Após Tempestades e Guerra, É Hora de Voltar Para C escrita por Bella P


Capítulo 1
Capítulo 1




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APÓS TEMPESTADES E GUERRA, É HORA DE VOLTAR PARA CASA

 

Quando você se compromete a seguir um caminho

Acredito que você esteja seguindo sozinho

(Journey – Natasha Blume)

 

AGORA

 

Prisma podia ver os detalhes daquela batalha, mesmo que esta tenha acontecido há dois meses, mesmo que o vento e a neve tenha invadido todas as frestas possíveis daquela base e coberto parte dos rastros. Ainda sim, ela conseguia ver todos os detalhes. Ela era boa nisto. Era um dom. Era, ironicamente, genético.

Ela podia ver que o reencontro entre Capitão América e Homem de Ferro não começou com uma briga. A porta de ferro arrombada pelo Homem de Ferro era a única coisa danificada naquela área, pois não havia marcas dos propulsores nas paredes ou no chão. Esses estavam imaculados. E foi em uma das paredes imaculadas que ela plantou a primeira bomba antes de seguir caminho para o salão principal.

Os corpos dos soldados ainda encontravam-se dentro de suas cápsulas. Bem preservados devido ao frio. Prisma rodou cápsula por cápsula, grudando nessas mais bombas, dando um breve olhar para os rostos serenos e que, vistos assim, não pareciam grande ameaça. Após isto ela seguiu até a velha estação de transmissão, onde uma pequena televisão estava. A tela desta estava trincada, o vídeo cassete atrelado a ela tinha o compartimento vazio, mas Prisma não precisava ver a fita que antes esteve ali para saber o que esta continha.

Ali, diferente do corredor por onde ela veio, havia marcas de propulsores no chão, nas paredes. Havia marcas de dedos. Um braço mecânico que tentou parar um corpo em pleno voo, usando o chão como âncora. Havia arranhões causados por um escudo. As paredes possuíam partes lascadas. Em um ponto, onde havia um buraco do tamanho de um punho, Prisma plantou outra bomba e seguiu caminho.

A briga, ela podia vê-la claramente diante de seus olhos, seguiu para outras partes da base. O soldado tentou escapar pela saída do hangar. Falhou. As marcas no chão mostravam que corpos pesados caíram de uma grande altura. A batalha saiu do hangar, foi para as profundezas daquela base e Prisma podia ver: dois soldados unindo-se contra um homem apenas. Revezando golpes, repassando um escudo de vibrânio de uma mão para a outra, usando esses movimentos para tentar subjugar o Homem de Ferro.

Havia sangue no chão, fios e metal. Havia um braço destruído e então, perto das colunas, havia uma poça seca de vômito e sangue, a marca de algo pesado, uma armadura, arrastando-se como pôde para sair dali. Prisma colocou uma bomba exatamente na coluna sobre essas marcas e ficou as observando por um bom tempo.

— Senhorita Grey? – a voz feminina e com sotaque irlandês soou no comunicador dentro de seu ouvido.

— FRIDAY?

— Está aí faz umas três horas. Está tudo bem? Encontrou algo? – não, óbvio que Prisma não encontrou nada. Ao menos nada material. Tony havia sido esperto, mesmo em meio a dor da traição e de seus ferimentos, e levou embora dali a única coisa que era de extrema importância. Nem ao menos os soldados mortos eram de relevância, caso Ross descobrisse a existência daquele lugar (curiosamente Zemo estava guardando esta informação a sete chaves, provavelmente para usar no momento certo como barganha). Os corpos estava bem conservados, mas congelados por tanto tempo que provavelmente seria impossível estudá-los.

Agora, depois que Prisma saísse dali, não sobraria literalmente nada para estudá-los.

— Senhorita Grey? – FRIDAY repetiu. Era estranho ouvir a voz dela em seu ouvido. Prisma cresceu com JARVIS como uma constante em sua vida e perdê-lo foi tão doloroso para ela quanto para Tony. Ouvi-lo através de Visão era ainda mais estranho.

— Sim. – Prisma deu meia volta e retornou pelo caminho que veio, alcançando em poucos minutos o Quinjet que usara para chegar ali.

— O que a senhorita encontrou?

— Resolução. – Prisma respondeu, já acomodada na cadeira do piloto e acionando os motores. Quando estava metros acima da base, pressionou o botão do detonador e viu com prazer o lugar ser reduzido a nada mais que cinzas.

— Resolução? – a voz de FRIDAY agora soava dos alto falantes do Quinjet.

— Sim. Resolução. – Prisma iria acatar a vontade de Tony, mas não significava que gostaria de fazer isto. Também não significava que ela iria fazer da vida dos Vingadores um Inferno, mas também não a tornaria mais fácil.

 

ANTES

 

— Direito de Família? – Prisma sabia que havia um tom de pura incredulidade em sua voz. Porque ela estava incrédula, então não podia evitar. Na sua frente o seu chefe, Rowan Doherty, sócio da Doherty, Lawson e Associados, a olhava com penetrantes olhos negros e sobrancelhas franzidas.

Prisma trabalhava na Doherty, Lawson e Associados desde que saiu de Havard, selecionada dentre tantos colegas de turma para ocupar a disputada vaga que o escritório mais famoso de advocacia de Nova Iorque oferecia naquele ano. Desde então, sob a tutela de Rowan Doherty, Prisma aprendeu muita coisa desta área, fez pós-graduação, mestrado, participou de simpósios, foi advogada assistente de dois grandes casos e há dois anos começou a ser a advogada titular de pequenas causas. Doherty dizia que ela ainda tinha muito que aprender e que, só porque foi escolhida diretamente da faculdade, não significava que ela era boa. Significava que ela tinha potencial para crescer. E Prisma queria crescer, de forma grandiosa e brilhar mais do que uma estrela de primeira grandeza.

Então por que da incredulidade dela?

Porque Doherty a chamou para resolver uma questão de paternidade quando a especialidade de Prisma era Direito Internacional.

— Vivendo e aprendendo, Grey. Vivendo e aprendendo. Você sabe que a nossa firma lida com todas as vertentes do Direito e que não somos especializados em uma área apenas, mas sim em várias. E nunca é bom nos acomordarmos naquilo que sabemos melhor. Sempre é bom expandir horizontes. – mas logo em Direito de Família? Prisma detestava este horizonte em específico. A Doherty, Lawson e Associados era uma firma de advocacia antiga, renomada, no coração de Manhattan, o que significava que a maioria dos seus clientes eram pessoas ricas e importantes. E lidar com problemas de família de pessoas ricas e importantes era um pesadelo. Porque não tinha apenas aqueles envolvidos no assunto, tinha a imprensa, e o público, e mais quem quer que fosse que achava que tinha algum direito de opinar sobre o assunto.

Prisma suspirou. Odiava a tarefa, mas dizer não também não era uma opção. Ela não era uma advogada sênior, ainda faltaria muito para chegar a este patamar. Anos, na verdade. Então, se ela quisesse continuar a subir na carreira teria que trincar os dentes e aceitar aquele caso que, provavelmente, seria estúpido.

Doherty sorriu um sorriso de dentes brancos e perfeitos.

— O caso foi encaminhando para o seu e-mail. Divirta-se!

