San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 44
Além de Lindo é Artista + Lili Em Cima do Muro


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! OLHA EU AQUI DE VOLTA!
Desculpem pela demora, me embolei toda. Mas agora vamos falar de coisa boa, capítulo fresquinho!

Boa leitura!



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Fiquei um pouco nervosa pela reação dele, mas abri o caderno. A primeira página estava em branco. Era aqueles cadernos comuns, mas sem linhas.

Passei para a segunda folha e meu queixo caiu.

Era uma rosa, bem realista, apensar de ser “só” um esboço, como ele mesmo falou. Ela era toda rabiscada, com traços claros, e os traços do desenho em si eram mais fortes.

Passei o próximo. Era uma vasilha de frutas. Havia luz, sombra, e tons de cinza diferentes. Naquele desenho havia uma data no canto inferior direito. Marcava três de janeiro.

— Comecei esse caderno no começo do ano. — Ele falou, passando os dedos na mesa, olhando para baixo. — Eu tenho o costume de trocar de caderno todo ano, mas todos os cadernos acabam antes do ano acabar. — Sorriu levemente.

Passei para o próximo. Uma árvore com um balanço.

— Essa árvore fica na casa da minha vó. E o próximo desenho também é lá.

Passei a folha. Era uma janela com cortinas que pareciam balançar com o vento.

— Você desenha muito bem... Então todos os desenhos que você faz são de algum lugar? Ou objeto?

— Não, eu também faço criações.

O próximo era uma sala. Havia um sofá e alguém dormindo nele, todo largado. Era quase uma foto.

— É meu pai. — Deu risada. — Depois de um almoço de família, todos estavam no quintal e ele foi dormir.

Datava nove de janeiro. Passei para os outros. Um vaso com flores, um quarto, um gato dormindo, o rosto de alguém — que Yan disse que era sua prima, mas não tinha ficado parecido.

O próximo datava quinze de janeiro. Era uma porta entalhada. O próximo datava dia seis de fevereiro. Era o refeitório, visto de uma das mesas próximas da cantina. Algumas mesas a frente havia uma garota sentada de costas.

Pera, sou eu? Ou seria me achar demais, achar que sou eu?

Olhei para Yan. Ele parecia...ansioso?

— Descobriu quem é? — Ele perguntou.

— Hmm... Parece comigo... — falei envergonhada.

Ele riu. — Mas é você.

Continuei olhando o desenho, sentindo-me corar. — Por quê?

— Eu não te conhecia ainda, mas a cena toda estava bonita. Você de costas, a luz que entrava pela porta do jardim. Sei lá.

Calma, não é porque sou eu. Ele não me conhecia.

Passei o próximo. Mateus e Gabriel fazendo caretas. Sorri e passei. O próximo era a visão dele do dormitório feminino. Tive a pequena esperança de estar ali, mas não estava.

O próximo era o palco vazio do teatro, visto do centro da primeira fileira. O próximo era uma árvore, com alguém ajoelhado no chão, parecendo se esconder atrás dela, espiando o que estava acontecendo.

Sorri. Agora era certeza que era eu.

— Achei engraçado esse dia. — Yan riu.

— Mas você nem estava com o caderno. Como conseguiu desenhar?

— Acho que eu tenho memória fotográfica. Consigo lembrar de muitos detalhes de alguma coisa. Assim que fui pro quarto, desenhei.

— Uau, incrível.

Passei a folha. A visão de uma mesa do fundo na sala de aula. O próximo era a visão de uma escada — aparentemente do prédio dois — e alguns livros caídos pelos degraus. Marcava dia onze.

O outro tinha a mesma data. Era uma mulher, com um vestido longo e arredondado, que parecia pesado. Seu braço direito estava apertado contra o peito, parecendo querer se proteger de algo. Ela tinha cabelos longos, mas não tinha rosto. Havia o número um escrito no canto superior direito.

O próximo reconheci na hora. Éramos nós dois, de costas, dançando no “King of Dance”, no Playland.

— Esse aí fiz com a ajuda do vídeo do Mateus.

— Nossa, tinha até esquecido desse vídeo. Ele ainda tem?

— Sim, e faz questão de me lembrar disso com frequência.

Sorri e passei a folha. Mais coisas aleatórias. Parecia que algumas folhas tinham sido arrancadas. Um desenho da quadra com a rede de vôlei. O próximo também era a quadra, de outro angulo, mas havia uma pessoa nela, olhando para cima, para uma bola no ar.

— O dia que você e a bola me assustaram — falei.

Ele riu. — Sim.

Depois, era um desenho de um tabuleiro de xadrez, depois era uma quadra com alguém jogando uma bola de basquete no ar, depois era a visão dele do seu braço sangrando. O próximo era um casal sentado na grama, ao longe. Parecia uma clareira.

— É a cena do livro?

— Sim.

Já estou boa em decifrar os desenhos.

