Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 45
XLV


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sou muito grata pela resposta de vocês no capítulo anterior ♥ Foram muito engraçados! Teve muito grito, muito surto, muita fofura hahah E teve gente nova também! Dedico esse capítulo cheio de ação à todos vocês, leitores queridos.



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A rotina de guerra era fácil de seguir. Seu corpo estava habituado a ela, ou então era mais uma programação em sua cabeça. Bucky revia a munição, o equipamento, o plano, sua vontade de executar a missão com sucesso.

YA gotov otvechat’

Pronto para cooperar.

Ele e  Steve Rogers moviam-se em sintonia dentro da aeronave que os transportava para o norte Sokovia, enquanto a voz baixa de Viúva Negra citava as coordenadas e dizia mais uma vez a ordem do cronograma. A munição era não-letal e com silenciadores, o combinado eram notificações de cada integrante em intervalos menores, de dez minutos. Não eram um grupo grande e eles, apesar de suas respectivas qualidades, não dariam conta de uma equipe inteira inimiga, não com Sentinelas. Teriam mais sorte se fossem silenciosos.

Ele lembrava-se da Segunda Guerra, pois estava com Steve. Lembrava-se de anos depois, quando treinava garotas no Salão Vermelho, jovens prontas para matar. Era bom saber que Natasha não sucumbira àquilo, mas era bom saber que ela não esquecera-se do treinamento, uma vez que precisariam disso mais vezes do que poderiam supor. Mas ele se perguntava se a russa se recordava do instrutor americano, calado e letal. Se ela tinha memórias de dias da neve, refeições pobres, ou daquela noite com a garota loira e o lago congelado.

Bucky acreditava que sim, ela lembrava-se, e que assim como ele, preferia o silêncio.

Assim como Wanda, que encarava a pequena janela com o rosto vazio de expressão.

 

Sobrevoavam a cratera ainda aberta em Novi Grad, a capital, reduzida a escombros e cinzas. Alguns postes iluminavam o concreto quebrado e estruturas de metais retorcidas. Mesmo sendo noite, a destruição era visível, tal a diferença com a floresta que rodeava a área. Logo a cena se foi, e eles continuaram ao Norte, mais próximos à cadeia de montanhas e longe da capital de Sokovia.

 

Mais uma vez, ele queria dizer algo. Sentia que deveria, porém palavras soltas entalavam em sua garganta. Ele tirou a trava de sua arma e conferiu a mira da escopeta. Wanda havia segurado sua mão e ele a segurou de volta, antes de virem à missão. E ela caiu no sono, ele achou que dormiu também. Difícil dizer. Mas sentiu o peso do rosto dela em seu ombro e a expressão desgostosa de Sam Wilson, quando foi os chamar para seguir até a aeronave.

Bucky não soube dizer se o amigo de Steve o encarou assim por conta de Wanda ou se era por causa de seu cabelo preso.

Ele a encarou de relance, mais uma vez, e por fim pousou seus olhos sobre as mãos dela. A Feiticeira tinha a moeda de prata entre os dedos e a segurava com força. Ele soube então que ela desejava estar em outro lugar, mas quem precisava ver não estava lá.

“Estamos perto.” A voz de Natasha ressoou nos sistema de áudio da nave. “Todos com as escutas funcionando?”

— Posso ouvir sua voz alta e clara, Nat. — Sam respondeu, testando o comunicador em seu ouvido. Todos seguiram o exemplo e confirmaram: todos operantes e conectados. Usavam o canal 140.85, difícil de ser interceptado pelo inimigo, embora o sinal de rádio da Viúva Negra fosse nítido.

“Perfeito então. Vamos parar a cem metros da estação de testes. O vento e a neve não vão ajudar e o ideal é não deixar rastros. Vamos focar na furtividade. O objetivo é se infiltrar, coletar informações e implantar os explosivos, que só serão ativados quando estiverem longe daí.”

“E serão ativados por mim.” Uma segunda voz disse, era a princesa Shuri. Ela tinha ficado em Wakanda e também fazia parte da equipe tática a distância. Ela e a agente russa, porém, não estavam no mesmo ambiente. “Precisamos terminar tudo ao amanhecer, no máximo. Apesar da tecnologia de camuflagem da aeronave, não queremos arriscar. Já vimos as cópias de plantas da estação, mas não temos certeza da precisão disso. É uma espécie de hangar. Cada um terá um mapa no visor do antebraço e cada um de vocês tem um dispositivo para coletar dados nos computadores. Se possível, tirem fotos dos Sentinelas que virem. Existe um recurso também para scannear arquivos físicos, mas isso demora trinta segundos para copiar cada página.”

 — Asa Vermelha vai fazer uma leitura rápida do ambiente, para termos certeza de que estamos no caminho certo. Não tivemos muito tempo para estudar as plantas, as poucas que conseguimos da estação de testes.

 O drone pequeno e cor de carmim saiu de sua posição estática a bordo da aeronave e atendeu ao comando de Falcão, sobrevoando a cabeça daqueles presentes até chegar ao lado de seu dono. Sua cor não podia contrastar mais com a neve, mas ainda era pequeno o suficiente para não ser facilmente notado.

