San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 37
Como o James Consegue? + Autorização




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Yan levantou, sem soltar minha mão e me puxou. — Não sei. Pareceu o portão da quadra.

Voltamos ao corredor. Yan foi na frente e olhou escondido através da grade do portão. — São alunos — comentou aliviado. — Estão na sala de equipamentos. Se nos virem vão achar que estávamos aprontando. — Riu da piada interna. Me olhou. — Está afim de correr?

— ... É o jeito.

Saímos devagar, encostando o portão sem fazer barulho e então, disparamos o mais rápido que conseguimos para o portão da entrada.

Continuamos a correr depois de sair, e só paramos mais à frente do começo das árvores.

Paramos, encostando no tronco, respirando rápido. E começamos a rir. Rir de doer a barriga.

Até nos sentamos.

As luzes do jardim estavam começando a acender.

— Essa foi boa. — Yan disse, recuperando o fôlego.

Dei uma última risada. — Foi ótima.

— Realmente foi algo bem diferente. Obrigado.

— Por que está agradecendo?

— Porque é sempre assim quando estou com você. É divertido. Não seria a mesma coisa se fosse outra pessoa... É a segunda vez que corremos de algo, e olha que estamos no começo do ano.

Sorri. — Por nada, então. — Ele acabou de dizer que eu sou especial? Ouvi direito?

Ele levantou. — Melhor eu subir.

A essa altura o céu já estava quase completamente escuro.

— Por quê?

— Mateus e Gabriel devem ter chego. Eles vão me procurar pela escola inteira se eu não aparecer logo.

Tentei disfarçar meu pequeno desanimo. — Ah... Então tudo bem.

Ele esticou a mão em minha direção. A peguei e ele me puxou. — Vamos nos ver depois. — Foi uma afirmação.

Sorri e balancei a cabeça. Ele abaixou, e depositou um beijo em minha maçã do rosto, e depois foi para o lado do campus onde ficava seu dormitório.

O olhei até desaparecer entre as árvores.

Suspirei. Me sentia tão bem e feliz. Tinha como melhorar? Eu sei que sim, mas foi uma pergunta retórica.

Fui para o dormitório quase dando pulinhos. Subi e fui direto para o quarto da Lili. Abri a porta e entrei.

Ela estava arrumando algo em seu guarda roupa. Parou para me olhar e sorriu. — Pelo jeito a coisa foi boa.

— Por que acha isso? — Sentei na cama.

— Porque é óbvio. Nem preciso perguntar. Mas claro que eu quero saber tudo.

— Ai, Lili... — Suspirei. — Foi igual um filme! Você não tem noção!

— Conta logo!

Comecei falando desde o momento que fui até ele. O que ele tinha dito sobre me ver jogando, nós indo até o ginásio... E claro que falei sobre a conversa sobre a Dani, e também o ataque de cócegas... E o modo como ficamos tão perto.

Ela tinha parado para prestar atenção, e ficou chocada em como ficamos tão perto, e depois bateu no colchão quando contei sobre o barulho dos alunos. E depois riu de como corremos para fora de lá.

— Lili, o que você acha disso tudo?

— Acho que ele está perdendo tempo, sinceramente. Não entendo por que a demora. É óbvio que ele gosta de você. Pelo menos um pouco.

— Tá, mas o que te faz pensar isso?

— Você é cega? — Ela riu. — Não é a primeira vez que ele te leva em um lugar que não tem ninguém. Ele sempre dá um jeito de vocês ficarem sozinhos. Sem falar que ele sempre demonstra que fica feliz em te ver. Eu vi como ele sorriu quando te viu hoje.

Suspirei. — Isso é... — Cobri as bochechas com as mãos. — Tenho vontade de berrar.

Ela riu. — Te entendo. — Voltou a atenção ao guarda roupa. — Agora você pode me contar sobre o que aconteceu entre você e o James?

Tentei buscar na memória os acontecimentos de hoje cedo, e me peguei lembrando o nervoso que senti quando James me falou para ir a varanda.