Prisma pensou que seria pouco provável e deixou a sala de Doherty com o som dos seus saltos ecoando pelo corredor, indo na direção da sala de reuniões onde o seu novo cliente esperava, acessando o seu e-mail pelo celular e lendo rapidamente o resumo do caso. Ao entrar na sala, o que encontrou foi uma jovem elegantemente vestida sentada à mesa com a mesma postura de quem senta em um trono. Os olhos verdes dela estavam fixos na janela que mostrava a vista de Nova Iorque, o cabelo castanho claro preso em um coque na altura do pescoço e quando ela ouviu o som dos saltos de Prisma, inclinou levemente a cabeça na direção da advogada.

— Senhorita LeBlanc? – Liz LeBlanc, foi o que a ficha em seu e-mail informou. Trinta e dois anos, solteira, filha do Senador Howard LeBlanc. Embora provinda de família rica, possuía a sua própria fonte de renda pois era dona de uma rede de joalherias, onde ela própria era a designer das peças que vendia.

Liz ergueu-se de seu assento com a graciosidade de um felino e estendeu uma mão pequena e delicada na direção de Prisma, a cumprimentando. Havia um pequeno sorriso no rosto afilado de Liz. Mas, fora isto, a sua expressão parecia congelada no tempo, como a expressão de uma boneca de porcelana.

Após cumprimentos, ambas sentaram-se à mesa e Prisma reabriu o e-mail sobre o caso.

— Preciso confessar que recebi muito poucas informações sobre o seu caso, srta. LeBlanc. Apenas que se tratava de um caso de paternidade. – Prisma percorreu os olhos brevemente por Liz. Ela usava um vestido que ia dois dedos acima dos joelhos, saltos e uma jaqueta. Todas as peças gritavam: somos de marca e somos caras. A mulher por completo gritava que era uma mulher de berço de ouro e custo de vida elevado.

Liz suspirou e retirou da bolsa um iPhone, o ligou, mexeu em algo nele e depois estendeu o aparelho para Prisma.

Na tela havia um aplicativo de mensagens aberto com uma conversa curiosa. O destinatário da mensagem, cujo o nome era Johnny, havia enviado um texto falando que não queria ser pai, que um filho agora estragaria as suas chances de ingressar na política e que ele também não se achava apto para o cargo e que pagaria a pensão se Liz assim o desejasse. Prisma quase quebrou o telefone. “Se assim Liz desejasse”? Ah, Prisma iria processar o traseiro desse covarde até a última moeda, e faria isto com um sorriso de prazer no rosto.

Exceto por um problema.

— Embora o covarde esteja abdicando de sua responsabilidade paternal, ele ainda sim está disposto a cumprir com a sua responsabilidade legal de prover sustento a criança. – Prisma disse, devolvendo o celular para Liz cujos olhos verdes brilharam de forma perigosa.

— Eu não quero o dinheiro desse babaca. Eu sou rica. Eu sou podre de rica. O que eu quero é esse idiota fora da minha vida. Depois de cinco anos ele vem e me dispensa sem mais nem menos. Dispensa o nosso filho. Eu deveria ter imaginado que isto aconteceria. Johnny nunca sabe o que quer. Um homem feito que não sabe o que quer. Carreira política? Isto é ele cedendo a pressão que os pais dele estão impondo. Daqui a alguns meses ele vai se arrepender e vai dizer que prefere ser surfista profissional no Havaí. Qualquer coisa que remeta a responsabilidade não é com ele.

— Então por que o aturou por cinco anos? – Prisma podia pintar o perfil de LeBlanc apenas em olhá-la. Menina rica, poderia ter se tornado uma nova Paris Hilton, mas não, fez faculdade, montou o próprio negócio, sem a ajuda dos pais, fez nome no mercado, criou a sua fortuna do zero. Havia maturidade nos olhos dela. Havia uma personalidade forte ali. Então por que desperdiçar cinco anos de vida em um relacionamento vazio?

— Ele me fazia rir, e o sexo era bom. E eu tinha a tola esperança, aquela que toda mulher tem, de que eu poderia mudá-lo. – essa tola esperança era foda. O amor era foda. – Cinco anos e uma gravidez depois foi o que eu precisei para cair na real.

Bem, resolver este caso seria fácil, um documento de renúncia de paternidade acabaria com todos os problemas. Exceto o fato de que, tirando os honorários, não haveria mais nada que Prisma pudesse usar para lucrar sobre este caso. Não haveria processo, seria um acordo amigável entre duas pessoas adultas, a Doherty, Lawson e Associados não sairia ganhando muito sobre este cliente.

Liz deu outro pequeno sorriso, como se soubesse exatemente o que se passava na cabeça de Prisma.

— A minha empresa encerrou seu contrato com a firma de advocacia que a representava. Quando os procurei dizendo que queria tirar Johnny da minha vida, eles tentaram me convencer de que não seria uma boa ideia. Uma criança precisa de um pai. É uma firma antiga, o dono é amigo do meu pai, que é conservador como o mesmo. – Liz rolou os olhos. Ah sim, o Senador LeBlanc era conservador e Liz, aparentemente, não cresceu com as mesmas ideias que o pai. – Você nem ao menos piscou quando eu disse que queria encerrar qualquer relacionamento com Johnny e mantê-lo longe da minha vida e da vida do meu filho. Cristais LeBlanc estão precisando de um novo representante legal.

E foi assim que Prisma conseguiu uma renúncia de paternidade e um novo cliente ao mesmo tempo. Direito de Família não parecia ser tão ruim assim.

 

AGORA

 

Através do vidro o quarto parecia tão impessoal. Branco, com maquinários de mesma cor, cama branca, lençóis brancos, até o homem sobre a cama tinha a pele praticamente da mesma cor que o ambiente a sua volta. Pálido, tão pálido. Prisma nunca o tinha visto desta maneira, nem mesmo em seus piores momentos. A porta automática abriu com um sibilo, o médico deixou o quarto e caminhou até Prisma, postando-se ao seu lado e observando da mesma forma que ela observava o paciente.

— Como ele está? – Prisma perguntou e Will suspirou.

— Estável. – era o que ele dizia no último mês desde que foi trazido pela própria Prisma para as profundezas da Torre Stark, onde um hospital de última geração foi reativado às pressas para monitorar a saúde de Tony.

O infarto não havia sido uma surpresa. O coração de Tony não era mais o mesmo desde o Afeganistão e depois da cirurgia que retirou os estilhaços os médicos avisaram que mesmo sem ter mais o perigo eminente do órgão ser estraçalhado, ainda sim o mesmo estava fragilizado pelos anos de abuso, mas que com cuidado, dieta, exercícios e ausência de estresse (como se o último caso fosse possível) Tony teria longos anos pela frente.

Mas então veio Ultron, e, depois deste, um alerta dos médicos sobre a situação da saúde de Tony, ainda mais que este causou um pequeno susto em todos. Exames de rotina detectaram uma isquemia. Essa foi uma das causas de Tony ter deixado os Vingadores. E a decisão permaneceria se não tivesse surgido o Tratado de Sokovia.

Prisma conhecia Tony Stark por toda a sua vida. A história deles era complicada e regada de momentos de proximidade e afastamento. Tony teve poucos amigos, na verdade, estes ele podia contar em uma única mão: Pepper, Happy, Rhodes e Joana. Joana e Rhodes são amigos que vieram desde a época do MIT. Pepper e Happy, alguns anos depois. Joana, que sempre teve instintos maternos exacerbados, não pôde deixar de se encantar com aquele jovem gênio cheio de atitude, baixa autoestima e com problemas paternos que dariam para preencher livros e mais livros de Psicologia.

