“No sétimo mês, eu já tenho lencinhos com meu nome... Desculpa pai, mas ela é só minha...”

O tempo não para... Sempre ouvi essa expressão ser dita aos quatro ventos, nunca vivenciei o fato, ao menos até agora... Hoje, literalmente, entendi a veracidade explícita nessa expressão, o tempo não para, ele voa.

Hogwarts e toda população bruxa já sabiam sobre minha gravidez, as pessoas me olhavam em um misto de pena e alegria toda vez que me viam fora do Castelo. Os jornais de fofocas estavam em polvorosa com a situação, todos os dias, éramos capa, de pelo menos, um meio de comunicação.

Primogênita dos Weasley está gerando o herdeiro dos Malfoys!

Rose Weasley, filha de Ronald e Hermione Weasley – Ministra do Ministério da Magia – aquela, que todos os professores de Hogwarts garantiam ser tão inteligente ou mais que sua mãe, foi vista no centro de Londres pela quarta vez apenas essa semana, ao lado de Scorpius Malfoy – filho de Draco e Astória Malfoy – acompanhados de Lily Potter e Dominique Weasley – primas de Rose – em passeios nas lojas para enxovais de bebê.

As especulações já circulavam há algum tempo, no entanto, estando reclusa no Castelo de Hogwarts, ainda não havia sido completamente confirmada, agora, no entanto, após nos depararmos com a pequena, porém, notável barriga, torna-se impossível negarmos.

Nenhuma nota oficial foi publicada até agora, e ainda não sabemos o sexo do bebê.

Não é segredo que Rose e Scorpius são jovens demais para serem pais, como também podemos concluir que isto não estava nos planos da garota de Ouro de Hogwarts, no entanto, cabe a nos perguntarmos como ela está lhe dando com isso.

Qual será o futuro que ela seguirá de agora em diante?

Será que o lendário sobrenome Malfoy, sempre lembrado pela aristocracia da família, será finalmente unido à um sobrenome comum? Fora do círculo interno de famílias de sangue puros e ricas do mundo bruxo?

Ao menos Draco Malfoy, em todos esses anos, vem se mostrado pouco a favor de todas as regras imposta pelos antepassados de sua família aristocrata.

Agora, a pergunta que provavelmente não quer calar é: Como Ronald Weasley está lidando com o fato de sua filha estar gerando o herdeiro e neto do homem que ele mais teve divergência em Hogwarts?

Toda população bruxa sabe, que as famílias mesmo estando em um patamar importante na sociedade atual, não interagem entre si, por conta do passado que compartilharam ainda quando jovens!

Fica aí, para você, meu querido leitor, a dúvida dos próximos capítulos desta história, que provavelmente, renderá ainda milhares de reportagens até de fato, todas as dúvidas serem sanadas.

Deixo aqui, meu apelo à Senhorita Weasley, de uma breve declaração, para sanar todas as nossas dúvidas, evitando assim, mais especulações.

Aquela não era a primeira, nem muito menos seria a última, entretanto, receber aquela notícia anexada à uma carta do meu pai, me surpreendeu de milhares de formas diferentes naquela manhã de segunda feira.

Meu coração palpitava com a chance de finalmente voltarmos a ser como éramos antes, no entanto, ao abrir o envelope pequeno, deparei-me com um breve bilhete direto e sem espaços para objeções.

“Resolva isto de uma vez por todas, estou cansando de ter meu sobrenome aliado aos seus escândalos”.

“Tem uma imagem a zelar, não só por mim, como pela posição que sua mãe tem no Ministério da Magia”.

“Faça algo certo, ao menos uma vez”.

“Se é tempestade, todo medo, se for arrependimento, por favor, tira daí, você ainda não me tem inteiro... Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir...”

Doeu ler aquilo, em letras corridas e pouco elegantes, do homem que um dia me amou de forma tão incondicionalmente.

Doeu, porque eu sabia, que ele estava sofrendo, machucou, porque tinha certeza que em algum lugar daquele coração duro, havia um pedacinho dele que almejava que eu voltasse a ser aquela garotinha que fora um dia.

