San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 30
A Casa do James




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698681/chapter/30

Assim que ela desceu a escada e começou a abrir o portão, Lili sorriu.

— Não sabia que ia vir.

Ela sorriu, parecendo envergonhada. — Bem, nem eu sabia direito.

Lili lhe deu um abraço, e subiu.

— Oi, Bruna.

— Oi, Dani. — Nos abraçamos.

Tentei alcançar Lili, que já estava na varanda. A segui e entrei na casa.

Era meio rústico o ambiente, com o chão e as vigas do teto alto de madeira. Mas os móveis faziam uma mistura interessante entre rústico e moderno. O cômodo era comprido e não tinha divisões, só tinham algumas colunas de sustentação espalhadas. A primeira parte era uma sala de estar. Haviam dois sofás pequenos brancos na parede da porta. Seguindo a parede da direita, havia uma porta de madeira, e mais para a frente uma escada que parecia ser em “U”, levando para o segundo andar.

Descemos dois degraus para a próxima sala — já que o nível era um pouco mais baixo –. Havia uma mesa de jantar com seis cadeiras próxima a parede da esquerda, e um móvel enorme de madeira — onde dava para ver louças dentro — junto a parede da direita.

Apesar de estar vazio, haviam pessoas conversando por perto, e barulhos de panela de pressão chiando.

Próximo ao móvel de madeira, tinha um arco que dava para a cozinha. Lili passou por ele, e eu a segui.

— Lilian! — Alguém disse, feliz.

— Oi, Lucia!

Entrei. A cozinha era toda branca, no azulejo do chão, no revestimento das paredes, os armários na parede da lateral direita e o balcão que dividia a cozinha. Era tudo branco. Só o tampo de granito preto no balcão em conjunto com a pia que se destacava facilmente, junto com alguns eletrodomésticos de inox.

Uma mulher abraçava Lili, uma outra estava perto do fogão na parede esquerda, e uma senhora estava sentada em uma banqueta alta, no balcão.

A mulher soltou Lili, e me olhou, sorrindo, levantando os braços.

Me aproximei e ela me abraçou.

— Ela é a Bruna. Está na mesma sala que a gente.

— Bem-vinda, Bruna. — Deu um beijo em meu rosto. — Sou Lucia, mãe do James.

— Obrigada.

Ela nem precisava ter dito aquilo. James era bem parecido com ela. O cabelo, o nariz e a cor dos olhos eram idênticos.

— Mãe, lembra dela? — Lucia apontou para Lili, falando com a senhora.

— Lembro sim. — Lili deu-lhe um beijo no rosto. — Você está mais linda do que antes.

— Ah, que isso... — Ela corou. — Obrigada.

A senhora me olhou. — Mas de você eu não me lembro.

— Eu nunca tinha vindo aqui. — A cumprimentei.

— Ah, sim. Você também é muito bonita. Não entendo como James ainda não tem uma namorada... Você é a namorada dele?

Comecei a ruborizar. — N-não. Somos só amigos.

Ela riu, assim como Lucia e a outra mulher.

Fomos apresentadas a última, tia de James, e depois Lucia disse que James estava em seu quarto.

Segui Lili de volta a sala de estar e subimos as escadas. Ao terminar de subir, Lili virou à direita, seguindo pelo corredor não muito largo, e entrou na segunda porta da parede da esquerda, que estava aberta.

A primeira coisa ao entrar no meu campo de visão foi o começo de um guarda roupa branco, na mesma parede da porta.

— Chegamô! — Lili quase gritou, entrando.

— Eu sabia que era você. Ninguém ia tocar a campainha daquele jeito.

Entrei depois de Lili, e vi James fechando duas portas do guarda roupa.

— Podia ser o Júlio.

— Ele é um pouco mais paciente que você. — Riu.

Lili revirou os olhos.

— Dá logo o presente dele — falei com falsa impaciência.

James me olhou, rindo, e pegou a sacola da mão de Lili, e virou para a cama, encostando a sacola no colchão e olhando dentro. Lili sentou-se do lado.