Nao esperavam tamanha proteção tecnológica contra suas investidas, pois Shuri já conseguira informações deles sem que procurasse e a base de testes parecia aproveitar dados e sistemas da HYDRA. Poderia se dizer que faziam o trabalho sujo de forma incauta, mas usavam ainda arquivos físicos, papel, formas de não terem tais dados facilmente hackeados. Era somente por esta razão que o grupo de Steve Rogers ainda estava no escuro, sem falar que gozavam de negligência Internacional.

Quem ligava para o interior de Sokovia, quase ao sopé da Montanha Wungadore? Que país desenvolvido teria interesse humanitário ali?

Parecia fácil para outras nações investirem nos Sentinelas em Sokovia sem que se comprometessem com entraves éticos e políticos. Wanda e Steve debateram tal possibilidade, imaginando quem estaria atrás de injeção de investimento em tal projeto. Um passo em falso e a denúncia seria oca e Sokovia mais uma vez culpada por intervencionismo estrangeiro. Era um país ou palco?

 “Estamos no local demarcado. Entrando em modo repouso, painéis defletores ligados. Piloto automático ainda ativado para uma saída de emergência.”

 — Wanda? — Steve a chamou. — Detectei assinaturas de calor ali em baixo. Pessoas. Podem ser engenheiros, cientistas, só um zelador… Precisamos que faça igual em Viena.

 Ela levantou seu queixo ao ouvir seu nome e guardou a moeda em um dos bolsos de seu traje, composto por um tecido resistente ao frio, mas não muito grosso. Era escuro e apenas com uma faixa escarlate na lateral de seu corpo.

Mais uma vez ele requisitava seus poderes, sua magia. Igual Sokovia, igual Viena, ele dizia. Se referia ao modo que evacuava a cidade e minimizava os efeitos de combate, baixas entre soldados e mortes civis, mas imagens de um destino mais tortuoso baleavam a cabeça de Wanda Maximoff. Ela se lembrou mais uma vez da cratera. Se lembrou da neve que havia sobre o chão e um corpo enterrado abaixo dela.

 Sabia que se ativasse o feitiço em seu braço, Vegsvisir, ele apontaria para longe, em direção a um cemitério.

 — Não posso fazer igual em Viena. — Recordou-se também da fala de Pietro, ou melhor, de Mística. Sua face ardeu em lembrança ao tapa. —  Não são meros civis e vão saber que existe algo errado se forem a outro lugar no meio da madrugada. Vou colocá-los para dormir.

 O Capitão América assentiu, uma sombra cobrindo sua aura. Wanda tinha o rosto pálido, o esboço de olheiras e as íris rubras. Junto ao Falcão, ela se dirigiu a saída da aeronave e esperou que o portão descesse, revelando os uivos do vento. Asa Vermelha saiu um tanto instável devido a ventania, enquanto a Feiticeira erguia as mãos e exalava sua magia escarlate.

Bucky a observou se longe, seu corpo contra o vento. De início, ela apenas inspirava fundo e depois expirava, até que seus pés levitaram alguns centímetros do chão e seu cabelo solto foi tomado por um vento que não era natural. Movia-se como se debaixo d’água, envolto em névoa carmesim, tão etérea quanto ele se recordava, nas vezes em que ela o visitara em sua própria mente. As mãos erguidas e espalmadas de Wanda lançaram correntes vermelhas e impalpáveis no ar, correntes que desceram da nave e foram de encontro com as almas que existiam na estação de testes

Ele sentiu sua nuca arrepiar quando a expressão dela mudou, vincos brotando em sua face.

 — Tem… —  Ela mal abafou um arquejo de dor. — Muita gente. Sessenta pessoas. Não, mais… Setenta e seis. E eu acho que não… Vou conseguir.

 A voz dela era um fio. Bucky cruzou o olhar com Steve, mas antes que pudessem tomar qualquer atitude para manter integridade física e mental de Wanda, ela suspirou, respirando normalmente. Virou-se, já com os pés no piso da nave, limpando o filete de sangue que escorrera de seu nariz com as costas da mão. Quando abriu suas pálpebras, suas escleras também eram vermelhas e luminosas.

 — Está feito. Acumulei todos os soldados da estação na entrada, para que que o resto do lugar fique livre e também para que… Fique mais fácil tirá-los da zona da explosão no final. Não precisamos matá-los.

Falcão tomou a fala.

— Asa Vermelha já mandou atualizações do lugar para nossos dispositivos. Estarei na retaguarda enquanto vocês descem.

— Certo. — Wanda assentiu, bem como Steve e Bucky. — Posso levita-los até perto da entrada. Não acho que tenham minas ou outro mecanismo do tipo, mas é bom evitar. Tudo bem para você, James? Treinamos esse tipo de movimento há uns 9 meses atrás, mas talvez você ache estranho.

