Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 39
XXXIX


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gente, fui assistir Pantera Negra no Domingo e foi INCRÍVEL. Não é só hype, galera. O filme é perfeito mesmo, recomendo fortemente! Sem falar que ele finalmente dá algumas informações que eu queria para certas descrições aqui na fic, apesar da diferença com os quadrinhos. Realmente a Shuri no filme tá bem mais soft, mas amei demais.
Sobre o capítulo, é mais um sobre o Magneto. Acho que aqui são reveladas informações importantes sobre o enredo e dá mais background para alguns personagens. Já no final de semana teremos mais um capítulo! Yaay! Aqui vai um agradecimento especial as leitoras maravilhosas que comentaram no capítulo anterior:
Dhowechelon,Nath Weyes, Srta Potechi, Switchblade e LadyStark! Muito obrigada pelo apoio ♥ À Paparazzi também, que não comenta mas conversa horrores comigo hahah Bora ler?



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Os estragos na antiga fábrica só não foram maiores por intervenção de Psylocke. Ela usara seus poderes de energia psiônica para proteger  o grupo e os demais itens que eram importantes às missões, enquanto a terra tremia e o as estruturas de metais rangiam. Agora, com a explosão eletromagnética já encerrada, Magnus estava sentado num canto distante e tomava um copo de água que um dos seguidores dera a ele. Era um menino franzino e estranho, de pele um tanto esverdeada e a mandíbula larga - como se fosse difícil guardar a própria língua na boca. O Mestre do Magnetismo não teve paciência para lidar com seus maneirismos tortos e o dispensou com um aceno ríspido, fato que o outro não pareceu se importar.

Raven o acompanhava de perto, ainda respeitando seu espaço.

 

Ele encarava o nada, ao mesmo tempo olhando para o chão e observando os parafusos soltos e misturados com o pó e sujeira. Era uma fábrica simplória, ele nem sabia do quê. Havia esteiras, ganchos e era uma proeza não ter dilacerado tudo aquilo há minutos atrás, apesar das hastes retorcidas. A estrutura do lugar muito lhe lembrou seu trabalho de Sonderkommando, e também o trabalho que tivera depois também numa fábrica, quando morava naquela mesma cidade com Magda e Anya. Ambos os empregos repulsivos. Tomou mais um gole de água, insípida.

Lorna. Não carregava seu sobrenome, mas havia seu sangue ali. Seus poderes. Tivera um relacionamento breve e casual com a mãe dela, que até mesmo era casada na época. Foi no início de 1955, dois anos depois da tragédia que levara sua esposa e sua filha, e desde aquele dia Magnus buscava o criador do monstro que era, Dr. Klaus Schmidt - que em 1961 veio a saber que se tratava de Sebastian Shaw. Magnus não ligava muito para quem entrava e saía da sua vida na época, pois sabia que não podia mantê-los para sempre. Havia sempre uma cova a ser cavada.

Ele não se recordava muito da mãe de Lorna, Susanna, nada além de seu rosto atraente e seu nome, da aliança que tinha no dedo e que os dois ignoraram. O acaso os uniu, de repente, e também logo os separou. A filha nasceu em Novembro. Agora sabia que poderia ter tratado as coisas de maneira diferente, apesar de não nutrir amor por aquela que era mãe de sua filha. Mas poderia ter sido um pai. Queria ter sido um, por mais tempo.

Lorna. Uma garotinha que não tinha mais do que seis anos quando a encontrou, numa noite de 1962. Ele sentira uma cópia exata de um pulso eletromagnético igual ao seu e foi investigar. Não estava longe do epicentro e a Irmandade de Mutantes lhe daria cobertura caso fosse mais uma arma projetada para aniquilá-los. Ele encontrou restos de uma tragédia aérea, corpos de dois adultos parcialmente - mas fatalmente - mutilados. Um acidente descomunal, porém ainda assim foi possível reconhecer Susanna - ou o que restava dela. E encontrou também uma menina de cabelos esverdeados encolhida entre pedaços da aeronave e, para sua surpresa, seu pequeno corpo flutuava há centímetros do chão enquanto choramingava, as pulseiras de metal sendo utilizadas de forma inconsciente para tal proeza. Ele soube naquele instante que era sua filha. Uma filha.
Cogitou que havia sido os poderes dela que haviam destruído o avião, talvez num surto emocional muito grande, embora estes mesmos poderes tenham lhe protegido do desastre. Ela estava acordada e viu quando ele, trajado em vermelho, aproximou-se.

