San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 5
Aff, Ele Namora?




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Saímos do prédio indo diretamente para o jardim.

— Vamos guardar nossas mochilas e nos encontramos na mesa — Lili disse, e todos concordaram.

Nós duas subimos falando do livro dela, opinando sobre a capa e a sinopse, que era até que promissora. Chegando no meu quarto, fechei a porta, deixei a mochila no chão e deitei na cama.

O que eu faço agora? O que eu vou falar? Será que você poderia me dar o livro? Não, muito grosso. Oi, será que você pode me emprestar esse livro? Preciso dele pra fazer um trabalho...

Eu vou acabar gaguejando e vou passar a maior vergonha da minha vida. Isso porque achei que fosse passar vergonha na frente dele só no teatro, mas tô adiantando as coisas, infelizmente.

Alguém bateu na porta e Lili colocou a cabeça pra dentro do quarto. — Vamos?

Levantei, pensativa, e saímos.

— Você tá bem? — perguntou ela, solícita. — Parece preocupada. Tá com essa cara desde que saímos da biblioteca.

— N-não, não tô preocupada. Tô pensando em como vou pegar o meu livro.

— E com quem tá? — Começamos a descer as escadas.

— Com um menino chamado Yan, do segundo ano.

— Tenho uma colega do segundo, a Dani, talvez ela saiba quem é.

Concordei com a sugestão e terminamos de descer.

— Ah... — Lili parou, tateando os bolsos da saia assim que pisamos no jardim. — Esqueci meu celular. Vai na frente que eu já volto. — Voltou para dentro.

Andei até o bosque, pelo caminho entre as árvores, e de longe vi Yan conversando com uma menina de cabelo curto e loiro. Ele estava entregando uma caixa para ela, rindo de alguma coisa. Ela aceitou, e os dois se abraçaram.

Eles... são namorados? Não é possível que eu não reparei se ele usava aliança...

Segui o caminho para frente e encontrei os garotos há poucos passos dali.

— Você tá bem? — James perguntou. — Você tá meio pálida.

Pigarreei. — Tô sim... A Lili foi pegar o celular que esqueceu.

— Ela tá vindo já — falou Júlio, apontando para trás de mim.

— Tem certeza que tá bem? — James reforçou a pergunta quando parei ao seu lado.

— Sim, tenho sim.

— Cheguei — disse Lili se juntando ao grupo com a respiração acelerada.

— Finalmente — Júlio reclamou, brincando.

— Fica na sua, mané.

— Nossa. — Fingiu estar ofendido, conseguindo arrancar um sorrisinho dela que logo foi escondido.

— O que vamos fazer? — Ela perguntou, e todos se olharam. — Legal, então vamos.

Eles riram. — Ah, vamos ficar por aqui mesmo, nem tem nada pra fazer, por enquanto — Júlio falou.

Nos sentamos no chão, e começamos a jogar conversa fora. Em certo momento, Lili ficou distraída, olhando para o lado, e se levantou em um salto.

— O que foi? — indagou James, confuso com o movimento repentino.

— É a Dani, acabei de ver ela correndo. Vou ver se ela tá bem. — E Lili saiu em direção ao dormitório feminino.

— Será que aconteceu alguma coisa? — perguntou Júlio.

— Não faço a mínima ideia — James respondeu.

— Ah, deve ser coisa de menina. — Deu de ombros.

— Ei, se liga né.

— O quê? Você nem liga muito pra ela.

— Mesmo assim.

Como assim não liga muito pra ela? Que história é essa?

Júlio levantou, limpando a terra da calça. — Ok, foi mal. Vamos pro refeitório?

Mesmo que curiosa, não perguntei nada durante o caminho até a cantina. Pegamos nossa comida e nos sentamos. Vi que Júlio tinha pego três bombas de chocolate.

— Você vai passar mal. — Riu James.

— Vou não, para de ser invejoso.

— Não tô com inveja, se eu quisesse pegar eu pegava.

Júlio riu. — Arrã, sei.

Continuem sem entender nada.

Terminamos e fomos para fora, para uma mesa mais perto. Nem deu tempo de sentar quando Júlio parou de andar e nos olhou com uma careta. E então saiu correndo para o dormitório.

James gargalhou. — Eu falei.

E se eu aproveitasse a oportunidade e matasse a curiosidade...

— Será que posso perguntar uma coisa?

— Pode — disse ele prontamente.

— O que o Júlio quis dizer com aquilo de que você não liga pra Dani?

Ele estreitou os olhos, tentando lembrar do momento. — Ah. Não é bem assim, só não somos tão próximos quanto acham que somos.

Ainda não entendi.

Ele riu da minha cara. — Ela é minha irmã. Quer dizer, meia irmã. Ela é filha do meu pai, do primeiro casamento que ele teve.

Agora sim tudo fez sentido. — Ah, então vocês não se dão muito bem?

— Não exatamente... Eu achava que ela me culpava pelo que aconteceu. O divórcio. Como se eu tivesse culpa. — Fez uma careta. — Antes eu até tentava agradar, porque gostava bastante dela e eu queria ser mais próximo, mas ela não gostava tanto assim de mim. Agora que estamos mais velhos, acho que ela se sente mal por como me tratava, mas eu não estou muito preocupado, sabe? Desapeguei daquela ideia de me aproximar.

— Entendi. Desculpe por perguntar isso.

