Astronaut: ReFlying escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Surprise, mãesdafoca!

Hoje é aniversário da Reet! E como ela pediu tão fofamente, vou aproveitar e dedicar a postagem para ela. Parabéns! Muitos anos de vida, saúde e prosperidade! :D



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Astronaut: ReFlying

Kaline Bogard

Capítulo 03

 

Enquanto seguia o suposto Wade Wilson pelo corredor, Peter conseguiu tirar duas ou três fotos das costas dele, aproveitando o caminhar distraído. Supôs que o outro rapaz seguia para algum dos laboratórios de estudo dirigido, dado o rumo que seguia. Entretanto, Wade acabou desviando e saindo na área gramada do colégio.

Pelo percurso encontraram alguns alunos e Peter sentiu-se um pouco estranho por agir daquela forma fugidia. Mas quais as chances de pedir uma foto e conseguir? Menos de zero, com certeza! Atrasou um pouco mais os passos para não ficar tão evidente que seguia outro estudante.

Pouco a pouco Peter foi mudando de idéia. Wilson (ou a pessoa que ele desconfiava ser Wade Wilson) parecia mais em uma espécie de reconhecimento de toda a área do colégio, porque ao invés de parar em alguma sala, simplesmente ia andando por ali. Se continuasse assim, mais cedo ou mais tarde um dos inspetores acabaria interceptando um dos dois.

Então a tese de que o garoto fazia um reconhecimento caiu por terra quando passaram pelo mesmo corredor pela terceira vez, antes de sair pela terceira vez na área do gramado. Peter percebeu que talvez o outro estivesse perdido! Deveria oferecer ajuda? Ou isso deixaria claro que estivera na cola de cada um de seus passos desde três voltas atrás?

Peter foi salvo do impasse pelo próprio alvo de seu interesse. O outro garoto parou de andar e virou-se na direção de Peter, o jeito como ele cruzou os braços fez com desconfiasse que fora descoberto. Tentou sondar a expressão alheia, mas o capuz encobria-lhe os olhos e lançava uma sombra sobre quase todo o seu rosto.

Resignado, soltou a câmera e a deixou cair contra o peito antes de avançar sem pressa alguma até o garoto que estivera seguindo. A primeira coisa que notou foram os lábios finos comprimidos em contrariedade. Um milésimo de segundo depois se deu conta de que pele daquele rapaz era... estranha. Toda estigmatizada com o que lembravam cicatrizes de queimadura. Isso tornava sua idade difícil de definir, algo ao redor de dezoito anos.

— O-olá — conseguiu vencer a surpresa e encontrar a própria voz. Coçou a nuca, sem jeito.

— Olá — a resposta veio neutra.

— Sou Peter Parker — estendeu a mão sem esperança alguma de ter o cumprimento respondido. Na verdade, já sentia a dor do soco que levaria por agir como um espião amador.

Contra todas as expectativas, recebeu de volta um vigoroso aperto de mão!

— Prazer, Petey Parker. Sou Wade Wilson. Pode me chamar de Wade — ao ouvir aquilo Peter quase soltou um “bingo” por sua brilhante dedução. Apesar disso, não evitou corrigir erro:

— É Peter.

— Petey.

— Não, Peter com “r” no final!

— Ah, claro! Prazer Peteycomerrenofinal — o referido franziu as sobrancelhas, tinha algo errado ali... mas antes que tentasse explicar veio a pergunta que temia — Por que estava me seguindo?

— Ah... pensei que estava perdido — tentou desconversar.

— Não, só andei a toa pra tirar a prova de que estava atrás de mim. Não conheço você. Acredite: eu lembraria se já tivesse visto esse rostinho antes. Não lembraria? Claro que a gente lembraria!

Ao ouvir o monólogo Peter sentiu-se um nível mais confuso, sem entender muito da situação.

— Tenho... certeza de que a gente não se conhece — acabou por afirmar. A frase ganhou a atenção de Wade outra vez.

— E o que você quer?