Joana que, em um momento louco, convidou Tony Stark para ser padrinho de sua filha.

O mesmo Tony que tornou-se o responsável legal por Prisma quando esta ficou órfã aos dezesseis anos.

Mas por que Tony e não o sr. Grey? Bem, não havia um sr. Grey na vida de Joana. Apenas Joana e Prisma Grey. O pai de Prisma, tecnicamente, era desconhecido. Mas isto era outro assunto.

Como mencionado antes, a relação de Prisma e Tony era complicada. Tony não era muito paternal, não se tinha como exemplo no assunto Howard Stark, mas ainda sim era superprotetor. E paranoico. Tony escondeu a existência de Prisma tão bem que ninguém além de James Rhodes sabia que ela era a sua afilhada e uma herdeira das Indústrias Stark, nem mesmo Obadiah que foi sócio e confidente de Tony por anos e que, com certeza, teria uma grande surpresa se tivesse sido bem sucedido em seu motim.

— Algum progresso? – Will perguntou, desviando o olhar do paciente no quarto para Prisma ao seu lado.

— Ainda o estou procurando. – quando Tony infartou, e logo após teve um AVC e foi posto em coma, Pepper Potts correu contra o tempo, moveu mundos e fundos para manter o incidente longe do conhecimento do público. Por isso de ele estar no antigo hospital que serviu aos Vingadores quando estes moraram na Torre. Por isto que ela chamou Prisma.

 

ANTES

 

Prisma não esperava ver Pepper Potts na sala do sr. Doherty quando foi chamada por este para uma reunião. Ela esperava mais um caso cabeludo, ou ousado, ou, no mínimo, excêntrico. Doherty gostava de manter os seus advogados afiados os tirando de sua zona de conforto. Por isso do caso de LeBlanc que ele a entregou na última vez em que se encontraram e por isso que ver Pepper em toda sua elegância ruiva, sentada no sofá da sala do sr. Doherty e aceitando uma xícara de chá deste não era bem o que estava na sua agenda para aquela dia.

— Ah, Grey. Creio que você conhece Virginia Potts. – pelo tom do sr. Doherty não dava para saber se ele dizia isto porque Pepper era mundialmente conhecida por ser a CEO das Indústrias Stark, ou porque ele sabia que ela conhecia Pepper desde que esta tornou-se a assistente pessoal de Tony Stark.

Mesmo assim, Prisma resolveu agir baseada na primeira suposição e caminhou até Pepper, lhe estendendo a mão em um cumprimento formal.

— Srta. Potts. – disse em um tom de indiferença e Pepper sorriu daquela forma que sabia exatamente o que Prisma estava fazendo.

Prisma achava uma pena que a relação de Pepper e Tony estivesse terminada, pois a ruiva era a mulher ideal para Tony Stark. Pena que ela não pensava o mesmo. Pepper deu várias desculpas, que ela soube através de Tony, sobre a razão do fim do relacionamento. Muitas delas envolviam “eu te amo Tony, mas não consigo vê-lo arriscando-se dia sim e dia não desta maneira, mesmo que seja por uma ótima causa. Sou egoísta demais para dividi-lo com o mundo”. Essa era a desculpa padrão, mas Prisma sabia que Pepper não era egoísta. Ela tinha medo. Medo de sofrer como qualquer outro ser humano. Pepper amava Tony e tinha pavor em perdê-lo, por isso preferia manter uma distância impessoal do que permanecer ao lado dele e apegar-se a um ponto que, se algo acontecesse a Tony, ela morreria junto com ele.

Mas Tony não via isto. Tony apenas via que ele era inadequado, que ele não era bom o suficiente para Pepper, que ele tinha que arrumar uma maneira de ser bom o suficiente para Pepper. Porque os problemas dele tinham problemas e a autoestima dele era baixa demais para fazê-lo enxergar que o problema não era ele, era ela.

Pepper recebeu o cumprimento com o mesmo ar formal que Prisma empregava.

— Bem, as deixarei conversar. – Doherty declarou e deixou a sala, para a estranheza de Prisma. Pepper, caso fosse um cliente em potencial, seria considerada uma cliente nível alfa: importante demais para ser entregue nas mãos de uma advogada jovem como ela. Importante para ser lidado apenas pelo sr. Doherty. Então, por que este deixou a sala?

Pepper, que ainda segurava a mão de Prisma, a puxou delicadamente na direção do sofá e fez a mulher mais nova sentar-se de frente para ela. Agora que estava perto o suficiente, Prisma podia ver que Pepper parecia mais pálida que o normal, que a maquiagem não conseguia esconder o suficiente as olheiras e que os olhos claros estavam vermelhos e que ela tremia levemente.

— Pepper? – isto não era bom. Nada bom. Nada abalava Pepper Potts e, quando abalava, tinha apenas um nome: Tony Stark.

Pepper soluçou, inspirou profundamente uma, duas, três vezes, e com as sobrancelhas franzidas e expressão resoluta, mirou Prisma bem dentro de seus olhos castanhos e começou a falar.

Falou sobre o infarto seguido de AVC que Tony sofreu. Como que, com muito custo, ela conseguiu esconder isto do público e como que, agora, Tony encontrava-se em coma na área hospitalar da Torre Stark. Uma área que foi construída para atender a necessidade dos Vingadores quando esses estavam baseados no prédio, que foi fechada e agora reaberta para abrigar e proteger Tony dos abutres que eram o público e a mídia, ainda mais que a dita Guerra Civil ainda era recente, que o Tratado de Sokovia ainda vigorava e era discutido avidamente pelas Nações Unidas e que mais países estavam aderindo a esse.

— Pepper? Pepper! – Prisma chamou, a interrompendo, porque no meio do relato Pepper começou a chorar e a soluçar, a tremer e a perder o fôlego. – Respira, respira. – Prisma sentia-se desconectada da realidade. Tony estava em coma. O homem que, por mais controverso, exêntrico que fosse, foi a figura paterna mais constante em sua vida. Tony a entendia, Tony respeitava as suas exentricidades assim como ela respeitava as dele. Tony que, após a morte de sua mãe, era uma das coisas mais próximas de família que ela tinha.

Pepper respirou várias vezes, por minutos ficou soluçando, com lágrimas silenciosas descendo por suas bochechas pálidas, e Prisma esperou pacientemente que ela recuperasse a compostura. Era estranho que, mesmo depois de ouvir tudo o que ouviu, ela não estivesse com vontade de chorar. Era como se Pepper fosse apenas mais uma cliente que ela desconhecia, contando o seu caso triste. Não havia envolvimento emocional porque Pepper era uma cliente, Prisma percebia isto agora, ela não estava ali somente para lhe contar o que aconteceu com Tony pois parte do que ela relatou Prisma já tinha ciência por causa do que viu na mídia. O Tratado de Sokovia, o atentado em Viena, a deserção do Capitão América, isto era tudo o que a mídia comentava no momento. Pepper estava ali por outra razão.

— O que você quer de mim, Pepper? – a CEO inspirou mais uma vez, até recuperar completamente o controle.

— Tony não escreveu o Tratado, mas isto não significa que esse não é o bebê dele. O mundo teme os Vingadores, mas precisa deles. Mas se os Vingadores querem existir, eles precisam respeitar a vontade do mundo. Tony via isto e, embora o Tratado não seja perfeito, ele achou que o assinando agora conseguiria mudá-lo gradualmente a sua vontade, até este estar de acordo com ambas as partes que o servia. A ONU e os Vingadores. Mas...