“Olá, criança. Qual é o seu nome?”

Ela abriu a boca, mas não respondeu. Abraçou-se mais com o bicho de pelúcia roxo que carregava. Magnus chegou mais perto, observando-a com a luz vinda do fogo e da lua. Uma tragédia tinha tirado-lhe uma filha, e uma tragédia trouxera outra à ele. No pescoço dela reluziu o brilho dourado de uma corrente de ouro, um pingente delicado com um nome.

“Lorna?”

Assentiu, seus olhos verdes muito abertos. Tremia, ainda pelo choque do acidente. Pela realidade que todos os mutantes viviam, aquela seria a primeira de muitas dificuldades que a pobre menina experimentaria. Gostaria de oferecer algo melhor à ela. Gostaria de poupá-la de toda a dor.

“Seus poderes se manifestaram muito mais cedo do que deveriam. Não é usual e também não é estranho. Mas você não está pronta para essas habilidades ou para a vida que eu tenho a lhe oferecer. Você necessita de um ambiente normal. Ou o mais normal que uma filha minha pode ter.”

Ela não entendia, claro que não. Mas ele precisava dizer tais palavras. Magnus agora tinha um aliado perfeito para tal missão. Um homem honrado, Charles Xavier.
“Você não se lembrará de tudo o que aconteceu aqui. Não por um tempo.”

Seria sofrimento demais para uma criança saber que era responsável pela queda de um avião que matou os próprios pais, ou melhor, a própria mãe. Lhe ocorreu que deveriam existir conflitos entre o casal, pois a menina tinha os cabelos verdes. Verdes e muito naturais. Ele sentiu raiva e receio da possibilidade de que o padrasto tivesse lhe dirigido uma única palavra atravessada, um único gesto rude. Não importava agora. Estava morto. E Magnus já conhecia outro mutante que poderia aplacar tal memória negativa, suavizando-a para uma versão menos árida, uma versão sem culpa.

Sim, ele a levaria até Charles, até a mansão. E ele deixaria um mundo melhor para ela, estava já com planos para isso. Planos que envolviam ainda outros aliados poderosos, como JFK, que era mutante e agora concorria à presidência dos Estados Unidos. As missões da Irmandade com esse objetivo estavam longe de acabar, mas Magnus agora tinha um motivo a mais para ser vitorioso. Uma nação de líder mutante, a primeira com direitos dessa nova raça. Seria um novo mundo. Um novo amanhã, um que ele teria uma família.

Magnus estendeu a mão e afagou seus cabelos.

“Mas com sorte… Volto logo, querida.”

Durante a curta viagem que fizera para levá-la até seu amigo Xavier, Magnus cuidou dela. Seus ferimentos foram amparados pelo resto da equipe, que a trataram como a herdeira de um rei. Ela comeu. Dormiu. E Magnus cantou para ela uma antiga canção de ninar que ele e Magda cantavam para Anya.

— Como… Quando isso aconteceu? — Ele passou as mãos pelo próprio rosto, já no tempo presente. Sua mente ainda voltava àquela noite, à sua garotinha.

— Nós tentamos salvá-la. — Raven sentiu a necessidade de dizer isso primeiro. — Foi em 1999. Kosovo, nos Bálcãs.

— Kosovo? —  O nome não fazia sentido, mas parecia o nome de algum lugar. Magnus conhecia muitas línguas, embora fosse difícil saber cada variedade na região dos Balcãs que Raven citara. Algo em sua memória o obrigava a lembrar de melros, pequenos pássaros negros de canto melodioso e parecia apropriado para a situação de luto.

— Um novo país, não é reconhecido por todos os outros. História antiga e não resolvida. Esteve em guerra por independência, assim como muitos outros fizeram na Iugoslávia.

— Que… O que diabos ela estava fazendo lá?

