Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 68
LXVIII


Notas iniciais do capítulo

17/11/2018
Uou, não achei que fosse demorar, mas fiquei meio doente no decorrer da semana e eu queria revisar o capítulo com mais tempo para poder postar algo de qualidade para vocês. Voltei com esse mega capítulo, porque já tenho outras coisas adiantadas e queria soltar o doce logo. Agradeço os elogios lindos que recebi no anterior ♥ De verdade!
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697672/chapter/68

 05/03/2017

— Você é meio idiota, sabe disso?

Wanda sabia, mas continuou mexendo na mochila sem ligar para o gato preto que havia acabado de aparecer na cama. Ebony vinha visitando-a de tempos em tempos desde Varsóvia, soltando palavras ácidas em meio a ensinamentos de transfiguração. Dissera que era mais fácil do que ficar manipulando a mente das pessoas ao seu redor e Wanda tinha que concordar que era bem menos exaustivo. A única questão é que não conseguia dominar completamente essa arte, portanto somente foi capaz de mudar a cor de um de seus olhos e as pontas de seu cabelos, que estavam ligeiramente mais ruivos em homenagem a sua amiga russa. Não esperava encontrar ninguém ao longo do caminho, porém essas modificações pontuais já poderiam ajudá-la em caso de imprevistos envolvendo estranhos ou a polícia - eram feitiços que acionava de forma rápida quando necessário. Em caso de perigo real, contava com seus poderes escarlates e um feitiço ou outro que praticou durante a viagem. Coisa pouca e praticamente inofensiva, mas era o que podia fazer nas leituras interrompidas do livro roxo de Agatha Harkness.

— Podia me ensinar a conjurar dinheiro. —Ela estalou a língua. — Facilitaria muito.

— Você se lembra que parte da magia é transmutação, não? Transformar coisas em outras, ilusões. É possível picotar papel e torná-lo dinheiro, nem seria mais difícil que alterar a própria aparência. Agora, conjurar e criar coisas do vazio, assim como destruir, é mexer com forças complexas, menina, forças com quais não vai querer lidar de maneira leviana. Aqueles que o fazem geralmente pagam o preço.

— Bom, eu desintegrei um helicóptero, uma vez. E acho que conjurar grana não vai ferir leis do Universo, vida e morte, etc.

— Por favor, não queira provar que estou errado. Eu não estou.

Wanda lhe lançou um olhar de esguelha e colocou o livro na mochila. Meditou sobre a cor púrpura por um segundo. Lucja, a Phuri Daj daquele clã de roms, havia dito sobre a Romênia, Bucareste, sobre as lojas de bruxa - e pelo o que Ameena disse antes, lojas de bruxas são sinalizadas com a cor roxa. Ela ligou uma coisa a outra e concluiu que esse seria lugar para encontrar a casa de sua mestra, porém faria desvio antes só por curiosidade. O fato de Ebony aparecer e soltar deboches apenas fez com que endosasse seu argumento de que de fato deveria ir a Bucareste, ainda que justamente seguisse a direção contrária. Quando Wanda acionava o feitiço Vegvisir em seu braço, a imagem da runa estava quase se apagando - porém não indicava o lugar no mapa que era o atual destino de Wanda Maximoff: Montanha Wundagore.

Estava agora no vilarejo próximo a Novi Grad, no mesmo chalé abandonado de Yelena Belova, e planejava ir até a Wundagore para conferir com os próprios olhos o que afinal acontecia lá. A viagem era longa demais para ser concluída à pé, então Wanda somente parou ali para descansar e se preparar. Depois se teletransportaria ao sopé da Montanha, imagem que tinha nítida em sua cabeça. Salvaria Natalya. Descobriria como era a filha de Magneto.

Era o plano.

Não chegou a cumprimentar Piotr ou a ir ao cemitério para ver o irmão. Seriam tarefas que faria depois, com mais tempo e com certeza mais cerimônia. Agora só jogava suprimentos na mochila e se preparava para a viagem.

— Ah. — Ela disse, conferindo as botas grossas. Tinha convencido algumas pessoas lhe darem coisas com seus poderes telepáticos em lojas, então ela aproveitou a oportunidade para pegar roupas novas e resistentes. — Ameena mandou falar que a dívida dela está paga.

— Coitada. — Ebony riu. — Me deve ainda dois vidas de favores. Te ajudar seria o mínimo que ela poderia fazer.

— O que aconteceu? Pra ela te dever… Duas vidas de favores?

— Ela foi estúpida durante a Inquisição. Tive que ajudá-la para não causar mais problemas.

Wanda inspirou fundo, colocou a moeda no bolso. Saber que Ebony estava vivo durante a Inquisição deveria tê-la chocado, mas não podia dizer que estava surpresa. Ele e Agatha eram antigos. O que não fazia sentido na sua cabeça era ele visivelmente desaprovar sua viagem à montanha e ainda assim não a proibir de ir.

— Ebony?

— Sim, bruxa boba?

— Por quê… Não me impede de viajar até Wundagore?