— E-eu estava tentando tirar uma foto sua pro jornal do colégio — explicou apontando a câmera. Peter era ótimo em inventar mentiras excelentes, mas tinha um grande problema na hora de contá-las. Nunca dava certo, principalmente sob pressão.

— Ah — Wade soou desinteressado — E por que não pediu?

Pela primeira vez no dia o garoto sentiu encher-se de esperança. Acabou sorrindo sem que pudesse evitar.

— Posso tirar uma foto sua?

— Não.

O sorriso morreu tão rápido quanto veio. Peter sentiu-se meio idiota.

— Cara... isso foi maldade.

Foi a vez de Wade sorrir largo.

— Não gosto de paparazzi. Nem de dar entrevista.

— Não quero te entrevistar. Eu só sou... — sua frase acabou sendo cortada.

— Mas se fossemos bons amigos eu talvez deixasse você tirar umas fotos com prazer.

Peter balançou a cabeça. Aquele cara devia ter um parafuso a menos.

— Preciso da foto pra hoje. Eu não acho que possamos virar amigos em tão pouco tempo e só por causa disso.

— Mas é um começo, não? — Wade deu de ombros como se não fosse grande coisa.

O outro analisou a situação por um instante. Estava recebendo uma proposta de amizade de um jeito bem inusitado. Mas não era errado, era? Wade Wilson era um dos alunos-problema, porém não o tratara com hostilidade ou violência. E as brincadeiras vieram todas inofensivas. Além disso, não era como se fossem virar BFF de uma hora para outra. Como Wade dissera: seria apenas o começo.

— Tudo bem. Podemos ser amigos — ajeitou os óculos sobre o nariz.

— Assim que se fala, garoto. Passa o número do seu celular e anota o meu aí. Amigos precisam ter um jeito de entrar em contato. Quero compartilhar o que eu tenho de melhor com você — e terminou a frase puxando o próprio aparelho telefônico do bolso.

Peter não viu grandes problemas em atender o pedido. Em menos de um minuto trocaram os números. Por fim, segurou a maquina fotográfica com as mãos.

— Posso tirar a foto agora?

— Não.

— Mas... mas... — a segunda negativa pegou Peter de surpresa. Sentiu-se feito de besta em tempo recorde!

— Sabe como é, Petey. Questão de Direitos Autorais do papai aqui.

— Direito de Uso de Imagem — devolveu aborrecido.

Wade deu de ombros.

— Vou indo. Já perdi uma aula por sua culpa. Depois vai ter que me compensar por isso — enfiou as mãos no bolso do moletom e começou a se afastar.

— O quê?!!

— A gente se fala, baby boy.

— Não me chame assim — Peter não conseguiu evitar responder com rancor.

— A gente se fala, baby girl.

— Wade!! — elevou a voz para se fazer ouvir pelo outro que entrava no prédio escolar. Uma gargalhada cristalina foi a única resposta que teve — Droga!

—--

No fim das contas Peter desistiu das fotos, tanto de Wade quanto da Jones. Resignado com o fracasso, foi até a sala que a equipe do jornal usava como base para as suas publicações.

Contudo, apesar dos pesares, Mary Jane ficou satisfeita com as imagens tiradas de Wade, pois poderia usá-las e dar um tom mais misterioso à reportagem. Ela disse que planejava ser uma das melhores repórteres de New York, teria que aprender a se virar com o material que lhe chegasse nas mãos.

Rapidamente a ruiva copiou as fotos do cartão de memória da câmera para um notebook e liberou Peter, dizendo que o chamaria quando decidissem as noticias da edição da próxima semana. Mas o alertou que tentasse conseguir mais fotos, pois havia grandes chances de que os novos alunos ainda fossem novidade.

Peter mal acreditou quando saiu no corredor e respirou fundo, muito fundo. Nem parecia que tudo aquilo acontecera em tão poucas horas! E o dia estava longe de acabar...

Bateu no bolso de trás da calça, onde guardara sua inscrição para o clube de ciências. Era hora de finalmente entregar o bendito papel.


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Notas finais do capítulo

O próximo agora só vem segunda! :D

Sérião!