— Ela queria um mundo justo igual ao pai. — Raven aproximou-se com os braços cruzados. — E não mediria forças para isso. Havia mutantes nos conflitos, refugiados... Ela foi resgatá-los, assim como tiramos muitos outros mutantes em zonas de guerra no restante do século, Magnus.

— Ainda assim, você me disse que ainda há guerra no mundo. E estamos em 2017.

— Sim. Mas não se engane, a essência pode ser a mesma, mas os humanos tem ferramentas novas. Tecnologia. E recrutas com poderes ao seu lado. Chamam de aprimorados.

—  Eles querem matar quem nasce diferente, depois alteram o próprio DNA para nos caçarem. Coerente. —  respondeu, sem rir da ironia. — Eu disse para Charles cuidar dela, custasse o que fosse. O que ele fez?

— Ele era velho assim como você deveria ser agora. E é incrível que mantenha a lucidez ainda hoje, com 87 anos. Não foi culpa dele. Charles a tornou uma mulher incrível. Forte igual você, inteligente como ele.

— E ela está morta. Digo, —  Os olhos dele estavam secos, mas sua voz era grave e um tanto embargada. Seu rosto salpicado de fúria. —  Minha filha viveu mais do que eu vivi. 1999, certo? Ela tinha 44 anos. Você a conheceu?

— Sim.

— Como… Como ela era?

Mística queria que ele parasse de fazer tantas perguntas que traziam dor, mas não podia negar o luto a um pai. Sentou-se ao lado dele.

— Era uma pessoa ótima. Passional. Sarcástica. Eu não a visitava tanto, um erro que reconheço. Durante muito tempo achávamos que encontraríamos você e tudo voltaria ao normal. — Suspirou, pensando que deveria oferecer algo mais pesado do que água para Magnus. — Passaram-se anos. Lorna foi aluna, heroína, depois professora. Charles e eu às vezes conversávamos… Bom, telepaticamente. Ela tinha alguns problemas, mas se saía bem. Tinha um transtorno chamado bipolaridade e decidiu assim mesmo ter a alcunha “Polaris

— Minha garota.

— É.

— Ela me odiava? Por deixá-la?

— Ela esperava por você. Houve uma vez que conversamos sobre isso. Ela tinha saído da adolescência, tinha uns 20 anos. Contou que você disse que… Voltaria logo. Com sorte.

Magnus tampou a própria boca, mas sem ser capaz de tapar o próprio lamento. As estruturas de metal da fábrica tremeram e tremeram enquanto ele refletia por quanto tempo sua filha remoera as palavras que tinha dito à ela. Tudo aquilo porque fora incauto, tolo. Como não percebera antes que havia um atentado contra JFK? Como não sentira o metal vindo do homem naquela janela? A luta tinha sido breve e a preocupação o privara de todo o seu poder. A consequência tinha sido sua prisão, incriminado por um assassinato que não era de sua autoria, sujando tanto seu nome quanto a reputação dos mutantes. Pior: sua prisão o mantivera distante de sua filha e agora ela estava morta.

— Você estava lá?

— Sim. Eu, Emma e Elizabeth. — Respondeu, virando um pouco o pescoço para olhar para trás, para Psylocke. Por algum motivo, todos preferiam chamá-la por sua alcunha do que por seu nome real e Magnus ainda se perguntava como ainda estava jovem e o porquê de agora ser asiática. — Ainda estávamos procurando por você. Interceptamos algumas informações de experimentos na área, documentos sobre manipulação de magnetismo e efeitos em aparelhos eletrônicos de uso militar. Pensamos que era você. Não era. Encontramos Lorna já no campo de batalha.

—  O que aconteceu em Kosovo? Quem a matou?

— Pessoas que já estão mortas a mataram. E ela salvou aqueles queria salvar, Magnus. Bombardearam o lugar por 79 dias, ela tentou desviar os mísseis que conseguia durante o resgate… Quase como você fez em 1961. Até hoje não entendo o que aconteceu. Existiam outras coisas. Outros mutantes, ou aprimorados, que nos atacaram. Pareciam interessados particularmente nela, mesmo que Lorna fosse discreta em todas as missões anteriores. E uma hora ela estava cansada demais e… O poder que lhe restava foi para erguer uma carapaça de metal sobre o grupo restante. Eu e Psylocke estávamos lá. Psylocke tentou salvá-la e saiu do abrigo. Eu nunca gritei tanto.