— Mas o Capitão América aconteceu.

— Eu não sei o que aconteceu... Só sei que, quando Tony foi posto em coma, FRIDAY me enviou uma mensagem... Era como se Tony soubesse que isto iria acontecer.

— Mensagem? – Pepper recolheu o celular da bolsa e ativou algo neste. Logo a voz de Tony ecoou pela sala vazia:

— Pepper, se você está ouvindo esta mensagem é porque ou o pior aconteceu, ou porque eu não estou apto a fazer nada no momento. Procure por Prisma, a contrate, e peça para ela ajudar com o Tratado. As instruções do que fazer estão com FRIDAY, que irá repassar para ela. – a mensagem terminou e Pepper guardou o celular.

— O que exatamente Tony quer que eu faça em relação ao Tratado? – o Tratado de Sokovia era um documento internacional o que, tecnicamente, era a especialidade dela. Mas Tony queria que ela fizesse o quê? Tentasse revogá-lo (o que seria praticamente impossível), alterá-lo, anulá-lo, o quê?

— Apenas FRIDAY tem essas diretrizes e está instruída a passá-las somente se você aceitar o caso.

— O meu chefe sabe que as Indústrias Stark estão me contratando? Porque vai soar meio suspeito, visto que vocês têm o seu próprio Departamento Legal. – Pepper deu um meio sorriso para Prisma.

— Rowan Doherty não estaria aqui hoje se não fosse pelas Indústrias Stark. Ele nos deve, e agora estamos cobrando o favor. – e seria um baita favor. Um que Prisma nem sabia por onde começar.

 

ANTES

 

Quando JARVIS era ativo, as diretrizes dele consistiam em servir e proteger Anthony Edward Stark.

Quando Prisma ficou orfã e sob a guarda de Tony, ela descobriu que JARVIS tinha uma segunda diretriz: servir e proteger Prisma Elizabeth Grey. Se Prisma tivesse descoberto isto antes, teria feito miséria deste tipo de poder em suas mãos.

Quando JARVIS deixou de existir e FRIDAY ocupou o seu lugar, Prisma pensou que as diretrizes do antigo AI não haviam sido repassadas para FRIDAY. Ela sabia que Tony criou a nova AI com tantos protocolos de segurança, depois do fiasco que foi Ultron, que FRIDAY poderia ser considerada uma criança em crescente aprendizado em comparação ao que foi JARVIS. Então foi com surpresa que, ao chegar na Torre Stark, assim que a sua retina foi escaneada para dentro do sistema, acionando o elevador, a voz de FRIDAY soou no mesmo.

— Bem vida a Torre Stark. Reconhecendo: Prisma E. Grey. Diretriz dois. Protocolo de segurança ativado. Na ausência de Anthony E. Stark, a matriz FRIDAY deve responder a Prisma E. Grey.

— Como é? – Prisma piscou bestamente para o monitor que mostrava os andares passando de dez em dez segundos.

— Você é a nova chefe agora srta. Grey. Ao menos enquanto o chefe estiver em coma. – o elevador parou e suas portas abriram-se diretamente para a oficina de Tony.

— FRIDAY?

— Considerando a razão de sua vinda, pensei que gostaria logo de começar o trabalho.

— Sim... Mas achei que seria disponibilizado para mim um escritório, não a oficina de Tony.

— O chefe deixou uma mensagem para você, cujo protocolo de segurança da Torre informa que deve ser transmitida somente dentro da oficina. – claro, porque aquele lugar deveria ter o sistema de segurança de uns vinte RAFT. Prisma largou a sua bolsa de viagem sobre uma cadeira vazia, acariciou DUM-E que bipou alegremente ao vê-la e sentou e um banco de três pés, o mesmo que Tony deveria usar para ficar horas a fio debruçado sobre a mesa criando coisas incríveis para o mundo.

— Pode rodar FRIDAY. – o rosto de Tony surgiu em um holograma na frente de Prisma.

— Prisma, se você está recebendo esta mensagem, sabe que estamos com problemas. Ou eu estou morto, ou preso no RAFT. – então essa era a outra situação que Tony mencionou, sobre não estar fisicamente disponível.

Ele não previu um infarto, ele previu uma prisão.

— O Tratado é uma furada, mas uma furada necessária. Os Vingadores não podem se achar acima da vontade do povo. Quando estávamos sob o controle da SHIELD, ao menos as pessoas sentiam-se relativamente seguras. A SHIELD era um órgão independente, mas ainda sim respondia ao Conselho de Segurança Mundial, que arcava com as consequências. A queda da SHIELD e a revelação de que esta foi infiltrada pela HIDRA foi o primeiro soco que desestabilizou a confiança de todos sobre nós. A nossa popularidade estava em alta. Destruímos Nova Iorque, mas éramos novos no assunto, então foi um erro perdoável. No momento que continuamos destruindo e destruindo, nossos erros não eram mais tão perdoáveis assim. O Tratado é válido, mas fraco. Ele protege o povo, mas não protege os Vingadores ou qualquer herói que tente ajudar. Parece que esses países esqueceram que, com a exceção de Thor, nós somos humanos também, somos pertencentes a este planeta e, portanto, precisamos ser considerados tanto algozes como também vítimas. O que eu vou te pedir não vai ser fácil, porque nem para mim é fácil. E não será para você porque eu te conheço. Você vai querer saber cada detalhe, todos os pormenores, do que estará enfrentando. Porque isto é uma batalha. Não, é uma guerra. E é por isso que eu pedi a sua ajuda, porque de guerra, você entende. FRIDAY irá lhe fornecer todas as informações que você solicitar, todas que forem relevantes para este caso. Peço que, mesmo de posse dessas informações, as analise de forma distante e didática, como uma advogada. Desprenda-se emocionalmente porque eu sei que você vai querer socar alguém depois do que vier a descobrir.

Isto não estava soando bom para Prisma. Se Tony sabia que ela iria querer socar alguém, por que estava pedindo isto a ela?

— Eu quero que você acerte o Tratado. Nos servidores de FRIDAY há uma lista de heróis atuantes nos EUA. A lista é pequena, mas eles são o que possuem maior atividade nos últimos seis meses. Os procure, os consulte, porque este Tratado também irá abrangê-los. A ONU está pensando a níveis mundiais, mas há aqueles que querem apenas ajudar a sua comunidade. Eles também precisam estar garantidos. Quero que você traga os Vingadores para casa, todos eles, porque precisaremos deles mais cedo ou mais tarde. – Tony pausou, desviou o olhar e Prisma sabia que isto era um indício de que a próxima requisição seria algo extremamente difícil para ele. – Preciso que você consiga a anistia de James Buchanan Barnes. – como é? Até mesmo para falar Tony parecia estar engasgando nas palavras. Por que Prisma iria querer fazer isto?

Mesmo que o bombardeio de Viena não tenha sido ele, o Soldado Invernal tinha uma lista de crimes de mais de setenta anos. Isso daí não era uma coisa fácil de ser anistiada.

Tony deu um sorriso para a câmera.