Comecei a falar desde essa parte, do banheiro, até quando ela apareceu.

De novo, ela parou para prestar atenção. Sentou na cadeira da escrivaninha.

— Bom, dava para ver que ele estava disposto a te dar o máximo de atenção... — falou, pensativa. — E ainda disse que você estava bonita quando acordou.

— Isso eu não sei de onde ele tirou.

Ela riu. — Os homens costumam nos achar bonitas quando não estamos nem um pouco arrumadas. É sempre assim.

— Lili — chamei, olhando para baixo –, como ele faz isso? Ele disse que gostava de mim, mas também disse que ainda sentia algo pela Erica. Será que ele esquece fácil? Claro que não quero que ele sofra...

— Olha, o caso de James é parecido com o meu. — Se apoiou no encosto da cadeira, me olhando. — Ele já gostava da Erica, e teve aquela bagunça e tentou esquecer o que sentia por ela. Aí você apareceu. Ele meio que agarrou isso na hora, igual eu com Júlio.

— Mas você ainda gosta de...

— Shiu. — Me cortou. — O que o James sente não é igual o que eu sinto. Só estou usando como exemplo. Não inventa moda pra se sentir culpada. Ele “abafou” a Erica e te colocou em cima, basicamente. E quando viu ela de novo, aquilo veio à tona, apesar de ainda querer deixar aquilo quieto. Mas acabou mexendo com ele, e ele ficou confuso, claro.

— Mas e agora?

Ela deu de ombros. — Ele aproveitou a ocasião para dar suas últimas cartadas e disse como se sentia. Agora que ele desabafou, talvez volte a dar sua atenção ao que sente por ela.

— Depois disso tudo não sei como me comportar com ele

— Vai se comportar como sempre. Você tem que ir vendo como ele vai te tratar. Mas bem provavelmente ele não vai mudar em nada.

Balancei a cabeça e levantei. — Vou arrumar minhas coisas.

Sai de lá e fui para meu quarto. Queria tanto pensar em tudo... Mas tenho coisas pra arrumar.

Olhei meu quarto, sentindo uma agitação crescendo. Minha bolsa estava na cama, esperando. Apaguei a luz, dei a volta na cama e fui para a varanda. Me sentei no chão, de frente a grade e encostei na parede a minha esquerda.

Comecei pensando na festa. A primeira dança com James, e os momentos com ele.

Em nenhum deles eu me senti mal, nervosa ou pressionada. As coisas com ele são tão leves e gostosas. Eu sinto como se pudesse grudar nele que nunca ficaria chato, que eu nunca enjoaria.

Olhando assim, não seria difícil ficar com ele, mas é diferente o que eu sinto por ele. Entre esse amor e o amor de se estar apaixonado, parece tão pouca diferença, e ao mesmo tempo parece uma diferença gritante.

Mas o que eu sinto pelo Yan... É mais intenso, mais cheio de emoções e sensações diferentes.

Não sei se dá para entender, mas é isso.

Naquele momento com o Yan, que ficamos tão perto, eu me senti gelada e quente ao mesmo tempo...

E se... ele se sente igual a mim com James? E se ele também me vê dessa forma? Gosta de mim, mas com essa diferença?

Isso explicaria porque parece gostar de ficar comigo, e também porque não me beijou aquela hora...

Caramba, é tão complicado.

Mas eu sei que mesmo que ele se sinta assim, eu vou não vou deixar de gostar dele tão cedo.

Ouvi alguém abrindo a porta do quarto

— Bru...? Ué..

— Tô aqui! — exclamei antes que ela fosse embora, levantando.

A luz foi acesa.

Lili me viu na porta da varanda e fez cara de quem não estava entendendo nada. — Estava dormindo? — Parou com a mão na maçaneta.

— Não. Só colocando os pensamentos no lugar.

— Hmm... Vamos comer?

— Vamos.

Saímos ao apagar a luz.