Houve uma pausa longa. Era noite e o frio entrava na fábrica, logo precisariam mudar de lugar. A fonte do pulso eletromagnético não seria facilmente encontrada porque deveria ter causado danos aos componentes eletrônicos próximos, evitando um rastreamento rápido.

— Eu pensei que tinha perdido tanto Lorna quanto Elizabeth naquele dia. A alma de Psylocke foi para outra garota, uma menina no Japão que sofreu uma parada cardíaca. Ou foi o que Emma Frost disse. Mas quando ela abre a boca, não há dúvidas que é a Betsy.

— Que mundo estranho o nosso. Experimentos, pessoas descongeladas, almas...

— Como ela era? — repetiu a pergunta. — Fisicamente? Era parecida comigo?

A pele azul de Mística começou a tremular, seus olhos inteiros amarelos adquiriram o tom verde escuro. Em poucos segundos havia ali a filha de Magneto adolescente, cabelos também esverdeados na altura dos ombros e expressão torcida em desdém. Ela lhe deu um sorriso de lado, e em seguida veio outra transformação: Lorna já mais velha. O rosto ainda era belo, embora houvessem já sinais da idade como rugas e linhas de expressão. Ela piscou mais uma vez e era Mística novamente. — Não era tão parecida.

— Acredite, — O tom de Raven era saudoso, referindo-se ao gênio da filha dele. — Era sim.

Ele soltou uma risada sem humor, imaginando, afinal, restava-lhe apenas imaginação para saber qual era a personalidade de Lorna. Ficou mudo, satisfeito por ela não se incomodar com silêncio, e então pensou no rosto da jovem que vira no noticiário. Wanda Maximoff. Ele tentava achar respostas racionais, coincidências, que explicassem a razão por trás de sua incrível semelhança com sua esposa Magda, bem como o porquê o irmão Pietro parecia-se com ele próprio mais novo.

Magda teria sobrevivido? Tido filhos e esses filhos, mais filhos? Explicaria a semelhança e o lapso temporal, mas algo dizia ele que a resposta era ainda mais sombria.

“Nós a encontramos dias atrás.” Uma voz falou em sua cabeça, em menção à Wanda.

“Emma, não entre sem aviso em minha cabeça. Está se aproveitando porque estou sem meu capacete.”

Ela não riu. Também para o desgosto dele, Raven não parecia confusa pelas suas expressões sem aviso ou para seu súbito silêncio, fato que indicava que ela também estava na conversa privada e telepática feita por Emma Frost. Apesar de irritação - pois ele queria que seus pensamentos fossem apenas seus - havia admiração por Frost conseguir tal proeza mesmo tão distante do grupo. Imaginou que tivesse construído algo semelhante ao Cérebro de Charles Xavier.

“Nós não conhecemos Magda, não poderíamos supor nada… Nada além do irmão dela que a ligasse à você. Mas agora que vi a sua memória dela, vejo a semelhança absurda. E Psylocke notou também a familiaridade energética em Viena. Uma ira familiar. Achou que era você.”

“O que está implicando, Frost?”

“Eu não sei, Magnus. Mas podemos descobrir. Fiz uma pesquisa sobre ela. A maioria dos arquivos já é datada pós-Queda da SHIELD. Oh, e a SHIELD era uma organização…

“Sei, sei. Pós-Guerra Mundial. Eu ainda estava vivo quando começaram, ou melhor, acordado. Continue.
“Bom, Wanda Maximoff e o irmão Pietro foram experimentos da HYDRA, o polo oposto da SHIELD. Documentos sobre a origem deles são mais difíceis de pegar, mas não impossíveis. A maioria é arquivo físico, e se tem um lugar que poderíamos encontrar mais respostas é em uma das bases não-tão-abandonadas de Sokovia. Zola também os quer, mas não confia em nós, tanto é que não contou porque tem interesse nesses arquivos. Disse que quer somente os projetos em execução de Sentinelas, mas deixou claro que também deseja o restante, inclusive os de experimentos com os Maximoff.