— Ah, menina. Eu poderia mesmo te impedir?

Houve silêncio entre os dois. Wanda se recordou de cada cela, grade, coleira e palavras de ordem, restrição que viu na sua vida. Hoje se sentia tão livre que estranhava. E era verdade que o gato já tinha lhe dito em oportunidades anteriores que não diria a ela o que fazer, ainda que não a poupasse os comentários sarcásticos. Na primeira missão que saiu de Wakanda para Sokovia, com Bucky, Steve e Sam, a Feiticeira Escarlate encontrou pela primeira vez seu pai. Antes de vê-lo, Ebony a visitou com a justificativa de que não queria que sofresse sozinha. Talvez ele estivesse ali agora pelo mesmo motivo.

— Foi o que pensei. — Ele concluiu. — Sem falar que é uma feiticeira, não posso te proibir de nada. Ir até lá é uma grande idiotice? Sim. Deveria aprender mais com Agatha antes de ir? Sem dúvidas. Mas existem coisas que só aprendemos com nossos próprios erros.

— Posso dizer que sou perita nisso.

— E está prestes a ser ainda mais.

Wanda lhe lançou um olhar feio antes de se sentar na cama. Fazia dias que vinha viajando e a correria do dia-a-dia a fazia esquecer de dores mais fundas. Naquele momento se lembrou de seus amigos. De Bucky. Seu coração apertou-se no peito. Foi ali, no chalé, que ela segurou forte as mãos dele, foi ali que ele a ensinou o truque da moeda e que… Ela notou que o amava. E foi também ali que ela dormiu em seu ombro, quase babando. Suspirou. Sentia sua falta. Esperava que a perdoasse.

— Eu só… Queria fazer as coisas por mim mesma. Eu acho.

— Igual quando você ia enfrentar as Dora Milaje? Pra se mostrar forte?

— É. — Seu corpo se eletrizou em memória dos hematomas. — Que idiotice, né?

— Nem me diga. Wanda, — Ele recomeçou, muito sério. — Não é porque você consegue alterar a realidade que você deve fazer isso com tudo. Não é responsável pelo mundo, não precisa provar nada pra ninguém. E você vai resolver seus problemas pendentes, mas qualquer um precisa de um tempo. É por isso que Agatha não disse onde morava. Pra você pudesse buscar as respostas sozinha. Para você ter uma jornada. E está indo bem. Não jogue isso fora.

Ela balançou os pés.

— É. Acho que está certo. Mas… Pode servir de reconhecimento, não? Para eu saber o que vou enfrentar.

Ebony estreitou os olhos.

— Você é uma jovem caótica, sabia?

— Me contaram isso, gatinho.

O felino fechou os olhos, cansado.

— Apenas pegue sua tiara. As botas vão ajudar na caminhada, mas o que você realmente vai precisar é foco. Espero que tenha aprendido as lições de defesa energética.

* * *

 

O vento uivou, soprando os cabelos de Wanda Maximoff. Ela trajava um manto vermelho sobre o corpo e a tiara dada por seu pai, sendo um ponto escarlate em meio ao cenário desbotado de árvores.

— Eu sei que as estações não tem hora marcada na natureza. — Ela disse, um arrepio se formando da base de sua coluna até a nuca. Referia-se ao fato de que as de estações, apesar das datas oficiais de solstícios e equinócios, não trocavam rapidamente dependendo do local. Caminhavam em direção a primavera, porém a floresta ao sopé da Montanha ainda era fria. Bem mais que o comum. — Mas aqui…

— Não existe nada de normal nessa floresta. Todos sabem disso.

— Eu sei, eu sei. — Engoliu em seco.

Não ignorava todas as histórias que sabia daquele lugar, tampouco desprezava as palavras ditas por Lucja ou Ebony. No entanto, existia um impulso nela de saber e fazer as coisas por si mesma, misturando um tanto de cautela de suas experiências passadas com a impulsividade de seus genes. Ela imaginou se seu pai era assim ou sua mãe. Erik. Magda.

— Olhos e ouvidos atentos, Feiticeira. A qualquer sinal de perigo, se teletransporte para fora daqui.

— A Moeda já está na minha mão.

Adentrou entre os sussurros das árvores. O chão farfalhava sob seus pés e a sensação era de enxergar vultos com os cantos dos olhos. Não via auras. Não conseguia escutar algo nítido, mas escutava algo. Ela inspirou fundo e continuou andando, desviando de troncos caídos e secos, de pedras. Era uma garota sozinha e vestida de vermelho. Segurava o fecho do manto sobre seu pescoço, repetindo o que seu irmão havia dito anos atrás. Era sua cor, era um aviso. Ela era a Feiticeira Escarlate e já sobrevivera a tudo na vida. Sobreviveria a essa floresta também.

As íris de seus olhos se coloriram em carmesim, Wanda franziu a testa. Parou de andar, embora ainda estivesse longe da montanha em si. Seu coração martelava dentro do tórax. Havia algo de errado.