Eu só preciso ficar normal... E eu esqueci como se fica normal.

Assim que abrimos a porta da entrada, os garotos nos olharam.

— Nossa! — James falou alto, nos assustando. O olhamos como se estivesse louco. — Faz tanto tempo que não nos vemos! Estava com saudade.

Lili e eu nos olhamos, e Júlio revirou os olhos.

— Você é besta? — Lili começou a rir e eu fiz o mesmo.

— Talvez. — Sorriu.

Ele parecia de bom humor, pelo menos.

Fomos para o refeitório. Entramos na fila, que já estava grande.

Eu juro que não estava procurando, mas meus olhos pousaram na mesa onde Yan estava — que nem estava tão longe.

Antes que desviasse o olhar, Mateus olhou em minha direção. Sorriu e acenou. Gabriel viu o que ele fez e o imitou, só que mais exagerado.

Sorri e acenei para os dois, ao mesmo tempo que Yan me olhou. Ele olhou para seus amigos e disse algo, baixando o olhar para a mesa, parecendo envergonhado. Os dois riram e voltaram a comer.

Mas o que foi isso...?

Depois que pegamos uma mesa, sentamos e comemos.

— Você vai procurar a Erica? — Lili perguntou.

— Pra quê? — James perguntou distraído com a comida.

Lili o olhou como se ele tivesse falado algo idiota demais.

— Lili, não estou com pressa. — Ele riu. — Pra que a pressa? Eu hein.

Ela deu de ombros e mudou de assunto.

***

Na manhã seguinte, o café passou tranquilamente. Tivemos a primeira aula e na segunda, a professora Beatriz passou atividade. Fui uma das primeiras a terminar, e fui até sua mesa para ganhar visto.

— Bruna — chamou, vistando meu caderno. —, quer fazer um favor para mim?

Querer eu não quero, mas vamos. — Claro.

Ela pegou um saquinho transparente cheio com folhas impressas. — Entrega para a professora Aline, por favor?

— Entrego sim.

Deixei meu caderno em minha mesa, voltei e peguei as folhas, e sai da sala.

Estávamos na sala quatro. Andei para a primeira sala enquanto passava os olhos no primeiro papel.

Autorizo meu filho___________________ a participar da excursão ao Museu da Literatura, no dia 11/03, devido as atividades do clube de teatro da escola...”

Caramba, iremos numa excursão!

Ao me aproximar da sala, percebi que a conversa estava alta por lá.

Parei na frente da porta, me sentindo envergonhada. Professora Aline estava em sua mesa e me viu. Acenou para que eu entrasse.

Engoli a vergonha e entrei. A sala conversava alto. Algumas pessoas estavam de pé falando com outras que estavam sentadas.

Olhei para os alunos quando vi Yan de pé, próximo às segundas e terceiras carteiras da primeira fileira. Naquelas quatro mesas só tinham garotas, e todas olhavam para Yan, rindo e conversando. Ele estava de braços cruzados, também rindo.

Me aproximei da mesa da prof. Aline estendendo os papeis. — A prof. Beatriz pediu para te entregar.

Ela tirou os papeis do plástico e começou a contar as folhas. Enquanto isso, olhei para a sala.

Na fileira do meio, lá na última carteira, estava Mateus, com o lugar do seu lado vago. Gabriel estava sentado em sua frente, mas virado para trás.

Mateus me viu, olhou para onde Yan estava e voltou a me olhar. Gabriel virou e me viu também.

— Oi, Bruna! — Os dois gritaram no meio do barulho, levantando as mãos.

Enquanto acenava para eles, pela minha visão periférica, vi Yan virando rapidamente e me encontrando.

Senti meu rosto esquentando, mas não só por causa dele, mas muitos da sala viraram para me olhar.

Engoli um seco e voltei minha atenção a prof. Aline, deixando meu cabelo cair de lado, tentando esconder meu rosto.

Ela terminou de contar. — A Beatriz já pegou uma parte, né?

