Bela escrita por isa


Capítulo 1
Sobre viver num mundo bem mais amplo


Notas iniciais do capítulo

Segundo meu computador, eu tenho esse arquivo escrito desde 21 de Outubro do ano passado. A minha ideia inicial era fazer uma coletânea com os meus personagens preferidos da Disney em Hogwarts. A faculdade, a preguiça e o resto da vida me impediram de concluir o projeto, então decidi postar a unica one que conclui.
Espero que seja uma leitura leve :)



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Isabela Artois tinha consciência de quão incrível Hogwarts era.

Dos portões ornamentados com javalis alados até qualquer um de seus limites de extensão, aquele castelo era a síntese do mundo bem mais amplo com o qual sempre havia sonhado.

Mesmo cursando o sétimo ano, de vez em quando ainda sentia o coração saltar uma batida quando descobria um quadro novo ou quando se perdia olhando a paisagem pela torre da Corvinal. Mas o que realmente lhe tirava o fôlego, o lugar ao qual ela devotava todas as suas horas livres de bom grado, independente de todos os outros espaços incríveis onde poderia estar, era a biblioteca.

A primeira vez que ela entrara nela, ainda aos onze anos, sabia que estava perdida. Passara os últimos cinco anos num vilarejo trouxa enfadonho onde a única distração era ser assistente de produção das constantes engenhocas do pai inventor. Ela o amava o suficiente para nunca reclamar com ele sobre quão péssima havia sido a ideia da mudança, mas sentia falta de tudo da antiga cidade, especialmente da mãe que nunca retornaria.

A biblioteca parecia então uma recompensa incrível por todo o tédio vivido em silêncio e sem resmungos.

Bela tornou uma espécie de desafio pessoal ler o máximo de livros possíveis que o lugar comportava. Ela vinha trabalhando com afinco para cumprir o objetivo e estava satisfeita com o resultado.

Tanto o livreiro que vinha reabastecer as estantes quanto Madame Samovar - a bibliotecária - a conheciam pelo nome e a amavam como uma neta. Se existisse algum tipo de prêmio por tempo curvada com o nariz em um livro, Bela seria campeã invicta. Ler era seu maior hobby e paixão e passar o tempo entre obras empoeiradas era o melhor jeito de se sentir confortável.

Também havia o bônus formidável de que a biblioteca funcionava como um repelente natural para o estúpido do Gaston, que nos últimos tempos vinha assumindo uma postura perturbadora em relação à obsessão que nutria por ela.

Não que Bela precisasse de fato temer por algo. Se as coisas chegassem a um nível assustador, ela estava disposta a reportar o comportamento do grifinório para a direção. E ela era ótima em feitiços. Além disso, havia Adam e a mania irritante - porém gentil - de escoltá-la.

Agora já fazia três anos desde que haviam se tornado amigos e ela ainda não conseguia entender como isso era possível. Por culpa dele, ela fora injustiçada e obrigada a passar uma semana cumprindo uma detenção na ala oeste.

Á época dos fatos, Adam era uma pessoa egoísta, com algum senso de crueldade e péssimo temperamento. No entanto, ficar trancafiada durante sete tardes limpando armários sujos com o descendente da imponente família Beauchamps, surpreendentemente fez com que ela sentisse compaixão. A vida dele era no mínimo miserável e Bela entendeu que Adam era uma pessoa tão solitária quanto ela.

Por fim, havia todo aquele negócio de ser um lobisomem e das pessoas serem malvadas ou pelo menos inadequadas com ele. Bela só não conseguia evitar. Ela tinha uma alma boa. E talvez tivesse um fraco por caras problemáticos.

Desde que escutara aquele comentário particularmente doentio sobre ela e Adam e algo como zoofilia, ela fazia questão de deixar ressaltado o quanto ela realmente se importava com ele.

Havia uma infinidade de coisas perturbadoras que Adam tinha sido obrigado a escutar durante toda a vida e Bela não se importava em dividir um pouco do peso com ele.

Formavam uma equipe meio torta e complicada por conta dos temperamentos fortes de ambos os componentes, mas que funcionava bem. Quando o ano acabasse, ela sentiria falta dele, das muitas guerrinhas de neve e das tardes em que eles faziam deveres de casa nos jardins perto de Philip (o testrálio que Bela cuidava e o qual Adam conseguia ver também porque, assim como Bela tinha presenciado a morte da mãe, ele tinha encarado a morte quando fora quase devorado com quatro anos) tanto quanto sentiria falta da biblioteca e dos livros.

Era um sentimento agridoce, e embora ela fosse uma garota inteligente, não estava certa sobre o que significava.

Apesar disso, estava feliz em alimentá-lo. Quando era mais nova, seu livro favorito era um sobre lugares distantes, duelos de espadas e príncipes disfarçados.  

Com as devidas ressalvas, Hogwarts havia lhe dado toda a fantasia e aventura que ela apreciava naquelas páginas e muito mais. Independente do que acontecesse a seguir, ela sabia que tinha memórias boas o suficiente para conjurar patronos por uma vida inteira.


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