— E se não for pedir muito, se eu estiver no RAFT, me tire de lá. – Prisma riu. – Mas só depois de tirar Ross do Departamento de Segurança. – a segunda parte foi dita com uma expressão séria. – Tudo o que você precisa para conseguir este feito está com a FRIDAY. – havia um sorriso de triunfo no rosto de Tony. – Eu mesmo queria ter feito isto mas, como você vê, não deu. – Tony suspirou, havia um ar de cansaço o rodeando, assim como um olhar derrotado. – Boa sorte Prisma. – o holograma desapareceu.

Prisma quis bater com a testa na mesa na sua frente. Tony estava pedindo o mundo, e ela não tinha certeza se conseguiria lhe dar nem ao menos metade deste. Mas tentaria. Até o seu último suspiro, tentaria. Mas antes teria que traçar prioridades.

— FRIDAY, me ligue com William Solace no Lenox Hill.

 

AGORA

 

— Eu não quero te pressionar nem nada. – Will voltou a atenção para Tony, além do vidro de observação. – Mas quanto mais o tempo passa, mais o estado dele deteriora. Os remédios ajudam, mas precisamos reverter o caso antes que ocorra outro incidente.

— Pensei que o fato de estar o mantendo em coma fosse para evitar incidentes. – Will suspirou. Receber a ligação de Prisma, após um dia cansativo de trabalho no Lenox Hill, havia sido uma grande surpresa. Ambos não foram muito próximos em sua época de infância e adolescência. Na verdade, Prisma sempre o intimidou um pouco. Era bonita demais para ser filha de quem era, mas quando chegavam as horas dos treinos, Will era dolorosamente lembrado de quem ela era filha.

Havia uma aura selvagem que rodeava Prisma, contida pela força de vontade dela de parecer normal. Os olhos castanhos possuíam um brilho de sabedoria, loucura e divertimento, os seus movimentos eram graciosos, mas letais. E quando trajava a sua armadura de advogada: saias de grife, camisas de seda, saltos meia pata, cabelo escuro cuidadosamente penteado e preso, maquiagem perfeitamente aplicada, ela era mais assustadora do que se estivesse empunhando as suas tradicionais espadas gêmeas e escudo.

Então, quando Will foi contatado por ela, achou estar alucinando.

— Eu estou oferecendo a maior oportunidade de sua carreira. – ela disse antes que ele pudesse abrir a boca para questionar o motivo da ligação. – Com um pagamento bem melhor do que o salário mísero que você recebe no Lenox Hill. – Will era movido a curiosidade, sempre foi. Se não fosse, jamais teria chegado perto de Nico, ou estaria se relacionando com ele. Então ele aceitou a proposta de Prisma sem saber direito do que se tratava, deixou-se ser levado para a Torre Stark e assinar um contrato de sigilo antes de ser finalmente informado do porquê ele estar ali.

Will era bom, mas ele não podia operar milagres.

O coração de Tony Stark estava severamente deteriorado. O homem precisaria de um coração novo e a fila de espera era bem longa. E mesmo com o coração novo, o AVC deixaria sequelas irreversíveis. Tony Stark não seria mais o mesmo depois que acordasse de seu coma induzido. Mas uma coisa, após ler e reler todo o histórico médico do homem, chamou a atenção de Will.

— O que é Extremis? – ele perguntou em uma reunião com Pepper e Prisma para poder explicar a elas a extensão dos danos no sistema de Stark. As duas mulheres trocaram olhares e Prisma assentiu para Pepper. Aparentemente aquilo foi uma indicação de que Will era confiável com esta informação. Dois minutos depois, na pasta do servidor que ele usava para anotar o progresso do tratamentos que estava aplicando em Stark, Will percebeu que havia um novo arquivo chamado “extremis.doc”.

Era um arquivo de mais de trezentas páginas que relatava passo a passo o que era a pesquisa Extremis. Por que ela não foi aplicada ao mercado, e havia notas de rodapé sobre como a dita pesquisa foi a causa da confusão com o Mandarim.

— Isto pode funcionar! – Will declarou depois de uma noite em claro lendo tudo o que pôde ler sobre o Extremis. – O “vírus” pode restaurar o coração e o cérebro de Stark. Provavelmente até mesmo outros órgãos danificados com o tempo. Porque vamos confessar, o fígado dele não parece lá dos melhores.

— Acha que não pensamos nisto? – Prisma o interrompeu. – Tony conseguiu estabilizar o Extremis na Pepper, mas se ela ficar irritada, ainda pode queimar algumas coisas, mas de forma controlada. Só que Pepper é a pessoa mais zen que existe, Tony não.

— Mas e se for temporário?

— O quê?

— Como eu falei, um “vírus”. O Extremis pode ser injetado em Tony, em um período calculado, fazer o seu trabalho e então ser expelido pelo próprio sistema de Tony.

— O meu nível de conhecimento em Biologia é fraco, mas pelo que eu lembro, coisas somente são “expelidas” do nosso organismo quando este rejeita o objeto estranho dentro dele. E o efeito colateral deste processo nem sempre é agradável e, portanto, pode ser mais prejudicial do que realmente ajudar.

— Sim, mas podemos fazer de modo que o organismo reconheça o Extremis como parte de si e após absorvê-lo, desfaça-se das impurezas restantes como se desfaz de qualquer outro tipo de enzima não mais necessária.

— Will... Eu te trouxe aqui porque você é um especialista em tratamento intensivo, principalmente em relação a doenças crônicas, que é o caso de Tony. Não sabia que você era bom em genética e mutação.

— Eu posso aprender. – e Prisma não duvidava disto, mas ele precisaria de ajuda e ela sabia quem poderia ajudá-lo. O problema é que convencer Helen Cho a ajudar foi fácil, difícil estava sendo encontrar Bruce Banner. O cientista fugiu usando tecnologia Stark e esta era tão boa que nem mesmo a própria conseguia se encontrar.

 

ANTES

 

Tony tinha razão: Prisma queria socar alguma coisa. De preferência, os dentes do Capitão América.

Steve Rogers era um idiota. Um imbecil, um mimadinho sem noção, e a lista ia piorando a cada informação obtida, a cada vídeo de segurança que FRIDAY disponibilizava para Prisma, a cada conversa gravada entre Tony e Rogers, nas instalações dos Vingadores, apenas confirmavam para ela que Capitão América era um estúpido. Conversas e vídeos também foram gravados pela armadura do Homem de Ferro durante as batalhas, fora todos os dados que Tony disponibilizou sobre Zemo e a Siberia.

E após ver, rever e ver de novo tudo, incluindo o pavoroso vídeo da morte de Maria e Howard Stark, Prisma chegou a uma única conclusão:

Steve Rogers era um cretino mentiroso.

Tudo o que ele fez foi agir como uma criança imatura que não gostou da ideia de levar um não na cara. E, convenhamos, era isto que Rogers era. Veja o histórico dele:

Rogers violou a lei, CINCO vezes, para alistar-se no Exército e só não foi preso por pena e por sorte. Depois, ele violou ordens diretas e foi atrás do pelotão de Barnes no meio de uma zona de guerra. Se Prisma não estava enganada, isto categorizava-se como deserção. E Rogers foi punido? Não, ele foi enaltecido, promovido de soldado raso a capitão. Rogers foi literalmente promovido! A patente não era apenas figurativa, ela era oficial.

