Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 8
VIII


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥ Espero que estejam todos bem ♥
Aqui vai mais um capítulo escrito com muito carinho. Agradeço demais o apoio que venho recebendo ao longo dessa fanfic, vocês são uns amores!
Preciso também avisá-los de algo: Comecei um trabalho de meio período na parte da manhã, que é quando escrevo, e eu também tenho outro emprego à tarde, então agora me sobrou pouco tempo pra fanfic. É temporário, mas vou pegar essa oportunidade pra complementar a minha renda. Não pretendo parar nem nada, mas nas próximas semanas talvez demore para uma nova atualização. Peço desculpas. Só não se preocupem, ok? Tia Shal sempre volta.



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As íris escarlates de Wanda ainda encaravam um ponto fixo, sua cor desbotando-se até o verde. Seus lábios tremiam entreabertos, num balbuciar tolo de uma palavra que nem bem sabia qual. Estava chamando James? Ou repetia o nome da Viúva Negra? Por um momento ela pensou que dizia “Yelena”, em outro achou que sua boca formara o nome do seu irmão.

Ela viu silhuetas bagunçarem seu campo de visão. Ora bailarinas, ora apenas sombras brincando com a luz.  
A decoração dos corredores do palácio não a impressionavam enquanto ela andava, ou melhor, quase corria. Seus passos apressados a levavam para frente, deixando a bela imagem de esculturas e quadros ser nada mais do que um radiante borrão.

Stevie.

Esse era o nome que ela repetia, feito uma pequena prece. Parecia estranho, parecia de repente certo. Seus pés já sabiam de quem Wanda precisava ver antes mesmo do que sua cabeça: Uma aura azul, sempre azul. Mesmo que essa aura não fosse também prata, mesmo que ela não fosse veloz. Dobrou o corredor e subiu as escadarias. Um servente assustou-se com o ritmo acelerado da moça e a cor mortiça de sua pele, em contraste com preto de sua blusa.

Steve. Steve. Steve.

Fizera aquilo de novo. Fora tão sem querer. Mas ela não queria ter visto a mente de James. Não queria ter visto a mente de...

De Lisimba. O cientista que tocara seu ombro ao cumprimentá-la, ao perguntar se estava tudo bem enquanto olhava fixamente para o Soldado Invernal.  Não estava, mas ela não conseguiu reagir ao toque. Não fisicamente. Seus poderes, porém, entraram em combustão e a tragaram para dentro da mente do cientista. Ao tocá-lo, Wanda soube seu nome.

Soube que compusera uma família com Paki, também parceiro seu no laboratório de sucesso.
Que tinha que comparecer ao sarau do filho mais velho ás quatro horas da tarde, e o filho caçula faria aniversário na semana seguinte.
Amava sua família. Preocupava-se com o trabalho.

Haviam mais cientistas no cômodo, e eles dirigiam-se à suas bancadas e mesas com naturalidade fingida. Uma mulher a encarou hesitante, para depois folhear alguns papéis sem muito interesse. Um rapaz sussurrou algo em sua língua nativa. Lisimba piscou, confuso. Algo no olhar da garota o fez tirar a mão de seu ombro delicado.
Wanda só perguntou que horas eram. O homem coçou a barba grisalha por um segundo, em seguida ajeitou seu óculos para consultar o pulso. Em vez de um círculo comum de relógio, uma pulseira de contas azuladas brilhou em seu braço, logo projetando o horário em pequenino holograma.

08:11

E foi então que ela saiu pelo mesmo caminho em que viera, numa pressa não bem compreendida por ninguém do laboratório.

Parou.

Eram oito horas. Oito horas da manhã, onze minutos e os segundos escorrendo. Mas não podiam ser oito horas. Ela mal chegara. Passara apenas, o quê? Uns vinte minutos lá? Meia hora, talvez?

Wanda voltou a correr. Eram oito horas. Mas não podia ser.

Entrou no amplo saguão em que os quartos deles ficavam e encarou a porta dos aposentos do Capitão América. Estava entreaberta, o que era deveras oportuno uma vez que não conseguiria entrar sem a leitura de digitais, íris ou qualquer outra prova de que ela era de fato Steve Rogers. Suas mãos empurraram a porta.

— Wanda?

Ela murchou.

— Oh. Sam. Oi. – Soltou um breve suspiro, unindo as mãos em um gesto nervoso. – Você viu o Steve? Eu... Eu preciso... Preciso falar com ele.

A expressão de Sam era incerta, mas divertimento ainda brilhava em seu rosto. Parecia querer sorrir, por mais que não estivesse certo do motivo ou se seria correto ainda assim sorrir. Deu alguns passos em direção à uma pequena mesa redonda, onde pegou uma pasta de arquivos em papel pardo.

Steve. Steve. Steve.

— Ele saiu com o Pantera Cor de Rosa. – Soltou um bafejo, meio rindo. Ficou de costas folheando as páginas. As pôs no alto, para ver melhor algo contra a luz das imensas janelas de vidro. – Foram checar uma melhora em alguns equipamentos que usaremos na próxima missão, lá no laboratório fora do palácio. Uma hora dessas, os dois estão falando naquele tom solene deles. Eu também vou até lá, mas...

Ele se virou e prestou atenção nos olhos grandes dela, parecendo ainda maiores e mais verdes. Percebeu sua respiração rápida, os vincos na expressão. Ajeitou a papelada batendo-os de leve na mesa, agora fixo em Wanda.

