Astronaut: ReFlying escrita por Kaline Bogard


Capítulo 32
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Preparem os corações.

É o último!!!

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697968/chapter/32

Astronaut: ReFlying

Kaline Bogard

Capítulo 30

Movendo-se daquele jeito gatuno e imprevisível, Wade passou mão pela nuca de Peter e o puxou para perto.  Tudo aconteceu tão rápido que quando Peter deu por si, os lábios de Wade já estavam sobre os seus.  A língua dele já dominava a sua.

—--

Peter demorou um segundo a mais do que deveria para empurrar o rapaz e levantar-se em um salto, assustado com o desenrolar da situação.  Agarrou a mochila por puro instinto e se pôs em fuga dali.

Tão atordoado estava que mal se deu conta do caminho que percorreu.  De alguma maneira chegou ao laboratório de ciências, um lugar seguro, onde ignorou Tony Stark, Bruce Banner e um terceiranista remanescente que ainda trabalhavam em conjunto na carcaça de um pequeno robô.  Foi sentar-se no fundo, apoiado na ultima bancada cheia de tubos de ensaio e equipamentos de pesquisa.

— Acho que aconteceu alguma coisa — Tony sussurrou para Bruce — Vá lá ver.

— Eu?! — ele apontou para si mesmo.

— Sim, nosso filho herdou a sensibilidade do seu lado da família. Você sabe que eu sou péssimo com isso, Robert.

Bruce apenas girou os olhos e acatou a ordem. Pelo menos nisso Stark estava certo: ele tinha o tato de um ogro para lidar com assuntos delicados.  Deixou o melhor amigo finalizando o projeto com o garoto da Eletromecanica, que não se meteu no assunto que não lhe dizia respeitou; e caminhou até Peter, sentando-se ao lado dele.

— Tá tudo bem? — esperou resposta, como não a recebeu, insistiu: — Peter? O que aconteceu?

O menino cobriu os lábios com a mão que tremia. Parecia tão abalado que Bruce o analisou de cima a baixo procurando algum tipo de ferimento.

— Foi o Thompson? — tentou adivinhar o que aconteceu — Ele te machucou?

— O quê? N-não! Não foi o Flash. Não é nada... só... preciso de um minuto.

Não teve forças para explicar a cena com Wade. Desde que se tornaram amigos ele tentava constantemente conseguir algo como o beijo. Peter sempre o impedia de alguma forma... no fundo nunca imaginou que era mais do que brincadeira, mais do que a esquizofrenia de Wade se manifestando.

Até acontecer, até o beijo se tornar real e deixá-lo com aquele treco engraçado na barriga. Com o formigamento inédito nos lábios. E a confusão desgraçada na mente.

— Tudo bem. A gente vai trabalhar um pouco mais no projeto. Leve o tempo que precisar para se recuperar.

Peter acenou com a cabeça e abraçou a mochila sobre a bancada, escondendo o rosto. Não conseguia pensar direito, não achava o fio da meada que o ajudaria a colocar a mente em ordem. Só tinha uma única certeza: não queria ver Wade tão cedo!

Bruce e Tony voltaram a trabalhar com o outro terceiranista, a quem chamavam de Jarvis, lançado miradas preocupadas para Peter, mal podendo disfarçar.

— Já chega — Tony decretou admirando satisfeito o protótipo. Avançaram o bastante no projeto, a nota alta estava garantida: robozinhos sempre surpreendiam todo mundo. Principalmente quando funcionavam.

— Excelente — a resposta de Bruce veio com um ajeitar de óculos que vira e mexe escorregava pela ponte do nariz.

— Amanhã no mesmo horário? — Jarvis perguntou. Foi a deixa para combinarem os próximos passos, antes das despedidas.  Já passara um pouco do final das aulas. Não era incomum encontrar os alunos mais dedicados pelas dependências da escola. Fossem os com prazos apertados na entrega de trabalho ou os com competições dos clubes extra.

— Vamos embora, Parker? Peter?

Foi preciso chamar duas vezes para despertar o garoto daquele... transe.  A expressão acabada intrigou os pseudo-cientistas.

— Quer falar sobre isso? — Bruce insistiu, algo que não era de seu feitio.

