Nove Meses escrita por Miriã Melo Lima


Capítulo 7
Bônus - POV SCORPIUS


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado e revisado 13/06/2017



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POV SCORPIUS

Rose era uma garota intensa, soube disso no momento em que meus olhos a encontraram na Estação pela primeira vez, ainda no primeiro ano.

Seus cabelos extremamente acobreados e esvoaçantes, não deixavam dúvida que de tudo nela, era intenso.

Seus olhos cor de âmbar eram incríveis, tinham tendência a mudarem de tonalidade conforme a iluminação, às vezes, ficavam dourados, e de vez em quando, assumiam a tonalidade de um verde-água incrível, com milhares de pontinhos dourados na íris, sua pele era branca, não tão pálida como à minha, mais ainda assim, branca. Eu adorava quando ela voltava do verão, nos primeiros dias, seu rosto ficava visivelmente vermelho, e com o passar dos dias, um tom bronzeado ia surgindo, lhe dando um ar ainda mais bonito.

Rose adorava o verão... Assim como adorava livros, principalmente, o aroma que emanava deles quando novos, ela sorria verdadeiramente para todos, era a pessoa mais bondosa e esperta que já havia conhecido.

Amava sua família acima de qualquer coisa, e estava sempre por perto, mesmo daqueles que não compartilhavam de nenhuma semelhança.

Dentre todos os seus primos, Alvo era seu favorito, embora ela nunca tivesse afirmado aquilo.

Não por Alvo ser parecido com ela, nem em personalidade, nem fisicamente, na verdade, sempre achei que era exatamente aquilo que lhe fazia amá-lo tanto!

Exatamente pelas diferenças explícitas. Alvo era um sonserino nato, não tinha um relacionamento fácil com seu irmão, e por vezes, acabava discutindo com o pai. Eles tinham opiniões muito divergentes, era uma relação delicada.

Mesmo assim, Rose parecia lê-lo de uma forma que nem mesmo eu, que dizia ser seu melhor amigo, conseguia.

Rose era prestativa, inteligente, bonita, irritante, cuidadosa, nerd e inalcançável.

Ainda no primeiro ano, eu percebi que a forma como me sentia em relação a ela, era diferente, tentei de todas as formas que um garoto de onze anos pode, me aproximar dela.

Era inútil, ela parecia ter um tipo de instinto natural para me manter longe o suficiente.

Era irritante e frustrante ver que por mais que tentasse, nunca seria suficiente.

Com os anos passando e as personalidades modificando-se, encontrei uma forma peculiar de fazê-la me notar, provocando-a.

Terminávamos sempre em uma discussão acalorada do quanto eu era infantil, e ela, politicamente correta.

Embora não fôssemos muito além de uma discussão, o sentimento que sempre estivera ali, pulsando dentro de mim, aos poucos, foi se moldando e enraizando.

Tentei de milhares formas idiotas, arrancar tudo e qualquer coisa que fosse relacionando a ela, em vão.

Éramos completamente opostos.

Enquanto Rose dedicava-se fielmente ao futuro brilhante que teria, eu pensava no quanto de bebida consumiria nas festas clandestinas que acontecia quase todos os finais de semana, na Sala Precisa.

Nada fazia me sentir mais inútil do que saber que eu jamais seria bom o suficiente para ela me notar.

Já havia tentando todo tipo de jogo com ela, por um tempo fui o aluno brilhante, o único que chegava perto dela, já havia bancado o melhor amigo legal do seu primo, o cavalheiro, o idiota engraçado, o colega de trabalho escolar, nada, nunca era o suficiente para despertar qualquer curiosidade dela sobre mim.

Então, simplesmente, havia desistido. Rose Weasley sempre seria inalcançável para Scorpius Malfoy.

Até que Dominique simplesmente revirou os olhos cansada, soltando uma risada baixa, quando me viu bufar ao ver Rose dar corda para Liam Collins.

— Vocês dois são tão patéticos. – ela murmurou, dando de ombros.

— Você quer dizer o quanto eu sou patético, ela nem sabe que existo, ou prefere ignorar o fato.

— Se você acha isso, é mais idiota que ela, Malfoy. – Dominique suspirou. – Todo mundo sabe que rola uma tensão sexual reprimida entre vocês dois. – pausou, desviando o olhar da prima, para mim.

— Você já tentou se aproximar de todas as maneiras dela, e ela é incansável em te reprimir. Rose tem receios demais guardados dentro dela, e um medo absurdo de você quebrar seu coração, é a forma que encontra para se proteger... Ela não é imune a você, Scorpius. – ela calou-se por alguns segundos, antes de continuar, como se estivesse me dando um tempo para compreender o que estava me dizendo.

— Você tentou de todas as formas que encontrou se aproximar dela, no entanto, sempre se esforça demais... Por quê? Por que simplesmente não a trata como qualquer outra garota que já tenha se interessado?

— É bem óbvio, não acha? Rose não é qualquer uma, ela é única.

— Aí está o ponto, Malfoy. Você só terá uma chance de mostrar isso à ela, se conseguir se aproximar... Acredite, Rose adora desafios... Você, em todos esses anos, deixou claro o patamar que a colocava, no momento que mostrar a ela, que é apenas mais uma, como todas as outras, despertará o interesse nela, e ela levará isso como um desafio pessoal, para lhe fazer notar que ela é diferente.

