San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1) escrita por Biax


Capítulo 1
Longe De Casa


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEY! Finalmente tomei coragem para postar! Faz mil anos que falei que iria postar outra história, mas enrolei. Mas antes tarde do que nunca, né?

Espero que vocês gostem dessa nova história!



*Edit: Comecei a revisar a história, cambada! Espero que vocês curtam essa nova versão ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698681/chapter/1

 

Minha mãe reparou o nervosismo e minhas caretas de preocupação.

— Calma, amor, vai dar tudo certo. Me disseram que vão te explicar tudo, e acho que vão te dar um mapa.

Mapa?! — O quê? Essa escola é tão grande assim? É uma escola ou a cidade inteira? Você não tinha me falado isso.

— Não queria te deixar mais nervosa... Mas calma! Vai dar tudo certo.

Não sabia exatamente o que esperar. Foi uma mudança meio rápida... Pelo menos pra mim. Eu já sabia sobre a escola, meu pai sempre contava da época em que estudou lá, falando que foi a melhor escola que ele já estudou, que os professores eram bons, rigorosos em questão de regras, comportamento dos alunos e tudo mais que os adultos presam.

Então, assim que eu finalizei a oitava série, veio o assunto sobre eu também estudar lá. Talvez tenha vindo a calhar a mudança de escola.

Entramos no carro depois de guardar as malas. Sentei no banco da frente e coloquei o cinto.

— E a Cami? Ela disse que ia vir.

— Você sabe como é o trabalho dela. Teve que ir correndo pro hospital. — Olhou para a minha cara emburrada, sem saber o que fazer para tentar acalmar a filha prestes a ter um treco.

— Eu sei, mãe — resmunguei em um sussurro.

Chegamos na rodoviária. Mamãe me ajudou a levar as malas até o ônibus de viagem. Antes de entrar, ela me abraçou, começando a chorar.

— Boa sorte. Sabe que pode me ligar a qualquer hora, até de madrugada se precisar de alguma coisa. Ou também pode usar o telefone da secretaria, não precisa ter vergonha de pedir pra falar com os seus pais...

— Eu sei...

Ela comprimiu os lábios, se esforçando muito para falar mais devagar. — Fica bem... Eu te amo, viu?

— Hm... — Era sempre constrangedor ouvir palavras de amor materno. — Eu também, mãe.

— Vai lá, boa sorte. Me liga quando chegar.

Assim que fui solta, me aproximei da porta do ônibus, acenei, pensando que talvez estivesse convincente o suficiente, e entrei.

Após três horas e alguns minutos de viagem, chegamos ao pequeno terminal rodoviário. Fiquei perto do ponto de táxi, esperando que algum motorista viesse me perguntar se eu queria uma corrida para não precisar chamar algum. Não demorou para que um viesse e levasse minhas malas para o porta-malas do seu carro branco. Então, mais dez minutos depois de ruas tranquilas, chegamos ao endereço do meu papelzinho amassado.

Assim que desci, encarei o grande portão de ferro aberto, com alguns seguranças por perto. Paguei a corrida, peguei as duas malas e passei pelo portão menor de pedestres, indo pela calçada que rodeava a rotatória, que vez ou outra deixava alguém na frente da entrada do prédio, que mais parecia um hotel.

Era nítido que a arquitetura da construção era antiga, com tijolinhos vermelhos levemente desgastados, apesar dos muitos elementos modernos ao redor.

Passei pelas portas de vidro e entrei em um corredor com paredes de vidro dos dois lados, com placas intituladas de secretaria à direita e diretoria do outro lado. Entrei na secretaria e me aproximei da mesa disponível, onde havia uma mulher de cabelo castanho mexendo no computador.

Ela olhou para cima e me deu um sorriso caloroso. — Olá, posso ajudar?

O que se fala numa situação dessa? — Oi, eu sou nova...

— Ah sim. Pode me dar seu RG, por favor?

Peguei meu documento no bolsinho lateral da minha mochila e entreguei a ela.

— Bruna. Sou Monica, muito prazer.

— Prazer.

Ela começou a digitar em seu teclado durante alguns segundos que pareceram minutos, depois pediu licença, entrou na porta lateral da sala e voltou dois minutos depois com alguns papeis em mãos.

— Aqui, as regras da escola, um pequeno mapa do campus todo. Seu horário das aulas estão aí também. Seus materiais e uniforme estão no seu quarto. E o andar e número do quarto estão aí em cima nessa primeira folha. Acho que é isso... Seja bem vinda à San Peter, e se tiver alguma dúvida, é só vir aqui.

— Tudo bem. Obrigada.

