San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 13
Conversa Sobre Beijos




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Estávamos na mesa do jardim. Lili e Júlio estavam tagarelando sobre alguma coisa que não prestei atenção, e eles nem pareciam ter tido um problema um tempinho atrás. Estavam lado a lado apoiados na mesa e quase de frente um para o outro.

James ainda estava pensativo, coisa que não estava até a hora do almoço, passando os dedos nos veios do tampo da mesa.

— Tá tudo bem? — perguntei baixo.

— Tá sim.

Não tá não. — Falou com a Erica hoje?

— Falei. Somos amigos agora.

Só amigos? — James — chamei e ele me olhou. — Fala.

— O quê?

— O que você tem. Vai ficar estranho igual o Júlio?

Ele hesitou. — Você e o Yan são amigos agora?

— Bom... não sei. Não exatamente. Estamos só... nos conhecendo melhor. Por causa do teatro.

— Ah... — Ele parecia envergonhado de ter tocado no assunto.

— Desculpa, foi sem querer! Ai! — Júlio berrou e saiu da mesa, correndo.

— Idiota! — Lili gritou, puxando as pernas do banco, desajeitada, e saiu correndo atrás dele.

— Ué, o que aconteceu? — James perguntou os observando se afastar em pé de guerra.

— Não sei. — Estava tão confusa quanto ele.

E de repente, ficamos sozinhos.

James pigarreeou — Eu queria falar sobre outra coisa, na verdade.

Meu coração deu um pulinho e a palavra medo passou pela minha mente. — O quê?

— É que... a Lili deixou escapar que você tava muito nervosa com o teatro, com as partes dos beijos e tudo mais. — Senti meu rosto esquentar e baixei o olhar para a mesa. — Não fica brava com ela, ela só tava preocupada e acabou comentando que queria ajudar de alguma forma.

— Ah...

— Eu fiquei pensando que fui bem idiota em fazer você entrar sendo que não tava preparada...

— Não, eu entrei porque eu quis. — Dei de ombros. — Não foi muito pensado, mas como você disse, no fundo acho que eu queria mesmo.

Ele assentiu, ainda envergonhado. — Bom, depois a Lili comentou que o Yan tinha ido falar com você sobre as cenas, e eu também fiquei pensando sobre isso. Se você... acharia estranho ter que me beijar também.

— Eu... Eu acho que sim, um pouco.

— Então podemos fazer isso também, se você quiser. Assim você não fica desconfortável e vai no seu ritmo.

Sorri para ele, que retribuiu. — Seria bom. Obrigada.

Segundos depois, Júlio apareceu e voltou ao seu lugar, com um sorriso triunfante no rosto. Antes que a gente perguntasse o que aconteceu, Lili apareceu, de cara emburrada, e fez um sinal para que eu fosse com ela.

Segurei o riso enquanto nos afastávamos. Paramos atrás de uma árvore, não muito longe.

 — Espera. — Levantei a mão quando ela abriu a boca para falar. — Eu já sei.

— Sabe o quê?

— Eu escutei a conversa de vocês dois. — Ela estranhou. — Quando vocês correram, foram parar pertinho de onde eu tava com o Yan. Mas primeiro de tudo, me conta como vocês chegaram alí.

Lili pensou um pouco, se lembrando. — A gente tava na mesa e a Erica tava lá, falando com o James. Como fiquei ali boiando, tentei falar com o Júlio, mas ele não me respondia. Eu comecei a ficar irritada e encarei ele, e depois ele simplesmente saiu da mesa. Fui atrás dele, e quando ele percebeu começou a correr igual um idiota, e aí chegamos lá. Você ouviu tudo?

— Sim, fiquei escondida vendo vocês. Nem tava acreditando naquilo, vocês se declararam sem querer.

— Pois é. — Ela deu uma risadinha. — Bom, antes dele fugir de novo agora pouco, ele tava brincando de me beliscar, e claro que acabou beliscando forte demais. Foi aí que ele gritou e saiu correndo. Ele ficou escondido, só esperando, e quando eu rodeei uma árvore, ele segurou meu braço e eu me virei e... — E ela ficou muito vermelha. — Ele me roubou um beijo e saiu andando como se nada tivesse acontecido! Eu fiquei sem reação.