— Ebony. — Ela chamou. — Nós viemos de manhã. Olhe o Sol agora. Está entardecendo.

A luz que passava pelas vegetação era a típica luz alaranjada do pôr do sol. Wanda alarmou-se, a cor vermelha tomou conta de suas escleras nos olhos. A tiara de metal a fazia mais sensível às ondulações de energia e havia algo tenso no ar, algo simplesmente… Errado. O ocaso repentino somente a deixou mais nervosa, inclusive Ebony, que reagiu a este fato arrepiando o pelo preto de seu torso. Essa hora do dia era o entre-mundos, o período em que pessoas poderiam enxergar o que estava do outro lado e… O outro lado podia enxergar de volta. Era possível ir e vir, transitar livremente entre o aqui e o além.

Devido a esta razão que tinham ido até lá durante o dia, logo cedo. Para evitar que o outro lado os vissem e tentassem toca-los. Não era possível vir já o entardecer, não tinham andado durante horas assim. Wanda olhou para trás, sobre os ombros. Não enxergou a estrada, o caminho que deixaram. Não havia mais trilha. Estavam no meio do nada.

— Wanda… — Ebony sussurrou, mas não precisava dizer mais nada. A Feiticeira já estava pronta para jogar a moeda de Ouroboros para cima e se teletransportar para qualquer outro lugar.

— Eu acho que é o suficiente. — Respondeu, os olhos arregalados. Não queria ficar nem mais um segundo. Concentrou-se na superfície entalhada em prata da moeda e focou-se também no chalé, onde tinha deixado sua mochila. Iria para lá, em segurança, e enfim traçaria caminho até Bucareste.

Assim que a relíquia flutou no ar e névoa escarlate preparava o feitiço, uma coruja voou sobre suas cabeças e pegou a moeda com suas garras.

Wanda soltou um xingamento pesado, seu coração gélido.

A coruja pousou no galho de uma árvore próxima, suas grandes órbitas cintilando opacas feito duas luas. Inclinou a cabeça, encarou os dois. Suas penas eram brancas, embora um tom sujo. Um tom de ossos antigos, escavados. Uma gota de suor frio escorreu das têmporas da jovem sokoviana.  A ave girou o pescoço uma vez.

“Bruxa”, piou. O silêncio doente da floresta tornou-se mais denso, Wanda chamou pelo nome de Ebony baixinho. O gato começou a rosnar e rosnar, porém o outro animal nem fez menção de sair do lugar. Piou de novo, seu pescoço girou mais vezes do que Wanda sabia ser possível.

Bruxa

Bruxa

Bruxa

 

“Sozinha”

“Sozinha”

“Sozinha”

 

“Morta”

“Morta”

“Morta”

 

A Feiticeira sabia que em um momento futuro não precisaria da moeda para teleporte, porém seu nervosismo nada ajudava para tentar algo novo. Ebony também não era capaz de fazer isso por ela, senão já teria feito.  Hesitava na escolha de atacar a coruja para ter a moeda de volta. Deveria atacar? Conseguiria infligir algum dano à ave? Teria novamente a posse do objeto para retornar em segurança? Ou pioraria tudo?

A hesitação desapareceu quando o animal piou de novo, seu bico abrindo em cento e oitenta graus e com um som que mais parecia um grito humano. Wanda lançou uma rajada de energia rubra que fez um som explosivo, atingindo o animal em cheio na árvore. Sumiu em penas brancas e sombras, a moeda caiu no solo com um baque mudo. Wanda e Ebony correram para pegá-la, porém assim que a Feiticeira chegou até o local e estendeu a mão para juntar a relíquia do chão, viu que não estava mais no mesmo lugar.

Olhou para trás. O gato estava há pelo menos dez metros de distância.

— Wanda! — Ele gritou, do ponto onde ela deveria estar também.

— Ebony! — Deu um passo para frente. — Eu não entendo, isso não é uma viagem astral. Como… Por quê isso…?

— Fique aí, eu vou… — Olhou de um lado para outro. O estômago dela parecia afundar dentro de seu corpo, pois notou que nem mesmo o gato místico sabia o que estava acontecendo. — Eu vou levar a moeda até você!

A floresta emitia um som de antecipação, ruídos enervantes e indistintos. Um galho quebrava ali, asas batiam lá. Piados longe. Um rosnar grave perto. Aproximando-se e aproximando-se. Ebony, porém, por mais que corresse, não ficava um centímetro mais próximo da feiticeira, agora com a respiração rápida. Muito pelo contrário, o gato ficava cada vez mais longe.

Ele miou seu nome, embora o som mal tenha chegado até ela. O cenário mudava de ângulos como se Wanda se teleportasse para pontos diferentes, ou como se olhasse para tudo de esguelha. Tudo era coberto por galhos, escondido entre as árvores. A figura de seu amigo felino correndo era pequena e diminuía entre as árvores escuras, o mundo girando seu eixo rapidamente até que restasse somente a feiticeira e silêncio.