Peter abriu a boca e hesitou um pouco.

— Não — foi a única resposta que conseguiu dar.

A palavrinha encerrou o assunto.  Juntos, os três saíram do laboratório e do prédio escolar. No pátio encontraram-se com Niat, que acabara de tomar uma chuveirada depois de treinar horas para a competição do clube de corrida e com Loki, que passara o resto do tempo livre no clube de debates. Se havia algo que adorava quase tanto quanto Thor era ouvir o som da própria voz provando a correção do ponto de vista em qualquer discussão.

— Que cara — Loki deixou escapar observando Peter.  Nunca vira o garoto com uma face tão sombria e preocupada antes.

Peter sequer tentou sorrir, muito menos se justificar.  Só queria chegar em casa, se jogar na cama e bater o crânio na cabeceira até esquecer daquele dia, até fazer as mariposas sumirem da barriga. Sim, “mariposas”. Ele se recusava a usar o substantivo “borboletas”. Balançou a cabeça, não queria conversa.

Loki ergueu uma sobrancelha, ofendido com a atitude. Mas não insistiu, quem perdia era Peter, afinal, não era sempre que oferecia seu precioso ouvido para receber lamentação alheia.

— Ei, não é o Miolo Mole ali? — Tony Stark apontou sentido rua abaixo, ganhando a atenção de todos.

Peter quase praguejou pela falta de sorte. Wade era a última pessoa que queria ver na vida, principalmente agora.  Porém, a reclamação chegou a ponta da língua e ali ficou. Wade permanecia parado na calçada, reconheceria aquelas costas protegidas pelo moletom em qualquer lugar do mundo.  Ele estava de frente para duas pessoas mais afastadas na rua, Venom, cuja face sinistra Peter levaria anos para esquecer.  E outro, um rapaz mais velho, tão alto quanto Wade, de cabelos negros penteados para trás, cavanhaque negro e jaqueta de pele sem mangas, aberta na frente expondo o peito musculoso. Selvagem.

O clima pesado acionou-lhe o instinto.  O sorriso que distorcia os lábios de Venom fez o estomago de Peter se retorcer.  Parecia comemorar a vitória sobre algo.  Ou alguém...

Peter arregalou os olhos sem poder evitar, cravando-os nas costas de Wade com os ombros caídos.  O rapaz parecia derrotado.

Inconscientemente deu um passo a frente e mais um. E ainda um terceiro.  Tony, Bruce, Niat e Loki continuaram parados ao portão da escola, apenas assistindo o que acontecia, sem compreender muita coisa. Prontos para qualquer ação rápida que precisassem tomar. Sacaram na hora que os tipos desconhecidos eram uma ameaça.  E, louco ou não, Wade Wilson já era um Avenger, assim como Peter.  O lema do grupo era claro: defender-se em qualquer situação, e sempre vingar os caídos.

— Wade — Peter chamou um tanto fraco.  De repente o beijo e toda a confusão de mais cedo não pareciam mais tão importantes. Não quando o passado do qual Wade tentava se libertar vinha bater a porta — Wade? O que é isso, cara? Precisa de ajuda?

— A gente já tomou a decisão, baby boy. Não vamos voltar atrás.

Peter engoliu em seco.  Aquilo não podia estar acontecendo!

Dizem que quando se está a beira da morte a pessoa vê um filme sobre toda a sua vida. Bem, Peter não estava a beira da morte e o filme que passou diante dos seus olhos não era da vida inteira.

Na verdade, não era nem de um mês.

Em rápidos flashes relembrou cada segundo vivido desde que conhecera Wade Wilson. Desde que entrara no ônibus e descobrira seu lugar preferido ocupado.  A perseguição atrás de uma foto e os números de celular trocados. O encontro divertido na casa de Clint Barton, a festa inesquecível na casa de Tarika e o dia seguinte, ainda mais memorável. Tinha acordado só de cueca!! E com o moletom que pertencia a outra pessoa.

Provara comida doada por misericórdia de pessoas desconhecidas no shopping, traíra os amigos no paintball... por Deus, Peter Parker, o cara mais certinho do Universo invadira propriedade particular! E conhecera a pequenina âncora que ajudara Wade Wilson a se decidir pelo caminho certo.