Ela se referiu a uma realidade distante, quando treinava modos de dar suporte para seus aliados em missões. Muita coisa envolvia seus poderes, como lançar Steve Rogers para outra direção ou içar obstáculos para retardar alguma força inimiga. Gostava mais de brincar com seus amigos no ar.

— Eu acho. — Confessou. —  Mas vai ser interessante.

Bucky não sabia que sentiria um tipo estranho de orgulho por arrancar um sorriso tímido dela.

— Bom, é melhor me darem as mãos. Quero que o pouso seja leve.

Steve pegou sua mão esquerda, sobrando apenas a direita para Bucky. Ele hesitou antes de entrelaçar seus dedos de metal com os dela, mesmo que tal fato não parecesse importante para a jovem. Ele tentou não achar importante também. Os três pularam da aeronave. Não houve lei da gravidade, somente neve, vento e a magia da Feiticeira, a cor rubra misturada com aura azul e negra.

 Eles mal ouviram a despedida e palavras de encorajamento de seus colegas através dos comunicadores. O vento uivava com a neve e o pouso foi delicado, próximo ao pátio da entrada, a direita. Apesar de Wanda ter colocado todos os vigias e soldados em sono profundo, a estrutura de concreto, chapas de metal e holofotes despertava todos os sentidos do corpo. Os três agacharam-se, cheios de cautela, sabendo que ainda assim existiria algum tipo de alarme e câmeras.

Bucky arrumou o fuzil, apoiando-o corretamente contra o tronco, e observou o terreno através da mira. O trio estava escondido atrás de um da dezena de contêineres enfileirados no pátio, escutando lonas tremularem ao vento, que cobriam algum material que era impossível distinguir o que era. Material para a construção dos Sentinelas, provavelmente, e ele notou também que havia uma trilha dupla sobre o asfalto coberto de neve, fato que indicava o movimento constante de carros ou caminhões. No centro e em frente a construção, havia luzes demarcando a área de pouso. Heliporto. Fossem entregas, ou envios, tudo indicava que o deslocamento de carros e helicópteros era frequente. Preocupante.

— Existe um Hind-D russo aqui. — Disse ele, reconhecendo o veículo, um helicóptero de ataque. Soviético ainda. Fabricado após a Segunda Guerra, mas Rogers fizera seu dever de casa e conseguia reconhecer coisas que estavam fora de sua época.— Algum conhecido, Viúva?

Não, Capitão. Mas posso tentar descobrir depois.”

— Inusitado você usar a palavra “tentar”.

Inusitado é ouvir piadas suas, fóssil.”

Bucky continuou a descrever a cena a frente.

— Torres de vigia limpas. Câmeras na entrada frontal. Nada que não dê para resolver mesmo com a direção do vento, só não queria gastar munição para…

— Ali? — Wanda apontou para onde o Soldado havia mirado.

— Sim.

Ela ergueu o punho em um movimento rápido e certeiro, lançando uma pequena flama de energia amorfa nas câmeras em questão, que desmantelaram-se uma a uma com um som oco.

— Resolvido. Agora precisamos ver por onde vamos entrar.

— Eu já entrei pela porta da frente em muitos lugares só com o meu escudo. — Steve suspirou, memórias de explosões em sua cabeça, enquanto Bucky alternava o olhar entre as câmeras destruídas e o rosto da jovem Maximoff. — Mas eu não tenho meu escudo agora e, se me lembro bem, a missão tem que ser furtiva. Não queremos que descubram quem exatamente invadiu a base, nem mesmo que incriminem mutantes de novo. Sem rastros.

 “Asa Vermelha encontrou um duto do sistema de ventilação.” Falcão disse pelo comunicador. Steve ergueu o próprio braço e apertou um código no seu bracelete, despertando um holograma pobre e trêmulo do que o drone havia captado. “Não consigo manobrá-lo para entrar, a visão noturna não está ajudando tanto nessa nevasca e o vento piora a situação. Um de vocês pode subir a escada que dá à passarela frontal, entrar pelo duto e abrir por dentro. Ao menos Feiticeira já eliminou as câmeras. A passagem é segura.”

 — Vai servir. Encontrar algum soldado no pátio com algum cartão de identificação para abrir os portões demoraria demais. Eu vou.

— Capitão… — Wanda o impediu de ir com um toque em seu antebraço. — Eu sou menor, passaria mais fácil no duto. Posso não ser tão rápida, mas...

— Preciso de você aqui. Talvez se perca lá, eu estou acostumado com esse tipo de situação.

 “Totalmente.” Natasha riu no comunicador. “Sam, lembra aquela vez que Steve usou uma caixa de papelão para…”

— Foco, equipe. E pensei que íamos usar os codinomes.

“Ah, sim. Só existe um Sam no mundo.”

— Acho que só existe um Sam que tem uma amiga com sotaque russo que conhece um cara chamado Steve. — Ele segurou as têmporas. — O que quero dizer é que não sabemos se virá um novo carregamento. Sabemos que estão prestes a chegar em algum ponto importante dos experimentos e temos que impedir. Se alguém chegar, você é a pessoa certa para lidar com isso. — Disse isso e depois completou, olhando para Bucky. — Sem ofensas.