O vento uivou mais uma vez. Veio a noite, caiu como um manto súbito. No céu, meia lua a cintilar sobre a clareira onde a jovem estava, tal qual os olhos da coruja. Ela chamou o nome do gato, tremendo. Sua garganta fechou, engasgada num choro de pânico. Ela abraçou o próprio corpo, se sentindo idiota e sentindo a morte rondar próxima.

Respirou fundo. Tinha sido sua decisão, afinal. Conjurou sua aura rubra e sentiu seus pontos de energia se alinharem, lembrando-se do que Ebony tinha dito sobre proteções astrais e repassando a aula de Agatha em sua cabeça. Estava assustada e tinha motivos de sobra para isso. No entanto, nada adiantava. Mesmo com os joelhos trêmulos, voltou a andar. Ou avançava e encontrava Natalya ou então tentava saía dali. Qualquer uma das opções envolvia continuar o trajeto.

Wanda voltou a caminhar entre as árvores escuras. A cada passo para dentro da floresta lhe dava a impressão de que os troncos tornavam-se mais grossos e altos, a ponto de que já não enxergava o fim dos galhos no céu ou a lua, embora sua luz opaca escorresse das copas para o chão. Não viu ou escutou mais a coruja, o que poderia lhe trazer alívio se ela não tivesse a sensação de ser observada. Como seus olhos não enxergavam perigo, Wanda aguçou seus poderes para localizar o que estava a sua volta, sem muito sucesso. A energia daquele lugar era estranha e sangrava. Alguns pontos eram hostis. Com toda certeza, a floresta ao sopé da Montanha queria confundi-la em seus labirintos de troncos e conjurar o feitiço Vegvisir se mostrava infrutífero. A runa se desvanecia sobre a pele em seu braço, girando sem apontar uma direção específica. Rangeu os dentes com raiva.

Lucja mencionara sobre os véus da realidade estarem simplesmente errados quando Natalya foi até lá. A lembrou das regras para andar sozinha, que eram uma mistura de crendices locais que obedecia de forma instintiva antes mesmo de acreditar. Coisa de sokoviano. Wanda, portanto, não se virava para checar o caminho que deixava para trás - pois a sensação de ser observada apenas cresceria - e tampouco seguia por trilhas que lhe dessem a sensação de mau agouro. Ela ouviu vozes chamarem seu nome, mas não respondeu. Aquelas vozes estavam enterradas há muito tempo. Com os olhos arregalados e suor frio, ela enxergou clarões de luzes ao fundo da florestas, em direções distintas. Considerou então que estava perto, já que as aparições estavam mais ousadas - como o esqueleto de cervo que atravessou seu caminho e os corvos que murmuraram pesadelos. Um deles inclusive rapinou o pequeno pacote de sal que carregava na cintura, então Wanda notou que era mais uma tentativa de desarmá-la.

Hm, ela murmurou. Se essa força - esse mal - precisava desarma-la antes, isso significava que não podia enfrentá-la agora. Isso a confortava, embora não pudesse vacilar. A tiara lhe dava certo foco, tinha que admitir, e tal coisa era muito bem-vinda naquela situação. Certas criaturas eram apenas criaturas, sem intenção de interromper sua noite para incomodá-la. O restante… Bem, o restante queria ver e roer os ossos Feiticeira, mas ela também sabia ser um monstro. O solo passou a ser pavimentado de pedras, musgo, e começava a inclinar para cima. Faltava pouco para de fato subir a Montanha Wundagore.

E então veio uma música. Primeiro, Wanda achou que era o mesmo ritmo da música infantil que Ultron costumava cantarolar. A letra era sobre uma marionete livre das cordas, um ritmo calmo e doente em meio a escuridão. Aquilo fez seu coração bater mais rápido, porém não chamou por ninguém. Ninguém viria ao seu encontro, de qualquer maneira. Nada que lhe ajudasse. Nada que não a quisesse devorar viva. O som alternava entre distante e próximo, independente se ela andava mais depressa e quase tropeçasse em raízes. Em determinados instantes, a canção mudava. Era aquela de ninar polonesa de memórias tristes e marcadas com uma suástica.

A floresta compreendeu que aquilo a assustava e fechou as trilhas com galhos espinhosos, formando grades. Celas. Wanda ouviu mais uma vez alguém chamar seu nome, era a voz de Ebony. Não sabia se era real ou não.

— Wanda! — Ela enxergou o gato preto muito distante, ainda correndo. Depois sua imagem desapareceu e surgiu em outro ponto, como se as árvores abrissem estranhos portais. Talvez pudesse usar aquilo em vantagem própria, abrir saídas para outro lugar. Ouviu mais um miado indistinto, abstrato. — … Ajuda!