Vislumbres dos momentos em que fora abraçado, apalpado, agarrado, amassado, alisado, molestado, zoado, carregado, bolinado. Beijado.

Tudo isso por aquele cara parado no meio da calçada, a um passo de estragar a abençoada segunda chance recebida.

Noventa e nove por cento da população segue um ciclo abençoado de negação, negociação e aceitação. Mas Peter Parker, obviamente, fazia parte do um por cento obrigado a engolir as descobertas a seco e pular direto para a conclusão dos autos.

Não estava a beira da morte. Mas estava a beira de perder algo que valia a pena.

Muito.

— Wade, a gente conversou sobre isso — se ouviu dizendo sem que pudesse (ou quisesse) evitar — O passado vem cobrar o preço e você tem que pagar. Mas não significa que tem que pagá-lo sozinho.

A frase teve o poder de fazer Wade virar as costas para os antigos companheiros e encarar Peter.  O capuz lançava uma sombra sobre seu rosto que tornava impossível de desvendar o que passava-lhe pela mente.

— V-você não pode jogar fora tudo o que conseguiu até agora! — queria falar sobre Ellie, mas não o faria diante dos desconhecidos, não colocaria a existência da menininha em perigo revelando-a para ex-mercenários que talvez não soubessem do vinculo que a unia a Wade, porém podia arriscar outra cartada — Lembra do jantar em família que teremos um dia? Se você seguir com eles — apontou para Venom e para o outro — Nunca poderá cumprir a promessa.

Wade ainda não disse nada.  Apenas observou Peter, com aquela falta de sentimentos no rosto que não lhe era usual.  Os dois referidos assistiam com atenção predatória, assim como Tony e os outros garotos.  A tensão no ar era palpável, quase uma presença física entre eles, zombando de tudo o que estava em jogo ali naquela rua.

Peter sentiu que estava perdendo Wade. E não queria perdê-lo. Não queria perder o novo jeito de ver o mundo e viver que o rapaz trouxera até si. Não podia ficar sem a insanidade que era ter Wade Wilson ao seu lado.

Voltar a vida chata, previsível e comum que levava antes do tsunami Wade Wilson entrar no seu caminho e tirar tudo dos trilhos, vida que nada mais é do que a soma de pequenas coisas, rotineiras, pré-concebidas. Rituais diários que, a não ser que você seja uma pessoa excepcional, te tornarão mais um na multidão, com uma existência ordinária.

Ordinária, mas não ruim.

É como acordar pela manhã e seguir um ritual que nunca muda. Um ritual que continuará em escala maior: nascer, estudar, socializar, trabalhar, casar, ter filhos, se realizar, morrer. Descansar.

Nem sempre na mesma ordem, nem sempre igual para todos.

Essa certeza torna tudo mais fácil. Porque as perspectivas, por maiores e melhores que sejam, nunca vão levar para muito longe disso.

E Peter Parker não se sentia mais confortável com essa certeza.  Não se sentia mais satisfeito com apenas isso.

Ordinário já não era suficiente.

Fechou as mãos em punho, com o coração aos saltos.  O rosto esquentou em chamas porque, mesmo não demonstrando, estava bem ciente que todos os olhares permaneciam fixos na sua pessoa.  E apenas um deles importava: aquele par de olhos azuis e vazios, que nenhum sentimento demonstravam.

— T-talvez eu possa ser — começou meio hesitante, logo a voz ganhando força e decisão — Talvez eu queira ser.  O parafuso que você não tem...

Sim, exatamente isso: queria estar com Wade, saber mais de seu passado e ajudá-lo a lutar pelo futuro. Garantir que as coisas funcionassem com a SHIELD. Ser a motivação para que o rapaz continuasse tomando os remédios todos os dias.

— Patético — Venom foi o primeiro a se manifestar.  O sorriso vitorioso dando espaço a uma careta de asco.

— Puta merda, Wade. Puta merda fodida! — foi o outro rapaz que exclamou antes de dar as costas e começar a se afastar — Puta merda, cara.

