Animagus escrita por Maga Clari


Capítulo 3
Peter era um rato


Notas iniciais do capítulo

Ontem, na pressa, acabei não falando com vocês...
Este capítulo sobre o Peter eu achei bem interessante...Principalmente porque vocês sabem que ele já servia a Voldemort escondido. Sua personalidade já estava se apresentando aos demais... Seu comportamento já estava meio diferente...
Enfim.
Espero que gostem!



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Antes de tudo, devo reforçar que Peter e eu nunca namoramos oficialmente. Quando eu digo oficialmente, significa que ele não teve coragem de assumir um relacionamento.

Não é como se fosse algo aberto, que pudéssemos sair com outras pessoas. Mas ele não me apresentava aos outros como namorada. Nem mesmo aos seus pais.

Todos sabiam que tínhamos encontros esporádicos, mas ninguém falava nada. Isso era super comum nos últimos anos em Hogwarts. Éramos adolescentes cheios de hormônios, afinal.

Os garotos faziam piadinhas conosco, mas Peter sempre negava. Era a mesma resposta todas as vezes:

— Não estamos namorando! Querem parar?

— Só quando você aprender a mentir — James dizia, divertindo-se com a situação.

— Não estamos mentindo!

— É engraçado, não é, Pads? — ele se virava para Sirius, ao seu lado na mesa do Salão Principal — Ele sempre fala no plural. Nós não estamos namorando — ele o imitava, com uma voz levemente fina — Nós não estamos mentindo.

E então, tudo acabava com James, Sirius e Marlene rindo. Peter com as bochechas rosadas, e eu fingindo que nem estava lá, não esboçava reação alguma.

E foi até bom, sabe por quê?

Peter era um rato. Na verdade, ele é um rato ainda. Sempre vai ser. Esta é uma daquelas características intrínsecas da pessoa, que nunca o abandonará.

É claro que eu gostei dele. Gostei de verdade. Peter tem um sorriso contagiante e contido que o faz parecer... fofo. E havia algo em seu olhar. Um misto de medo e travessura, e até hoje não sei como uma mistura assim pode existir numa pessoa. Pois é... Esse alguém é Peter.

Eu achava que ele era simplesmente tímido ou acostumado à boa e velha família tradicional. Mas não era só isso. Claro que não era.

— Peter, há algo que quero lhe contar — chamei-o ontem pela manhã, antes mesmo de saber sobre a tal da animagia.

— Pois então conte — ele ergueu os ombros, sem dar muita importância.

— Peter, eu não sei se... — olhei para os lados do corredor, lotado de alunos. Estávamos indo para a última aula antes do almoço — Peter, eu não sei como contar uma coisa dessas...

Uma ruga surgiu em sua testa. Ele guardou os livros em sua bolsa à tiracolo e apertou meu antebraço levemente, como se tentasse passar tranquilidade. E eu acreditei que ele estaria do meu lado. Acreditei de verdade.

— Diga logo de uma vez — ele sorriu de canto, como sempre — Não é como se você estivesse com uma doença terminal, ou... grávida, certo?

Peter continuou sorrindo para mim e com seus cílios piscando levemente. Aguardava minha resposta, que não viria tão leve assim.

— Você consegue ser mais ridículo? — respondi, irritada.

Então, a compreensão pareceu surgir na sua mente do tamanho de um pomo de Quadribol.

— Não estou acreditando nisso, Emmeline.

Cruzei os braços e ofereci ao meu suposto namorado um sorriso irônico.

— É mentira, não é? Não há possibilidade disto ter acontecido.

— Meu querido... — ri de incredulidade, com as sobrancelhas erguidas — Você ainda acredita que os bebês vêm de Hipogrifos?

— Você que é ridícula — ele atirou as palavras em mim, como se fossem feitiços — Você não tem vergonha não? Aposto que nem minha é esta criança.

— Oh, mesmo?