Wanda tentou responder enquanto buscava outra forma de escapar, no entanto seus reflexos foram falhos. A voz de Ebony lhe custou um momento de atenção. O galho de uma árvore próxima enganchou seu pescoço e a jogou no chão, estrangulando-a. Os olhos da Feiticeira piscavam em vermelho, quase chorando. Tentou focar sua energia em lanças que pudessem protegê-la, rajadas rubras que desfizessem o aperto. Em vão. O gato não chegou até ela, mas uma figura enorme e escura sim. Suas quatro órbitas eram de um tom branco leitoso, suas pernas eram tão rápidas quanto um dia Pietro foi. E sua boca se abriu disforme, fileiras e fileiras de dentes. Wanda soltou um grito, projetando um golpe rubro para tirá-lo de cima de si. Ele se dissolveu em sombras e ressurgiu em seguida, mas ao menos ela já estava de pé para enfrentá-lo.

Agatha havia dito que Natalya pressentiu um mal em busca de Wanda e, naquele instante, ela acreditou em cada palavra. As sombras sibilavam, agrupando-se no chão, esperando pelo momento em que as mãos envoltas em luz vermelha da jovem estivessem vulneráveis. A figura a sua frente cresceu e cresceu no fim abriu sua imensa bocarra.

Suas fileiras de dentes transformaram-se uma moldura para uma outra cena, uma janela para uma floresta colorida. A Travessia da Bruxa, Wanda notou, sem saber o porque estava vendo aquilo. Dali, ela enxergou uma mulher também trajada em vermelho e reconheceu-a como Natalya Maximoff, sua tia. Assim como a primeira vez que a viu no pesadelo, Natalya estava parada, seu rosto sério, e as duas cruzaram o olhar. Natalya ouviu um urro nem humano, nem mecânico. Ela se preparou para se defender do que vinha - da entidade que enfrentava há anos nesse plano astral - quando a visão se fechou.

E as sombras ao redor da Feiticeira Escarlate borbulharam para atacá-la. Wanda inspirou fundo e permitiu o caos correr pelas suas veias, inflamando seu pulmão. Sua aura ardia, sua proteção astral ceifava os inimigos. Mas eram tantos, tantos. Ela sentia dor no pescoço devido ao aperto anterior do galho e agora algo mordia sua perna. Começou a chorar de ódio. A visão não tinha sido nada mais que uma distração tola, uma isca. Achava que permaneceria ali pela eternidade quando ouviu estranhos barulhos de tiros. As criaturas de encolheram e ela piscou para a figura que apareceu de repente, que grunhia de raiva.

— Eu não sei o que diabos estou fazendo!

Mais xingamentos. Wanda poderia dizer que era o som mais idílico que ouvira sair da boca de Bucky Barnes enquanto ele atirava num emaranhado de sombras viscosas ao chão. Carregava a arma grande de forma meio desajeitada numa mão e uma lamparina na outra. Ela não conteve a surpresa de vê-lo ali, mas existiam muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo para que pudesse reagir melhor.

— Apenas continue atirando, soldado! — Ebony desceu de seu ombro metálico e correu até Wanda. Perto de Bucky ainda havia mais dois gatos, Ameena e outro amarelo que a Feiticeira não reconheceu. — Wanda, querida idiota. Vamos sair daqui!

— Mas você está sem a moeda!

O gato chiou e arranhou uma sombra.

— Apenas vá até Barnes!

Ela foi o mais rápido que pôde, sua perna latejando e seu andar trôpego. Apoiou-se em Barnes, pondo a mão sobre a dele, que segurava a lamparina. Em meio aos rosnados de gatos e desespero, puderam olhar um no rosto do outro com carinho.

James.

— Boneca.

Houve luz vermelha e em dois segundos eles já não estavam mais lá.

***

Bucky a colocou deitada sobre o sofá, vendo o que poderia fazer para cuidar da mordida que Wanda havia levado da criatura, qualquer que fosse a espécie demoníaca daquilo. Álcool até poderia prevenir uma infecção, mas ele já não sabia dizer sobre maldições e possessão. Não era a pessoa mais adequada para esse tipo de assunto. Foi atrás de uma garrafa de vodka, de qualquer forma. Tinha que ter uma ali, para o machucado de Wanda e para os nervos dele. Enquanto mexia nos armários da cozinha, podia ouvir o diálogo entre os felinos.

— Não parece grave. — Ebony disse, conversando com a outra gata. — Talvez tenha só febre.

— É. Sem perigo dos ossos dela se dissolverem, mas foi por pouco. Essa garota é sortuda.

— Sorte foi ter ainda munição de prata. — O gato amarelo disse, soltando um bocejo de desdém. — Sabem como é difícil achar?

— Você deixou bem claro das últimas trinta vezes que falou isso, Âmbar.

Bucky aumentou a dose em seu copo, feliz por Yelena ter deixado duas garrafas ali ainda. Estavam de volta ao chalé de Belova, lugar em que tinha acabado de chegar quando o gato preto e falastrão de Wanda apareceu literalmente do ar, dizendo que ela estava em perigo. Ele tinha achado que seria uma missão de resgate normal, mas envolveu falar com uma gata de três olhos marroquina, viajar por meio da luz de uma lamparina até um beco onde outro gato vendia armas místicas. Para ao fim de tudo chegar até uma floresta amaldiçoada e atirar em sombras. Era demais para a cabeça dele.