“A recíproca é verdadeira. Não confiamos nele.” Psylocke juntou-se à conversa mental, seus olhos adquirindo um tom púrpura e emoldurados pela forma de uma borboleta feita de energia. Magnus franziu a testa, incomodado com mais vozes na cabeça, mas aceitou tal fardo. Era melhor que as conversas importantes fossem travadas em silêncio, pois os aliados ainda estavam sob sua suspeita.

“Não contamos ainda que estamos com você, Magnus, mas ele deve saber por causa dos pulsos eletromagnéticos. Somos a equipe mutante dele, por assim dizer, mas tenho certeza de que ele mandará mais alguém no nosso lugar. Precisamos nos apressar. A desculpa para nos levar até essas bases de Novi Grad na verdade são as áreas de teste de Sentinelas. Existem fábricas numa cidade próxima da capital, fábricas que pegam peças que sobraram de Ultron e vibranium. Já estão construindo coisas.”

“Estavamos indo em direção ao Reino Unido, como o combinado. O que fazemos agora?”

“Vão até Lviv, ainda hoje. Entro em contato quando estiverem perto da cidade. Vou ajuda-los a encontrar abrigo, depois quero que fiquem quietos por dois a três dias. Vai ser o tempo de eu chegar até aí, e então partimos para Sokovia. Levo seu capacete, Magnus.”

Raven e Psylocke olharam para ele, já Frost era apenas uma voz fugidia em sua cabeça, apenas respirando e esperando a resposta. Ele demorou a esboçar uma reação, sua mente girando em muitas outras questões. Pensou no rosto de Magda, no rosto jovem e assustado da foto de Wanda. Pensou no tal cientista Zola.

“O que um cientista suíço e nazista iria querer com Wanda Maximoff?” Ele perguntou com um tanto de ira, um tanto de retórica e muito de um sentimento que ele não saberia dizer o que era.

“Ou com você?” Rebateu Psylocke.

“Não se enganem. Ele sabe que vamos traí-lo.”

Magnus suspirou. Tinha que ser grato àquelas três mulheres, mas não seria grato por terem se aliado à  pior estirpe.

“O que sabemos sobre ela?”

“Sokoviana, filha de romani judeus.Órfã aos dez anos de idade, viveu no Orfanato até completar a maioridade.” Emma começou, como se estivesse lendo o que tinha juntado. Sua voz era cansada e apressava-se a resumir as coisas. “Ela e o irmão gêmeo se tornaram ativistas, foram desalojados, e por fim se voluntariaram a um grupo que pretendia salvar o país. Foram experimentos até o ano de 2015, se aliaram a uma Inteligência Artificial chamada Ultron, que depois tentou destruir o mundo. Seu irmão morreu no mesmo ano. Uniu-se aos Vingadores e fez atos humanitários até que em Abril de 2016 foi culpada por um desastre na Nigéria. Presa pelo governo americano. Escapou com a ajuda do Capitão América e Viúva Negra. Sua localização é incerta hoje e eu somente consigo localizar à longa distância pessoas que eu realmente conheço.”

“Ela é uma vadia sádica.” Disse Pyslocke, passando as mãos no próprio pescoço.

“Ela é poderosa e inteligente o bastante para derrubar a telepata primeiro.” Frost usou seu tom autoritário e ao mesmo tempo manso, como de uma professora. Não havia rancor de ter sido a primeira a ser nocauteada em Viena.

“Ela é vulnerável.” Completou Mística, em referência à como tinha a derrotado.

Magneto passou o olho sobre Raven, depois sobre Pyslocke. As duas, mais Emma Frost, eram três Erínias e ele flagrou-se na posição de soberano do Submundo, Rei dos Mortos.

“Ela é uma jovem que sofreu a vida inteira. Cela após cela.” Magnus concluiu. “Os talentos dela tem sido usados por outra pessoas e ela quer ser livre.”

“E o que pretende fazer? Usar os talentos dela na guerra contra a humanidade, como todos a usam?

