Best Mistake escrita por SundaeCaramelo


Capítulo 4
Epílogo - O melhor erro




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Remus estava pálido de nervosismo e sentia seu estômago embrulhar-se; mas não de uma maneira ruim. Na verdade, aquele era o momento de apreensão mais maravilhoso que já vivera em sua vida, por causa do motivo que lhe dera origem: dentro em pouco, oficialmente, um pai. Um filho seu estaria no mundo, respirando o mesmo ar que ele, convivendo com ele. Aquela concepção trazia à mente do atordoado bruxo uma mistura de várias perguntas e sentimentos.

               Como seria aquela criança? Seu rosto, sua voz, sua personalidade...? Quais características ele ou ela teria herdado? Por um instante, pensou na possibilidade terrível que tanto o atormentara, mas obrigou-se a manter um pensamento otimista. Aquela questão já havia trazido muitos transtornos para aquele nascimento e se Remus tinha uma certeza na vida, além de que amava Tonks, era a de nunca mais querer passar um dia sequer longe dela.

               Ficou se perguntando também em como ela estaria, e se pegou ansioso também para ver a expressão de felicidade que surgiria em seu rosto quando, finalmente, a jovem tivesse o filho nos braços. E se perguntou como ela ficaria após do parto, afinal, tratava-se de um processo desgastante, por mais que Tonks fosse uma mulher fortíssima.

               Ele passou as mãos no cabelo, depois uniu-as, só então notando o quanto estava gélidas. E ele sabia que não era culpa apenas do clima daquela noite.

               Pelas barbas de Merlin, quanto tempo demorava um parto mesmo? Deveria ser tanto tempo assim? Ou era apenas a impressão?

               Remus já não tinha mais tanta certeza se realmente havia sido uma boa ideia a de Andromeda quando esta lhe dissera que era preferível que ele aguardasse do lado de fora do quarto para não ficar tão tenso e não atrapalhar as coisas. Bom, se a intenção era diminuir a tensão, definitivamente aquela tentativa não funcionara. Mas Remus também não tinha muita certeza se qualquer outra ideia teria funcionado.

               Quando cansou de dar voltas e mais voltas pelo corredor esfregando as mãos, bafejando para aquecê-las, decidiu recostar-se na porta. Suspirou. Olhou para o teto.

               Mal havia seu corpo encontrado a porta, quando esta foi aberta, desequilibrando-o um pouco. Ele se virou de imediato.

E então? – perguntou, aflito.

—Venha ver... – Andromeda sorria de forma radiante. A emoção era visível nas bochechas um tanto avermelhadas e nos olhos úmidos.

Ansioso, Remus precipitou-se para dentro do cômodo. Seu desejo era correr para perto de Tonks assim que entrou; contudo, ao cruzar a soleira, ficou estático.

Jamais, em toda a sua vida, se recordara de ter presenciado cena tão sublime: Tonks, sorrindo como ele jamais a vira sorrir e direcionando para o embrulhinho em seus braços um olhar inegável: o do mais puro e sincero amor.

Ainda que fosse noite, ainda que lá fora estivesse nublado, ainda que houvesse uma guerra ocorrendo lá fora, nada mais importava: era como se todas as luzes do mundo estivem centradas ali.

— Vai lá, novo papai. – a parteira encorajou, notando com certo divertimento a atitude de Remus.

               Ele deu um sorriso torto, e começou a se aproximar da cama muito lentamente e meio sem jeito. Definitivamente não queria interromper um momento daqueles.      

               A tática funcionou por metade do caminho, pois Tonks ergueu o olhar para ele ao ouvi-lo pisar sem querer numa parte do lençol.

               Remus. Então, ele entrara. Finalmente! Mesmo sabendo o quanto sua aparência devia estar em um estado deplorável, pois seus cabelos certamente estavam desgrenhados e seu rosto suado devido ao esforço; era seu marido a pessoa que ela mais desejava ver. Porque desde o primeiro instante de vida do serzinho que agora ela continha nos braços, ela desejara compartilhar com ele aquela felicidade.

               Quando os olhos de Tonks bateram no rostinho rechonchudo e amassado de seu filho, a primeira coisa que lhe veio a cabeça foi uma conversa que tivera com Molly Weasley no dia do casamento com Lupin.

               “Acho que é o momento mais feliz da minha vida!” dissera a moça.

               “Eu também achava isso no meu casamento. Então tive meu primeiro filho. E acho que posso dizer que, a partir dele, tive mais outros seis momentos mais felizes da minha vida.” Respondera Molly, com uma risada.

               Naquela noite, Tonks constatou que Molly estava certa.

               Cada detalhe daquela pequena nova criatura era perfeito, cada centímetro daquela pele tão fina e delicada.

               E ao mesmo tempo que a jovem mãe queria congelar aquele momento para sempre, ela também estava ansiosa para vê-lo abrir os olhos, procurar por características suas perdidas dentre as do novo ser, vê-lo crescer, ver seu rosto mudar, contar-lhe histórias para dormir, ouvi-lo dizer “mãe”...