— Não foi nada. Eu esqueci de comentar, ainda bem que perguntou. Assim você sabe mais sobre mim. — Sorriu, satisfeito. — E você, tem irmãos?

— Sim, tenho duas. Eu sou a do meio.

— E você se dá bem com elas?

— Sim, mas me dou melhor com a Camila, que é a mais velha. A mais nova é meio chata. Criançona ainda.

James riu. — Normal os mais novos serem os mais chatos.

— Sim... — Pensa num assunto pra não ficar um clima chato... — Quando será que vamos saber do teatro?

Ele pensou. — Hm... Acho que logo. Eles não podem demorar muito, o ensaio é essencial, principalmente pros novatos. — Sorriu para mim, zombando.

— Em quantas peças você já atuou?

— Uma. — Deu risada com a minha careta. — Aqui na escola. Mas já fiz algumas produções pequenas perto de casa.

— Você é bem mais experiente que eu, vou passar vergonha naquele lugar. — Ri, meio nervosa.

— Nem tanto. Mas de qualquer jeito, vou estar lá pra te ajudar e te dar umas dicas.

— Eu sei. — Me debrucei na mesa. — Só não consigo parar de pensar nisso...

— Ei, James.

Essa voz...

A mesa balançou e alguém sentou do meu lado. Meu coração, que estava tranquilo, na dele, deu um salto e começou a correr.

— Oi, Yan, tudo certo? — James o cumprimentou amigavelmente.

— Tudo, e você aí...? Ela tá dormindo?

Rapidamente levantei a cabeça e o olhei, envergonhada. — Tô não.

Ele abriu o sorriso mais fofo que eu já vi na minha vida. — A professora pediu pra avisar que hoje vai ter uma reunião, às sete.

— Já vão escolher os papeis? — James perguntou, surpreso.

— Sim, e pelo jeito já vão marcar os ensaios.

— Que rápido. Ano passado demoraram mais.

— Verdade. Deve ser porque esse ano vai ter uma produção maior.

Ai, ele é tão simpático... E fofo...

— Sabe se já tem bastante inscritos?

— Ah, pior que não sei, mas ainda tem tempo pra chegar mais gente.

— Tomara que mais gente se interesse, é sempre melhor quando tem muitas pessoas.

Yan levantou, concordando. — Tomara mesmo... Vou avisar quem eu puder. Vejo vocês mais tarde.

— Até — James falou, e eu dei um aceno tímido que Yan nem viu. — Agora tô ansioso, Bru. Vai ser uma produção maior!

— Só você pra ficar animado com isso, tô mais nervosa agora. — Claro que também era por causa do moço que estava do meu lado.

Ele riu. — Respira fundo. É só a audiência, relaxa.

Só a audiência? Então é pra eu ficar uma pilha de nervos. Você ainda não entendeu a seriedade da situação.

Senti novamente alguém sentando do meu lado. Era Júlio, pálido.

— Eu te avisei — provocou James, abrindo um sorriso sacana.

— Nem uma palavra sobre isso — Júlio o cortou. — A Lili não voltou ainda?

— Não.

— O que será que aconteceu lá?

— Não faço ideia... — James me olhou. — Você pode ir lá ver, Bru?

— Sim. — Levantei, voltando a pensar no mesmo assunto de um tempo atrás. Será que os dois brigaram? Mas o Yan estava normal quando foi lá na mesa...

Fui ao dormitório. Chegando no corredor, me toquei de que não fazia a menor ideia de qual era o quarto da Dani, mas ao passar pelo quarto vinte e três, de porta aberta, vi uma cabeleira ruiva sentada na ponta da cama e reconheci Lili.

— Licença? — Coloquei a cabeça para dentro, e as duas olharam na minha direção.

— Oi, Bru, desculpa a demora — disse Lili acenando. — Entra.

— Tá tudo bem? — indaguei e dei uma olhada para Dani, que estava sentada de pernas cruzadas encostada na cabeceira da cama.

— Tá sim. — Dani deu um sorrisinho.

— Ah, olha só. Bruna, essa é a Daniela, irmã do James. Dani, essa é a Bruna, a nova integrante do nosso grupo — brincou e sorriu para mim.

— Prazer, Bruna — disse Daniela, estendendo a mão, e eu me aproximei para apertá-la rapidamente.

— Prazer. Desculpa a invasão, a Lili tava demorando e o James pediu pra eu vir ver se tava tudo bem.

— Ixe, desculpa. Me distraí conversando com ela.

Dani negou com a cabeça. — O James ainda consegue ficar preocupado comigo... Bom, a Lili achou que eu tinha brigado com o meu ex-namorado.

Ex-namorado?!

— Isso que dá não me contar as coisas — brincou Lili, e elas riram.

— Foi mal. Ele só me devolveu algumas coisas que estavam com ele.

— Faz pouco tempo que vocês terminaram?

— Um pouco, sim, quase no final do ano passado. Mas ele só tinha esquecido de devolver umas revistas, alguns livros e outras coisinhas.

— Você ainda gosta dele? — questionei sem conseguir frear a pergunta, começando a me sentir mal.

— Não, só como amigo. Foi até por isso que terminamos, a gente se tratava mais como amigos, não tinha mais romance. Mas estamos bem, ainda conversamos, às vezes. Já passei pelo luto do término, e imagino que ele também.

Concordei lentamente, sem ter certeza se entendia aquilo.

Tudo bem, então... eles não têm mais nada. Não preciso me sentir culpada. Eu acho.


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