Dei risada. — Vai me dizer que não gostou?

Apesar de emburrada, era óbvio que ela tinha gostado. — Ele ta achando que vai ser assim? Só porque agora sabe que eu gosto dele, acha que vai poder fazer o que quiser? Se ele ainda tá pensando se gosta de mim não devia fazer nada disso. Idiota.

— Não pode vacilar, então.

— É, ele vai ver só na próxima que fizer uma gracinha. — Riu. — E você e o Yan? Como foi?

Obviamente contei tudo o que conversamos, e também aproveitei para contar o que tinha conversado com James.

— Os dois se preocuparam com você, que bonitinho.

— É. Tô mais tranquila agora. Não preciso me preocupar com isso tudo, pelo menos por enquanto.

— Mas Bru, por que você tá tão preocupada? Eu até entendo a parte do James, mas o Yan... Se eu fosse você ficaria muito feliz com isso, ficaria nervosa, claro, mas feliz... Ou... Tem algum outro motivo? — Estreitou os olhos, colocando as mãos na cintura. — Você já beijou alguém? — Meu rosto esquentou e ela riu. — É, pelo jeito não. Nem um beijinho?

Neguei. Que vergonha falar isso.

— Bom — continuou —, acho que você não precisa ficar tão preocupada. Nos ensaios ninguém vai enfiar a língua na sua boca.

— Quêê?! — Quase engasguei com a minha própria saliva.

Lili riu. — É. Beijo técnico não tem língua. Vocês só fingem que beijam, só com a boca... Mas bom, você tem algum tempo até ter que beijar um dos meninos. — Ela viu minha cara de pânico. — Você quer beijar alguém que você goste, certo? Quer perder esse bv com alguém que você gosta.

— Claro. — Minha voz quase falhou.

— Então, é sua chance de beijar o Yan.

— Ahn?! Como...

— Você gosta dele, é óbvio que você quer perder o bv com ele.

— Fala baixo, Lili — cochichei, desesperada, olhando ao redor. — Não é assim também, não estamos namorando...

— E daí? — Ela me interrompeu, como se eu tivesse dito uma loucura. — Quem disse que precisa estar? Você acha que ele vai te pedir em namoro pra depois te beijar? Não né. Vocês precisam se conhecer, vai que ele beija mal?

Suspirei. Eu daria risada da fala dela se o problema não fosse comigo. — Você já namorou?

— Já, mas era um namoro nada a ver. Ele era meu vizinho.

— Você gostava dele?

— Gostava, mas eu era boba demais... Ele achava que mandava em mim. Um dia eu me revoltei e falei que tava tudo acabado. — Deu uma risadinha.

— Nossa... mas, não fica chato? Já que ele é seu vizinho?

— Ele tinha se mudado um tempo depois. Nunca mais vi ele. Acho que isso faz uns dois anos ou quase isso.

— Ah...

— Vai, vamos voltar pra lá.

Caminhamos de volta para a mesa, e notamos que Júlio não estava mais ali. No lugar dele estava Erica, conversando e mostrando um caderno para James. Quando me sentei, comprimentando Erica, vi Júlio um pouco afastado, conversando com uma menina.

— Quem é aquela menina? — perguntei, indicando os dois com o queixo.

— Deve ser alguma menina mais nova querendo sair com ele. Demorou esse ano, até — Lili comentou, dando de ombros. Fiquei na dúvida se ela se incomodou ou não.

James deu uma risadinha e concordou.

Lili fechou a cara, e aí eu confirmei que sim, ela se incomodou.

— Será que posso roubar a Bru um pouco? — Fui pega de surpresa quando ouvi Yan do lado da nossa mesa.

— V-você não precisa pedir pra eles — falei, claro, ficando vermelha.

Ele achou graça — Então a senhorita pode vir comigo?

Olhei rapidamente para Lili, que deu um sorrisinho, e saimos dali.