Como vou saber? — Não sei, ela não disse nada.

— Provavelmente sim. — Sorriu. — Obrigada.

— De nada. — Sorri e andei para a porta.

Dei uma última olhada para a sala. Yan estava no mesmo lugar, e antes que eu saísse, ele me olhou.

Sai antes que ele trocasse de expressão. Ele parecia sem graça, mas curioso ao mesmo tempo.

Quando entrei em minha sala, a professora estava em pé, encostada em sua mesa, de frente a sala.

— Ela agradeceu, prô.

— Obrigada, Bruna.

Voltei ao meu lugar e olhei para James. — Vamos ter um passeio.

— Passeio? — Júlio perguntou animado.

— Sim, mas acho que será só para quem está no clube de teatro.

— Aff. — Júlio voltou a se encostar.

— Pra onde? — James perguntou.

— Museu da Literatura

— Como você sabe? — Lili perguntou. — E onde a professora te mandou ir?

Expliquei para eles o que tinha acontecido e quando acabei, a professora chamou a atenção da sala.

Ela falou sobre o passeio e leu o papel de autorização. — Apesar de estar escrito que é para os integrantes do clube de teatro, o passeio está aberto para quem quiser ir. — Houve um murmúrio pela sala. — Vamos mandar as autorizações para seus pais assinaram. Levantem as mãos quem vai querer ir.

Poucos alunos levantaram as mãos. Eu, Lili e James éramos parte da porcentagem.

— Por que não quer ir? — James perguntou para Júlio.

— Porque não. Posso ir pra casa mais cedo.

Lili virou para frente. Suas sobrancelhas se levantaram, como se já esperasse essa desculpa dele.

***

As coisas com James estavam ótimas. Ele estava contente na hora de ir para o ensaio. Será que é porque ia ver Erica?

Quando entramos, haviam mais pessoas que o normal.

Nos sentamos na primeira fileira. Pouco depois, Erica chegou e eu fiquei nervosa por James. Mas ele a tratou como sempre.

Quero saber se Yan vai no passeio...

E ele apareceu. Só percebi quando ele sentou-se do meu lado.

O olhei, e antes que ele falasse algo, perguntei. — Vai no passeio?

Ele sorriu, como se tivesse adivinhado o que eu iria perguntar. — Sim, e você?

— Vou sim.

— Foi por isso que você foi na minha sala?

— Sim. Prof. Aline pediu para dar as autorizações para a Beatriz.

— Ah, sim... Acho que devo pedir desculpa pelo Mateus e Gabriel.

— Por quê?

— Porque eles te chamaram aquela hora e você... ficou vermelha.

Fiquei vermelha ao lembrar que fiquei vermelha. — É que muita gente me olhou na hora... — Sorri, meio nervosa. — Mas eles não fizeram por mal.

— Eu sei, mas eles não deviam ter berrado daquele jeito. — Riu.

— Tudo bem, já foi.

Yan olhou para frente, como se pensasse no que dizer. — Minhas colegas te acharam fofinha. — Me olhou, querendo ver minha reação.

O olhei, surpresa. — Por quê...?

— Elas falaram que você parecia uma bonequinha, com as bochechas vermelhas.

Dei risada e olhei para frente, sem saber o que dizer, sentindo-me corando de novo. Senti que ele ainda me olhava.

— Bom — continuou —, eu também acho que...

— Alô pessoal? — Aline surgiu no palco, cortando Yan e mais um monte de gente.

Eu e Yan nos olhamos quase que de canto de olho, e olhamos para frente ao mesmo tempo. Eu pelo menos senti o rosto todo ferver.

— Como falamos semana passada, os figurantes da peça irão entrar agora. Vamos pegar desde o começo.

Agora quase todas as cenas tinham figurantes, personagens secundários, terciários e etc. Dava para ver que eles estavam um pouco nervosos, mas eu também estava. Era diferente ter tudo aquilo de pessoas vendo.

Mas foi tudo bem. Demos boas risadas com os erros.


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