Em resposta, ele apenas perguntou:

— Você realmente usou uma caixa de papelão para…

— Estou indo.

 Capitão América se foi com rapidez, avançando através da neve. Wanda tinha os olhos ainda vermelhos e vivos, conseguia enxergar sua aura azul apesar da distância, enquanto Bucky acompanhava-o com a mira. Os dois o viram abaixar-se ao nível do chão gelado, arrastando-se para dentro com destreza. Esperaram.

Bucky tentava se focar na missão apenas, mas ainda vinham lampejos de cenas homicidas em sua mente. Ele travou sua mira e travou sua mandíbula, nervoso, ainda que suas mãos estivessem muito quietas. O lugar. Parecia Sibéria, quando Zemo mostrou ao Homem de Ferro uma das piores traições que cometera: assassinar Howard e Maria Stark A forma que aquele sujeito havia dito que aquele lugar era sua casa... Sacudiu a cabeça de leve, afastando tais pensamentos sem sucesso. Aquele lugar frio era Sokovia, onde Wanda e Pietro Maximoff foram forjados. O lar dos gêmeos.

Ele lançou um olhar de esguelha para ela, a bruxa ainda com suas íris e escleras em brasa. Ela lembrava-se. Ela sentia.

 — Esse lugar. — Disse ela, sem aviso, como um eco dos devaneios de James Barnes.— Pensei que não conhecia, mas conheço. Houve uma vez… Nós fomos sedados, e… —  Ela franziu os cenhos, colocou a mão sobre a própria cabeça e soltou um arquejo. — Eu… Não lembro de mais nada. Apenas… De chegar aqui.

Bucky engoliu seco, abriu a boca. Mas qualquer que fosse sua palavra de consolo ou assombro, a voz de Steve veio mais rápida:

 “Estou dentro, mas não achei algo que nos dê acesso ao código do portão. Feiticeira, você conseguiria, huh, olhar na cabeça de algum dos soldados para tentar descobrir a senha?

 — Demoraria. — Ela aproximou a boca do bracelete em seu braço, do mesmo modelo que todos usavam. — São pelo menos quinze soldados na área da frente onde você está, pelo o que sinto.

Então esqueça.”

 Ouviu-se um som de impacto, algo craquelado, e estática de eletricidade. Steve havia quebrado alguma coisa. Segundos depois, os portões frontais começaram a se abrir com um longo rangido. Wanda e Bucky apressaram-se para chegar até lá, correndo pela neve e o vendo. Os holofotes projetaram suas sombras no cenário branco e cinza, duas figuras indistintas.

 Entraram, observando Steve de pé e um nível acima deles, na passagem de metal, e os corpos dos soldados adormecidos pela magia de Wanda Maximoff todos ao chão.

Ela só inclinou o rosto de leve, naquele seu gesto conhecido, observando os trajes brancos e pesados para protegerem do frio e se camuflarem na neve. Corpos sem rostos, cobertos por balaclavas.

Bucky sabia, só de olhar pelo canto do olho, que ela estava tentando lembrar de algo, juntar uma peça a outra e finalmente montar aquele quebra-cabeça doentio. Sabia disso, pois aquela expressão ele vira no espelho por um bom tempo.

Ainda via, em certas manhãs.

Deixou de pensar nisso e se esforçou para reparar no que estava ao seu redor com mais atenção. Um arrepio irradiou de sua nuca e desceu até a base de sua coluna, despertando aquela dor fantasma do braço que um dia foi seu. Ele piscou mais rápido e mais vezes até poder dizer ao cérebro que não havia alguém fritando sua cabeça com altas voltagens e ordens, por mais que aquele tipo de ambiente fosse familiar ao seu corpo. Ao Soldado Invernal. Sentiu o cheiro de ferrugem misturado ao odor úmido do recinto.

Existiam correntes e ganchos suspendendo pedaços de metal, de torsos metálicos, pernas. Algo desmontado, ou pesado e grande demais para ser feito com apenas de uma vez. Caixotes de madeira, luzes, faixas em preto e amarelo. Avisos de cautela.

 — Certo, time. — Steve marchou, chamando os dois para caminhar consigo. Enquanto descia as escadas, encarava o mapa projetado em seu bracelete e absorvia bem o silêncio e os contornos do ambiente ao seu redor — O espaço é grande e o tempo é curto.

— Pelo visto… — A Feiticeira ergueu os olhos para cima. — Estamos só na recepção.

— Precisamos nos separar. Existe mais de um andar aqui, tanto para cima quanto para baixo, mas o térreo é mais extenso. Eu e Bucky podemos cobrir essa área. Tirem foto do que acharem importante. Se encontrarem armas, robôs, algo pronto ou próximo de ser concluído, implantem os explosivos. Cada um tem cinco no estoque, então coloquem em lugares estratégicos. Feiticeira?

— Sim?

— Acha que os soldados ficarão desacordados por todo esse tempo?

— E mais, se me pedir.

— Bom. Nos encontramos no máximo em uma hora.