— Aposto que... Que deve ser daquele Longbottom. Não se faça de santa, Emmeline.

— Está dizendo que você é corno?

— Claro que não! A galhada é do Prongs, não minha.

— Como é?!

Ele deve ter visto que havia falado demais, sem pensar. Então calou-se. Fez um gesto com as mãos, como se dissesse deixa para lá. E foi o que fiz, afinal, havia algo mais importante para lidar do que a vida pessoal de James Potter.

Peter deslizou as mãos pelo seu rosto e respirou muito profundamente. Eu não estava acreditando que ele havia reagido desta forma. Achava que ele fosse me tranquilizar.

— A criança é sua sim, se é isto que quer saber. Eu nunca, nunquinha, que iria trair você, seu imbecil.

— Tenho minhas dúvidas.

— Não sou esse tipo de garota. Mas hoje eu vejo... Pois deveria era ter feito isso sim. Quem sabe o Longbottom assumisse a responsabilidade comigo. Vai se fuder, Peter!

Então, passei por ele dando-lhe um esbarrão proposital. Mas aquilo não seria suficiente. Por isso, lancei uma azaração silenciosa no meio do caminho. Ao virar-me rapidamente, pude vê-lo vomitando centenas de queijos mofados. Ele era um rato, certo? Nem poderia reclamar.

Quando Marlene apareceu na Sala Comunal mais tarde, naquele mesmo dia, eu já estava de ressaca emocional. Já havia chorado sozinha no banheiro da Murta; já havia escrito a meus pais; estava sem paciência para nada no mundo. Sentia-me perdida. Ninguém, nem mesmo minhas amigas, sabia sobre a gravidez. Além de meus pais, somente Peter tivera conhecimento.

Agora, entretanto, escrevo neste mapa e todos poderão saber quem é o verdadeiro Peter Pettigrew. Um cara que foge de suas responsabilidades, e deixa uma garota lidar com uma criança que ela não fez sozinha.

Contei às meninas assim que recebi a notícia sobre a animagia. Elas não paravam de me perguntar o motivo de tanto descaso e desânimo.

— E se a gente jogasse ele na Floresta Proibida? — Dorcas sugeriu.

— E se a gente o entregasse para Você-Sabe-Quem?

— Marlene! — reclamei, aborrecida — Está louca?

— Emme, esqueceu-se de que a família do Black serve a ele? Poderíamos muito bem levá-lo até...

— A gente podia jogar uma azaração nele — Dorcas tentou outra vez.

— Já fiz isso mais cedo.

— Ah...

— Ei, meninas! — Marlene levantou-se, num pulo. Gargalhou com gosto — E se a gente arrancasse o amiguinho dele?

Só mesmo Marlene para me fazer rir num momento daqueles.

Eu não estava falando mais com Peter ontem. Na verdade, nem hoje me atrevi olhar em seu rosto. Quem me disse sobre o seu animal foi a própria Marlene. Parece que Sirius contou todos os detalhes para ela ontem à noite ou algo assim.

E foi tão irônico. Tão engraçado, sabe. Que tive uma crise de riso quase interminável ao descobrir tamanha coincidência. Ele não seria animal algum senão um rato. Com todas as letras, com todos os pelos sujos e tanta covardia.

Peter era um rato.

Sempre fora.

Eu, a burra que sou, nunca havia notado. Estava cega de amores. O suficiente para não enxergar esses pequenos detalhes.

Posso até não entregá-lo a Você-Sabe-Quem. Mas se ele o encontrasse, não ficaria tão incomodada assim.

Peter nunca foi muito bom com garotas. Quase todas recusaram seus convites a encontros quando era mais novo. Na época, eu não entendia o motivo. E tive até mesmo pena dele.

Agora eu entendo.

Então, aproveito o gancho para que Marlene McKinnon volte a falar sobre alguém que de forma alguma teve problemas com garotas. O cafajeste do Sirius Black.


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