Voltei ao corredor, um pouco confusa e sem coragem de ir lá e pedir para ela repetir, e olhei o mapa indo para as próximas portas de vidro. Passei por um caminho coberto até a próxima porta, que estava aberta.

Entrei em um salão grande cheio de janelas, com bancos ao redor do lugar e algumas colunas espalhadas. Tinha uma escadaria do lado esquerdo do salão, que dava acesso ao primeiro andar de salas de aula, de acordo com o mapa. Do lado direito — na mesma parede da entrada, onde dava para o refeitório — havia um corredor largo. Tinha uma placa de sinalização que indicava que ali eram os banheiros.

 Fui até a próxima porta dupla. Veio mais um caminho coberto e novamente portas duplas.

O refeitório. Grande, com várias mesas retangulares e quadradas espalhadas. No fundo, do lado esquerdo, ficava a cantina. Havia uma pessoa ou outra sentada. Andei até as próximas portas e me surpreendi quando sai.

Parecia um parque. No meio, havia um grande espaço gramado, cheio de árvores grandes. Ao redor e no meio do gramado, haviam caminhos de concreto, com vários bancos e mesas de piquenique espalhadas, dentro e fora da pequena floresta.

Olhei o mapa de novo. Os dormitórios ficavam mais à frente. Um de frente para o outro, em lados opostos do campus. O feminino ficava do lado esquerdo.

Virei para a esquerda e comecei a andar reto até o fim do piso, que virava para a direita. Já dali era possível ver o prédio do dormitório, que não era nada pequeno, e logo atrás havia uma outra construção que, consultando o mapa, vi que eram as quadras esportivas e o auditório/teatro.

Que lugar imenso...

Depois de muitos passos, cheguei no prédio e não fiz cerimonias ao entrar. Ali no térreo devia ser um salão de lazer, já que era cheio de sofás, pufes e mesas espalhadas, e as mesmas colunas sustentando o teto. Fui até as escadas em “U” na esquerda do salão, bem de frente para entrada. Do outro lado também haviam escadas e um elevador.

Comecei a subir, procurando a informação de qual era o meu andar. Segundo andar, quarto número vinte e cinco. Mais uma leva de escadas depois, cheguei e acompanhei os pequenos números nas portas dos quartos até chegar no meu.

A chave estava pendurada na fechadura e puxei a maçaneta para baixo. Entrei rapidamente e deixei as malas ali, observando o lugar.

Era um quarto pequeno, mas aconchegante, em tons claros e muita madeira no chão e nos móveis. Bem ao lado esquerdo da porta, havia uma escrivaninha, uma cadeira e prateleiras na parede, vazias. A cama ficava atrás da mesa, no centro da parede, junto de um criado mudo e um abajur, e ao seu lado, já na parede da frente, portas duplas de vidro com cortinas brancas. De frente para a entrada, outra porta de madeira, e ao meu lado estava o guarda-roupas de três portas.

Fui até a porta de madeira. Era um pequeno banheiro. Da esquerda para a direita, pia, vaso sanitário e box.

Voltei, afastei a cortina da porta de vidro, e a puxei. Era uma pequena sacada com paredes dos dois lados e um guarda-corpo da altura da minha cintura. Havia um varal de chão que estava dobrado e encostado na parede.

Dali, eu tinha a visão do campus todo, as quadras, os prédios e claro, do dormitório masculino.

Como eu queria ficar inteirada das informações o mais rápido possível, entrei e me sentei na cama, vasculhando os outros papeis que recebi. Café da manhã era servido às sete da manhã, almoço ao meio dia e trinta, café da tarde às quatro horas da tarde e janta às oito da noite.

Haviam várias informações sobre a escola, os horários que os lugares ficavam abertos, como a biblioteca, por exemplo. Coisas sobre os boletins, uniformes, horário de limpeza dos quartos, que era das quatro às oito, aos sábados, entre outras coisas. E claro, as aulas começavam às oito da manhã.

Olhei pela porta, para o dormitório masculino. Na sacada da mesma direção que a minha, tinha alguém apoiado na grade. Parecia até que estava olhando para cá. Eu não tinha a melhor visão do mundo, então a única coisa que eu conseguia enxergar era um menino de cabelos escuros.

O barulho do meu celular me fez pular no colchão. Assim que o peguei, vi uma mensagem de minha mãe perguntando se estava tudo bem. Respondi e voltei a olhar para fora, mas o garoto não estava mais lá. Ao olhar novamente o celular, percebi duas coisas ao mesmo tempo. Eu estava com fome e já eram quatro horas da tarde, ou seja, o café da tarde estava sendo servido.