Nas poucas coisas que trouxe de sua viagem de São Petersburgo até ali, havia um comunicador que o colocaria em contato direto com Outer Heaven, em caso de emergências. Esperava não ter que usar, mas não hesitaria.

Voltou com um tecido embebido em álcool para limpar a ferida dela e deixou o copo à postos na mesa de centro. Wanda estava cansada, nem mesmo reclamava sobre dor enquanto ele gentilmente passava o tecido sobre sua pele. Já tinha retirado a tiara da testa e suava, fruto da febre que o gato preto alarmou. Vez ou outra fechava os olhos verdes e dizia algo aos gatos que não fazia muito sentido para Bucky, algo sobre lojas de bruxas. Eles, no entanto, pareciam entender e se apresentavam uns ao outros. Wanda conhecia Ameena, só não sabia quem era o gato amarelo, um bichano mercenário com um acervo considerável de armas no beco que morava. Chamava-se Âmbar, vestia um colete elegante e insistia em tentar vender mais alguma coisa para a Feiticeira.

O soldado tomou um gole longo. Era só o que faltava. Uma gangue de gatos falantes.

— Bom, — Wanda murmurou, um tanto pensativa. — Posso dizer que aprendi algumas coisas. Primeiro, a floresta só conseguiu me confundir mesmo quando captou meu medo. Se… Se eu não tivesse caído nessas armadilhas, poderia ter seguido em frente. Mesmo com os animais estranhos. Segundo, existem lapsos lá. Portais. Acho que em um deles pode me levar até Natalya.

Bucky estava prestes a perguntar quem diabos era Natalya quando Ebony o interrompeu, muito sério:

— Esqueceu-se do mais importante: Não vá a uma floresta amaldiçoada sem se preparar antes para isso.

— É… Não pretendo fazer isso de novo. De verdade.

O gato preto soltou um suspiro.

— Bom, eu vou me despedir de Ameena e de Âmbar. Temos alguns negócios a tratar e acho que vocês dois também têm. Digam adeus.

Ameena piscou seu terceiro olho e assentiu com o queixo num gesto breve, já Âmbar pulou no colo dela e deixou um cartão de visitas em sua mão.

— O melhor beco para armas místicas é o meu, mocinha. Posso arranjar qualquer coisa pra você, pelo preço certo.

— Oh, eu… Eu agradeço. — Wanda trocou um olhar hesitante com Bucky. — Vou manter isso em mente.

Os gatos se foram e os deixaram sozinhos. Bucky tomou o último gole de vodka que tinha, sabendo que estava muito longe da embriaguez. Um instante em silêncio se passou, vagaroso. Ele não sabia o que dizer, embora suas mãos tremessem de nervoso. Ao fim, encarou a jovem a sua frente e ela o encarou de volta.

— James… — Ela alcançou sua mão metálica, falando daquele jeito suave que deixava seu tórax frio. Ele segurou a mão dela em retribuição, como se pudesse tocar tudo o que era mais sagrado no mundo. — Eu… Quero dizer obrigada por me ajudar. Não sei o que teria feito sem você.

— Bom, e sem aquele trio de gatos também. Eu, na verdade, tinha acabado de chegar aqui quando Ebony apareceu gritando. Foi algo bem desqualificado da parte dele.

Wanda riu da entonação usada por Bucky, fazendo graça do jeito pomposo do gato preto e sua forma solene, o sotaque inglês.

— E depois foi uma confusão de teleportes com a gata, a… Ameena, não? E aquele amarelo me ensinou como carregar balas de prata naquela arma. Foi uma experiência nova.

Ela não recolheu a mão, mas não parecia conseguir dizer mais nada - até que um pensamento iluminou seus olhos.

— Oh, meu Deus. James, você já estava aqui? — Wanda ligou um ponto a outro e entendeu o significado daquilo. — Eu disse que… Que não precisava.

Deu de ombros.

— Você não ia me levar, mas disse nada sobre te seguir.

Wanda olhou para baixo durante alguns segundos, coisa que o fez divagar se tinha dito ou feito a coisa errada. Então ela voltou seu rosto para ele, a face quase chorosa.

— Você está bravo comigo?

— Não, boneca. Não mesmo. Eu só… Estava preocupado, sabe.

Puxou-a para um abraço desajeitado, pois ele ainda jazia à sua frente e a perna dela estava ferida. Wanda chorou um pouco, murmurou algumas palavras abafadas que soavam como um “obrigada” e um “me perdoe”. Bucky sentiu-se derreter, um tanto pensativo. Ela era tão forte e inquebrável. Não recuava em face ao perigo; espontânea, silenciosa e escarlate. E ainda assim, existiam momentos em que ela diminuía em si mesma como uma pequena flama.

Mas nunca se apagava.