— Eu queria te apresentar meus amigos, tudo bem? Eles insistiram muito, muito mesmo — falou rindo, dando a entender que ele desistiu de tentar dialogar com os amigos.

— Tá, tudo bem. — Sorri, imaginando a cena.

Caminhamos um pouco, em silêncio, e de longe vi dois garotos sentados ao pé de uma árvore. Assim que nos aproximamos, eles acenaram animadamente.

— Esse é o Mateus. — Yan apontou para o garoto de cabelo loiro curto. — E esse é o Gabriel. — Apontou para o de cabelo, um pouco mais comprido, castanho escuro.

— Oi, Bruna! — disseram juntos. Aposto que se tivessem combinado, não sairia tão sincronizado assim.

Os dois eram bem diferentes entre si, dava até um contraste. Mateus tinha a pele clara, meio queimado de sol, um rosto de traços finos e parecia ser o mais magro. Já Gabriel tinha a pele morena, traços mais largos e era mais troncudo do que os dois amigos.

Eles faziam um trio muito bonito.

Acenei, e Yan e eu nos sentamos na frente deles. Os dois não pararam mais de falar e perguntas várias coisas para mim. Eles eram muito engraçados, então consegui relaxar muito rápido com a conversa descontraída.

...

Não sei o que aconteceu, mas já era hora do jantar.

Eles levantaram e Yan estendeu a mão para mim. Fiquei com medo de que, de algum jeito, ele soubesse o quanto meu coração estava acelerado só por aquela mínima atitude, mas claro que não teria como. Provavelmente, se ele fizesse isso sempre, eu sempre teria a mesma reação.

Yan me puxou para cima, e nós nos olhamos. Minhas bochechas arderam, e ele soltou minha mão quando um dos meninos pigarreeou e o outro deu uma risada abafada. Fiquei sem graça e dei um passo para trás, seguindo eles para o refeitório. Yan veio logo atrás e uma nova conversa entre nós quatro começou.

Minha garganta estava até seca.

Por que foi tão rápido? Triste.

Fomos para o refeitório. Pegamos a comida e me despedi dos garotos. Yan e eu trocamos um olhar que me fez corar instanteamente. Andei meio trêmula até a nossa mesa e me sentei.

James estava com uma cara meio emburrada, Lili normal, comendo, e Júlio estava agachado, com metade do rosto aparecendo em cima da mesa. Ele olhava para Lili, se divertindo com alguma coisa.

Cheguei perto e sussurrei no ouvido da Lili. — O que o James tem?

— Não sei, ele tá assim faz um tempo e não quis falar.

— E o outro aí?

— Você vai ver.

Comecei a comer e percebi que haviam alguns grãos de arroz espalhados pela mesa. E de repente, mais um pulou perto da Lili, que ignorou completamente a provocação. Quando olhei para seu rosto, mais um grão foi jogado e acertou sua testa. A única coisa que ela fez foi lançar um olhar rápido para Júlio com uma sobrancelha erguida.

Ele desistiu e se sentou como uma pessoa normal.

Quando terminamos, Lili levantou, pegando sua bandeja e parou atrás de Júlio sem ele notar. E então, pegou seu prato e virou na cabeça dele.

— Opa! Desculpa, escapou! — exclamou ela, puxando o prato de volta, se virando e indo para a cantina.

O cabelo dele ficou cheio de restos de comida. Não só o cabelo, como os ombros também. Ele comprimiu os lábios e balançou a cabeça em cima do próprio prato, tirando o excesso de coisas.

— Leva meu prato, por favor? — pediu a James. Ele levantou e saiu rapidinho, com alguns olhares e risadas do pessoal que estava perto.

James riu e começou a juntar as louças.

— Você tá bem? — perguntei, o ajudando.

— Sim, por quê?

— Parece chateado com algo. Tem certeza?

— Tenho sim. — Sorriu. — Não se preocupe.

E isso não me convenceu de nada, você deve saber.

Antes que eu insistisse, Lili voltou e parou do meu lado.

— Vamos subir?


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