Animagus escrita por Maga Clari


Capítulo 4
Black era um cachorro


Notas iniciais do capítulo

Galera, boa tarde, como estão?
Bem, eu estou rindo muito com meu próprio capítulo.
Marlene, definitivamente, é a narradora mais engraçada.
Espero que gostem, assim como eu gostei.
Beijinhos e nos vemos nos reviews ♥



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Sei que Lily deve estar muito irritada comigo por furar o lugar dela, mas acontece que este discurso tem uma ordem cronológica, entendem? Não tenho culpa alguma se ela foi escolher o Potter. Ele tem que ser o último. Além disso, Lily precisa finalizar isso aqui porque ela é a oradora escolhida, afinal de contas.

Mas voltemos ao que interessa, não é mesmo? Vamos falar agora do maravilhoso, incrível, espetacular, Sirius Black. Só que não.

Black foi e sempre será um cachorro.

Ou como disse minha querida amiga, Emmeline, um cafajeste.

Não nego que isso é algo no mínimo atraente. Sirius sempre andou com aquele cabelo estilo “acabei de acordar e não vou usar escova alguma”, mas que ele sabia (muito!) que era o modo mais legal de se andar. Sempre foi aquela cabeleira cheia, que lá pelo quarto ano ele adotou o visual “virei rapunzelo, não corto mais”.

E de fato, agora, Black parece uma versão misturada do Ozzy Osborne com Robert Plant, só que o cabelo está ainda mais comprido. Está quase batendo na bunda! Estou falando sério! E agora, nesse calor de Junho, ele deu para amarrá-lo de maneiras loucamente atraentes e... vamos voltar ao foco, certo?

— Ande logo, Lene, sei que você quer cheirá-lo — ele disse ontem à noite, quando tivemos um último encontro no Lago Negro.

— Vai sonhando, Black — dei uma risadinha, morrendo de vontade de fazer aquilo. Mas eu não daria o braço a torcer. Nunca. Nunquinha.

— Está bem, minta pra mim — ele riu também.

Antes que eu pudesse revidar, Black mergulhou bem fundo e submergiu em seguida. Ao fazê-lo, balançou a cabeça para os lados, salpicando água gelada no meu rosto.

Idêntico a um cachorro.

Gargalhei aos montes, realmente achando graça agora que eu já sei a verdade sobre tudo.

— Então você é um cachorro... — foi mais uma constatação do que uma pergunta em si.

— Combina comigo, não acha? — ele abriu um sorriso tão contagiante que imitei-o — E sei que garotas amam cachorros.

— Dá para ser menos convencido, Black?

— Nasci assim.

Black então se transformou na minha frente. O latido foi alto o bastante para me assustar. Depois, lambeu meu rosto e achei aquilo meio nojento e meio engraçado.

— Tá legal, Black, volte a ser humano de novo, pelas barbas de Merlin!

Ele latiu outra vez e mergulhou no lago. Quando voltou, aproximou-se de meu ouvido e falou em sussurros:

— O mais legal da transformação, Lene, é que a roupa não se transforma junto, sabe.

Então, teve uma crise de riso ao ver a minha cara de falsa surpresa e choque.

— Pois ainda bem que suspeitei disso e trouxe vestes extras na minha mochila.

O olhar que ele me ofereceu era de desapontamento. Como se eu houvesse destruído seu plano tão bem articulado e pensado.

Aquilo foi muito divertido.

Mas a verdade é que Black é um cachorro também por causa de sua personalidade excentricamente alegre e hiperativa. Ele nunca para de falar ou inventar coisas para fazer. Black nunca fica quieto. Ele simplesmente não consegue.

Quer atenção 24 horas por dia, exatamente como qualquer cachorro. Adora ser o centro da conversa e das fofocas de Hogwarts. Quanto mais boatos Black gera sobre si mesmo, mais feliz ele fica. Como se sentisse um prazer especial ao caminhar e ouvir os burburinhos.

