San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax
Terminamos algumas lições do dia, e começamos as que teríamos que mostrar amanhã.
Descemos, encontramos os garotos e fomos tomar café. Enrolamos um pouco, e arrastei James para o auditório um pouco mais cedo que de costume. Estava ansiosa para que Lili contasse nosso plano ao Júlio logo.
Haviam algumas pessoas sentadas, e os professores estavam na beirada do palco, como de costume. Pegamos nossos lugares e esperamos.
Pouco depois, vi pelo canto de olho Yan vindo. E vi a cara de assustados dos professores quando viram o braço dele. Perguntaram o que tinha acontecido, Yan explicou, e disse várias vezes que estava bem para ensaiar. E após isso, ele sentou do meu lado.
James perguntou como ele estava, e continuou dizendo que estava bem.
Erica chegou, nos cumprimentou com um aceno, e sentou-se ao lado do James.
— Obrigado por ter ficado comigo hoje mais cedo. — Yan disse baixo.
O olhei. — Ah, por nada... Está mesmo bem? Não está sentindo dor?
— Estou bem, não sinto nada. Só se eu levantar o braço rápido, aí dói um pouco. Mas ninguém deixou eu me mexer. Não me deixaram fazer educação física e nem participar do treino. Fiquei só olhando.
— Nossa, o treino! Como você vai fazer?
— Espero ficar melhor logo. Ou vou ter que sair do time... Mas isso não vai acontecer. Vamos jogar um contra o outro — disse confiante. — E minha sala vai ganhar, claro. — Brincou.
Sorri. — Não conte com isso. Nossos treinos são pesados.
— Os da minha sala também são. Não pude jogar mas fiquei de olho na minha equipe.
— Então boa sorte — provoquei.
— Igualmente. — Sorriu.
Nas cenas de Jasmim e Heitor tomei cuidado para não encostar no braço de Yan.
A história estava evoluindo. Já estávamos próximos do casamento de Jasmim e Gregório. Estávamos fazendo as cenas em que Jasmim chorava por todos os cantos, inclusive nos braços de Heitor.
Começamos uma nova parte, onde Jasmim começava a cair na real que teria que parar de se encontrar com seu amado — e meu também –, e teria que dar um basta naquela situação.
Em uma noite, a alguns dias do casamento, em um dos seus encontros de madrugada, Jasmim e Heitor estavam em uma clareira que só eles conheciam, perto da casa onde Jasmim morava com seus pais.
Yan e eu estávamos sentados no chão do palco. Eu estava encostada em seu peito, e seus braços me cercavam.
— Heitor... Não podemos mais adiar isto.
— O que quer dizer?
Me endireitei e o olhei. — Não podemos mais nos encontrar. Você sabe que o casamento está chegando. — Olhei para baixo.
— Eu não quero me lembrar disso... — Ele segurou minhas mãos.
— Mas precisamos! — Me levantei rapidamente. — Não adianta continuar fingindo que nada está acontecendo.
Yan levantou e me abraçou. — Não posso sequer me imaginar sem você — disse triste, encostando sua testa na minha.
Isso era para ter sido um beijo, mas né.
Me concentrei, tentando me sentir triste como Jasmim estava. — E-eu sinto muito... — O olhei, já sentindo as lágrimas se formando, tentando fazer a voz meio embargada.
— Por que está dizendo isso? — indagou, desesperado e segurou meu rosto com as mãos.
— Não podemos mais nos encontrar.
— Não diga isso Jasmim...
— Se alguém descobrir estaremos acabados, Heitor. E para você será pior.
— Jasmim, por favor...
Senti algumas lágrimas escorrendo. — Por favor... Heitor... Não me procure mais. Assim será melhor para nós dois.
— Não! Jasmim, por favor, eu te imploro! Podemos fugir juntos...
— Você sabe que não temos como ir para longe. Iriam nos achar cedo ou tarde... — Me soltei de suas mãos e tentei dar um sorriso triste. — Adeus, Heitor... — Comecei a me afastar.
— Não! — Ele tentou me segurar, mas corri.
Yan ficou parado, parecendo assustado.
Parei de correr quando entrei na parte escura do palco, onde ninguém mais conseguia me ver.
— Corta! — Ouvi a prof. Beatriz falando.
Olhei para Yan. Ele estava passando a mão nos olhos.
Enxuguei minhas lágrimas e voltei ao centro do palco. — Você está chorando? — perguntei a prof. Eduarda, com um tom de brincadeira.
Ela sorriu. — Vocês são bem convincentes.
Sorri, e vi que Yan também gostou do elogio. Olhei para a frente. Erica estava secando seus olhos, e James estava meio sério. Não dava para saber se ele estava concentrado em não chorar ou outra coisa.
Repassamos mais algumas cenas anteriores, e saímos do teatro conversando, eu, James, Erica e Yan. Encontramos Lili e Júlio no caminho e fomos ao refeitório. Nos separamos após pegar a comida.
Olhei para Lili, e ela deu um leve aceno de cabeça, confirmando que o plano estava indo bem.
***
Na terça, tivemos nosso treino de vôlei. Na quarta, teve ensaio e quinta treino de novo.
Após o jantar, Lili e eu ficamos em meu quarto.
— Você acha legal avisarmos a Erica? — Lili me perguntou.
— Amm... Não sei. Você quer avisar?
— Acho que não. Queria que fosse só a gente, sabe?
— É, eu também.
— Eu já peguei o dinheiro com o Júlio. Agora é só mandar ver.
Na sexta de manhã, demos parabéns para James, junto com um abraço apertado.
Tentei ficar mais quieta — fingindo estar mal — e James reparou. Perguntou se eu estava bem, e eu falei que estava com dor de cabeça.