— Eu te disse, Kraven. Foi por isso que o Deadpool nos trocou — Venom imitou o companheiro e também foi indo embora — Caso mude de ideia já sabe onde nos encontrar...

O queixo de Peter despencou e quase bateu no chão enquanto Wade abria um sorrisão que faria qualquer tubarão morrer de inveja.

— Você... você!!!! — Peter apontou pra ele, incrédulo.

— Baby boy, claro que eu não ia voltar pra minha vida antiga. Mas você se declarando estava tão bonitinho que a gente não quis interromper — coçou a nuca fingindo estar sem jeito. A atuação não convenceu ninguém.

— M-MORRA! — que papelão fizera por culpa do desespero e medo que Wade tomasse a decisão errada... E com platéia.

— Um show desses e ninguém trouxe pipoca? — Tony balançou a cabeça. Não compreendera metade da cena, mas uma coisa ficou clara: não havia perigo pra ninguém — Então, no fim das contas, vocês dois estão mesmo em um lance?

— Lance?! Eu prefiro morrer a ter um lance com... — Peter não conseguiu completar a frase.  Em dois segundos Wade estava a sua frente, entrelaçando as mãos de ambos, de modo a impedir que o garoto fugisse.

— A gente tá namorando! A gente tá namorando — ele gracejou balançando o braço e sacudindo Peter por tabela.

— W-W-W-Wade!!

— Sex Time!! Finalmente vou tirar esse cabaço, caralho! Querem assistir? — perguntou para os outros adolescentes, que negaram mais do que depressa.

— Passo! — disse Niat antes de sair dali, junto com Loki, que apenas balançou a cabeça diante de tanta falta de noção.

— Usem camisinha — Tony falou só para levar uma cotovelada de Bruce — O que foi, Robert? Sou muito jovem pra ter netos.  Até amanhã, crianças.

— Até amanhã — Bruce também se despediu.

— Que mundo é esse, Bruce? Até o Zé-Lelé encontrou alguém.  E você aí encalhado...

Peter não entendeu a resposta de Banner, meio que entretido em lutar para escapar do abraço de urso de Wade e da mão boba que vinha junto.

— Relaxa, Petey.  Pode continuar virgenzinho por mais um tempo. A gente tá adorando esse lance de ir sem pressa.

— Escuta aqui uma... — a frase foi cortada por um beijo cale-a-boca no melhor estilo Wadeano. E daquela vez Peter não tentou fugir. Nem quis. Porque era bom beijar aquele cara. E seria a primeira de muitas... ou melhor, a segunda de muitas vezes mais.

— Mais cedo ou mais tarde a gente arregaça o lacre — Wade sussurrou próximo ao ouvido de Peter, antes de dar-lhe uma lambida na pele sensível do pescoço — Porque a fanfic acaba aqui. Mas a nossa história ta só no comecinho!

— Aos leitores dessa porra, aqui quem fala é Wade Wilson, a maior pica que a galáxia já viu. Quem quiser comprovar é só passar o numero do celular e... brincadeirinha, Petey. Vish... o baby boy ainda não aceita esse lance de relacionamento aberto, ele morre de ciúmes de mim... Enfim, a gente descobriu o preço da autora. Quando a fanfic tiver mil comentários e cinquenta recomendações ela vai escrever todas as cenas extras: da festa, do jantar com a tia May e do primeiro encontro com o Venom. Hum... transformar “As Trepadas Vorazes” em um extra SÉRIO nos interessa muito.  Mas mil comentários e cinquenta recomendações?!! E a gente aqui que leva a fama de mercenário louco?! Caralhos voadores... vão procurar outra fanfic pra ler. É muito mais fácil. Ou quem sabe ter uma vida social, ler meus quadrinhos? Dar uma foda gostosinha... e por falar em foda, adeus! Hashitag PartiuPraComerOPetey. Ou não, né?O cabaço ali é de adamantium...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE!!

Tenho um extra pronto, lembram-se? Talvez poste segunda-feira que vem. Ainda não se livraram de mim :D

Reviews são bem vindos, poxa. Acabou aqui a história! Recomendações também animam o dia.

Segunda temporada? Segunda temporada!!

Quando?!!!

'-'

#Fui