 “Deixarei Asa Vermelha em modo de alerta. Posso checar o andar de cima enquanto vocês se separam entre térreo e subsolo. Já entro.”

— Parece bom pra mim, Falcão.

Só tentem não se divertir demais sem mim.”

Bucky ouviu Wanda soltar um suspiro, quase um riso, ao ouvir a fala vinda de Natasha.

 Ele não gostou muito da ideia de se separar, mesmo que ficasse com Steve. Havia um instinto forte em seu corpo, um sussurro em seu peito, que dizia que bastaria passar mais tempo naquela base para que sua mente desligasse do aqui e o agora. Pronto para cooperar, pronto para cooperar.

Estava nevando e Steve estava lá, assim como em 1945. Ele sentia que podia cair a qualquer instante, embora não soubesse de onde ou como. Não havia trem e não havia exatamente uma grande guerra. Perderia outro membro? Steve o mantinha por perto, talvez com esse mesmo medo. As coisas pareciam tão diferentes e tão iguais, sua realidade escorria sem controle pelos dedos.

Mas não encontrou voz para se opor a ideia e todos pareciam confortáveis, dentro do possível, com a situação. Engoliu seco mais uma vez, a boca arida e o coração pesado , mãos muito firmes na sua arma. Wanda, quando olhou uma última vez para ele antes de se deslocar até aos níveis anteriores, parecia saber o que se passava em seus pensamentos, emoções, como se tais coisas retumbassem em seu próprio tórax.

E parecia também dizer que o encontraria de volta, fosse um labirinto de concreto ou um labirinto falso na sua cabeça.

 Wanda acenou de longe, com seu brilho escarlate, e aquilo mais pareceu uma estranha bênção.

 

* * *

 

O pior daquele silêncio era saber que estava habituada a ele. Ou que estivera.

Não era o silêncio dos sorrisos cor de rosa de Natasha Romanoff, a retórica sarcástica de Clint Barton ou o desviar de olhos sem graça quando Steve Rogers ouvia uma piada suja. Não era o silêncio de Bucky Barnes.

Era o vazio do frio entrando pelas paredes sem isolação. De seus olhos já secos porque não havia mais lágrimas e não havia mais voz para chamar seu irmão.

Wanda descia por um elevador, descendo para próprias memórias. Seu coração batia rápido. As instalações da HYDRA eram muito parecidas umas com as outras e ela divagava se isso era proposital, para deixá-la louca. Ainda assim, algo faltava, algo mais do que Pietro.

Tinha a sensação latente de que já estivera ali. Talvez fosse verdade, talvez não. O máximo que conseguia lembrar-se era de abrir os olhos, sendo carregada numa maca e virar o rosto para buscar seu irmão. Ele também estava inerte, mas ao menos estava lá. E ela fechou os olhos mais uma vez.

Wanda segurou as próprias têmporas. Por que não conseguia se lembrar? Mas não era hora para choro ou dor de cabeça, por mais que sua garganta estivesse muito presa. Ela não tinha mais nada, certas vezes nem mesmo a sanidade. Só lhe restavam memórias e o que seria de Wanda sem elas?

A luz amena do lugar não ajudava. Ela ouviu o som de uma máquina ainda trabalhando, talvez geradores de energia ou quem sabe o aquecedor. Quem sabe outra coisa, entretanto ela não queria pensar em outras possibilidades. Apenas ativou seus poderes escarlates e iluminava o caminho de um longo corredor com sua magia rubra. Ao se despedir de seus amigos, também usara sua magia para protegê-los… Assim como fizera com Shuri na missão anterior, deixando-a imune a qualquer ataque mental. Wanda compreendia também o quanto esse tipo de lugar podia mexer com a cabeça de Steve e Bucky.

Passou por meia dúzia portas fechadas e outros dois corredores perpendiculares ao que seguia, no entanto continuou reto. Não queria ser inútil ao time, mas ainda não havia encontrado algo verdadeiramente importante para denunciar alguém. Sam parecia ter mais sucesso nisso, pois no relatório de dez em dez minutos, dissera ter encontrado documentos mencionando importação de metais, mantimentos para os soldados… Nada mencionando algum país ou algum político. Bucky e Steve relataram pouca coisa, um cômodo de treinamento talvez. Furos de balas nas paredes. Seguiam para uma inspeção maior.

Além disso, Wanda também tinha seus próprios objetivos e sua intuição dizia que ele estava logo ali à frente, a resposta de tudo. Os arquivos que Shuri localizara.

Como está indo, Feiticeira?”

— Nada ainda, Falcão. — Ela encarou os lados ao apertar um botão para responder no comunicador. Com a outra mão, voltou a apertar a moeda com o símbolo de Ouroboros. — Sinto que estou numa Ala Médica, ou algo assim. Talvez num laboratório. — Silêncio. Todos sabiam o que era para Wanda Maximoff entrar em um laboratório estranho, ou melhor, tão familiar. Ela, a despeito de sua voz trêmula, continuou: — A vedação é melhor aqui e a parte superior das portas tem vidro. Pensei que operariam mais com máquinas do que algo orgânico, mas o corredor dá até uma última sala. É maior. Vou entrar.

