San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 18
Ele Voltou?!




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— Como assim ele voltou?

— Ele... — Lili suspirou. — Sexta feira meu pai veio me buscar. Cheguei em casa e... ele tava lá, conversando com a minha mãe. Quando ele me viu veio me abraçar... disse que tava morrendo de saudade. — Fez uma careta, revirando os olhos. — Ficou me enchendo o tempo todo, mesmo sendo ignorado. E meus pais adoram ele!

— Como ele chama?

— Viktor.

— Mas por que você não tem certeza se foi bom ou ruim?

— Por um lado eu fiquei irritada... mas por outro... fiquei feliz que ele lembrou de mim com o mesmo ânimo de antes. Claro que isso é totalmente idiota, principalmente depois do que ele me fez, mas não consigo evitar de sentir isso.

— Então você ainda sente algo por ele.

Ela ficou sem graça e olhou para suas mãos. — É, acho que sim.

— Mas e o Júlio?

— O Júlio... Eu esqueci do Viktor porque comecei a gostar do Júlio. Agora não sei, Bru, não sei! — Riu, um pouco nervosa. — O que eu faço? O Júlio disse todas aquelas coisas, mas...

— Calma, não é como se você tivesse que escolher entre eles.

— É, tem razão — concordou, erguendo a cabeça. Eu conseguia ver como ela estava incomodada com aquilo.

— Relaxa.

— Bom, estando aqui, tô livre dele por uma semana. Acho que até tô ansiosa pra ver o Júlio. Parece que faz uma eternidade desde sexta.

— E ele já chegou?

— Não sei. — Ela levantou em um salto, animada de repente. — Vamos descer pra descobrir?

— Vamos.

 

— E aí, gente! — Júlio se aproximou e sentou ao lado de Lili, na mesa do jardim, a fazendo dar um sorrisinho discreto. Ele deu uma olhada de canto para ela e passou a mão sobre sua cabeça, bagunçando seus cabelos.

— Ei! — Ela riu, o empurrando.

— Tudo bem? O James já chegou?

— Não — Lili se pronunciou, tentando arrumar a bagunça da cabeça. — Pelo menos não vimos ele ainda.

— Eu quero muito comer. Vocês vão esperar ele?

— Ah... Vamos pra lá, é só a gente ficar de olho na porta. — Ela levantou junto de Júlio.

Fomos para o refeitório e pegamos a comida. Júlio ficou falando sobre seu fim de semana para Lili, que ouvia com atenção. Era até engraçado de se ver, porque parecia que eles estavam juntos de verdade, namorando. Porém, eles mantinham a mesma distância de sempre.

Dava para ver que Lili esperava algo dele, todos sabemos o quê, só que ele não percebia, ou fingia muito bem não perceber. Não, ele não notava, mas pelo menos parecia estar mais atencioso com ela.

Será que ela realmente gosta mais do Júlio do que do Viktor? Será que ele tá gostando dela? De verdade? Olhando eles assim, parecia que eles estavam em um mundo particular... Será que eu fico assim com o Yan? Parece que esse tipo de coisa fica tão óbvia quando se presta atenção...

Senti alguém tocando meu ombro. Me virei.

— Oi, Bruna! O James já chegou? — Era Erica.

— Oi. — Ele estaria com a gente se tivesse chegado, você não acha? — Não, ainda não.

— Ah... Então tá bom. Brigada. — E saiu andando em direção à saída.

Nem deixa ele respirar o ar da escola. Credo.

Acabamos de comer e fomos para o jardim, ainda esperando James. Os dois semi pombinhos não calavam a boca e eu comecei a me sentir excluída.

— Vou subir — avisei, levantando.

— Já? Por quê? — Lili fez menção de ficar de pé e eu ergui a mão.

— Pode ficar aí. Eu só tô um pouco cansada ainda. Quero dormir mais cedo.

— Certeza?

— Tenho sim. Até amanhã.

 

...

A semana passou sem sustos e sem muitas novidades. Aprendi nos ensaios coisas novas, como por exemplo exercícios de respiração, de postura e coisas do tipo. Os ensaios com a Erica foram bons e pelo jeito ela levou uma comida de rabo da professora Eduarda por ter ido embora da última vez, e na sexta-feira entraram mais alguns personagens.  Conversei um pouco com o Yan entre as pausas dos treinos já que não tivemos cenas juntos, e as únicas interações que tivemos fora do teatro foram os cumprimentos em todas as manhãs.

Como prometi para Lili, eu iria para a casa dele no fim de semana. Enchi minha mochila com roupas e tudo o que precisaria para ficar fora pelos próximos dois dias e esperei ela ficar pronta, logo após o término da aula, e em menos de meia hora ela veio me chamar.

— Pronta? — perguntou, animada.

— Sim!

— Então vamos!

Passamos pela secretaria antes de ir para fora. O pai de Lili estava nos esperando do lado de fora do carro, estacionado próximo aos portões. Até que os dois eram bem parecidos, mas o cabelo dele estava mais para o loiro escuro.

Lili o abraçou apertado e gesticulou para mim. — Pai, essa é a Bruna.