E eu chorei, porque sabia que aquela garotinha não existia mais.

Deixei as lágrimas fluírem soltas, porque sabia que agora eu tinha uma garotinha para cuidar... Meu pai não se conformava por ter me perdido, e eu entendia, porque sentia que à pessoa que eu era sete meses atrás, era uma estranha completa comparada ao que havia me tornado.

Ainda era esperta, inteligente, insuportavelmente correta... Continuava amando meus livros, minha família, e ainda lutava por causas justas como fui ensinada, mais agora, bem, agora, minhas preocupações se resumiam em minha filha, e não mais no futuro que teria.

Eu seria uma boa mãe?

Saberia ensinar os valores que meus pais haviam me ensinado?

Será que ela me amaria?

Será que me julgaria pelos meus erros?

Onde Scorpius se encaixava em nossas vidas? Apenas como pai? Ou ele poderia ser mais?

Eu amava o pai dela? Amava ao ponto de enfrentar uma vida à dois?

Será que ele me amava o suficiente para não me virar as costas na primeira crise?

Por que eu não conseguia simplesmente viver o momento e esquecer as dúvidas?

Será que eu sofreria muito no parto?

Ela seria saudável?

Estávamos realmente fazendo as escolhas certas?

“E quando a barriga for crescendo, você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver! Seca o choro e fica aqui comigo, que até assim tristinha, eu já sei que eu amo você!”

Depois da breve carta com meu pai, finalmente marquei uma entrevista para dar todas as informações que fossem necessárias, para que pudéssemos seguir em paz com nossas vidas, a assistente pessoal de imagem da minha mãe me guiou, mostrando-me a forma correta de sanar as dúvidas do povo, e ao mesmo tempo, manter nossa intimidade protegida.

— Senhorita Weasley, de quantos meses você já está?

— Sete meses e meio.

— Já pode nos dizer o sexo do bebê?

— É uma menina, Hera.

— Hera, que nome bonito... Você o escolheu sozinha ou o Malfoy lhe ajudou?!

— Scorpius está presente em todas as decisões sobre nossa filha, escolhemos tudo sempre em conjunto, desde as decisões importantes quanto às mais triviais futilidades.

— Isto quer dizer, que podemos esperar um casamento muito em breve? – por esta pergunta, eu não esperava, por isto, levei algum tempo para formular uma resposta boa o suficiente, até por que Scorpius e eu nunca havíamos falado sobre casamento, não diretamente.

— Não. Provavelmente, não. Olha, Scorpius e eu não estamos em um relacionamento, apenas estamos tendo que lidar com algo inesperado que aconteceu em nossas vidas, não podemos ignorar que assim que Hera nascer, existirá um ser humano dependendo de nós dois, somos jovens, cometemos atos impensados e estamos assumindo nossa consequência da forma mais madura que encontramos, somos amigos e seremos pais de um bebê, não podemos ignorar isso no momento, obviamente, que em algum instante houve um envolvido, se não Hera não existiria, o que eu quero dizer, é que não temos maturidade e tempo para lidarmos com sentimentos e relações complicadas agora, nossa filha é prioridade, se um dia vier a acontecer – o que eu não estou confirmando ou descartando nada – não será uma decisão precipitada de dois jovens assustados com o futuro, e sim, de duas pessoas que já enfrentaram situações demais juntas e que se sentem preparados para um relacionamento e para compartilhar de uma família.

— Nós podemos ver agora, porque todos sempre disseram e lhe admiraram por sua inteligência. Me diga, Rose, o que vê do futuro agora, depois que Hera nascer?

— Vejo o que sempre vi, um futuro brilhante. Sou forte, engravidei, serei mãe, e terei o futuro com o qual sempre sonhei... Um filho não vai anular nada, vai acrescentar. Sei que agora encontrarei bem mais dificuldades no caminho, mais isso não quer dizer que me fará parar de seguir adiante. Sabe, uma frase trouxa que sempre gostei é: construa das pedras que você encontra no seu caminho, seu castelo de vitória, porque elas sempre lhe lembrarão do que você teve que passar para chegar onde está, e então, entenderá que você é forte e que pode continuar sempre.