Feiticeira, espere. Um de nós pode servir de reforço. Espere aí até…”

— Não será necessário. Preciso que fiquem aí. Eu… — A jovem suspirou e valeu-se de toda a audácia que tinha no sangue, citando as próprias palavras do Capitão América. — Estou acostumada com esse tipo de situação.

Wanda, não…”

— Dou feedback em dez minutos. Câmbio.

Ela ignorou os breves protestos no comunicador, encarando de frente uma imensa porta, de aspecto forte e cor oliva, opaca e desgastada. Deveria ser grossa e ainda tinha um painel ao lado, um dispositivo de segurança ativado por números. O motivo que a levava ser tão reforçada assim provocava arrepios em Wanda Maximoff.

Havia um gato preto na frente, sentado, seus olhos entre o amarelo e o verde luziram de encontro com a luz vermelha da magia dela. Ebony.

— O que está fazendo aqui? — Sussurrou, urgente e confusa. Depois lembrou-se que podia responder em sua própria cabeça: “Seja lá o que quer, vai ter que esperar.”

“Wanda… Você precisa sair daqui. Agora.”

O gato roçou na perna dela, tentando fazê-la ir para trás apenas com o peso de seu pequeno corpo felino.

Pensei que havia dito que não se falava à bruxas o que fazer.”

“Entendo o quanto quer saber das coisas, senhorita Maximoff. Mas…”

“O quê? Isso só me trará dor? E não é dor suficiente não saber… Não saber se eu to ficando louca? Se eu estou alucinando? Existem coisas que eu não sei que eu não sei… Mas existe uma maldita canção polonesa e um parentesco idiota com um homicida que controla metal.”

“Eu não vou dizer que não está preparada. Nem vou de fato impedi-la.”

“Então por que está aqui, por que agora? Você sabe de algo? Algo que eu deveria saber, mas por algum moralismo místico, você e Agatha não me contaram? Digo, você é real?”

“Você e Barnes me viram ao mesmo tempo. É claro que sou real.”

“ É claro.” Soltou um bafejo sarcástico. “E você falou com as duas pessoas mais sãs da face da Terra.”

“Isso não vem ao caso. O que quero dizer, aliás, o que já disse a você é que você não é determinada pelas coisas que fez, seu passado ou seus genes. Você é tudo o que ainda pode ser e realizar. Você é infinita e esse é o único determinismo que existe.”

“Liberdade?” Ela quis dar uma risada debochada, mas o que saiu de sua boca foi o lamento mais cru que já ouvira escapar de seus próprios lábios. “Existencialismo de Sartre? Poderíamos ter uma boa conversa sobre isso se não estivéssemos numa base da HYDRA no meio de uma missão. Eu poderia acreditar mais nisso se eu não tivesse passado fome ou não tivesse sido obrigada a tomar algumas decisões.”

“Você está certa. Não sei o que vai encontrar atrás dessas portas. Sei que senti dor próxima. Agatha nao me mandou desta vez. Apenas gosto de você, senhorita Wanda, por mais tola e impulsiva que seja. Não queria que sofresse.”

“É inevitável, não? Essa dor.”

“Sim.”

“Então eu agradeço… Por não passa-la sozinha.”

Wanda o pegou no colo, apertando-o contra o próprio peito. O gato preto afundou seu rosto entre os cabelos dela, ronronando. Quando ela o soltou levemente, para observar os olhos amarelo-esverdeados de Ebony, ele disse baixinho em seu ouvido:

“O segredo do truque da moeda é que não há segredo. Mas é divertido ver as pessoas rirem dessa tolice. Apenas o faça. Se divirta.”

O gato desapareceu no instante que a Feiticeira o colocou no chão. Ela riu por um breve momento, realmente achando graça daquele bichano tonto e delicado, até que lembrou-se da porta a sua frente. Era inevitável, então ela decidiu se adiantar. Usou seus poderes no painel e abriu a porta.

* * *

Bucky sabia que mandar Wanda sozinha para vasculhar um lugar desconhecido era ruim, mas teve plena certeza quando ela dissera que se tratava de um laboratório, com sua voz trêmula e de falsa confiança no comunicador. Steve sentiu aquilo também e até tentou fazer com que ela esperasse por eles, em vão. Mas decidiram ao fim confiar nela, assim como ela confiava de volta. Wanda era forte, Capitão disse, era esperta. Conseguiria lidar com aquilo sozinha.

No entanto, por que aquilo parecia mais uma prece do que uma certeza?

Os dois continuaram vasculhando, pegando imagens de etiquetas de caixotes, observando peças suspensas por correntes e ganchos no teto. A dinâmica entre os dois ainda estava ali, mesmo após anos separados. Bucky podia sentir quando o amigo se movia, quando algo captava sua atenção, e seu próprio corpo respondia de forma sincronizada. Seus braços erguiam a arma, sua respiração parava no tórax para que a mira fosse perfeita. Ele se lembrava de quando Steve e ele eram dois rapazotes no Brooklyn, de algum modo sempre arrumando encrencas.