— Oi, Bruna — cumprimentou gentilmente. — Anderson, prazer.

— Prazer. — Acenei, um pouco tímida.

Anderson abriu as portas traseiras para nós, e entramos no carro. Ele e Lili ficaram conversando sobre os acontecimentos da semana, apenas sobre os estudos, claro. Apesar de suas expressões sérias, ele era muito atencioso e falador.

Em alguns minutos chegamos e estacionamos o carro na garagem coberta. Lili me puxou para dentro, em um hall de entrada, e depois atravessamos um arco para uma sala de jantar, que estava com a mesa já posta. Uma mulher saiu de outro arco, na parede da frente, e andou direto para Lili, a abraçando bem forte. Ela beijou seu rosto, e depois veio me cumprimentar, beijando o meu e me abraçando.

— Bem-vinda, Bruna. Me chamo Michele, muito prazer. Sinta-se em casa.

— Obrigada.

— Estão com fome? — Lili e eu afirmamos. — O almoço tá quase servido. Podem se sentar. — E voltou pelo mesmo arco de onde saiu.

Lili me puxou, sentando em uma das seis cadeiras da mesa e me puxando para o lugar ao seu lado. Anderson passou por nós, tirando seu paletó, e foi para a cozinha.

Um tempo depois, os dois começaram a trazer alguns refratários e os colocar na mesa. O pai de Lili saiu da sala e voltou uns minutos depois com uma roupa mais informal, sendo seguido por um menininho que se sentou na cadeira a minha frente.

Ele era uma miniatura da Lili, a coisa mais fofa que eu já vi na vida.

 E outro menino, ou melhor, rapaz, bem mais velho, entrou e se sentou ao lado do menininho, me olhando com curiosidade e lançando um sorriso para Lili.

Ele era bronzeado, de cabelo loiro escuro, meio queimado de sol, com algumas mechas loiras nas pontas que ficavam perto do queixo. Seus olhos eram uma mistura de verde e mel, e aparentemente ele era um típico cara surfista que todas as garotas se apaixonariam à primeira vista quando fossem para a praia.

— Ah, não... — sussurrou ela, descendo um pouco na cadeira, parecendo querer se esconder nem que tivesse que ficar debaixo da mesa.

— Não me avisaram que teríamos visitas — comentou o garoto mais velho.

— Será que é por que você não mora aqui? — Lili perguntou, mal-humorada, cruzando os braços no peito.

— Não vai me apresentar sua amiga?

— Ela se chama Bruna. — Me olhou e falou, com má vontade. — Viktor.

Quando eu o olhei novamente, ele me deu um aceno exagerado.

— E esse nenenzinho é meu irmão que não me falou nem um oi. Sério, Alex? Não vai me dar um abraço?

O menininho, que estava emburrado, abriu um sorriso gigante e pulou para o chão, dando a volta na mesa e esticando os braços para ela, que o colocou em seu colo. Eles se abraçaram fazendo barulhinhos engraçados.

— Posso saber por que você tava emburrado?

— Puquê pedi no jogo... e aí o Vi me ajudô — explicou Alex, começando a brincar com os botões da blusa de Lili.

— Se ele te ajudou por que você ainda tá triste?

— Puquê eu, eu queia ganhá soxinho.

— Mas você ganhou, isso que conta. Na próxima você tenta de novo e ganha. Você falou obrigado pra ele? — Ele afirmou. — Então tá. Depois a gente joga, tá bom?

Ele sorriu. — Tá.

— Essa aqui é a minha amiga Bruna. Fala oi pra ela. — Apontou para mim.

Alex me olhou e encostou a cabeça no peito da irmã. — Oi. — E virou o rosto, envergonhado.

Que coisa mais fofa. — Oi.

Os pais de Lili voltaram da cozinha e se sentaram. Alex voltou para o seu lugar ao lado de Viktor e todos começaram a conversar enquanto se serviam.

Viktor cortava a comida de Alex e o ajudava a comer, e ninguém parecia estranhar aquela atitude de alguém que acabou de “chegar”. Algumas vezes ele lançava olhares para Lili, quando ela contava alguma coisa, por mais tempo que o necessário, e ela nem fazia questão de se dirigir a ele, deixando o assunto somente entre os pais, irmão e eu.

Depois, Lili, seu pai e eu ajudamos com a louça, e depois nós duas subimos para o quarto com as nossas mochilas.

O quarto dela era um pouco maior que os quartos da escola. Tinha uma cama de casal na parede da frente, um guarda-roupa grande na parede da direita, uma penteadeira retrô turquesa na parede esquerda, do seu lado tinha uma poltrona antiga, e na parede da porta havia uma escrivaninha.

Lili olhou o corredor antes de fechar a porta. — Não acredito. De novo ele veio me encher — cochichou. — Parece que não tem casa.

— Por que ele fica aqui? — perguntei, indo me sentar no banquinho da penteadeira.

— Não sei. Só pra encher o saco.

— Você viu que ele ficava te olhando, né?

— Vi. Não tem um pingo de vergonha na cara — resmungou, indo para a cama.

— Por que você fala daquele jeito com ele?