Era uma cama de casal — e estava bagunçada —, com a cabeceira de madeira branca. Ela estava centralizada na parede, e do seu lado tinha um criado mudo. De frente a cama, havia um rack que parecia uma mesa, com uma TV e um videogame. Essa mesma mesa, continuava até a parede da frente, e tinha uma cadeira de rodinhas.

Próximo a mim — e a porta — havia uma estante de livros, da minha altura e estreita, de uma madeira bem clara.

A parede da frente tinha uma janela grande com cortinas brancas e finas. As paredes eram de um azul claro, e o chão era a mesma madeira do andar de baixo.

James tirou um presente da sacola e o apalpou. — Ah, roupa não, Lili!

— Cala boca e olha.

Ele riu, e começou a desembrulhar o pacote. O abriu e colocou a mão dentro, fazendo suspense.

Lili fechou a cara, e ele riu mais.

Deu uma espiada dentro do saquinho e tirou a blusa de lá. A desdobrou e a levantou diante dos olhos.

Sua boca fez o formato de “o” e Lili sorriu, satisfeita. — Acertamos, não é? Os dois presentes são nossos.

James sorriu. — Dois? Tem mais? — Olhou dentro da sacola, e rapidamente pegou o quadrado embrulhado. — Nossa, o que será? Um canivete suíço?

Lili já ia pegar o presente da mão dele, mas ele desviou e começou a abrir o presente.

Olhou o CD e ficou maravilhado. — Uau! Obrigado! — A puxou para abraçá-la.

— De nada.

Ele também me abraçou. — Obrigado, Bru.

— Ela tem que levar todo o crédito, eu não ia saber o que te dar.

James me soltou, me olhando, como se pensasse no que dizer, e então, sorriu. — Obrigado mesmo assim. — Voltou perto da cama e pegou a blusa, a olhando.

A deixou na cama de novo, e começou a puxar a blusa que ele vestia, e a jogou na cama.

— Ow, o que você tá fazendo? Não precisa fingir que gostou.

— Eu quero ficar com ela, não posso? — E vestiu a blusa nova.

Nem deu tempo da minha cara ficar vermelha.

— Ficou ótima — disse, olhando para o peito.

Não tinha reparado que ele estava de bermuda jeans e descalço.

— Já está pronto? — Lili levantou. — Vamos terminar de arrumar as coisas lá em baixo.

— Você acha que eu fiz o que o dia todo? Eu só parei agora pouco pra tomar banho. Minha mãe me tirou cedo da cama.

Lili estreitou os olhos. — Sei.

James pegou um pequeno vidro na cama e espirrou perfume no pescoço. — Vamos descer. — Calçou um par de tênis pretos.

Saímos do quarto e antes que James descesse na nossa frente, parou e sorriu.

— Haa não! Ganhou de quem essa blusa? — Era a voz do Júlio.

— De uma amiga. — Apontou para Lili.

Júlio apareceu, e James deu um passo para trás. Júlio entregou-lhe uma sacola de papel.

Ele nos olhou depois, como se tivesse levado um susto. — Onde é a festa?

— Você tá fazendo o que aqui se não sabe?

Deu de ombros. — Não sou eu que estou todo maquiado.

Lili suspirou e me olhou. — Vamos descer.

Passamos por eles e descemos. Segui Lili, passando pelas salas, e ela foi reto, direto para a porta grande de vidro que dava para a varanda.

Toda aquela parede era feita de janelas, que iam até o teto.

Antes de passar pela porta, percebi que, na minha direita, o cômodo — atrás da cozinha — era mais fundo. Era uma sala de TV. O rack ficava na parede das janelas, e na sua frente ficava um sofá em “L” bem grande, da cor creme. No meio, uma mesinha pequena em cima de um tapete felpudo, cinza claro. E do lado do sofá — mais perto de mim — havia uma estante grande com livros, porta retratos e várias decorações.

Continuei andando. Atravessei a porta, onde tinha uma varanda longa e coberta. Do lado esquerdo tinha um sofá e algumas poltronas de exteriores, junto com uma mesa baixa, de vidro. Eles estavam de frente para o quintal.

Andei, desci dois degraus. A frente, havia mais uma escada de dois degraus, deixando aquela área no mesmo nível da casa. Toda essa parte estava cercada, com uma cerca baixa de madeira. Onde eu estava, era mais baixo, e circulava aquela área mais alta, como um corredor entre ela e a casa.