— Está tudo muito escuro. — Capitão América soltou a frase como se fosse um raciocínio completo. — Não parece natural, mesmo para uma base da HYDRA. Parece que alguém…

— Desligou.

— Sim. E o som das correntes… Aqui não entra vento. Não é o ar. Falcão? — Ele apressou-se em chamar pelo comunicador. — Alguma movimentação estranha?

“Eu ia perguntar a mesma coisa, Cap. Tem algo errado, como em Viena. Nao sei dizer exatamente o que é. Ou pior, ja tenho ideia de quem seja.”

Steve e Bucky cruzaram o olhar.

— Não estamos sozinhos.

— Precisamos contactar Wanda. — Bucky alarmou-se, assistindo o amigo chamar a Feiticeira uma dúzia de vezes sem sucesso.

— Ela não atende!

As luzes começaram a se acender, uma a uma, em uma longa fileira. Faziam barulho cadenciado, tak, tak, tak, cada vez mais perto, cada vez mais grave. Revelaram imensos corpos metálicos ao lado, pernas que pareciam colunas da estrutura da base, troncos do tamanho de um jipe. Quatro Sentinelas prontos, dois de cada lado e em standby.

Telas em painéis ao lado começaram a soltar bipes, tais quais um monitoramento cardíaco. Som de máquinas, som de ar comprimido e pistões. E ao fim do ambiente, uma tela maior. A dupla se aproximou com cautela do posto principal de programação dos robôs, temendo que um passo em falso despertasse os robôs.

A tela preta ligou sozinha, mostrando o rosto em pixels de Arnim Zola.

 — Rogers, Steve. Buchanan Barnes, James. É um grande desprazer vê-los, herren.

O Capitão América rangeu os dentes, por um instante só encarando a tela.

— Você deveria ter morrido depois daquela explosão.

— A recíproca é verdadeira, Rogers. Você é uma lenda à prova de balas. Eu sou uma inteligência artificial intangível. Nós dois estamos em todo lugar.

— O que você quer dessa vez? Outro Projeto Insight, só que com Sentinelas? O que esses mutantes fizeram para você? O que...

— Você e sua mania descortês de questionar tudo… Mas é bom revê-lo sem uma estrela no peito. Sua causa já o traiu?

— Nunca a causa. Apenas algumas pessoas. Apenas governos.

— Seu amadurecimento foi tardio. Teria nos servido melhor na HYDRA. A semente já começa a dar frutos.

— Não sou igual a você.

Zola ignorou a afirmação e aquilo não poderia tê-lo deixado mais irado.

— Respondendo à sua última pergunta, os mutantes jamais me fizeram algo. São belas espécies. Estudei vários deles em minha vida de carne e osso, e agora posso processar dados e arquivos sobre ele como jamais pude. Encontrei coisas fascinantes. Diferente de um colega cientista, Trask, achei que os mutantes seriam um passo a mais no escala evolutiva. Mas, assim como ele, também precisei de corpos no meu laboratório.

— Você é doente.

— Oh, você. — Zola concedeu a sua atenção a Bucky e não estava ofendido com o que ele dissera. — Estou impressionado. Não pensei que conseguiriam se desfazer da programação tão cedo. Ou Rogers aproveita para transformá-lo em um cão fiel, Barnes? Quem sabe essa não seja sua verdadeira natureza, não?

Silêncio.

— O que diabos você quer?

— Talvez só queira ver o mundo queimar. Talvez só quisesse reunir todos os meus inimigos.

Houve um som de estática na atmosfera. Bucky e Steve olharam para trás, engoliram em seco. Luzes vermelhas saíam das órbitas artificiais dos quatro Sentinelas, enquanto uma descarga elétrica os fazia ganhar postura altiva no chão. Um deles deu um passo lento para frente, abalando toda a estrutura da base.

Steve tinha os olhos muito abertos, a pose defensiva. Não tinha como lançar um sinalizador ali dentro, pois o ambiente era fechado, e não queria falar algo pelo comunicador e assim dar munição para Zola, para que ele descobrisse quem estava os ajudando. Encarou Bucky, grato por tê-lo ao seu lado e por seu amigo ter uma mira tão certeira com um rifle.

— Sentinelas estão programados para atacar apenas mutantes.

A voz artificial do cientista foi capaz de rir pelos alto falantes.

— Oh, meu caro… E quem disse que não há mutantes entre vocês?

 * * *

Procurar pistas naquele lugar era uma provação para a Feiticeira Escarlate. O cômodo era amplo, de pé direito alto e no formato hexagonal, com todas as suas paredes preenchidas por computadores, painéis, e arquivos de escritório grandes, metálicos, onde jaziam dados dos mutantes. Nada sobre si ainda.

Se estômago parecia inundado de ácido e adrenalina, ela tinha certeza que suas mãos também tremiam. E por que ainda segurava a moeda? Talvez aquilo a ancorasse no lugar, no aqui e agora. Talvez porque enxergava algo perturbador.

