Astronaut: ReFlying escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Fandom novo, chegando na humildade :D

Boa leitura!!



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Astronaut: ReFlying

Kaline Bogard

Capítulo 01

 

A vida nada mais é do que a soma de pequenas coisas, rotineiras, pré-concebidas. Rituais diários que, a não ser que você seja uma pessoa excepcional, te tornarão mais um na multidão, com uma existência ordinária.

Ordinária, mas não ruim.

É como acordar pela manhã e seguir um ritual que nunca muda. Um ritual que continuará em escala maior: nascer, estudar, socializar, trabalhar, casar, ter filhos, se realizar, morrer. Descansar.

Nem sempre na mesma ordem, nem sempre igual para todos.

Essa certeza torna tudo mais fácil. Porque as perspectivas, por maiores e melhores que sejam, nunca vão levar para muito longe disso.

E Peter Parker sentia-se confortável com essa certeza. Mas nada para o garoto era fácil: o destino adorava dificultar tudo o que fosse possível. O Colegial não seria assim tão ruim, caso estivesse com os dois melhores amigos desde sempre: Gwen Stacy e Harry Osborn.

Os três eram o “Trio Dourado” desde os primeiros anos do Fundamental. E os apelidos iam além: chamavam Peter de “Hermione”, por ele ser um nerd que respondia todas as perguntas feitas (até as não feitas...) pelos professores. Harry era o “Weasly”, obviamente por ser totalmente o contrário: incrivelmente rico. E Gwen era a “Potter” porque era o apelido que sobrara!

Estudar com eles fazia o bullying e as perseguições causadas por valentões muito mais faceis de suportar. Peter era um dos alvos preferidos. Algo em sua aparência e seu jeito parecia atrair o pior tipo para pegar-lhe no pé.

Estava acostumado aos empurrões, aos cadernos jogados, as horas trancado no armário, ocasionais óculos entortados... ofensas. E um mar de desagradáveis interações no qual Peter poderia se afogar lentamente, se não fosse a presença dos amigos.

Mas o apoio agora acabara.

Os pais de Gwen passavam por um divórcio complicado e sua mãe voltara para o Estado da Virginia. Agora só se falariam pelas redes sociais. E o pai de Harry resolvera que o filho deveria terminar os estudos em um colégio particular, para que tivesse maiores chances de acessar uma boa faculdade como Harvard ou o MTI, locais que apenas a influencia e fortuna Osborn não garantiam uma vaga se Harry não tivesse um currículo minimamente aceitável.

E, como resultado das mudanças, Peter Parker se viu sozinho para estudar todo o colegial.

A escola não era tão ruim quanto pensou que seria. Embora o período estivesse apenas no começo. Assim que tudo se acalmasse, Peter previa tempos ruins, ou “tempos rotineiros”. Ou talvez não.

Havia um diferencial naquele colégio, que notara desde o primeiro dia: um grupo bem inusitado de pessoas, com o qual ninguém botava banca. E que não representavam o estereotipo popular do jogador e seus amigos. Um grupo beirando ao nerd, que, mesmo assim, não vira sendo provocados até o momento. Eles se autointitulavam “Avengers”.

Tal grupo chamou a atenção de Peter, que pouco a pouco tentava aproximar-se deles, e talvez conseguisse, já que (o mundialmente conhecido) Tony Stark e Bruce Banner estavam no grupo e no clube de ciências, um dos quais Peter pegara requisição para entrar.

Esse era o cenário atual na vida do garoto. E foi nesse cenário que o dia que mudaria toda a vida de Peter Parker começou.

Ele acordou cedo como sempre. Saltou da cama, passou pelo banheiro e desceu para a cozinha onde sua tia já preparava o café. Morava com os tios desde que se dava por gente, já que os pais morreram quando ainda era muito jovem. Sequer se lembrava deles. O Tio, esposo de tia May, falecera de um modo trágico recentemente, uma ferida aberta do qual evitavam falar.

— Bom dia, tia May — foi falando ao pegar o prato com torradas, ovos e bacon.

— Bom dia, Peter. Teve uma boa noite?

— Hum. Humhum hum? — ele respondeu de boca cheia.

— Sim, eu também. Obrigada e melhore esses modos. — a mulher bronqueou não falando a sério — Hoje vou fazer hora extra. Você acha que pode se encontrar comigo as nove horas?

— Claro, deixa comigo — a resposta veio rápida. Aquelas ruas não eram seguras durante a noite para uma velha senhora como a tia May. Ou para qualquer pessoa. O arranjo vinha desde os tempos de tio Ben, quando ele se revezava com o sobrinho na tarefa de buscá-la.

— Obrigada, Peter.

O garoto respondeu com um sorriso enquanto lambia um restinho de geleia de amendoim que sujava-lhe o dedão. Terminou passando-o pela blusa com estampa do Lanterna Verde, um dos seus heróis preferidos.