— Mas eu esqueci este arquivo.

O silêncio não foi apropriado para o corpo agitado da Feiticeira, que brincava incessantemente com as próprias mãos. Estava contendo seu poder de escapar pelos dedos.

De novo.

— Você não dormiu bem hoje?

 Wanda lutou com cada fibra sua para que sua voz não saísse embargada. Falhou de modo terrível. E por falhar, seu coração espremeu-se mais ainda.

— Não.

Sam largou a pasta na mesa e ergueu o braço em sua direção, chamando-a. Wanda não pôde fazer mais nada do que ir até ele e abraça-lo.

— Eu não queria...

Ser fraca? Previsível? Finalmente chorar?

— Não queria o quê?

— Eu estou te atrapalhando, não é? – Ela se afastou do abraço, passando as mangas da blusa no rosto para enxugar algumas das lágrimas que escaparam dos olhos.

Ele só a apertou contra o peito.

— Vem cá.

******

Wanda concentrara-se no calor vindo da porcelana da caneca de chá. Aparentemente seus colegas de equipe, como Clint e Sam, tinham um consenso de que chá era ótimo para uma certa garota de poderes inimagináveis e olheiras no rosto, principalmente se esse chá fosse doce.

Suspirou, levando a borda caneca até seus lábios. Eles estavam absurdamente certos.

— Sabe, – Sam também bebericou um pouco. – Eu não consigo dormir de vez em quando. Steve também não. Ficar na cama incomoda.

— E o quê vocês fazem?

— Bom, se você estivesse perguntando ao nosso amigo loiro, acho que diria que ultrapassar Sam Wilson à vinte quilômetros por hora em corridas matinais enquanto diz “À esquerda” é particularmente agradável... – Ela riu, o que o fez sorrir satisfeito. – Mas eu digo que se comprometer com algo ajuda. Steve tem andado bem ocupado, e apesar de ser saudável praticar tantas atividades na idade avançada dele, tenho medo que isso possa ser demais.

Piadas com Steve eram frequentes e adoráveis. Nat não o deixava esquecer que ele era um fóssil, e que deveria namorar. Sam aproveitava a onda dela.

— E você?

— Ah... Eu fazia parte de um grupo de veteranos de guerra. – Ele deu de ombros. – Lá tem muita gente que precisa, sabe... De um tempo pra falar. Pra saber que não tá sozinho. E agora estou aqui.

Wanda assentiu. No primeiro momento, o Falcão poderia soar leviano para alguém. No entanto, ele não só servira ao seu país no exército quanto ajudara pessoas com traumas depois. Se Steve parecia sólido por seus ideais, Sam era por seu humor alegre e sua lealdade.
Ela franziu a testa. O caos dentro de si viu uma fresta no herói ali sentado, e o caos quis entrar e vasculhar cada caco que poderia haver. Wanda sacudiu o rosto, negando. Não, não.

— Estamos.

— Nada impede que alguns dias sejam piores do que outros.

Ela fingiu beber o chá, mas na verdade tomava tempo para pensar. Tomava tempo para não balbuciar meio chorosa de novo.

— Eu só queria... Parar de me sentir assim.

— Não seja tão dura. Não existe maneira fácil ou rápida de lidar com isso.

— Mas vocês dois parecem lidar melhor.

Aquela resposta não o agradou, talvez porque estivesse certa. Ele cruzou as pernas e inclinou seu tronco.

— Na última vez em que fui ao grupo de veteranos, nós falamos sobre o peso do que carregamos. Podemos levá-lo numa mala ou numa carteira. Nós que decidimos.

— Sam...

— Ás vezes, precisamos compartilhar esse peso com alguém. Precisamos ser pacientes. – As maçãs do rosto dele tornaram-se mais salientes, sua expressão mais gentil com o sorriso que ele lhe oferecia. – Você faz parte da equipe, Wanda. E você pode contar conosco. Só não exija discursos bem elaborados de mim. Steve é quem fica com essa parte.

Ela encarou o chá, a garganta fechada. Quando voltou seu rosto à Sam, as lágrimas acumuladas nos olhos já haviam ido embora e o vislumbre de uma ideia iluminava seu rosto.

— Posso te pedir um favor?

Todo vinco ou cova no riso e na face de Sam Wilson ficou dura.

— Ah, não. – Ele se levantou do sofá, levando o arquivo consigo. Murmurou palavras indecifráveis no caminho para a porta. Resmungos.  – Da última vez que me olharam assim, eu ajudei a revelar a HIDRA dentro da SHIELD e destruí três aeroporta-aviões. Céus, você aprendeu essa cara com o Rogers?

— Não é nada difícil. Não tô pedindo pra você destruir nada. Por favor?

Ele cruzou os braços, vindo lentamente para perto da poltrona em que Wanda estava.

— Ah, mas valeu a pena. – Suspirou, derrotado. – O que você precisa?

 

 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é uma transição, eu sei... Por isso não aconteceu taanta coisa. Enfim, a bad vai ficar mais suave nos próximos, prometo. Daí veremos quem é Deka ~~ WHO THE HELL IS DEKA? ~~ e também o que a Wanda pediu ao Sam.Espero que tenham gostado e aguardo comentários de vocês *-* Tenham uma excelente semana!