Deixei as coisas na cama, saí e tranquei a porta, como boa desconfiada que sou. Desci, atravessei o jardim e fui ao refeitório. Alguma sorte eu tinha, ainda estava quase vazio. Na cantina, pedi um lanche de frios e escolhi uma mesa mais ou menos no meio do lugar.

Observei uma pessoa ou outra entrar e sair, e quando estava na metade do lanche, o que parecia ser o mesmo menino da sacada entrou no refeitório, e eu não consegui tirar os olhos dele, tentando enxergar o que não consegui do quarto. Uma coisa era óbvia. Ele era lindo.

Ele parou na pequena fila recém formada da cantina, e, como quem estivesse distraído, olhou em minha direção. Rapidamente desviei o olhar e continuei comendo como se nada tivesse acontecido.

Um tempo depois voltei a olhar, mas ele já devia ter pego sua comida.

Terminei e levei a bandeja para o balcão da cantina, e me virei para ir a saída. Antes de sair, olhei para trás e o vi duas mesas atrás de onde eu estava.

Ele deve ter visto quando eu o procurei. Que beleza!

Como se tivesse sido chamado, o menino ergueu o rosto exatamente em minha direção. Saí em disparada para fora e fui em direção às árvores, pelo menos eu poderia me esconder ali sem ser vista. Porém, percebi que estava quase correndo quando me vi tropeçando, caindo igual um cocô no chão.

Senhor, me puxa. Que vergonha...! Aí, doeu.

— Você tá bem? — Alguém perguntou, se aproximando. Meu corpo estava indeciso se gelava ou esquentava pela tremenda vergonha.

Não, ele não, por favor.

Me sentei e o menino rapidamente estendeu a mão para me ajudar. E não, não era o menino da sacada, felizmente.

— Tô bem, brigada — agradeci quase cochichando, ficando em pé, e ele afirmou com uma expressão preocupada, então olhou para baixo e apontou rapidamente.

— Tá saindo sangue do seu joelho.

Antes que eu certificasse, senti a ardência dos machucados. Quando olhei, enxerguei uma gota de sangue escorrendo de um joelho e gotículas no outro.

— Melhor você ir na enfermaria...

— Não, não precisa, eu limpo no quarto.

— Precisa sim, tem que limpar isso aí com o produto certo ou pode infeccionar — insistiu com muita veemência, e afinal, como sou medrosa, acabei aceitando o convite.

Segui o menino de volta para o prédio, mas ele seguiu para esquerda e aí eu vi uma porta de vidro bem afastada da porta do refeitório, com a placa “enfermaria”. Derr.

Ele foi na frente e a enfermeira, uma senhora que devia ter seus sessenta anos, que estava sentada lendo uma revista, levantou o olhar.

— O que aconteceu? — Ela largou a revista na cadeira ao levantar.

— Ela caiu e machucou os joelhos — explicou o menino, apontando para mim.

Bastou um rápido olhar dela para minhas pernas sujas de sangue e terra para caminhar até a outra portinha do cômodo. — Vem aqui, mocinha.

A segui e entrei em uma sala um pouco maior, com três macas. A senhora apontou para a primeira, e eu me sentei. Ela começou pegar os produtos nos armários que ficavam em cima das mesinhas, e as colocou em uma mesinha de metal ao lado, a puxando junto de uma cadeira.

Após muito soro fisiológico, gases e um spray antisséptico, ela colocou um band-aid no corte maior.

— Prontinho. Se sangrar de novo, volta aqui que eu dou um jeito. E não caia de novo — brincou, abrindo um sorrido.

Cair de propósito é que eu não vou. — Claro, pode deixar. Obrigada.

— Não há de quê.

Abri a porta, indo para a salinha. O garoto ainda estava lá, encostado na parede. Claro que não pude deixar de ficar envergonhada. Por mim nunca mais olharia na cara dele porque certamente ele lembraria da menina que tropeçou numa raiz de árvore.

— Melhor? Não foi tão ruim, eu acho. Nem te ouvi gritar.

— É. — Sorri. — Não foi tão ruim. Obrigada.

Novamente, ele abriu a porta, e saímos.

— E aí, qual seu nome? — Ele me encarou, parecendo curioso.

— Bruna. E você?

— James... Você por acaso já tomou café?

Que nome é esse? — Já... Você estava indo comer, né? Acabei te atrapalhando.

— Claro que não. Não é todo dia que podemos ajudar alguém. — Deu de ombros e sorriu, estreitamento levemente os olhos. — Se quiser me devolver o favor, pode me acompanhar.

Dei um sorriso amarelo. — Tá, vamos.