— Preciso ir.

— Tenha um bom dia.

— A senhora também.

Peter desejou antes de voltar para o quarto e pegar a mochila e a máquina fotográfica semiprofissional, último presente de tio Ben e um dos seus maiores tesouros, o qual pendurou no pescoço.

Caminhou sem pressa até o ponto e aguardou alguns minutos até o ônibus escolar passar e ele entrar. Avançou pelo corredor, mas antes que pudesse chegar ao lugar de sempre, alguém colocou o pé a sua frente e ele tropeçou. Por pouco não caiu, irritando-se ao ouvir as risadas do grupo de populares que sempre dominava o meio do veículo.

Não caiu na provocação, seria pior.

Ao chegar ao fundo do ônibus teve uma desagradável surpresa: seu lugar de sempre estava ocupado! Era um aluno que nunca vira antes, tinha certeza. O cara sentava-se próximo a janela e olhava distraído para fora. Não podia ver muito dele, graças ao capuz que usava sobre a cabeça. Ainda que sentado, Peter podia dizer que era uma pessoa alta, pois ele parecia exprimido entre os bancos como os mais altos costumam ficar.

Desconhecia totalmente tal pessoa.

Deduziu sabiamente que era melhor procurar outro lugar a comprar briga com alguém logo pela manhã.  Sobretudo alguém a quem ignorava qualquer informação.

Em silêncio (e em paz) Peter sentou-se duas fileiras a frente do seu banco preferido e suspirou. Ótima maneira de começar o dia. Podia dizer adeus ao habito adquirido.

—-

A primeira aula da manhã foi uma das preferidas de Peter. Era aula de Estudos Sociais com o professor Murdock. Peter achava impressionante o fato dele ser completamente cego e conseguir preparar excelentes materiais para a aula e dominar a classe melhor do que muitos outros professores. Sala sempre ficava em silêncio e pouquíssimos se atreviam a (tentar) bagunçar durante a aula. Pelo menos no 1B do Senior, a sala de Peter.

A segunda aula era de Inglês com a senhorita Monroe. Uma mulher com um charme natural tão encantador e voz tão envolvente que não precisava esforçar-se muito para ter a atenção da turma.

Foi na hora do almoço que o golpe da realidade atingiu Peter Parker, de um jeito que ele não tinha muitas maneiras de se defender. Seguia sozinho para o refeitório, pensando em comer algo rápido antes de passar na sala do Clube de Ciências para entregar sua inscrição, quando foi interceptado por uma ruiva escultural, de sorriso muito límpido. Mary Jane Watson.

— Olá, Peter!

— O-olá... — ele sempre se engasgava na forte presença daquela garota. E as vezes se perdia nas incontáveis sardas que marcavam o rosto perfeito. Eram lindinhas...

— Ótimo que está preparado como sempre — ela apontou a maquina fotográfica que ele levava no pescoço — Tenho uma tarefa pra você.

A afirmação se referia ao fato de Peter ter entrado para o jornal do colégio, o qual estava aos cuidados de Mary Jane, como aluna do terceiro ano senior. Ele quase era o fotografo oficial, já que o anterior havia se formado. Precisava apenas passar pela fase de testes.

— O que aconteceu? — a curiosidade despertou seus instintos.

— Nosso diretor assinou um acordo com o lado filantropo da S.H.I.E.L.D., essa manhã nós temos dois alunos novos matriculados. Alunos que são pura encrenca! Quero lançar uma notícia bombástica amanhã, coisa de primeira capa. E você vai me arrumar as fotos. É a sua última tarefa antes de entrar pra equipe.

— Alunos problema...? — de alguma forma aquilo não agradou nem um pouco ao rapaz. Seu sexto sentido nunca se enganava ao avisá-lo do perigo — Tem certeza que é uma boa ideia?

— Furos jornalísticos são sempre uma excelente ideia! — Mary Jane sorriu daquele jeito que acelerava o coração de Peter e o derretia todo.

— T-tudo bem. Quem são os alunos?

Ela pegou um papelzinho do bolso apertado da calça e entregou para Peter. Então o sorriso radiante tornou-se algo entre piedoso e benevolente:

— Jessica Jones e Wade Wilson. Boa sorte.

Peter Parker soube, com toda a certeza do mundo, que aquilo ia “dar ruim”...


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Notas finais do capítulo

Primeira longfic do ano!! Gente, que emoção :D Primeira Spideypool! Emoção em dobro...

Quem me conhece sabe que eu gosto de att uma vez por semana, escolhi as segundas-feiras como uma forma de alegrar o dia mais triste (!!). Tenho alguns capítulos já digitados, creio que não vou atrasar.

Sei que o tema é batido, esse lance de colegial e talz, não nego que existe um charme, por isso resolvi arriscar!

É isso. Te espero aqui na semana que vem :D