Astronaut: ReFlying escrita por Kaline Bogard


Capítulo 21
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Curiosidade: sabado meu pai, meu irmão, meu sobrinho e eu, juntos com uns amigos fizemos a Caminhada da Fé. Saimos rumo a Aparecida do Norte, a pé. Foram oito longas horas andando, das 22h do sabado até as 6h do domingo, pra chegar na cidade. Mais de 40km percorridos. Valeu a pena cara segundo, foi divertido, inesquecivel e emocionante. Mas... agora to podre de tanto cansaço, só sai da cama pra atualizar (me amem) e já vou voltar pra lá :') Se eu demorar pra responder reviews não fiquem chateados, okay? É o cansaço falando mais alto.

* Lembram da cena da festa? Que o Peter bebeu todas e terminou nos braços do Wade? Então, já digitei a cena toda, vou postar como extra assim que a fic chegar aos 200 comentário :D só pra comemorar. Preparem os corações.

* Depois de muita zoeira o Wade vai revelar um pouco sobre o passado dele. Espero que faça sentido. Hohohohoh #DessaVezÉPraValer

Boa leitura.



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Astronaut: ReFlying

Kaline Bogard

Capítulo 19

 

Pois os planos de Peter de fazer o dever de casa foram todos por água abaixo, já que não conseguiu se concentrar em nenhum dos exercícios. Estava ansioso para que Wade Wilson chegasse logo e pudessem resolver aquela situação. Secretamente implorava que ele não fizesse nada muito estranho na frente da tia May, todavia já era esperar demais da situação.

Passava um pouco das oito horas quando Peter desistiu de fingir que estudava alguma coisa e espreguiçou-se todo, tentando relaxar o corpo. E quase caiu da cadeira ao notar Wade apoiado na janela do seu quarto, olhando para ele da mesma forma que Hannibal Lecter olhava para a sua refeição.

— CARA! O que você tá fazendo aí?

— Viemos conversar, você convidou. Não se lembra?

— Por que não bateu na porta ao invés de... espera... você já fez isso antes?! — teria Wade vindo espiar seu quarto sem que se desse conta da presença dele?

O outro inclinou a cabeça, fazendo o rosto por baixo do capuz ganhar contornos mais sombrios.

— Claro que não, baby boy. Nunca faríamos isso... — era uma mentira tão descarada que ultrapassava qualquer nível de cara de pau com o qual Wade agira até então — Podemos entrar?

— Pela porta!

— Ah, não entrar na casa... entrar em outro lugar.

— Pela. Porta. Agora. Antes. Que. Eu. Mude. De. Ideia.

— Ui, baby boy in rage mode. A gente adora também. Captamos a mensagem, indo para a porta!!

E a figura desapareceu da janela antes que Peter pudesse dizer algo. Sem opção, saiu do quarto para receber seu visitante.

— Seu amiguinho chegou, Peter? — ouviu tia May perguntar da cozinha. Um cheiro bom de comida se espalhava pelo ar.

— Chegou sim! — ao abrir a porta, lançou um olhar de advertência para Wade — Se comporte.

— Prometo.

Só então o garoto afastou-se para o lado e permitiu que seu visitante entrasse.

— Então você é Wade Wilson? — tia May, que não resistira a curiosidade, perguntou parada na passagem entre os cômodos, secando as mãos no avental — Prazer em conhecê-lo.

— O prazer é todo nosso! — Wade devolveu o cumprimento animadinho. Peter não alertara tia May sobre a aparência ou a esquizofrenia, a velha mulher tinha anos e anos trabalhando em um hospital. Sabia como agir de forma adequada nas mais adversas situações. Diante da recepção calorosa, Wade fez o de sempre, puxou Peter para si, grudando-o contra o peito — A gente veio pedir a mão do baby boy em casamento. Se puder dar a benção pra gente pular pros “finalmente”... owt!

Terminou gemendo com o beliscão dolorido que levou na lateral do corpo.

— O Wade é muito brincalhão, tia May. Não leve a sério.

— Claro, Peter — ela soou divertida — Quando o jantar estiver pronto chamo vocês, crianças.

— Obrigado, tia May! Vem comigo, Wade.

Os dois subiram para o quarto, onde Peter ofereceu a cadeira da escrivaninha para Wade sentar-se, mas ele preferiu acomodar-se no chão sobre o carpete felpudo, enquanto Peter sentava-se na cama.

— Seu quarto é tão arrumadinho — Wade falou olhando em volta — O nosso é uma bagunça.

Peter não disse nada. Agora que ia começar a conversa, não sabia bem como fazer. No calor do momento viera a intenção de por limites claros naquela amizade distorcida. Agora que se acalmara, as palavras pareciam ter fugido da sua cabeça.

Vendo o dilema de Peter, Wade sorriu de um jeito muito mais afável do que seria possível imaginar para alguém que se comportava de modo tão imprevisível, e puxou o capuz, expondo-se como raramente fazia na presença de outras pessoas.

— Ajuda? — ele perguntou.

— Não entendi — Peter respondeu com sinceridade.

— Não precisa pegar leve com a gente, baby boy. Já tamo blindado. Não é fácil pra ninguém lidar com a esquizofrenia. Talvez isso — apontou para o próprio rosto — te ajude a nos chutar da sua vida.