Rogers ficou famoso por seu caráter, por ser o sujeito que queria se alistar porque não gostava de bullying. Rogers também tinha um curioso histórico, que foi convenientemente escondido pelo Exército, criminal. Arruaça, briga de rua, baderna. Fora o histórico médico. Prisma podia imaginá-lo pequeno, doente, fraco, o centro das atenções de uma mãe zelosa e trabalhadora. O pequeno protegido do melhor amigo. Steve Rogers era mimado e sem noção.

E jovem, absurdamente jovem.

Rogers não passou nem um ano em campo de batalha antes de afundar no Ártico com aquele avião. Ele não era um combatente experiente, ele não teve um treinamento completo. Ele seguia os instintos e teve sorte desses funcionarem. E era jovem, extremamente jovem. Tirando os anos congelado, Rogers mentalmente tinha apenas 26 anos, dois a menos que Prisma. Desde quando um homem de 26 anos sabe o que está fazendo da vida? E as pessoas o seguiam. As pessoas estupidamente o seguiam.

Menos Tony.

Rogers achava que Tony não o seguia cegamente porque era volátil e gostava de contrariar. Tony tinha 20 anos a mais de experiência de vida sobre Rogers, portanto era absurdo que ele considerasse que tudo que saía da boca do Capitão fosse sagrado e passível de aceitação. Tudo bem que Tony era inseguro, imaturo às vezes, rebelde em muitos casos, mas vinte anos de acertos e erros contavam mais do que o fato de que Rogers foi injetado com uma substância duvidosa, passou por um banho artificial de raios vita e então foi considerado perfeito em todos os sentidos. Ao menos fisicamente.

Mentalmente era outra história.

A SHIELD afundou, mas antes disto ter acontecido Tony conseguiu surrupiar alguns arquivos bem interessantes. Arquivos que não foram expostos pela Viúva Negra (outra que Prisma queria socar) durante a queda da SHIELD.

Rogers não foi liberado para serviço.

A psiquiatra da SHIELD declarou que Rogers precisaria passar por um sério tratamento pois sofria de estresse pós-traumático. O homem se matou, por uma grande causa, é claro, apenas para acordar 70 anos depois, descobrir que não morreu, mas todos que ele conhecia sim, acordar em um mundo que não era o seu e não ter nem ao menos tempo de adaptar-se antes de ser arremessado em campo de batalha de novo.

Nick Fury, obviamente, ignorou a psiquiatra, escondeu (muito mal, diga-se de passagem) essa avaliação e meteu Rogers em campo como se este estivesse perfeitamente saudável. E depois vinha reclamar de Tony? Hipocrisia, hipocrisia.

Tony, outro que Prisma queria socar.

Tony queria que ela conseguisse anistia para Barnes. O mesmo Barnes que matou Howard e Maria. Sim, logicamente não era culpa do homem, ele era apenas a arma, quem puxou o gatilho foi a HIDRA, mas Prisma conhecia Tony o suficiente para saber que o homem não fazia isto porque tinha esta mesma linha de pensamento que ela. Ele fazia isto por razões que somente ele poderia explicar. FRIDAY gravou toda a luta entre Barnes, Rogers e o Homem de Ferro na Siberia, até o momento em que o display do capacete da armadura foi desativado. Gravou a indagação de Tony e a negação de Steve até o momento em que o Capitão percebeu que não podia mentir mais.

Hipócrita! Capitão América era um hipócrita. Ele exigia a verdade, nada mais que a verdade, de todos ao seu redor, mas mentia para todos conforme a sua conveniência. E FRIDAY também mostrou para Prisma a armadura que Tony usou naquele dia. A armadura em frangalhos e com o reator destruído. E o estrago que havia no reator, no peito da armadura, era claro, era em um formato transversal, lembrando uma suave meia lua, no formato do escudo largado ao canto da oficina e com respingos de sangue. Capitão América cravou o escudo com força o suficiente no peito de Tony para desativar o reator arc.

O mesmo reator que não fazia nem pouco tempo era o que mantinha Tony vivo.

Prisma contou até dez, quando isto não adiantou, contou até vinte. A contagem de vinte não adiantou também. Então, ela tomou o caminho da academia que havia andares abaixo e socou por duas horas um saco de areia. Isto sim adiantou.

Quando retornou para a oficina, que ironicamente virou o seu escritório, ela começou a planejar o que fazer. Queria esmagar cada Vingador sob a sola dos seus merecidamente conquistados Jimmy Choo, mas Tony pedira um favor e ela iria atendê-lo, mesmo que o que quisesse era deixar os Vingadores apodrecendo em qualquer buraco em que eles se enfiaram.

Mas antes, ela teria que lidar com Ross, e sabia exatamente como fazê-lo.

 

AGORA

 

Prisma tinha a certeza que se Thaddeus Ross continuasse a bufar daquele jeito e ficasse mais vermelho, ele iria estourar uma veia.

O que Pepper havia feito não foi contratar somente Prisma, mas contratar a Doherty, Lawson e Associados como firma oficial que iria advogar em nome dos Vingadores sobre o Tratado. Se Pepper usasse o Departamento Legal das Indústrias Stark para isto, ocorreria um conflito de interesses. Tony Stark, a pessoa física, era um Vingador, Tony Stark, a pessoa jurídica, não tinha nenhuma relação com os Vingadores exceto a de oferecer patrocínio a iniciativa, como outras empresas faziam. Misturar ambos causaria problemas. Mas Tony Stark, como Vingador, poderia contratar advogados para defender o grupo. Doherty, Lawson e Associados foi a firma escolhida. Prisma Grey a advogada exigida por Pepper para exercer esta representação.

E, como advogada dos Vingadores, Prisma poderia processar quem ela bem entendesse no nome desses.

Incluindo Thaddeus Ross, por violação de direitos, por prisão preventiva sem o devido mandado judicial, violação de tratados internacionais, tortura e ameaça.

Ross prendeu os Vingadores sem ler os seus direitos, sem autorização judicial, em solo internacional, manteve Wanda sob uma camisa de força e inibidores que prejudicaram a sua saúde, o que podia ser considerado como tortura, e ameaçou a segurança daqueles associados aos Vingadores caso esses não cooperassem. Prisma tinha vídeos, gravações de áudio de interrogatórios e outros documentos incriminadores que corroboravam o seu caso. E caso o Congresso não aceitasse as suas acusações, ela teria uma conversa privada com Ross e garantiria que ele tirasse o corpo fora deste jogo se não quisesse ser arruinado pelo resto da vida.

Thaddeus Ross era uma cobra venenosa, mas Tony dissera que a chamou porque o que ela enfrentaria pela frente seria uma guerra. E que de guerra, ela entendia. Muito mais do que Ross.

— Como os senhores podem ver. – Prisma apontou para a televisão presente no salão. Esta mostrava imagens das câmeras de segurança do aeroporto de Leipzig, momentos depois da fuga de Barnes e Rogers, e justamente quando Ross e a sua força chegaram para apreender os outros Vingadores. A equipe médica já encontrava-se no local e Tony estava preocupado demais em acompanhar Rhodes para perceber o que acontecia a sua volta. – Não consta, entre os homens acompanhando o Secretário Ross, nenhum representante da força policial alemã. Entretanto... – Prisma remexeu nas pastas sobre a mesa que usava, retirando de uma delas uma folha e entregando ao presidente do comitê.