Outra folha que foi arrancada, depois a visão dele de uma das mesas do jardim e sobre ela um livro. O próximo eram suas pernas, uma dobrada e a outra esticada, e do seu lado outro par de pernas, cruzadas. O outro era uma sala de aula novamente, mas de outro ângulo, e alguém estava de pé falando com a professora. O próximo era uma boneca, que parecia aquelas antigas de porcelana. O outro era um casal de costas, de braços dados.

Pera aí! — Ei, James e Lili? — perguntei e o olhei.

Ele sorriu. — Sim.

O próximo eram duas mãos segurando outra mão entre elas. O outro desenho me fez ficar surpresa.

Era Lili e eu, no banco do ônibus de viagem, encostada uma na outra e dormindo. Ambas vestindo casacos maiores que o próprio corpo.

— Posso mostrar isso pra Lili?

Yan ficou envergonhado. — Um dia você mostra.

Passei a folha. Um relógio de ponteiro — daqueles antigos — e uma pilha de livros. Canetas, lápis e borracha espalhados pela mesa. Passei. Um casal se beijando, visto quase de costas, meio de lado. Mas a maior parte do desenho era o céu, escuro e com vários pontinhos brancos. O próximo era o jardim, visto de um dos caminhos principais, também de noite. O outro era uma garota com headfones, aparentemente dançando. Não estava terminado, ela não tinha rosto e parecia flutuar.

— Esse você criou?

— Em partes, sim, criei. — Sorriu.

Passei a folha, mas não tinha mais nada. Dei uma olhada no restante, passando todas as folhas.

Algo chamou minha atenção. Eram algumas folhas dobradas. Talvez as que tinham sido arrancadas. As pequei.

— Não... — Yan colocou a mão sobre elas, encostando no caderno de volta. — Esses... Esses ficaram feios.

O olhei. — Acho meio impossível você fazer um desenho feio.

— Eles não ficaram legais mesmo. — Ele parecia meio tenso, mas não tirou as folhas de mim.

— Tudo bem. — Sorri e deixei as folhas no mesmo lugar, fechando o caderno e empurrando de volta para ele.

— Obrigado. — Yan sorriu, pegando o caderno.

— Obrigada por me deixar ver. São incríveis. Um dia chego lá.

Yan riu. Nos olhamos, e eu não sabia mais o que falar.

— Vamos subir? — perguntei. — Você ainda tem uma noite em claro lendo.

— E você uma noite sem sono. — Ele riu, levantando.

— Tipo isso. — Peguei minha bandeja.

As levamos e saímos. Paramos alguns passos à frente da entrada do refeitório.

— Tenha uma boa leitura.

— Vou ter graças a você.

— Como assim graças a mim? — Comecei a corar.

— Se não fosse por você eu nem estaria com esse livro.

— Hm... Isso é — falei, sem graça.

Ele sorriu, deixando sua covinha mais a mostra. — Vou ficar te devendo.

— Ah, vai nada.

— Vou sim. Um dia acho algo para retribuir.

Yan levantou a mão esquerda. Achei que ele ia segurar meio rosto — e eu gelei —, mas ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Se aproximou e deixou a mão sobre a lateral do meu rosto, e dei um beijo em minha têmpora.

Minha boca secou de um jeito bizarro.

Ele me olhou, de perto. — Obrigado de novo — disse baixo.

Apenas consegui dar um pequeno sorriso. Meu rosto parecia petrificado pela vermelhidão.

Levemente passou o dedão sobre minha maçã do rosto e se afastou.

Quando ele estava um pouco distante, soltei todo o ar que eu tinha segurado sem perceber.

Para de tentar rasar meu peito, coração.

Como se eu fosse quebrar com um movimento brusco, me virei devagar e tomei rumo ao dormitório.

Aquele momento não ia sair da minha cabeça tão cedo.

Enquanto subia as escadas, deixei minha mão onde ele havia deixado a dele.

Entrei, fechando a porta. Ascendi a luz e me joguei na cama, pegando o travesseiro e o abraçando.

Eu não sentia sono, mas sabia que a noite não ia demorar pra passar. Porque eu ia repassar o dia várias e várias vezes.

***

Foi como eu pensei. A noite passou rápido depois que tomei banho, apaguei a luz e deitei. Acho que fui dormir depois das quatro. Antes de pegar no sono, vi que a luz do quarto de Yan ainda estava acesa.

Virei na cama, lembrando — de novo — do dia anterior e sorri. Nunca cansaria de rever todos os momentos com ele. Parecia um tipo de droga. Era viciante e tão bom...eu acho.

Quando fui almoçar, não vi sinal de Yan. Quando voltei para o quarto, liguei para minha mãe e contei sobre a semana. Ficamos muito tempo conversando, tanto que nem vi o tempo passar.

Só fui me tocar quando ouvi alguém entrando no quarto. Me virei e vi Lili.

— Opa, depois volto.