Havia uma jaula de vidro no meio da sala, com apenas alguns aparatos estranhos e um ralo no chão de concreto. Sua nuca formigava, lembranças tentavam aflorar em sua cabeça, enquanto o resto de suas entranhas dizia que ela tinha que sair dali. Ela tocou a superfície lisa e limpa do vidro, escutando um lamento que era seu. Um grito. Um rugido.

A tela no fundo da sala ligou sozinha. Primeiro apenas preto e branca, zumbindo com estática. E então verde e preta, com o rosto de um homem morto.

— Maximoff, Wanda. Tentando descobrir mais sobre o passado, fräulein? Tem tido algum sucesso?

Wanda não respondeu. Não iria cair na conversa de Zola, mas a hydra, o animal mitológico, era também um tipo de serpente e era capaz de envenenar sem pregar seus dentes na carne da vítima. A Feiticeira estava paralisada feito pedra.

— Oh. Silêncio. Gastou toda a sua voz antes, enquanto choramingava pelo irmão? Ou está se sentindo em casa?

— Calado.

— Eu li o que fizeram com vocês dois. Até então, eu não estava livre do Campo Leigh, mas assim como seu amigo Ultron, consegui me espalhar em determinados pontos. Eu teria coordenado melhor o experimento, querida. Faria você mais forte, menos sentimental. Talvez então você tivesse tido sucesso em matar os Vingadores. Em matar Tony Stark, Steve Rogers…

Calado!

Ela atirou uma rajada psiônica na tela, quebrando-a inteira. Outra ligou, no lado esquerdo do cômodo. Ele apenas suspirou, se é que Inteligências Artificiais tinham necessidade de suspirar.

— Tão quieta e tão furiosa. Engana-se quem acha que você era a gêmea calma e doce, não é?

Wanda lacrimejava, mas a expressão feroz permanecia em sua face. Não conseguia escapar das palavras dele, não conseguia escapar das meias-memórias que abocanhavam sua razão.

— Tudo o que quer saber está aqui embaixo, Maximoff. No arquivo marcado com um grande “M” vermelho, mas não pelo motivo que pensa.— Nesse instante, um dos arquivos se abriu, revelando uma grande fileira de pastas dentro.— A menina da Montanha Wungadore... O que eles tentaram fazer com você e o que conseguiram, o que não conseguiram… Você é fascinante.

— Eu não sou um rato. Eu não sou um experimento! Eu sou…

— O que você é? Uma Vingadora? Seu destino foi uma prisão e sempre será.

Ela, em meio as lágrimas, lembrou-se de todos seus títulos. Cigana, órfã, aberração, judia, bruxa, mutante, Vingadora, assassina. Tivera esse tipo de conversa com Shuri, com Ebony. Tudo parecia errado e verdadeiro.

— Eu nasci, apenas, e nada me define. Eu sou infinita.

— Você acha que nasceu? Huh, — Disse ele, com nojo e com raiva. — Você foi criada! E seus criadores a querem de volta.

A tela se apagou de súbito, bem como as lâmpadas fluorescentes que iluminavam aquele cômodo. Nenhuma ligou mais. Wanda havia sentido um impacto igual se sente ao vir uma brisa mais forte. Agachou o próprio corpo por puro instinto, assustada. Não havia sido ela. Não havia sido…

Wanda, quando emitia algum tipo de pulso de energia, geralmente desintegrava tudo a sua volta. Não, não era nada feito por ela. Tinha sido um pulso eletromagnético.

Os minutos se arrastaram de forma pesada e lenta. Quando teve coragem, afinal exalou seus poderes escarlates para enxergar melhor na escuridão. Em meio luz rubra, uma silhueta, uma figura indistinta aproximava-se, vindo do corredor. Wanda deu um passo para trás, pois não havia o visto caminhar, mas sim flutuar. O homem vestia vermelho e usava um capacete.

— Eu prefiro dizer que sou a criatura de Frankenstein … E estou procurando meu criador. Então, — Ele inspirou fundo. — Esse era o cientista suíço?


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Notas finais do capítulo

*O capítulo foi revisado, mas existe a possibilidade deste arquivo ser sabotado pela HYDRA. Caso encontre algum erro, favor reporte à Shalashaska.

*O cenário nesta base em Sokovia é baseada em "Shadow Moses", a base inimiga de "Metal Gear Solid". Faço diversas referências do jogo ao longo do capítulo, como a piada de Steve usar uma caixa de papelão para se esconder - isso é marca registrada da série de games haha - Hind-D é um helicóptero de guerra citado no jogo, bem como a freqüência de rádio 140.45. Vocês podem ter mais ideia do jogo e do cenário aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=2nZerNYp30k

*A frase final de Magneto aparece em X-Men - First Class.

*Quem mais tá animado com o encontro de Wanda e Magnus?? EU TÔ

*Gostou? Mande um alô! Adoraria saber o que estão pensando, inclusive comentem o que acharam da playlist ~~ Se você ouviu a playlist, é claro hahah

*Bom final de semana e até mais!