Já o peguei sorrindo bobamente, com uma longa respiração e os olhos fechados quando surgiu o boato de que nós dois estávamos... ficando. Ele caminhava comigo, segurando minha mão, e então me disse, quando chegamos na entrada da Sala Comunal:

— Aposto dez sicles que eles vão contar para a Sonserina antes mesmo do almoço.

— Pois eu aposto vinte que Narcissa vai vir lhe bater!

— Oh... — ele riu, meneando a cabeça — Talvez os vinte contos valham a pena. Você vai ganhar.

— Como pode ter tanta certeza?

Então, Black me puxou para a entrada da Mulher Gorda e me agarrou bem ali, onde havia um fluxo grande de alunos. Ele não me beijou apenas. Foi muito mais intenso do que isso. Black simulava passar das preliminares, mas era tudo encenado. Ele dizia coisas constrangedoras e falava muito alto.

Eu tentava controlar o riso, mas estava sendo muito difícil. Black era realmente um cachorro que queria brincar e chamar atenção. Deliciava-se com o tanto de alunos em círculo, atrás de nós, como se assistissem a um espetáculo.

De fato, eu havia acertado quanto ao tapa que Black levou de Narcissa. Ela não demorou muito para aparecer por lá, saída de alguma aula, e provavelmente avisada por alguém. Quando nos viu, deu um gritinho e nos separou:

— Já é grifinório, já é traidor de sangue, mas... Marlene? Você não tem vergonha não, Sirius?!

Mas Black não deu a menor importância para sua prima. Apenas voltou-se a mim, ainda mais alto e exagerado:

— Isso, McKinnon! AH! Vamos, você é melhor do que isso!

Quando Narcissa foi embora, nós nos separamos e passamos uma boa meia hora rindo da cara de todo mundo. Muitos nos lançaram olhares aborrecidos ao descobrir que era tudo uma grande brincadeira.

Infelizmente, havia uma coisa que eu teria que entender e aceitar para conviver em paz com Sirius Black: ele não pertencia a ninguém.

Acho que ele já teve mais namoradas do que Emmeline tem sapatos. E olhe que ela tem muitos!

É bem provável que Black tenha beijado a primeira garota lá pelo segundo ano, quando quase ninguém havia feito isso ainda. Depois disso, não parou mais.

Black e eu sempre fomos melhores amigos. Ele sempre me usou de consultora feminina para seus casos. Eu o ajudei dando dicas, conselhos, e mesmo brigando com ele em alguns momentos. Quando ele dizia ou fazia algo machista demais. Como:

— Não force a barra.

— Deixa ela decidir.

— Espere um pouco.

— Seja gentil.

— Não queira nada em troca.

Então ele diria:

— Mas eu sou homem!

E eu responderia:

— E ela é mulher!

Mas a verdade verdadeira é que Black é um cachorro. Não nega atenção a ninguém. É de todas as pessoas ao mesmo tempo. Ele só quer brincar, se divertir.

Estou até surpresa com sua castidade de um mês sem garota alguma, exceto eu. Esse foi o tempo que oficializamos o relacionamento. E realmente espero que ele consiga manter. Muito embora, isso não faça tanta diferença assim para mim.

Black e eu somos antes de tudo, amigos. O que temos supera qualquer outro caso de amor que ele tenha com garotas. Isso é uma fase, e irá passar. Mas, quer saber? Eu nem ligo muito. Sou mais moderna que minhas amigas, sei lidar com isso.

Afinal de contas, para quem aguenta o bromance do Black com o Potter aguentará qualquer outra coisa, certo? Porque de uma coisa eu sei: posso ser a única garota na vida do Black para o resto da vida. Mas eu nunca serei o Potter.

Com isso, deixo minha queridíssima-esquentada-Lily-Evans prosseguir (finalmente!) com seu relato sobre o mentiroso do Potter.


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