Pela direita, havia um caminho de pedras cinzas. O segui, e o caminho virava para a esquerda, assim dando para uma outra área coberta. Era a área da churrasqueira.

Lili já estava lá, falando com um homem e um garoto. Quando me aproximei, Lili me olhou e me apresentou.

— Olá, sou Marcus, pai do James. — Ele apertou minha mão. Ele tinha um sotaque estranho, como se fosse de outro lugar e tivesse aprendido o português a pouco tempo. — Esse é Lucas. — Apontou para o garoto, que agora de perto dava para ver que era bem parecido com James.

— Oi — eu disse.

Ele acenou, meio tímido, e voltou sua atenção a algo que estava fazendo dentro do freezer.

— Ficou bom? — Marcus perguntou apontando para trás.

— Ficou ótimo. Você que arrumou? — Lili perguntou.

— Eu e o Lucas. Lucia quis deixar nas minhas mãos, já que estava ocupada com as comidas junto com James. Claro que ela vinha ver toda hora para ver se estava de acordo com o que ela queria. — Riu.

— É claro. — Lili riu junto.

Onde ele havia apontado — atrás da área mais alta — era um gramado aberto, e parte dele estava com várias mesas de festa cercadas por cadeiras. As mesas estavam com panos brancos e um potinho de vidro no centro, que parecia ter balas de goma.

Não tinha reparado, mas desse lado também tinham dois degraus que levavam a área alta, mas não havia cerca, então o caminho ficava livre para subir e ir para a área de culinária.

Subi aqueles degraus e dei de cara com uma piscina, que devia ter uns quatro metros de comprimento.

Haviam algumas cadeiras de sol do outro lado, e uma mesinha redonda com guarda-sol fechado e quatro cadeiras normais. Tanto a mesa e as cadeiras eram brancas, no mesmo estilo.

Como eu ia amar ter uma piscina em casa.

— Legal, né? — Lili apareceu do meu lado. — O pior é que James nem aproveita o que tem. Se eu morasse aqui ficaria o final de semana todo aí dentro.

— Acho que eu não faria diferente... O pai dele não é daqui, né?

— Não. Ele é americano. É engraçado o jeito dele falar, né?

— Sim, mas dá pra entender.

— Quando eu comecei a vir aqui, a mãe do James me contou a história deles. O Marcus trabalha em uma multinacional, mas ele trabalhava na cede principal, nos Estados Unidos, e cuidava do setor que mantinha contato com as filiais, incluindo as daqui. Ele era casado com uma brasileira que morava lá, e já tinha uma filha, a Dani. Mas eles tinham se separado antes dele conhecer a Lucia.

A Lucia entrou na empresa daqui, e já foi para o setor que cuidava dos contatos com a empresa de lá, e assim começou a falar com o Marcus. Um dia ele teve que vir pra cá. Ele já tinha vindo antes, mas aquela vez foi diferente, porque já sabia da Lucia. Depois que ele voltou, eles conversavam fora do trabalho. E da outra vez que veio, já se declarou pra ela. — Fez uma cara de apaixonada. — Um tempo depois, ele conseguiu transferência pra cá, e aí se casaram.

— Uau, que lindo!

— Sim! Eu até chorei quando ela me contou.

— Ah, mas é normal você chorar.

Ela mostrou a língua. — Ele viaja bastante pra lá, mas ele diz que não liga, e que prefere morar aqui.

— Mas... se a Dani morava lá, por que está aqui?

— Pelo que entendi, a mãe dela e o Marcus conversaram, porque nenhum dos dois queria que ela crescesse sem o pai, e aí as duas voltaram pra cá.

— Ah...

— É por isso que o James se chama James. Ou você nunca tinha reparado que é um nome estrangeiro?

— Sim e não... Mas nunca tinha parado pra pensar. Então é por isso que ele tem tanta facilidade com as aulas de inglês. Não é justo.

— Eu falo isso desde sempre!

— Fala o quê?

Nos viramos. James e Júlio estavam ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acharam que era a Erica ali, né? ahuahuah ~pegadinha do malandro~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.