James era bonito. Tinha o cabelo castanho, com algumas nuances mais claras, meio desgrenhado. Não que estivesse bagunçado, mas parecia que ele tinha tirado um cochilo e só passou a mão por cima. Seus olhos eram de um verde bem claro, o nariz era marcado na ponta, levemente arrebitado, algo marcante em seu rosto. Ele era pelo menos uns quatro dedos mais alto que eu.

Ao entrar no refeitório, lembrei do outro menino. Imagina se ele tivesse visto aquilo? Que vergonhoso...

Tentei ser discreta e o procurei, mas ele não estava mais ali.

Acompanhei James até o balcão e depois para a mesa. Começamos a conversar sobre algumas coisas até que ouvimos alguém berrar da porta.

— Jaaaames! — Vi uma menina ruiva correr em nossa direção puxando uma mala duas vezes maior que a minha. Assim que chegou, largou a bolsa e abraçou James com tudo.

— Que saudade! — Ela disse, sorrindo.

— Muita. Como você tá? — Eles se soltaram.

— Bem, e você?

— Também. — Ele me olhou. — Ah, essa é a Bruna. Ela é a Lilian, ou Lili, como chamamos.

Ela se apoiou na mesa e conseguiu me dar um abraço espontâneo demais para o meu ser retraído. — Oi, Bruna!

— Oi.

Lili se sentou ao lado de James, toda eufórica. — Júlio já chegou?

— Não sei, mas não vi ele não...

A garota tinha muitas sardas pelo rosto todo, mas elas se concentravam mais no nariz, maçã do rosto e bochecha. Seus olhos eram verdes, mais escuros do que os de James, e seu cabelo era um ruivo acobreado com alguns cachos e ondas, que iam quase até a cintura.

Eles começaram a conversar tão animadamente que fui excluída não intencionalmente. Talvez seja melhor deixar eles colocarem o papo em dia.

Levantei e os dois me encararam ao mesmo tempo.

— Onde vai? — James perguntou.

— Vou subir. Ainda não arrumei minhas coisas no quarto.

— Ah, tudo bem. Nos vemos na janta?

— Claro.

— Me passa seu número, assim posso te avisar quando for a hora.

Ditei meu número de celular e me despedi. Fiquei atenta no jardim. Se visse o menino, andaria mais rápido. E de preferência sem cair.

Assim que cheguei no quarto, fechei a porta e comecei a desfazer as malas. Guardei as roupas, arrumei os livros e os poucos itens de decoração que tinha trazido nas prateleiras, e as outras tralhas em seus devidos lugares.

Todo o material escolar que eu iria usar estava em cima da escrivaninha A escola providenciava tudo, as apostilas, cadernos, lápis, canetas, etc. Verifiquei o horário do dia seguinte, deixei na mochila o que iria usar e guardei o resto.

Já eram sete horas quando terminei de arrumar tudo, e a maioria das luzes estavam acesas nos dormitórios e jardim. Estava uma noite fresca, então aproveitei para gastar um pouco de tempo lendo. Peguei um dos livros que trouxe e me sentei no chão da sacada, iluminada pela luz do quarto.

Eu já tinha lido aquela história pelo menos umas cinco vezes, mas sempre tinha espaço no meu coração para preencher com aqueles personagens.

Quando estava prestes a começar a ler o prólogo, ouvi o toque de mensagem do celular e, resmungando, levantei para pegar o aparelho em cima da cama.

 “Olha pra frente”, escreveu James em um SMS.

Voltei à sacada e olhei para frente, vendo o próprio James, ou alguém que parecia muito com ele, na sacada quase de frente a minha, acenando. Acenei de volta mesmo sem ter certeza se era pra mim e se não fosse, eu entraria e fecharia a porta e apagaria a luz.

E, para meu desespero, percebi que o quarto de James ficava ao lado do quarto do menino bonito de cabelo preto... Eles podem se conhecer! Meu Deus...O que será de mim? E se ele comentar com o James que eu fiquei encarando ele? E se o James falar que eu caí?

Outra mensagem chegou.

O que foi?

Digitei a resposta: “Nada, estou um pouco cansada”.

Ele vai achar que sou maluca.

Por um momento achei que vc fosse doida haha

A lá!

Ele mandou outra.

 “Brincadeira

kkk vai se acostumando, às vezes eu sou

Ah, tudo bem. Gosto de pessoas doidas

Mas o quê? “Mas geralmente sou normal

Tem problema não. Sem preconceitos por aqui”

Ué...

“Quer ficar no jardim? Tem nada pra fazer”

“Tá bom. Estou descendo”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.