Destituir um Secretário de Defesa não era fácil. Precisava-se de aprovação do Congresso para assim o processo ser passado para as mãos da Justiça, e Ross tinha tanta gente com o rabo preso a ele lá dentro que conseguir a aprovação seria um trabalho de Hércules. Contudo, embora Ross tivesse gente com o rabo preso, também tinha muita gente que queria chutá-lo dali. Prisma estava dando a esses poucos a oportunidade de livrar-se daquela praga.

Ela poderia processar Ross no âmbito civil, mas ela não queria apenas uma condenação que poderia ser relevada pela posição que ele possuía e pelos anos de serviço prestado as forças armadas. Ela queria Ross arruinado politicamente de forma que o seu nome não fosse nem ao menos mencionado nos becos escuros da Casa Branca. Então, o Congresso era a única opção dela.

— A lista que está nas mãos do senhor são os nomes de todos os oficiais que acompanharam o Secretário Ross nesta prisão. Oficiais ativos e que servem como guardas carcerários no RAFT. – Prisma retornou a mesa e recolheu algumas pastas. – Curiosamente, homens e mulheres dispensados das forças armadas por estarem mentalmente inadequados ao serviço. Sargento Oliver Brown, dispensando após três incursões no Afeganistão. O psiquiatra que o avaliou informou que o sargento sofre de estresse pós-traumático, o que o faz ter surtos de agressvidade e severa disassociação emocional, beirando a sociopatia. Um homem assim guardando uma prisão. Hum... nada bom.

Ross estava soltando fumaça pelas orelhas, Prisma podia ver pelo canto de olho, o que a fazia querer rir.

— Tenente Lila Havenfort. Sofre de terrores noturnos e psicose.

— Senhor Senador, Presidente do Comitê. – o advogado de defesa de Ross interrompeu quando Prisma estava prestes a entregar a terceira pasta ao dito presidente. – Levando em consideração que isto são avaliações psiquiátricas, creio que houve uma severa violação do sigilo médico-paciente aqui. – Ross sorriu triunfante e Prisma apenas piscou repetidamente os seus longos cílios, como se não entendesse aonde o colega advogado queria chegar.

— Devido a extrema gravidade dos distúrbios desses soldados, os psiquiatras que os avaliram são legalmente obrigados a colocá-los sob alerta preventivo. – Prisma disse em tom calmo. – Caro colega, o senhor conhece esta lista? Caso não, deixe-me explicar. É uma lista de acesso pela Justiça para verificação caso algum ex-militar seja apreendido após cometer algum crime de natureza psicoemocional. Estresse pós-traumático é considerado algo sério nos dias de hoje e a nossa cultura machista e opressora faz com que muitos desses homens e mulheres que serviram o nosso país, ao invés de prosseguirem com o tratamento após a avaliação inicial, desistam do mesmo com vergonha de serem taxados de malucos. A lista é para a Justiça saber que o crime cometido pode ter sido por causa dessa ausência de tratamento, não porque é pessoa é amoral. Obter a lista de funcionários do RAFT não foi ilegal. Esta é disponibilizada para o público, já que a prisão em si foi constituída legalmente.

O RAFT foi criado após Nova Iorque, criado para apreender superhumanos, inumanos e afins. Loki foi levado de volta a Asgard para ser julgado e aprisionado lá, mas e se surgisse outros Lokis que não tivessem uma Asgard para prendê-los? Havia o RAFT. Outra razão na lista que Prisma entregou ao Congresso do porquê a prisão dos Vingadores ter sido ilegal. Com exceção de Wanda, todos os outros eram humanos normais cuja única coisa que possuíam era um equipamento maneiro e treinamento tático militar. Eram dignos de prisão comum, não o RAFT.

— E as informações militares sobre os funcionários que servem no RAFT também são dispobilizadas para o público. O acesso a lista me foi concedido por um juiz. Se o sr. Presidente do Comitê desejar, eu possuo a autorização aqui. – o senador que exercia a função de presidente daquele comitê fez uma negativa com a mão, indicando que não era necessário a cópia da autorização judicial. – Outra curiosidade é que a prisão é de caráter civil, criada para conter civis, então por que há militares trabalhando nela? Mais, militares que foram considerados inaptos ao serviço?

Agora Ross tinha cara de quem queria que um buraco se abrisse e o engolisse enquanto Prisma permaneceu com uma expressão de pura inocência no rosto, embora quisesse sorrir cruelmente para o Secretário e dizer: você é bom, mas eu sou mais.

 

ANTES

 

— Posso contar nos dedos de uma mão as vezes em que você me pediu favores. – Clarisse ergeu o punho fechado. – Nenhuma. Essas foram as vezes. Quem era mesmo que dizia que dever aos outros é sinal de ruína? – ela riu daquela maneira que sempre fazia Prisma querer socar os dentes para fora da boca dela.

Clarisse era rude, era cruel, era estupidamente leal, era uma guerreira em todos os sentidos. Era a queridinha do pai delas. E também era a sua irmã favorita. E, convenientemente, era uma tenente do Exército Americano.

— Thaddeus Ross. – Prisma disse sem preambulos enquanto os seus olhos sempre atentos percorriam pelo ambiente ao seu redor. Para as pessoas que passavam na rua, para os funcionários daquele Starbucks, para os outros clientes do estabelecimento, para Clarisse que sorria.

— Há três rotas de fuga aqui. Pretende ser atacada em algum momento? Pensei que ao escolher o Direito você havia desistido do campo de batalha. – Clarisse era a queridinha do pai delas, enquanto Prisma era a decepção. Uma guerreira nata, o deus havia berrado nos ouvidos dela quando soube dos planos de Prisma, poderia ser uma Amazona, ele continuou, poderia ser a rainha delas, mas preferiu a vida mundana e mortal. Nem ao menos servir ao país como um militar ela escolheu servir.

— Thaddeus Ross. – Prisma repetiu e Clarisse rolou os olhos.

— O que tem ele?

— Quero afundá-lo tanto na lama que ele jamais conseguirá se reerguer. – Clarisse arregalou os olhos, surpresa.

— Não é a toa que você está procurando por rotas de fuga. Vai precisar, se pretende enfrentar Ross.

— Tenho podres contra ele, razões legais para processá-lo e convencer o Congresso a destituí-lo. Mas eu quero arrancar esta erva daninha pela raiz e fazê-lo de exemplo para as outras que pensarem em crescer no seu lugar.

— Adoro quando você ataca diretamente na jugular. – Clarisse debochou e Prisma sorriu por detrás da borda de seu copo de café. – Mas vir a mim foi inutilidade. Saio para incursão na próxima semana, e mesmo que não estivesse indo, eu sou boa em batalhas, não em espionagem. Isto requer paciência, coisa que eu não tenho.

— Eu sei. Mas não foi exatamente eu que casei com o filho de um ladrão. – Prisma sorriu de novo e Clarisse rolou os olhos.

— Isto é por causa do Chris.

— Soube que ele tem grandes habilidades em conseguir as informações que quer e hackear as que não consegue obter diretamente da fonte. Tentou quebrar cinco vezes o sistema de segurança das Indústrias Stark. A última foi exatamente semana passada. Me diz, o que Rodriguez pode querer com as Indústrias Stark? – a postura relaxada de Clarisse mudou bruscamente, isto porque ela reconhecia em Prisma o tom de ameaça imbutido em uma pergunta aparentemente inofensiva.

— Chris é fã dos Vingadores, ele faz isto por diversão.

