para me tentar, só pode!

— Mas é isso o que ele quer, não é?

— Sim. E agora que eu “deixei” — Fez aspas com os dedos. — Ele vai fazer mais ainda.

— Mas Lili, você mesma disse que quis. Você sente falta dele, por que não desiste de vez? De fugir do que sente?

— Não sei, Bru. Eu estou dividida. E muito. Eu sinto saudade do Viktor, do conforto que ele sempre me deu... — disse baixo e se sentou na cama. — Mas todo o tempo após nosso término, eu gostei do Júlio. Olha, é muito tempo pra mim. E justo agora ele fala que acha que gosta de mim... Quando ele disse aquilo eu quase deixei meus sentimentos dançando. Mas aí, esquece do assunto e ainda fica com uma garota no mesmo teto que eu. O que eu faço com tudo o que senti? Eu sei, parece óbvio que eu deveria voltar pro Viktor, ele pelo menos está tentando... Mas eu estou uma zona.

— Parece bem complexo. — Eu não sabia o que dizer.

— Complexo e idiota! — Se jogou para trás, deitando.

Deitei do seu lado. — Se eu pudesse ajudar de alguma forma...

Ela me olhou. — Eu já disse que você me ajuda estando do meu lado. Nem consigo imaginar se não tivesse te conhecido. — Sorriu.

— Assim eu choro!

— Choremos juntas, amiga. — Deu risada.

— Choremos, Lili. — Ri.

Depois do momento fofura, Lili tomou banho e começamos a arrumar nossas coisas. Duas horas depois estávamos a caminho da escola.

Foi meio que um alivio quando passamos pelo portão principal. Nunca achei que me sentiria assim com outro lugar que não fosse minha casa.

Mas ali também era minha casa. Onde eu podia ver meus amigos todos os dias. E esperar ver Yan sempre que eu quisesse. Ou quase sempre.

Parecia que faziam anos que não o via. Que não reparava na covinha que aparecia quando ele dava aquele sorriso de fazer o estômago sair correndo.

Eu nem tive tempo de pensar na conversa que tive com James hoje cedo. Quero muito ir para minha cama e repassar tudo. Mas... Queria tanto ver aqueles olhos cinzas...

Atravessamos o refeitório vazio, e fomos para o jardim.

Caramba, por que estava com tanta saudade?

Andamos para o dormitório. Olhava para as árvores a minha direita, querendo beijar cada uma delas.

Algo chamou minha atenção.

Yan estava sentado em uma mesa debaixo de uma árvore, não muito longe dali. Estava olhando para baixo, e vi que ele estava lendo um livro.

— Vai lá, Bru. — Lili disse, dando uma risadinha. — Aproveita que ele está sozinho.

Parei, o olhando. Eu não tinha o que dizer, mas queria muito falar com ele.

— Anda. — Me deu um empurrão de leve.

Respirei fundo enquanto andava até ele. Cada vez chegando mais perto, meu coração machucava minhas costelas. Agora parecia que fazia muito mais tempo que não o via.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando? Acho que a Lili que deveria ser a personagem principal hahaha Obrigada a quem está acompanhando! ♥



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