Quando se separaram do abraço, mais uma vez Bucky sorveu dos detalhes de seu rosto. Desceu o olhar até a boca dela, rosácea. E ela olhou de volta em seus lábios. Então seu corpo se inclinou para mais perto, Wanda retribuiu. Ele sentia a respiração dela em seu rosto de maneira morna e delicada, cada vez mais próxima. Assistiu as pálpebras dela se fecharem e fechou as suas, avançando para um beijo que não pretendia dar e que ao mesmo tempo ardia há tempos em sua boca.

Mas seu joelho deu um encontrão direto na ferida da perna de Wanda, coisa que a fez se contrair e soltar uma exclamação de dor. No fim, ao curvar o seu corpo, a jovem inclinou a cabeça e bateu a testa na boca dele com força.

— Ai! — Bucky massageou o queixo, tentando conter a dor e a frustração. Wanda pediu desculpas, ele também. Depois riram, seus rostos vermelhos. Bucky suspirou, derrotado. Não passava de um rapazote do Brooklyn, sem saber muito o que fazer. Quando tinha ficado tão ruim naquilo? Lembrou-se. Foi quando fizeram uma lavagem cerebral em sua cabeça, levando embora todas as suas habilidades de flerte. — A gente não faz nada certo.

— Não mesmo. — Ela concordou, apoiando o queixo com a mão e o braço no encosto do sofá. Ainda olhava para ele. — Eu estou sempre encrencada.

— Mas não sozinha.

Os olhos dela tinham brilho, apesar do riso tímido. Retomar aquelas conversas e não conversas fazia bem para eles, ou ao menos para James Barnes. As mesmas palavras, porém em contextos diferentes. O mesmo sentimento.

— Nós somos uma bagunça, James.

— Uma bagunça terrível, boneca. Isso te incomoda?

— Não. E você?

— Não.

Ali estavam duas pessoas consideradas máquinas, monstros, encarando uma a outra com amor. Ele sentia raiva quando a consideravam perigosa, uma mulher que já fez tanto para se redimir seus erros. E ele podia sentir o quanto Wanda segurava com delicadeza seus sentimentos, sabendo o quanto ele também queria redimir os seus.

— Então, — Ela alongou as vogais na boca e inclinou o rosto, num gesto que ele conhecia bem. — Você veio, sabe… Para me levar de volta?

— Na verdade, não. — Ao som dessas palavras, Wanda soltou a respiração, mas ele hesitava em continuar a frase. Riu de lado e de forma breve, depois voltou a seriedade. Ela o faria dizer o que sentia com todas as palavras? — Eu vim porque...Tinha que devolver o seu lobo de madeira. Aquele, entalhado por Piotr.

— Oh. — Pegou-o com delicadeza, girando o objeto para vê-lo em sua totalidade. Sua expressão, no entanto, era de quem esperava outra resposta. Talvez ela de fato desejasse que ele dissesse tudo com todas as palavras, embora nenhum dos dois fosse conhecido por ser uma pessoa muito vocal. —  Obrigada.

— E também porque… Prometi a Erik que cuidaria de você.

— Você… Prometeu isso? Ao meu pai? Quando? Eu não me lembro de… Ah, sim. Quando eu estava…

— Desacordada, em Zurique.

Wanda brincou com o lobo de madeira na mão antes de responder, enquanto Bucky se mantinha muito parado.

— Promessa meio difícil de manter, huh?

— É um desafio… Interessante. E me ajudaria muito saber o seu próximo passo. O que está planejando agora? Algo a ver com… Lojas de bruxa?

— É. — Ela riu, depois franziu a testa de dor. — Eu sei que a metade da história está com Erik, mas… Não vou para, você sabe, Genosha.

Ele assentiu, aliviado. Depois de mais um instante de silêncio, Wanda continuou:

— E a outra metade está com Natalya. Ela é a minha tia. Ou era, já que meu pai não é meu pai e ela não tem como ser mais minha tia de sangue.— Suspirou. — Aparentemente tia Natalya encontrou minha mãe, a biológica, perdida na Montanha Wundagore e nos resgatou. Depois ela própria se perdeu, e dizem que enfrenta um mal até hoje num plano astral. Foi lá que a vi, num pesadelo no trem. Se lembra?

— Sim, você… Você ficou bem assustada. Falou sobre demônios.

— Eu tentei chegar até ela hoje. Como viu, não deu nada certo.

— E agora…?

— Agora tenho que me preparar. Ficar forte. Para voltar até a floresta, salvar Natalya, e enfim descobrir o que houve para um cara nascido em 1926 ter gêmeos em 1994. Eu vou para a casa de uma outra feiticeira, chamada Agatha Harkness, para aprender mais sobre magia. Ela tem me ajudado e é a dona do Ebony. Acho que não te contei sobre ela. — Wanda franziu os cenhos, depois sorriu sem graça. — Me perdoe, eu… Não contei várias coisas, não é?

Não, não tinha contado. Mas Bucky não conseguia ficar tão bravo com ela, por mais que devesse um pouco.

— Olha, — Ele admitiu. — Para quem falou que preferia as nossas não-conversas por não existir segredos lá, você realmente esqueceu de me contar muita coisa, como a origem dessa moeda e o fato que iria embora.