— Penetrar o sistema de uma empresa de tecnologia altamente avançada? O nome disso é espionagem industrial. É crime. Que eu relevaria se não fosse o fato de que a tentativa da semana passada não foi nos servidores das Indústrias Stark, foi no servidor pessoal de Tony Stark. Servidor que não é de conhecimento público. – os ombros de Clarisse ficaram ainda mais tesos. – Devo listar as implicações que este fato pode ocasionar? Começando com invasão de privacidade...

— Chris é fã do Tony Stark. Ele quer saber por que o homem sumiu da mídia.

— Mande um e-mail para o Marketing perguntando ao invés de cometer um crime cibernético.

— O que você quer Prisma? – Clarisse disse, derrotada. Prisma não iria processar o cunhado, não de pronto, mas divulgar que ela sabia o que Chris estava aprontando era deixar claro que, a qualquer momento, quando lhe conviesse, ela iria usar esta informação ao seu favor.

— Para não processá-lo? Thaddeu Ross. Eu quero saber tudo sobre ele. Onde ele foi, com quem ele falou, até as horas que ele mijou.

— Isso não é crime? – Clarisse provocou e Prisma somente depositou o copo vazio sobre a mesa, recolheu a sua bolsa do encosto da cadeira e levantou graciosamente desta, dando uma piscadela para a irmã.

— Eu não conto se você não contar.

 

AGORA

 

Prisma acordouem um pulo, desnorteada e olhando ao seu redor, tentando entender o que acontecia. Acima de sua cabeça flutuavam projeções exibindo os noticiários de ao menos cinco partes do mundo. Três deles repetiam as reportagens sobre a demissão do Secretário Ross e o corrente processo que ele enfrentava por causa da prisão ilegal dos Vingadores, e outros crimes que surgiam quanto mais o passado dele era escavado. Agora que a bomba tinha sido plantada, Prisma repassou o caso para um grupo de especialistas da Doherty, Lawson e Associados.

— Eu tenho que confessar que às vezes você me dá medo. – Rowan disse a ela quando Prisma anunciou que estava repassando o caso para outros colegas, agora que o mesmo já estava praticamente montado. Confiava que, com as informações que eles tinham nas mãos, isto fosse o suficiente para arruinar Ross para sempre. – Às vezes você entra no tribunal como se estivesse entrando em uma arena para gladiar contra um leão. – Prisma riu, mas não disse nada. Se o seu chefe a temia as vezes, isto era bom. Rowan era o sujeito mais casca grossa que conhecia.

Agora, com Ross fora do caminho, era hora de partir para a próxima briga:

O Tratado de Sokovia. O mesmo que ela estava lendo e relendo, revirando livros e artigos e leis internacionais e inerentes de cada país assinante. Convenção de Genebra, Leis de Direitos Humanos. Era tanto artigo e inciso e alínea misturando-se em sua cabeça que uma enxaqueca começou a latejar atrás de seu olho esquerdo e só aliviou após duas aspirinas e um breve cochilo sobre a mesa de trabalho de Tony.

— FRIDAY? O que foi? – porque o fato de ter acordado no susto foi porque FRIDAY a tinha chamado.

— Um visitante a espera na sala. – um vídeo de segurança surgiu em frente aos olhos embaçados de Prisma, que piscou várias vezes para que a sua visão entrasse em foco o suficiente para ver quem era.

Prisma saiu da cadeira em um pulo, correu para o elevador e praticamente arremessou-se para fora deste quando chegou na cobertura.

— Dr. Banner! – ela caminhou a passos largos em direção ao homem, erguendo a mão para cumprimentá-lo, mas parou de repente e recolheu a mão, franziu as sobrancelhas e mirou Bruce com estranheza. Bruce a mirou de volta com igual estranheza diante dessa mudança brusca de atitude. – O que o senhor faz aqui? – porque no último mês tudo o que Prisma havia feito foi tentar encontrar Banner para ajudá-la com a situação de Tony, mas o homem era difícil de se achar. Espiões poderiam aprender grandes coisas com ele.

— Eu sei que Tony tem tentado me encontrar, mas eu não podia voltar, não com o Tratado... Não, não o Tratado. Não com Ross estando por detrás do Tratado. Mas então eu vi a notícia. – convenientemente a televisão atrás do físico ligou na CNN, onde passava a reportagem sobre a derrocada de Ross. – Achei que era uma boa hora de retornar e ver do que esse Tratado fala.

— Curioso, Tony achava que você não apoiaria o Tratado.

— Por causa de Ross. Somente por causa de Ross. – Bruce franziu as sobrancelhas. – E como assim “achava”? – Prisma suspirou.

— Venha comigo dr. Banner. – e caminhou para o elevador, sendo seguida de perto por Bruce.

A curta viagem deles da cobertura ao subterrâneo foi feita em absoluto silêncio, e quando as portas do elevador se abriram para a silenciosa ala hospitalar, Prisma viu, de rabo de olho, Bruce fazer uma expressão extremamente sofrida enquanto a seguia em direção ao quarto de Tony.

— O que aconteceu? – Bruce perguntou quando eles pararam em frente a janela de observação. O quarto estava com as luzes apagadas, apenas a iluminação do corredor e das máquinas tornavam possível ver o corpo imóvel sobre a cama.

— Dr. Bannera história é longa, nada agradável e pode ocasionar um incidente verde de sua parte. O que você precisa saber é que estamos trabalhando para reverter este quadro. Temos um ótimo médico ao nosso dispor, dr. Will Solace, e a dra. Helen Cho também está conosco. Precisávamos apenas de você para dar continuidade ao projeto.

— Projeto? Que projeto?

— Extremis. – Prisma esclareceu e Bruce piscou repetidamente. Conhecia Extremis, pois este era um dos vários projetos paralelos que trabalhava com Tony antes de Ultron e do seu sumiço no mundo.

— Extremis, em Tony, não é uma solução aconselhável. Este é uma versão amena do Hulk, controlável, mas igualmente perigosa. Pepper consegue mantê-lo estável, mas Tony não é uma opção viável. Mesmo que ele possuísse a calma da Pepper, ainda há o estresse pós-traumático, a hiperatividade, e o fato de que, como Homem de Ferro e estando em constante risco, as chances de perder o controle emocional são grandes.

— Foi isso o que ela me disse. – Will surgiu ao lado de Bruce. – Mas eu pensei, e se for temporário? Alterar o Extremis de forma a ser absorvido pelo corpo somente durante o tempo em que este precisa para restaurar as partes danificadas e então ser expelido naturalmente pelo organismo? A dra. Cho está oferecendo muitas ideias diante do seu conhecimento em regeneração molecular. Mas o senhor dr. Banner, – havia um brilho quase infanfil nos olhos de Will, o de uma criança que parecia não acreditar por ter finalmente encontrado o seu ídolo. – a sua pesquisa sobre mutação genética por vias artificiais é sem precedentes. – e nisto Will passou o braço sobre os ombros do cientista, começando a destrinchar as ideias que teve sobre como alterar o Extremis a favor deles e, fascinado diante das teorias que ouvia, Bruce deixou-se levar pelo rapaz mais novo.

Prisma suspirou cansada quando os dois cientistas desapareceram em uma esquina e encostou a testa na superfície gelada do vidro de observação.

— Eu juro que quando tudo isto acabar, eu vou te bater. – murmurou para o homem inconsciente dentro do quarto.

Era uma mentira, na verdade. Quando tudo isto acabasse, Prisma abraçaria Tony e nunca mais o largaria.

 

 


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