— Isso não faz sentindo, Domi. – sorri, enquanto ela dava de ombros.

— Talvez eu tenha bebido além da conta, mas tente Malfoy, ao menos uma vez, tratá-la como trata qualquer garota quando estava afim, mostre que ela não tem chance de fugir disso, de você, faça ela o desejar como faz com metade da população feminina dessa escola, acredite, nem mesmo Rose é imune a você... Seu único erro está na abordagem.

E aquilo me consumiu. Talvez fosse ridículo, e completamente sem noção, mas o quê custava tentar?

Eu já havia sido milhares de coisas diferentes por ela. Por que simplesmente não ser eu mesmo? Por que não tratá-la como qualquer outra garota?

E eu fiz, fiz como faria com qualquer uma, decretei que ela seria minha naquela noite, provoquei, instiguei, enlouqueci Rose de milhares de formas diferentes.

E deu certo, no fim da noite, eu tinha Rose Weasley na minha cama.

Eu já havia dormido com milhares de garotas diferentes, entretanto, mesmo assim fiquei nervoso, ansioso e atrapalhado.

Sem sombra de dúvidas que foi a melhor noite da minha vida, e havia durado somente o tempo que deveria, porque no outro dia, quando ela fugiu do meu quarto, eu entendi que havíamos voltado ao estado de sempre.

Talvez Rose e eu não tivéssemos sido feitos para estarmos juntos mesmo, talvez aquela noite fosse ser mesmo a única de nossas vidas…

Segui em frente, ignorei a forma como aquele sentimento parecia ainda mais intenso, reprimi os sorrisos ao vê-la, tratei de me conformar com o que havia recebido, aquilo seria o máximo que conseguiria dela.

Mas Rose estava estranha, não somente pelo fato da noite que tivemos, mais como as sutis diferenças que ocorriam nela.

De repente, eu a via sair apressada do Salão, como se estivesse prestes a passar mal, de repente, o perfume de Alvo parecia simplesmente insuportável, até mesmo o aroma do meu creme de barbear parecia lhe incomodar.

Ela saía das aulas às pressas, comia mais do que o normal e logo em seguida, saía correndo, prestes a colocar tudo para fora, e não era apenas eu que estava percebendo aquelas mudanças.

Quando ela apareceu na minha porta, depois de faltar na aula, com os olhos extremamente vermelhos, eu soube que havia algo errado, algo muito errado.

E então a notícia veio, a notícia que eu nunca havia esperado dela, de qualquer uma naquela escola, visto que tinha vezes que estava tão bêbado, que nem ao menos lembrava de como ia parar na cama de uma garota, não de Rose, nunca de Rose.

Ela tinha um futuro, uma vida, era esperta o suficiente para não deixar aquilo acontecer.

Mas aconteceu. E ela estava desesperada para consertar, estava desesperada para desfazer aquilo.

Rose não estava preparada, quem estaria?

Foi uma loucura, um turbilhão de sentimentos, medo e angústia quando ela disse que não queria aquele filho.

Que não era justo, que já havia feito sua escolha.

O corpo era dela, era ela quem carregaria um filho, era ela que sofreria todas as consequências, embora eu estivesse certo que estaria com ela em todos os momentos, mesmo assim era pouco, comparado ao que ela teria que enfrentar.

Minha única escolha era aceitar sem questionar sua decisão, mas não posso negar o quanto me senti aliviado, quando ela me envolveu em um abraço, pedindo-me para tirá-la da clínica.

Ela estava escolhendo nosso filho. Ela estava ignorando tudo que teria que enfrentar e aceitando que não poderia dar as costas àquela criança.

Foi uma decisão difícil, principalmente, quando ela teve que lidar com todas as consequências que se seguiram depois daquilo.

Rose tornou-se uma bomba prestes a explodir, ela reprimia sua dor, seus medos e aflições, se limitando apenas a se amaldiçoar constantemente.

Eu estava cansado de vê-la daquele jeito, parecia que quanto mais eu tentava, mas ela me odiava.

Então aconteceu, antes que ela explodisse, eu o fiz, fiz porque foi inevitável, fiz porque doía perceber que eu a sufocava, que lhe fazia mal.

Joguei as verdades sobre ela, e a deixei livre.

Ela não me queria por perto, e apenas aceitei sua vontade.

Era triste me manter longe, quando eu queria estar perto, quando minha vontade era estar acompanhando cada sutil mudança, mas entendi que era melhor assim, ao menos foi o que pensei, até ela bater a minha porta pela segunda vez, e me lançar todas as suas verdades, anseios e dúvidas.

Foi ali que as coisas se alinharam.

Rose se permitiu comigo, não estávamos em um relacionamento, mas não podíamos ser alheios ao laço que nos ligava.

Teríamos um filho, aquilo era algo grandioso demais para conseguirmos ignorar.

Era um sentimento único, forte e arrebatador demais, nos tirava o fôlego e nos fazia questionar tudo.

Seríamos bons pais?

Éramos capazes de cuidar de um filho?

Com quem ela se pareceria?

Como seria sua personalidade?

Qual seria nosso futuro?

Rose me deixa lhe tocar a barriga, sorria com frequência agora, e estava se preparando para o futuro que teríamos que enfrentar.

Ela tinha todos os motivos do mundo para continuar se amaldiçoando, e mesmo assim escolheu ser forte, por ela, por mim e pela nossa filha.

E eu a amava cada dia mais por isso.

 


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