— Eu não te chamei aqui pra te chutar da minha vida — Peter respirou fundo. E falava a verdade, ele não era esse tipo de pessoa, que fugia dos problemas — Mas a gente tem que conversar e esclarecer as coisas. Você tem que parar de ficar me abraçando, mandando fotos pornográficas. É constrangedor!

— Não posso prometer isso. Você está o tempo todo na minha cabeça, junto com as vozes. Desde que te conhecemos, os impulsos não são como eram antes. Você mudou o jogo.

— Eu... eu não sei se quero ter essa responsabilidade, Wade.

— Você não decide isso. Nem eu. Apenas aconteceu. Os remédios ajudam a controlar a compulsão que as vozes gritam na minha mente, os remédios me mantêm na linha — o rapaz puxou o capuz e se cobriu — Com você a compulsão é outra, a obsessão é outra.

E deixou-se cair no carpete, cruzando as mãos atrás da nuca. Peter observou a figura no chão do seu quarto por alguns segundos. Conhecia tão pouco daquele cara.

— Por que você entrou no projeto da S.H.I.E.L.D.? — perguntou de repente. E emendou: — Sem mentiras!

— A gente era de um grupo chamado “Mercenários”. Era um bagulho fudido de tão doido, tipo ganhar uma grana pra bater nos outros. Eu tinha até um codinome, “Deadpool”. Um dia, deu ruim pra caralho. Alguém morreu, eu e mais dois caras fomos presos. Passagem direta para uma instituição mental. Seria o fim da história se algum mané da SHIELD não tivesse batido na porta e feito uma oferta. Mostrar que a gente tem solução e depois... direto pra lista de funcionários. E é isso.

— Você matou alguém? — Peter perguntou fraco.

— Não, mas a gente tava lá. Não muda a porra do resultado que fudeu com tudo. E é contra esses pensamentos que eu tenho lutado a minha vida toda. “Mate”, “machuque”, “destrua”. Cada segundo do dia e da noite é um campo de guerra aqui — apontou a cabeça, ainda que Peter não pudesse ver da posição em que estava — Apesar da esquizofrenia eu sei que machucar outras pessoas é errado. Mas... as vozes são muito altas. Foda é que as vezes parece tão mais fácil deixá-las vencer.

— Wade...

— Aí conhecemos você e tudo mudou. Não sei porque. Vai ver que nem tem caralho de razão pra isso... agora as vozes dizem coisas como “abraça”, “cuida”, “protege”, “fode”, mas esse último é tipo sexo gostosinho — um risadinha suspeita escapou — E eu não sei lidar com essa porra toda. É um caralho no rabo. Metáfora sugestiva sem segundas intenções. Hum... ou talvez não.

Emoção como raramente sentia apertou a garganta de Peter. Por um segundo ele sentiu rancor. Mas não contra Wade Wilson, o sentimento era voltado contra si mesmo. Pois ele vivia devorando histórias em quadrinhos, e devaneando que era como Barry Allen, que se metia em um uniforme maneiro e salvava o mundo todo no final de semana. Como podia sonhar em salvar o universo se era incapaz de ajudar uma única pessoa?

Talvez nem Wade se desse conta, mas Peter finalmente enxergou o pedido de socorro que havia por traz do comportamento inusitado. Um jeito muito Wade de se manter fora de encrenca.

— Cara, alguma chance de parar de ficar me abraçando por aí?

— Nenhuma — a resposta veio rápida como um raio.

— E acabar com as piadinhas pornográficas?

— Não são piadas, são convites sinceros para noites e mais noites de sexo. E alguns dias também — ele apoiou-se nos cotovelos, ficando meio sentado, meio deitado.

— Mas nada de me lamber de novo!

— Sem chance, baby boy! Você é uma delicia — a resposta fez Peter girar os olhos.

— Fotos de órgãos genitais estão proibidas!

— A gente não promete nada... — o rapaz sentou-se direito.

— Só saio perdendo nesse acordo! — acabou rindo um pouco. Tensão da qual nem se apercebera começou a se dissipar.

— Best friends forever? — Wade esticou o braço e aguardou.

Peter Parker olhou para a mão que lhe era estendida e a amizade que lhe era oferecida. Convívio fácil? Nem pensar. Deixar de passar vergonha em público? Duvidava pra valer. Contudo, era material assim que solidificava a amizade, não? Não fora fácil com Harry Osborne, o boyzinho esnobe do colégio. Nem com Gwen Stacy, a líder de torcida adulada por todos os populares.

Mas se Bruce Banner sobrevivia ao ego dantesco de Tony Stark, então Peter Parker encarava o desafio “Wilson” também.

— Amigos — sentou-se na beira da cama e aceitou o aperto de mão. Momento que Wade aproveitou para puxá-lo. Peter acabou caindo sobre o outro, ambos se esparramando no carpete — Ei!

— Bem vindo ao ninho, baby boy — Wade falou para em seguida dar uma mordida de leve na bochecha de Peter e ir deslizando os lábios com a clara intenção de beijá-lo. Só não concluiu a ação porque Parker foi rápido em segurar-lhe o nariz e torcer sem sinal de piedade, a ponto de juntar pequenas lagrimas nos olhos azuis.

— Nem pense nisso! E... por tudo o que é sagrado, cara. Isso ai embaixo é uma ereção?!

— Ops.

— WADE!!


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem.