Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 59
LIX


Notas iniciais do capítulo

22/08/2018
Capítulo quentíssimo! Sei que já é quase meia noite, mas só deu pra postar *mesmo* agora. A boa notícia é que baixei um aplicativo de conversão de audio em texto, o que me permite escrever sem "escrever" hahaha meus pulsos agradecem. Sinto que vai dar para manter o ritmo. Ah! Eu prometo responder todos os reviews em breve! Muito obrigada pelo apoio, gente. Vocês são incríveis!
Segue um novo capítulo com um cameo de uma figura conhecida somente nas HQs, mas não tão popular para quem assiste somente aos filmes. Mais informações nas notas finais.



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O pincel na mão de Jack tremeu junto com seu apartamento inteiro, o que resultou num risco errado sobre o papel grosso. Ele grunhiu, depois suspirou no alto de seus quase oitenta anos de idade. Seu desenho sobre a aquarela estava arruinado, logo esse que estava tão bom, cheio de amarelo e azul profundo. Histórias ilustradas sobre super-heróis sempre lhe garantiram um trocado considerável para somar com sua aposentadoria, mas depois que heróis de verdade surgiram em plena Nova York em 2012, as pessoas não estavam tão interessadas nos personagens fictícios. Queriam é notícias dos reais. Ele olhou para o desenho do herói sobre sua escrivaninha, suas cores tão vivas e seu rosto firme. Os quadrinhos de hoje careciam de saturação, de uniformes mais interessantes do que uma mistura de spandex e kevlar.

A energia faltou no apartamento e mais uma vez os móveis chacoalharam.

— Argh. — Ele se levantou da cadeira, levando consigo seu material de desenho: O copo com água e tinta, pincéis e toalha. Não conseguiria terminar naquela noite, sem falar que sua esposa ficaria um tanto aborrecida se ficasse acordado até muito tarde. O idoso estava de frente para a janela, mas virou-se justamente quando rajadas de luz vermelha atravessaram o horizonte e uma antena parabólica foi arrancada do teto de um prédio vizinho para uma direção estranha, atraída talvez para o chão. — Essas obras no centro parecem que nunca acabam! A prefeitura tem que fazer alguma coisa.

Ele caminhou até a pia da cozinha e começou a lavar as cerdas escuras dos pincéis enquanto murmurava o preço dos impostos e sobre a marca do estojo de aquarela que estava em falta na sua loja favorita. Olhou para as cores se misturando e se desfazendo no ralo. Parecia até sua história de origem de vilão: As aventuras do terrível Jack contra inconvenientes do cotidiano e histórias ruins nos quadrinhos!

Riu sozinho, sem perceber o som de uma explosão há alguns quilômetros. Pensava agora que seu neto talvez estivesse certo. O guri gostava das narrativas do avô e aprendeu a desenhar com ele, mas tinha verdadeira paixão por web comics, fanfics. Jack nem sabia direito o que diabos era aquilo, só sabia que ocupavam grande parte do tempo e do coração do moleque, que andava com um tablet enorme na mão. Ele chegou a conhecer até mesmo pessoas de outros países, fez amizade com uma tal menina chamada Kamala, na America.Ele ficou doido quando soube que o Pantera Negra em pessoa, o Homem de Ferro e o robô Visão iriam para o Congresso em Zurique naquele dia, porém tinha aula e acabou em casa, em outra cidade.

Enquanto enxugava as mãos e a energia oscilava de novo, o idoso divagou sobre os boletos de luz e sobre o Congresso. O tema era sério. Pensou sobre os mutantes. Procurou também um fósforo na gaveta para acender algumas velas de emergência. De repente parou, iluminado por uma epifania, uma história que parecia ter vindo pronta na sua cabeça: Um grupo de heróis mutantes, todos eles muito diversos, resistindo bravamente contra o preconceito e os tais Sentinelas. É, aquilo parecia legal. Uniformes. Toda a estética dos anos oitenta seria perfeita, mas poderia discutir isso melhor com o neto. Ele levou a vela acesa até a sala, ligou o celular que ganhou do guri e franziu os olhos para enxergar as coisas na tela. A internet da casa também oscilava, mas poderia ligar aquela outra bola com o símbolo de setas nas opções, que o permitia acessar o Google até do café do outro lado da cidade. Sua esposa que o desculpasse, mas aquela noite ele tinha que saber mais o que eram webcomics e fanfics.

Depois ligaria para o neto.

Sentou-se à escrivaninha de novo. Procurou uma caneta azul no meio da confusão de papéis e materiais, até que finalmente achou a cor que queria. No risco que escapara sobre o torso do herói, ele fez um risco contrário na diagonal, formando um elegante “X”.

— Ooh!

*****

Ayo levava a princesa Shuri na nave. É claro que a herdeira do trono não precisava de condução até onde precisava ir, mas era costume que uma guerreira das Dora Milaje sempre acompanhasse os monarcas em missões oficiais e principalmente em missões secretas. Podia sentir que a princesa estava tensa ao fundo, sentada e com o olhar fixo no vidro da aeronave. Não era costume seu questionar Vossa Alteza, pois tudo o que ela fazia era por seu irmão e por Wakanda. Mas, ainda que confiasse de olhos fechados em sua princesa, estranhou o local onde ela indicara no mapa. Sul de Madagascar. Pelo o que sabia, Vossa Majestade T’Challa estava em Zurique, no Congresso. E também trouxe consigo duas ampolas de uma substância amarela que eram cargas para uma seringa em seu bolso.

Shuri dissera que ele estava em perigo quando Ayo foi perguntar sobre os mísseis lançados ao céu. Agora pareciam voar na direção contrária… Perguntou-se se Okoye estava bem.

— Princesa,  — Ela desviou seus olhos do rumo em que seguiam para encarar brevemente o rosto duro da jovem.  — O que está acontecendo? O que houve com o rei?

— Não tenho tempo para explicar.  — As palavras dela tropeçaram um pouco na boca,  como se fizesse um pouco de força para lembrar-se como conversar. Estaria nervosa?  — Vai entender. Depois.

A guerreira virou-se para frente de novo, observando as nuvens. Sua testa estava franzida, seus pensamentos confusos. Shuri costumava ser uma pessoa muito verbal, até mesmo quando algo a desagradava. Honesta e clara, objetiva. Mas recordou-se que havia mais coisas em jogo desde que os Vingadores Secretos obtiveram auxílio do rei. Ela estava perto de deixar esse comportamento anômalo passar quando uma mensagem veio da Central de Wakanda. Ayo autorizou o áudio enquanto pilotava.

— Ayo, para onde está levando essa nave? Precisamos de você aqui.

—  Estou em missão para uma Ilha ao Sul de Madagascar. A princesa Shuri alertou sobre a segurança do rei, acredito que-

— Princesa Shuri? O que está falando? — A outra guerreira na linha tinha a voz exasperada, como se fizesse força para não gritar. Ayo sabia quem era e a imaginou com a expressão dura. — Mísseis PEM saíram de Wakanda. Rei T’Challa entrou em contato para redirecionarmos o nosso satélite e procurando desesperado por Shuri. A encontramos no laboratório dela, desacordada por um veneno. Não achamos a seringa. Precisamos de todas as Dora Milaje para investigar. Não é hora brincadeiras!

Um arrepio desceu até a base da coluna da guerreira. Seringa. Encarou a princesa com o canto dos olhos e por sobre os ombros, vendo-a brincar com a ponta da agulha. Não parecia prestar atenção na conversa até que reparou o olhar da guerreira. Ayo voltou-se ao comunicador, quase sem ouvir o que sua compatriota do outro lado dizia.

— Amare, — A Dora a chamou pelo nome. — Eu encontrei a seringa.

Uma pausa. Antes que a outra pudesse falar algo que causasse tumulto, Ayo continuou:

— Estou emitindo a minha localização exata para você. Se eu não voltar dentro de uma hora, mande reforços. Entendido?

— Sim… Entendido.

Ayo engoliu seco.

— Câmbio, desligo.

Ela se levantou lentamente, encarando a figura da princesa sentada. Colocou a nave no piloto automático. Não sabia se dava uma desculpa estranha para checar se a jovem que estava a sua frente era a verdadeira herdeira do trono wakandano, embora tivesse a pulseira kimoyo em sua mão. Notando o comportamento diferente da guerreira, Shuri também se levantou.

Ayo queria agora a lábia de um dos espiões do Estado, os Cães de Guerra. Nakia lidaria com a situação de um jeito gracioso até que tudo estivesse em suas mãos, enquanto ela, por sua vez, estava acostumada com a honestidade de um combate e a solidez de suas armas. Como então não era Nakia e possuía no momento apenas uma lança próxima, Ayo deu um passo a frente.

Só não esperava que Shuri, ou aquela que se passava por Shuri, fosse ao se encontro.

— Ouvi meu nome na conversa. — Ela disse e a guerreira suspeitou ainda mais de seu sotaque, sua frase pouco articulada. — O que há?

Ayo a encarou fundo, lembrando da jovem quando ainda menina, e tentando descobrir diferenças óbvias em sua face. Se fosse verdade, se a verdadeira Shuri estivesse perigo, Ayo não conseguiria suportar. Ao mesmo tempo, Ayo não se sentia pronta para atacar a figura exata da princesa.

— Eu preciso ver a sua marca de nascença. — Ordenou. A outra assentiu, mas vacilou, quase erguendo o pulso e sua joia kimoyo. Não era onde a marca de nascença ficava. Ayo ainda se deu o trabalho de corrigi-la. — Na parte interna de seus lábios.  

Shuri deu passo para frente e por uma fração de segundo Ayo cogitou que fosse a verdadeira princesa, tamanha sua confiança. Ela ia mostrar a parte interna dos lábios, a tatuagem de inscrições no alfabeto wakandano que qualquer cidadão tinha. Sua mão direita fez um gesto breve, o esboço do caminho de seu lado do corpo, em repouso, para o próprio rosto, em direção à boca. Naquele exato instante, um brilho amarelo eclipsou os olhos da princesa enquanto ela, na realidade, pegava a seringa no bolso para golpear a guerreira.

Ayo a impediu com um contragolpe duro no braço. A falsa Shuri sibilou irritada, agora sem se preocupar em manter as aparências. Seu corpo rapidamente mudou para um aspecto reptiliano, escamas azuis e olhos amarelos. Em contraste com a pele de cor profunda, seus cabelos eram vermelhos. Mística, a mutante que seu rei advertira em missões anteriores de Capitão Rogers e Falcão, principalmente na ocasião em que o esquadrão de elite, as Anjos da Meia Noite, salvaram os dois americanos em Veneza.  

A guerreira tinha que evitar a agulha na mão da oponente, mesmo que isso significasse quebrar braço dela. Por ter invadido seu país e envenenado a herdeira do trono, Ayo não sentiria remorso em ter que matá-la, apenas sentiria-se mal por não poder interrogá-la.

Elas trocaram uma sequência de ataques, Ayo com sua lança e a mutante com a agulha.  A cada investida da mulher azul, a guerreira notava que ela era mais treinada do que supunha e mais agressiva que uma víbora. Não falava nada, pouco arquejava quando desviava do bastão de vibranium e sua ponta elétrica. Ela era flexível e veloz, aproveitava cada oportunidade para atingi-la nas pernas e tentava incorporar qualquer objeto ao alcance das mãos na briga. Ayo, porém, era mais forte e valia-se de sua ira para avançar sobre a inimiga. Só não podia levar o combate para os fundos da aeronave, onde existia o breve arsenal para missões rápidas. Caso chegassem até lá, Mística não hesitaria em pegar uma arma e abrir fogo contra a Dora Milaje. Sairia impune e com o sangue de duas wakandanas nas mãos, a da princesa e a da guerreira.

Foi pensando nisso que Ayo expirou um grito e pôs mais força nos braços. Seu juramento de defender Wakanda era sagrado, o ritual de raspar a cabeça também e ela honraria seus deveres.

Com um baque, Ayo atingiu o pulso da mutante azul e fez com que a seringa caísse no piso, estilhaçando-se em dezenas de pedaços. Com outro movimento, prensou-a com a lança em direção a poltrona de co-piloto da nave. Rangia os dentes, ávida pelo fim daquilo.

Foi nesse momento que Mística foi capaz, não de revidar, mas de redirecionar a força dela na lança para a poltrona em si, escapulindo por baixo e girando o torso. Logo em seguida chutou as costas dela para afundá-la no estofamento. Enquanto pressionava a coluna dela com o joelho esquerdo, Mística pegou o cinto de segurança da poltrona e encaixou no local adequado, mesmo que a guerreira estivesse de cara contra o apoio da cabeça e numa posição completamente desconfortável, debatendo-se. Num golpe final e antes que Ayo se libertasse, a mutante deu um soco no maior botão do painel no braço da poltrona.

Ejetar.  

A guerreira se foi para o alto e para fora da aeronave com um grito.

Mística inspirou fundo, alivou os ombros e o pescoço com um estralo. Olhou para o painel de controle um tanto frustrada por não reconhecer a tecnologia, mas sabia que conseguiria manter o curso da nave até seu objetivo. Desejou apenas não encontrar mais wakandanas no meio do caminho.

****

Wanda não queria dizer que tinha experiência em lutar contra uma horda de robôs malignos, mas isso seria mentira. O segredo era não deixar que eles se aproximassem demais e desmembrá-los em pleno ar, para que não pudessem fugir ou contra atacar. O que não esperava era a quantidade de trípodes que saiam do buraco de dentro do banco, muito menos a velocidade que eles tentavam se espalhar pela cidade.

Nos minutos que se seguiram após avalanche de robôs, os Vingadores Secretos e os Mata-Capas se preocuparam apenas em eliminar a maior quantidade possível deles, mesmo que estivessem cansados ou atordoados demais. Caledônia carregou Paladino para longe da linha de frente, enquanto os soldados atiravam nas criaturas. Silver Sable se muniu de uma submetralhadora  e a outra mulher, a metamorfa, se transformou de novo em um imenso yeti para esmagar os inimigos. Capitão fazia o que podia e tinha sincronia perfeita tanto com Natasha quanto com Bucky, que valiam-se de armas para lidar com a situação. O duro é que necessitavam de mais do que três tiros para desativar somente um robô,  de modo que o problema começava a sair do controle mesmo que Magneto e Psylocke ajudassem.

— Nenhum deles pode se conectar à internet! — Steve Rogers gritou em meio a um soco.  Fincou a ponta do escudo no meio do olho do trípode e levantou-se. — Não deixem que…

A frase se perdeu no meio do caminho. Wanda teve que se lançar a metros de distância de onde estava para não ser engolida por dezenas de robôs. Os tentáculos de locomoção das criaturas eram potentes, bem como as carapaças eram de difícil penetração. Alguns tinham balas alojadas em suas estruturas, porém continuavam rolando para frente. Ela tentava acertá-los com rajadas de energia, cuidando para não acertar prédios ou pessoas.

A Feiticeira Escarlate pode perceber que Magneto não conseguia movê-los, então concluiu que não eram feitos de metal ferromagnético. Isso seria muita tolice por parte de Zola, caso fosse verdade. Para eliminá-los, o mutante arrancava metal de estruturas próximas,como postes e placas, e as jogava contra os trípodes. Ao menos duas dúzias deles foram esmagadas quando ele atraiu uma antena parabólica para o meio do campo de batalha.

— Feiticeira! — Viúva Negra tinha acabado de eletrocutar um robô. — Ouviu o que Rogers disse?

Wanda virou o rosto.

— O quê?

Sam Wilson livrou a espiã russa da morte com um tiro, que acertou o centro do robô inimigo enquanto ela se distraiu ao passar as informações para a Maximoff.

— Erga uma muralha num perímetro! Daí os trípodes não conseguirão escapar!

Assentiu de forma breve, para que sua interação com Natasha não custasse sua vida e nem a dela. Viu Bucky parado em cima do capô de um jipe, atirando de pé nos robôs que estavam mais próximos de causar um dano sério aos seus amigos. Wanda mirou para o chão com as mãos espalmadas e soltou energia psiônica para se impulsionar até onde ele estava. O fato que Psylocke fatiava robôs com sua katana de energia também facilitou a trajetória.

Wanda tentou pensar numa frase tosca para aliviar a tensão quando pousou ao lado dele, mas a expressão de Bucky a impediu de dizer alguma coisa. Ele rangia os dentes com a mandíbula travada, daquele jeito que o fazia distante do homem gentil que era. Tiro após tiro a raiva dele parecia aumentar, sua aura escura. Até que tomou fôlego e olhou para Wanda, seu rosto desfeito daquele aspecto sombrio e transformado de volta em James Barnes.

— Eu realmente não sei o que tá acontecendo. Eles não param de vir! — Deu um pisão em um tentáculo mecânico que subia o jipe.

— Só me dê cobertura, ok?

Bucky assentiu com a cabeça.

— Entendido, boneca.

Wanda não teve tempo de assistir o arrependimento nos olhos dele de falar aquilo em voz alta, pois tinha fechado os seus e começava a conjurar uma grossa parede para impedir a fuga dos trípodes de Zola. Mas ela soltou um sorriso de lado e respondeu:

— Obrigada, James.

— Argh. — Falcão descontou a raiva em um inimigo. — Alguém pode parar esses dois?

Sam Wilson só não imaginava que seu pedido fosse atendido por ninguém mais que Magneto. Com uma das barras de ferro da antena parabólica que desprendeu do telhado de um prédio, ele limpou um raio de até cinco metros de onde Wanda e Bucky estavam.

— Foco, soldado. — Foi apenas o que pediu, embora sua voz prometesse outras torturas ao amigo de Steve Rogers.

A barreira vermelha subiu do chão aos céus, protegendo os jornalistas insistentes que se aproximavam do foco da luta e recobrindo os prédios próximos, para que nada e ninguém que estivesse lá dentro fosse atingido. Encobriu também uma saída para o metrô ali perto, escadarias que levavam ao chão, para que os robôs não pudessem escapar.

A batalha continuou.

*****

FRIDAY bombardeava a tela de seus óculos com alertas de suas taxas glicêmicas, pressão arterial e o risco iminente de um AVC. Tony Stark levava tais diagnósticos com uma expressão debochada na boca, emoldurada pelo seu cavanhaque. Os avisos dados pela Inteligência Artificial que realmente o preocupavam eram as mensagens perdidas de Pepper Potts. Ele não tinha coragem de ler ou ouvir nenhuma delas no momento. Sua vontade era se enclausurar numa armadura e fazer dela sua abrigo ou concha, para nunca mais ver a luz de um flash de câmera na sua cara.

Mas primeiro tinha que atravessar aquela multidão, enfrentar alguns olhares desaprovadores e chegar aonde professor Xavier estava. Iria agradecer pela ajuda, pois tinha certeza que só durou tanto tempo no palco devido ao auxílio dele e de sua ex-aluna, Jean Grey. A telepatia deles naquele momento foi muito bem-vinda. Ele aproximou-se do senhor de meia idade careca e feições gentis, apertou sua mão de maneira firme, ainda que silenciosa. T’Challa, sua general de guerra chamada Okoye, Logan e Visão já estavam de volta da pequena excursão que fizeram adentro do prédio. Apesar do discurso ser um sucesso e as provas de suas palavras já estarem surfando na internet, o rosto dos dois wakandanos estava tenso, como se esculpidos em pedra. Depois Stark lidaria com isso.

— Você foi bem. — Ororo afagou seu ombro. — Posso não ser telepata, mas sei que as pessoas sentiram o impacto do que disse. Tenho certeza que o Serviço Sentinela será cancelado.

— Eu diria adiado. — Visão se pronunciou, expondo uma alternativa lógica. — Há quem queira ainda investir nesse tipo de proteção.