“Diria que estou te usando?” Ele encarou Psylocke. Seu rosto ainda era estranho à ele, e ele também não se recordava de tanta displicência. Jamais pedira que o seguisse por tantos anos, mas ela não seguira somente ele. Seguira a causa. Sempre a causa. Aquela mulher tinha tentado salvar a filha sua filha, sua Lorna. Mas, tinha que concordar que esse era um ponto a ser questionado e o meio por qual Psylocke ainda aliava-se à ele poderia ser o mesmo pelo qual Wanda poderia fazê-lo. A causa. “Ela quer liberdade. A própria. Do país, do povo. Mas pelo visto, encontrou um final infeliz depois do outro. Eu não a conheço, no entanto ouso dizer que ela está apenas cansada. E cheia de ira. Vamos apenas seguir com os nossos planos. Com o tempo, tanto ela quanto o mundo verá o nosso futuro. Com o tempo, talvez ela venha até nós.

“Então… Sokovia.” Mística resumiu.” Quebrar alguns Sentinelas, a fábrica toda, pegar arquivos da tal Feiticeira Escarlate.

“Quebrar Arnim Zola...”

“É. Vamos conquistar o mundo.”

 

A noite passou rápido e logo era a madrugada do dia seguinte. Não havia descanso, porém. O grupo se dividiu e já estava na estrada, na direção de Lviv. Não era longe, e Magneto não estava dormindo, pois era 2017. Era 2017 e ele se lembrava de Magda e de Anya. Era 2017 e Lorna estava morta, morta há 18 anos. Quem guiava o carro era um sujeito alto, forte e parecia apropriado que sua alcunha fosse “Avalanche”. No banco detrás, ele assistia o mundo passar em alta velocidade quando sentiu uma presença em sua cabeça, uma presença a mais do que seus próprios pensamentos.

 

“Já disse que não a quero invadindo minha mente, Frost.”

“Eu precisava falar com você. Ás sós.”

“Você é telepata. Consegue fazer isso na hora que quiser.” Ele suspirou, embora não soubesse se era possível ela sentir sua frustração. “E escolheu uma péssima hora. Preciso descansar, temos um dia longo.”

“Eu sei, eu sei. Mas não quis dizer antes porque…” Emma interrompeu suas próprias palavras, recomeçando a frase. “Eu vim para ver se estavam bem. Pensei que tinham sido atacados por causa do apagão do pulso eletromagnético. Depois vi que você estava muito emocionado. Por Lorna.” Magnus não respondeu e ela foi obrigada a continuar: “Eu também não consigo dormir e achei que….

“Vá direto ao ponto.”

“Outra pessoa sentiu também. Sua ira. E essa pessoa veio vê-lo quase no mesmo instante que eu.”

“Charles?”

“Sim. O tempo pode até ter custado o físico dele, mas sua mente ficou cada vez mais afiada. Xavier não viu apenas você, onde estava e o que estava pensando. Viu sua memória quando acordou, o rosto de Maximoff na televisão. Viu seu interesse. Eu o bloqueei antes que visse mais, mas…”

“Não chame de interesse aquilo que pode ser descrito como espanto. Aquela jovem tem o rosto da minha esposa. A mulher que amei e que… Que se afastou de mim numa situação terrível. Ela está aqui, agora. Como?”

“Eu não sei, Magnus. Eu só queria dizer que Xavier está tão assustado quanto você. Quanto nós. Psylocke protege telepaticamente todos do grupo enquanto estou afastada, mas preciso saber se você quer conversar com Xavier. Ele pode tentar fazer contato novamente.

“Não. Ainda não. Eu… Dê-me tempo, Frost. Eu não estou preparado para ver meu velho amigo agora. Talvez depois de Sokovia, quando eu mostrar a ele que os Sentinelas estão aqui para nos eliminar. Que o plano dos humanos que o alertei em 1962 está agora em andamento. E que eu os parei, como deveria ter feito há muito tempo.”

“Depois de saber a verdade das origens de Maximoff?”

“Também.”

“Parece um plano. Bom… Durma, Magnus. Nos vemos em breve."


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Notas finais do capítulo

Vimos aí que tem uma conversa telepática descrita pelas aspas e itálico. Caso algo tenha ficado confuso, por favor me avise através dos comentários. O capítulo foi revisado, mas existe a possibilidade deste arquivo ser sabotado pela HYDRA. Caso encontre algum erro, favor reporte à Shalashaska.



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