Claro que ele sempre perguntava como eu estava, e sempre falava para ir a enfermaria. E eu falava que não.
Depois do almoço, subimos, animadas. Esperamos a mensagem de Júlio.
Mais ou menos cinco minutos depois, ele mandou a mensagem dizendo que estava limpo. Juntamos nosso dinheiro, Lili deu uma quantia e eu outra.
Descemos rápido. Atravessamos o jardim e o refeitório, deixamos nossos nomes na secretaria e saímos da escola.
Lili guiou o caminho. Andamos uns dois minutos e fomos a padaria. Ficamos na dúvida do que levar, mas pegamos uma caixa de cupcakes de cenoura com brigadeiro.
Fomos a um mercadinho, na mesma calçada, e compramos uma caixinha de velas pequenas azuis e uma caixinha de fósforos.
Voltamos, passando pela secretaria e refeitório de novo e entramos no jardim, indo em direção ao dormitório.
Lili parou bruscamente, me puxando para trás de uma árvore. — Caramba, Júlio! — cochichou. — Não era pra eles estarem aqui.
Olhei para onde Lili olhava. Eles estavam na nossa mesa. — E agora?
O caminho a nossa frente era mais aberto, então se passássemos, James — que estava de frente ao caminho — nos veria.
— Agora ferrou. Não tem como passar sem ele nos ver com a sacola.
— Só se dermos a volta e já levarmos os bolinhos com a vela.
— Que saco. Queria tanto fazer tudo com calma... Vamos então.
Voltamos à frente do refeitório e demos a volta, indo pelo outro lado do campus. Olhamos a mesa onde eles estavam e paramos em uma próxima, mas meio escondida.
Abri a caixa dos cupcakes e Lili colocou uma vela em cada. Acendemos as velinhas e deixamos a caixinha dentro da sacola.
Peguei a caixa e corremos até a mesa deles. Fiquei atrás de James, e rapidamente a coloquei na mesa a frente dele, já o abraçando.
— Parabéns de novo! — berramos juntos, e Lili se juntou ao abraço.
— Ai, caramba... — James disse surpreso, olhando para os bolinhos.
— Faz um pedido. — Lili disse sentando do seu lado direito.
Me sentei do outro lado dele.
James olhou para nós, sorrindo, e se concentrou nas velinhas. Pensou um pouco e assoprou uma de cada vez. — Vocês são incríveis.
— Você quis estragar nosso plano. — Lili acusou Júlio. — Você sabe o que significa a palavra distração?
— Ele quis vir pra cá! Se eu não deixasse ia perceber. Eu tentei, mas ele quis descer. Reclama com ele que não ficou quieto.
— Tudo bem, não precisam brigar. — James riu. — Vocês me pegaram de surpresa. Era essa a ideia, não é?
— Foi ideia da Bru comprar os bolinhos para você assoprar as velas.
James me olhou e bagunçou meu cabelo.
— Pelo jeito vocês querem matar ele, né? — Júlio perguntou.
— Por quê?
— Pra onde você acha que vai esse açúcar todo?
Lili tapou a boca, como se tivesse esquecido de algo. — Ai meu Deus, James...
James colocou a mão por cima da dela, que ainda estava em cima de sua boca. — Eu não vou comer tudo isso sozinho, então relaxa aí.
Ela parecia sentida, mas a mordida que James deu no bolinho a fez sorrir de novo.
— Estão esperando o quê? — perguntou, lambendo os dedos. — É um pra cada um.
Nós três pegamos os bolinhos e comemos com muito gosto. Estava maravilhoso.
— Como eu estava falando pro Júlio — disse ao terminar de comer —, minha mãe me ligou e quer fazer uma festa pra mim, amanhã à noite. Exijo que vocês vão.
— É claro! — Lili disse. — A Bru pode ir pra minha casa hoje, né? — Me olhou, animada.
— Claro.
— Ótimo. Vai começar lá para as seis. Mas eu queria que vocês passassem a noite lá. Seus pais deixam? — Perguntou a Lili.
— Sim. Como eles te conhecem, deixam sim.
— Vai ser bem legal!
Após conversamos mais um pouco sobre a festa, subimos. Peguei meu celular e liguei para minha mãe.
Contei as novidades e falei que ficaria na casa da Lili, e da festa do James. Fiquei um bom tempo ouvindo tudo o que ela tinha pra falar, e só fui desligar quando estava na hora do café.
Depois de comer, Júlio foi pra casa, e nós três fomos para o ensaio. Lili sentou-se na segunda fileira, atrás de nós.
Continuamos com as cenas seguintes e se a Lili visse a última cena, com certeza iria chorar também. Em uma delas, eu e Yan ficamos de fora e fomos nos sentar.
— Que milagre sua amiga quis assistir — comentou Yan baixo, antes de sentarmos.
— Pois é. Ela tinha medo de ser expulsa.
Ele riu. — Vai pra casa dela?
— Vou. Amanhã vai ter uma festa na casa do James.
— Festa do quê?
— Aniversário dele. É hoje, na verdade, mas a festa será amanhã.
— Ah é? Não sabia. Vou dar os parabéns depois.
— E você vai fazer o que depois?
— Vou ficar aqui. Ou talvez vá para o Gabriel. Não sei ainda.
Se a festa fosse minha, com certeza te chamava...
Acabamos ficando mais um tempo do que o previsto naquela cena, e não voltamos ao palco.
Yan deu parabéns à James, e se despediu de mim com um beijo no rosto.
Lili e eu fomos ao dormitório e terminamos de arrumar nossas coisas. Descemos um tempo depois, já que o pai dela havia chego, e fomos para a casa dela.
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