— Ele me irrita... Fica em cima quando tô aqui. Só tenho descanso se me trancar no quarto e olhe lá.

— Então ele ainda gosta de você.

Lili começou a rir de um jeito forçado.

Ué, qual foi a piada?

— Ai, Bru. Não seja inocente.

— E por qual outro motivo ele ficaria aqui?

— Ah, sei lá. Ele deve estar querendo alguém pra brincar.

— Brincar? — Fiquei confusa. — Como assim?

Ela me olhou estreitando os olhos. — É... Enfim. Eu só ignoro.

— E por que você não pergunta?

— O quê?

— Por que ele fica aqui.

— Pra quê? Eu não...

Escutamos algo bater contra a porta, e a maçaneta foi puxada para baixo. Alex colocou a cabeça para dentro do quarto com uma carinha vacilante.

— Pois não? — Lili perguntou, dando um sorriso.

Alex ficou sem graça quando reparou em mim, e olhou para a irmã. — Vamo jogá, Lili.

— Você não tem que dormir?

— Só um pouquinho. — Fez uma expressão pidona.

Ela riu. — Tá, só um pouquinho. — Levantou e o pegou no colo. — Vem, Bru.

Entramos no quarto de frente ao dela, com muitos brinquedos espalhados e uma cama em formato de carrinho. Havia um guarda roupa de duas portas e do lado esquerdo do quarto, um rack pequeno encostado na parece com uma televisão pequena e um videogame, com alguns pufes coloridos na frente.

Tinha alguém “mergulhado” em um pufe, jogando.

Lili deixou Alex no chão. — Alex, fala pra ele ir pra casa dele.

— Pu quê? — Ele perguntou, indo direto pegar um carrinho do chão.

— Puquê tá tarde — imitou o jeito de falar do irmão com um tom mais sarcástico.

— Já tô indo, não precisa me expulsar — disse Viktor, levantando. Parou em frente a Lili. — Mas amanhã eu volto.

Viktor tentou se aproximar mais de Lili, mas ela se esquivou, indo para perto dos pufes. Ele passou a mão pelo cabelo, jogando os fios longos para trás, e saiu do quarto sem dizer mais nada.

Eu não conseguia entender a raiva da Lili. Se foi ela quem terminou o namoro, por que tem tanta raiva dele?

Lili sentou em um pufe e colocou Alex em seu colo depois de trocar para um jogo que os dois pudessem jogar juntos. Sentei no outro pufe e assisti, dando risada junto deles. Depois de mais ou menos meia hora, Lili colocou o irmãozinho na cama e ficou ali até ele dormir.

Voltamos para o quarto dela e nos sentamos na cama, enquanto ela desfazia sua mala para guardar suas roupas.

— Posso fazer uma pergunta? — indaguei, não me aguentando de curiosidade para entender tudo aquilo direito.

— Pode.

— Você disse que foi um namoro bobo com o Viktor, certo? Então por que você tem tanta raiva dele?

Ela suspirou. — Porque... ele me traiu, Bru. Ele ficou com outras meninas enquanto estava comigo. Enquanto ele me traía, eu ficava em casa porque ele não gostava que eu saísse sem ele... Eu gostava dele e ele fez aquilo comigo. E por isso eu terminei... Mas ele não sabe que eu descobri.

Minha boca até abriu com o choque. — E ele nunca tentou falar com você sobre isso?

— Já, mas eu sempre evitei o assunto. E... depois de um tempo acho que ele desistiu... E depois disso, ele se mudou.

— E ele não tocou no assunto nenhuma vez desde que chegou?

— Não. Ele só fica em cima, como se fosse resolver alguma coisa. Ele tenta conversar como se a gente fosse velhos amigos. Por isso não dou bola.

Que filha da mãe! Mas não adianta ficar falando nisso, não quero deixar ela chateada. — Hm... Pelo que eu percebi, o Júlio não tocou mais naquele assunto, né.

— Não... Parece até que ele falou por falar — murmurou, tristonha. — Ou desistiu... Vai ver era só impressão e ele confundiu a nossa amizade com coisa a mais.

— E o que você vai fazer? — Eu não tô acertando nos assuntos...

— E o que tem pra fazer? Não posso colocar ele contra a parede. Eu sei o que eu sinto, mas ele não sabe... A única coisa que posso fazer é ficar na minha, sem ficar apressando as coisas... Mas e o Yan? Você se despediu dele?

— Sim, hoje no final do ensaio. Comentei que ia vir pra sua casa... Acho que ele ficou meio triste. — Sorri, lembrando da cara surpresa e levemente decepcionada dele. — E depois ele me deu um beijo no rosto.

— Ai, Bru, queria saber o que ele tá esperando pra tomar uma iniciativa. Que demora!

— Ain, Lili. — Coloquei as mãos no rosto. — Para com isso.

— Não custa ele fazer alguma coisa diferente — refletiu, indo guardar algumas roupas no guarda-roupa.

— Tipo o quê?

— Ah, sei lá. Segurar sua mão... Te abraçar, roubar um beijo...

— Quê?! Tá doida?!

— Ai, Deus. É uma bobinha mesmo. — Ela riu, negando com a cabeça.


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