               Exatamente quando tudo isso se passava em sua cabeça, ela percebeu a presença de Remus e fez sinal para que ele se aproximasse logo.

               Ele o fez, e como se pressentisse, assim que o pai chegou perto, o bebê deu um sorriso.

               Os olhos de Remus se encheram de lágrimas. Sequer imaginara um rosto definido para seu filho, mas não importava, porque qualquer que fosse sua expectativa, aquela criança simplesmente a superara.

               Era tão pequeno, frágil, envolto tão bem em uma manta azul claro que só era possível ver seu rosto. Um tanto amassado, como o de todos os recém-nascidos. Bochechudo. E com um cabelo fino e ralo, negro como piche. Então aquele era seu filho.     

               Seu filho. Seu filho.

               As palavras ecoavam em sua mente, inundando-o com um orgulho imenso. Ele se perguntava, na parte mais melancólica de seu ser, como uma criatura tão bestial quanto ele havia sido capaz de gerar um ser tão perfeito quanto aquele diante de seus olhos?

               Nem Remus, nem Nymphadora tinham palavras para expressar o que sentiam. Talvez, na verdade, nem existam tais palavras em qualquer vocabulário. Há sentimentos que letras não são capazes de expressar.

               Assim, os novos pais permaneceram por minutos olhando extasiados para sua criação, sem se mover.

               Até Tonks finalmente conseguir dizer algo:

               - É ele, Remus. Um garotinho lindo, nosso garotinho.

               - Ah, é um menino? – despertou Remus.

               - Sim! É um menininho belo e saudável! – respondeu a parteira.

               “Saudável”. Ela dissera aquela palavra. Isso significava que...

               Remus buscou o rosto de Tonks para confirmar o que tinha ouvido e deparou-se com um olhar sereno e certo.

               - Sim, meu amor. Um menino saudável. Nada de licantropia por aqui.

               Ela sustentou o olhar maravilhado de Lupin, pelo prazer de ver o alívio invadir seu semblante e tomar conta de tudo naquela alma. A sombra que parecia estar sempre sobre Remus pareceu desaparecer por completo. Ela viu quando os olhos cintilaram e se encheram de lágrimas, ela viu quando o sorriso, que já estava aberto, estendeu-se mais ainda, tomando conta de toda a face do bruxo, destacando-se de cada cicatriz, cada ruga, cada marca de todo o cansaço e sofrimento. Isso não importava mais.

               O sorriso converteu-se logo em uma gargalhada e, afastando-se um pouco, Remus pôs-se a gargalhar pelo cômodo. Sua risada de alívio e regozijo ecoava pelo ambiente, enquanto as lágrimas.

               SAUDÁVEL! Ele havia gerado uma criança SAUDÁVEL! Todos os medos, todos os problemas... não existiam mais!

               Diante de tal cena, Tonks não conseguiu conter seu próprio riso, que em poucos segundos contagiou todo o quarto e assim, a parteira e Andromeda riram também.

               Mas ao voltar o olhar para o filho, a bruxa interrompeu o momento ao perceber uma coisa:

               - Remus! Olhe! – ela chamou, atraindo sem nenhum esforço a atenção do marido, que foi logo até ela. – É impressão minha ou o cabelo dele estava preto minutos atrás?

               Agora, naquela cabecinha, os fios eram acobreados.

               - Era preto. – afirmou Remus.

               Os dois entreolharam-se. Ambos sabiam o que aquilo parecia significar...

               - Parece que temos aqui mais um pequeno metamorfomago. – confirmou Andromeda Tonks. – Com Dora também foi assim: nasceu de cabelos escuros, minutos depois estavam loiros, olhei de novo e estavam verdes.

               - Uau! O menino tirou a sorte grande, é um dom muito raro! – elogiou a parteira.

               Depois de alguns segundos de silêncio, Nymphadora sorriu:

               - Bom, fico feliz que ele tenha puxado de mim ao menos a metamorfomagia, porque esse garoto é a cara do pai!

               - Sério? – Remus virou-se para conferir. – Eu não achei... parece mais é com você.

               - Eu? Remus, está brincando? É muito mais parecido contigo! – ela insistiu.

               Andromeda sorriu com a pequena discussão. Eles formavam mesmo um bom casal.

               ***

               No fim daquela noite, quando Teddy Remus Lupin já tinha sido devidamente batizado com um nome que homenageava seu avô e Remus já havia levado a notícia a todos os principais amigos, a nova família encontrava-se reunida na cama.

               Tonks tinha Teddy nos braços, e este dormia com uma expressão calma. Lupin encarava ambos quase hipnotizado enquanto ela estava distraída, e só conseguia pensar no quanto era grato por estar vivendo aquilo.

               - Dora. – chamou ele.

               A bruxa ergueu o olhar.

               - Sim?

               - Embora hoje eu saiba o quanto estava enganado quando lhe dizia isso, se nosso amor e nossa história foram erros...Você é, sem dúvidas, o melhor erro que eu já cometi.


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