Tony quis ter colocado um botão “off” no sintozóide. Já era falta de tato não perceber que o bilionário queria só uma palavra amiga para não sair completamente dos eixos, e se referir ao Projeto Sentinela como “proteção” era total insensibilidade. Ele apenas suspirou, Xavier lhe ofereceu um sorriso.

— Ainda acho que deveria ser um de nós lá em cima. — Scott Summers deu um passo a frente. — Mutantes falando pelos mutantes. Mas o que fez hoje não será esquecido. Você é bem vindo na escola, qualquer dia desses.

Eles deram um aperto de mãos.  

— Erik ainda deve estar lá fora, junto com seu amigo Steve Rogers. Tem certeza que não quer ir conosco?

— Lamento, Xavier. — Tony negou, suas cabeça zonza. — Chega de conversas complicadas por essa noite. Vou deixá-los com esse tal Magneto. Como Summers disse, mutantes por mutantes enfrentando um mutante. Mas se me chamarem para aquele whisky no escritório, eu topo.

Logan assentiu com um meio sorriso indomável. Virou-se para Scott com os braços cruzados e disse;

— Esse cara sabe como se divertir.

— Bom, meu caro senhor Stark… — Xavier retomou a voz principal do diálogo. — Não irá nem para ver seu velho amigo?

O engenheiro hesitou.

— Eu e Rogers teremos essa conversa, um dia. Mas não hoje. Definitivamente não agora. Eu só quero achar a saída e esquecer que existo por três anos. Vou me alimentar só de amendoim do Hotel.

Todos riram fraco, mas não era uma piada. Foi nesse momento que Tony olhou para as saídas, todas barradas por seguranças. Os vidros das janelas da construção aos poucos eram reforçadas. Isso só podia significar perigo e todos perceberam a inquietação no ar. Veio uma voz no sistema de som do Congresso, pedindo que todos mantivessem a calma e voltassem aos seus lugares marcados. A culpa do bloqueio era uma instabilidade externa que, segundo a voz automática, seria resolvida em breve.

— Mas o que diabos…? — Tony tinha o rosto franzido. — Eu tenho certeza que eles não estão falando do tempo lá fora.

— Oh, eles não estão mesmo. — Ororo respondeu.

FRIDAY

O Homem de Ferro mal chamou sua Inteligência Artificial quando um alarme disparou no seu relógio e na tela interna de seus óculos escuros. Ele engoliu seco, sabendo que aquela linha livre de comunicação a qual nem mesmo FRIDAY bloqueava chamadas significava perigo. E perigo em relação a um certo adolescente com poderes aracnídeos.

Senhor Stark!”

 

 


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Notas finais do capítulo

EDIT 01/09/2018
*No início deste capítulo eu havia feito um "cameo" para o Stan Lee, figura conhecida pelos amantes de quadrinhos e dos filmes do MCU. Senti que seria divertido vê-lo como numa das cenas dos filmes, porém após a publicação deste capítulo no dia 22/08/2018, uma das leitoras também me alertou que infelizmente essa mesma pessoa tão querida é também acusada de assédio por uma massoterapeuta. Os processos não foram concluidos e há muita controvérsia, porém até que tudo seja esclarecido optei por substituir o cameo de Lee por Jack Kirby, pai de muitos personagens que conhecemos e amamos. Ele não é muito conhecido por que assiste somente os filmes, mas é uma lenda das HQs e achei que seria um momento apropriado para enaltece-lo. Cabe aqui um comentário que não é a primeira conduta questionável de Lee, embora não vá negar seu carisma e talento. O fato é que essa fic é não compactua com nada que represente discriminação, violência e dor.

* Nessa parte divertidinha da fic também citei Kamala Khan, a atual Miss Marvel, e o traje clássico dos X-Men!

*Ayo, uma das Dora Milaje, pede para ver a marca de "nascença" de Shuri/Mística. Quem viu Pantera Negra sabe que essa marca é uma tatuagem cintilante na parte interna dos lábios.

*Sei que ta um tico menor que o padrão que entrego, mas foi feito de coração.

* Caso encontre um erro, favor reporte a Shalashaska!

*Até a próxima!