— Ai.— Ela franziu os cenhos. — Isso doeu, mas… Eu mereci.

Era engraçado ver todo o cenário pitoresco de magia e gatos falantes ser descortinado a sua frente, ainda que um tanto assustador. Realmente, Wanda era um desafio interessante. Achou que ela também não fazia por mal. Estava acostumada a entrar e sair na cabeça dos outros, talvez esquecesse que as pessoas não enxergavam o que havia nela da mesma forma que ela fazia com todos.

— Bom, o que essa Agatha tem a ver com as lojas de bruxa e com Natalya?

— Ela tem tentado ajudar Natalya e foi assim que ela me descobriu. Desde então me ensinou algumas coisas, tipo feitiços de proteção e pontos de energia. Foi ela que me auxiliou a buscar Shuri no plano astral também.

— Hm, então é tipo… Uma bruxa mestra. Ela é tão azeda quanto Ebony?

— Eu preciso confessar que ela é meio azeda sim, de vez em quando, mas tem um bom coração.

— Parece que a vida te dá uns limões bem estranhos, boneca.

Ela riu, depois seguiu com as explicações.

— Agatha me disse para seguir a cor violeta e para eu aproveitar a viagem. Até agora tem sido verdade, eu descobri certas coisas importantes. E a cor violeta é característica das Lojas de Bruxa, então vou procurar onde existem as melhores.

— É claro. Como não havia pensado antes. Onde existem as melhores, óbvio. — Respondeu com deboche por não fazer ideia do que ela falava, levando um pequeno tapa amigável da Maximoff. — Certo, certo, já parei. Não quero ser outro limão na tua vida.

— Você não é, assim como você disse que não sou uma pedra no seu caminho.

— Está flertando comigo, boneca?

— Ai, céus. Pedras e limões. Nós dois precisamos aprender metáforas melhores. Decaímos das menções de Shakespeare.

Ela soltou um suspiro exasperado, ele riu. Fazia tempo que não implicava com alguém de forma saudável, era ainda um resquício de si em uma outra época que aflorava na presença dela. Ele sentia saudades daquilo, embora logo fosse se arrepender das palavras ousadas. Ou melhor, já se arrependia. O ideal teria sido se tivesse beijado-a. O clima, no entanto, havia se desfeito. Bom, talvez não totalmente. Procuraria novas oportunidades.

— Eu vou pensar sobre isso. — Se remexeu, na defensiva. Esperava que ela não tivesse lido seus pensamentos naquele instante. Depois reconsiderou, sem saber mais que pensar. — Continue.

— Bom, o lugar é a Romênia. Bucareste, para ser mais exata.

— Bucareste? Eu… Eu morava lá. Antes de, você sabe.

— É. Eu sei… Só não acho que o seu apartamento estará disponível agora. E eu também não sei se você vai querer ir comigo, — Uma pausa hesitante, uma paráfrase do que Bucky dissera. — Você sabe…

Lojas de bruxas. Perigos. Viagens. Memórias perdidas, outras roubadas. Bucky não se considerava pronto para tantas missões assim, ainda mais estas que giravam no misticismo, pois era apenas um soldado. Mas agora era diferente, era um convite a acompanhá-la, não uma ordem. E ele não ia deixá-la, mesmo que agora estivesse bem. Tinha vindo para isto, não? Para manter promessas. Ele segurou as têmporas, observou-a segurar o lobo de madeira com carinho. Talvez não tivesse que usar o comunicador para entrar em contato com Steve, ou não agora.

O que diabos estava fazendo da própria vida? Ao menos, ele argumentou consigo, estou fazendo algo da minha vida. Decidindo, não obedecendo.

Wanda e Bucky eram uma bagunça mesmo. Um caos tragicômico completo.

Ele inspirou fundo.

— Para Bucareste, então.

Uma bruxa, um soldado e um gato andaram pelos arredores de Novi Grad, Sokovia. Visitaram o cemitério, foram até a casa de um velho entalhador. Ninguém foi ao encontro deles, nem polícia, nem bandidos, nem Sentinelas ou Mata-Capas. Ao fim de uma tarde em Março, se fez luz vermelha e o estranho trio desapareceu do pequeno e destruído país do Leste Europeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Eu realmente estava afim de trabalhar com algo da categoria chamada "horror cósmico", que é muuuuito interessante e também conhecida por exibir o horror do... Bem, do desconhecido. Achei que combinava com o aspecto misterioso da floresta ♥

* E ESSA CENA DE QUASE BEIJO? IOASHDIAOHDSAS Me desculpem pessoas, mas nao me sinto culpada hahah

* Agora começa o que TANTO QUERIA ♥ Momentos fofinhos entre Wanda e Bucky em Bucareste! Gente, faz mil anos que to planejando isso, é sério. Vai ter muita coisa lindinha e em breve - EM BREVE - um beijo de verdade hihihi ohmahgawd!

* O capítulo foi revisado, mas Zola ainda existe e pode tentar sabotar essa fanfic. Caso encontre algum erro, por favor reportar à Shalashaska.