— Não! — falei antes dela sair. — Não, mãe, minha amiga chegou... É, a Lili. — Sorri. — Tá bom, beijos. — Desliguei.

— Não precisava desligar. — Lili disse entrando de volta.

— Precisava sim, se deixar minha mãe fala o dia todo.

Ela riu. — Tudo bem? — Me olhou. — Espera, nem precisa falar. Só pela sua cara já sei que sim.

Dei risada e sentei na cama. — Que tipo de bruxa é você?

— Das boazinhas, mas que fazem poção do amor se você quiser. — Sentou na minha frente, cruzando as pernas. — Pode começar.

Comecei a falar desde pouco depois que ela foi embora. E falei, falei, e ela fazia perguntas, e eu respondia e continuava.

— Jéssica?! Meu Deus. — Lili bateu de leve na testa.

— Pois é, na hora não fui com a cara dela, mas você nem sabe...

E continuei. A Lili era uma boa ouvinte. Tinha as melhores reações e sempre ríamos.

— QUÊ?! Ele deu sorvete na sua boca?! — E caiu na gargalhada. — Gente, como assim! E você vem me falar que ele não gosta de você!

— Lili... Você faria isso com qualquer um que estivesse confortável com você.

— Não vem com essa! Não é a mesma coisa. Tá, continua.

Blá, blá, blá.

— Desenho seu? Desenho nosso? Preciso ver isso!

— Acho que ele ia ficar sem graça. Ele ficou quando perguntei se podia te mostrar.

— Poxa. — Fez bico. — Quando vocês começarem a namorar, você pega e me mostra.

— Namorar? — Ri.

— Isso vai acontecer, tenho certeza. O que mais aconteceu?

Terminei falando do jeito que Yan se despediu de mim.

Lili ficou boquiaberta — ... depois disso não preciso falar mais nada! — Levantou as mãos.

Dei risada. — E você? Como foi? Viktor ficou em cima?

— Quase aconteceu alguns desastres... — Colocou a mão na cara.

— Conta logo!

Ela riu. — No sábado, meus pais saíram, e fiquei com o Alex. Ele queria ver filme, então coloquei uma animação para vermos. Aí Viktor chegou e sentou do lado do Alex. E meu irmão ficou nos separando. Mas como ele é insistente, ficou com o braço no encosto do sofá e mexendo no meu cabelo. Bom, o Alex me abandonou, porque dormiu no meu colo. Só fui vendo o Viktor ficando cada vez mais perto. Mas eu estava com sono. Mexer no meu cabeço é pedir para eu desmaiar. Quando percebi, estava com a cabeça no encosto, meio de lado, e ele estava bem perto. Ele ficou me olhando, chegando perto aos poucos... Aí ele beijou minha testa, depois minha têmpora, minha bochecha, e o canto da minha boca, e a boca.

— E o que você fez?

— Eu estava meio desligada, parecia que eu estava sonhando. Eu... beijei ele de volta, mas foi só um selinho. Depois eu acordei mesmo e acordei o Alex.

— E ele?

— Não olhei pra ele. Só levei Alex pra cozinha pra fazer o lanche da tarde. Não queria que ele visse minha cara de quem gostou e não queria admitir. E aconteceu quase a mesma coisa no domingo, mas eu estava bem acordada e jogando com o Alex. Viktor viu que eu não sabia e sentou do meu lado, e segurou minhas mãos com o controle. E enquanto ele jogava, dava beijos no meu rosto. Eu quase virei. Quase. Fui firme. Larguei o controle com ele e sai do quarto.

— Eita... O que eu falo numa hora dessas?

Lili riu. — Nem eu sei... É complicado.

— Você fala tanto do Yan, mas o Viktor está igual. Quer dizer, está vários níveis acima, mas está aí.

— Eu sei, mas é difícil.

— Se o Júlio fizesse esse tipo de coisa, você ia deixar?

— Ele nunca faria isso...

— Faz de conta que sim. — A cortei. — Ia? Sem pensar?

Lili me olhou pensando, fazendo cara de sofrimento. — Acho que sim... Mas talvez eu ficasse me xingando depois.

— Por quê?

— Porque ia ficar me torturando pensando que ele ia só querer me dar uns beijos e depois não ia querer mais. Ou que ele iria se arrepender.

— E se ele gostasse? E se ele te pedisse em namoro?

Ela riu, achando aquilo impossível. — Bom, eu daria uma chance, mesmo sabendo que poderia não dar certo. E se não desse certo, eu corria para o Viktor. — Riu.

— AI, Lili. — Ri com ela.


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Notas finais do capítulo

Se você fosse a Lili, o que faria? Ia dar uma chance para o Viktor? Ou ia continuar tendo esperanças pelo Júlio? Conta aí, quero saber!
E também quero saber o que vocês acham que vai acontecer com ela. Quem será que ela vai "escolher"? shuahsh
Obrigada pela paciência e até o próximo!