A primeira folha caiu sobre os pés de Sirius, trazendo o sinal de que o verão chegava ao fim. Devagar, amassou o laranja seco e barulhento, e o som quebradiço foi suprimido pela bota pesada. Ali, não restara nada do que pedaços farelentos da pequena folha, bem como sua animação para com o outono. Era uma boa estação, mas não era a estação dele; não era a estação de James.
James Potter sempre foi o garoto do verão.
Ainda se lembrava de quando os raios de sol se tornavam quentes e frequentes no céu, e as noites eram mais brilhantes e curtas. Sirius recordava de cada dia ao lado de seu melhor amigo; se lembrava dos sorrisos pelos dias coloridos, da empolgação com as férias quando podiam se ver, da volta às aulas agitadas e das primeiras pegadinhas do semestre. E Deus, como eram bons com aquelas pegadinhas.
Sirius lembrava-se de como, por vezes, se pegou comparando James Potter como o próprio sol. Ele era energia pura, de uma alma incontrolável e tão quente que podia queimar. James acolhia qualquer um que quisesse apreciar sua luz. James Potter era o Sol do internato de Hogwarts.
Outra folha se soltou da árvore grande, mas Sirius a ignorou. O cigarro em sua boca já estava no final, assim como o verão. Assim como seus dias de escola. Terminados sempre na estação mais quente, mais animada.
Talvez fosse para ser assim. As melhores coisas começavam e terminavam no verão. O início e término do ano letivo, as férias, seu primeiro beijo com Remus... sempre banhados pela proteção do sol. Sempre abraços pelo calor de James. Qualquer outra estação teria se curvado sob a liderança do garoto que criou o melhor – ou pior – grupo de todo o internato. Eram os Marotos; eram os seguidores do hiperativo Prongs.
As cinzas do cigarro caíram em sua bota, e Sirius bateu o pé para limpar. Precisaria se livrar do resto de cigarro, mas não queria se mover. Não ainda. Não enquanto o sol iluminava o memorial que eternizaria sua amizade com James Prongs Potter.
O verão carregava os melhores começos, e os mais profundos finais.
James teria rido de si, se o visse agora. Saudoso e nostálgico, com pensamentos filosóficos parecidos com os de Remus, no auge de sua adolescência. Talvez estivesse próximo demais dele, mas o que podia fazer? Era seu namorado afinal.