Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 37
XXXVII


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Eu não poderia estar mais feliz com a recepção de vocês, leitores maravilhosos, no capítulo anterior. Sou muito grata pelos elogios, pois eles me estimulam muito seguir com essa fic. Lamento apenas pelas minhas condições físicas de não escrever mais rápido, pois tenho tendinite e há horas que eu simplesmente *preciso* parar. De qualquer modo, entrego aqui mais um capítulo recheado de pesquisa das HQs, pois será mais focado no Daddy Magneto. Maiores informações nas notas finais!
Muito obrigada e boa leitura!
PS: Coloquei imagem e nao apareceu! Já tentei através do Pinterest, do Tumblr... Apesar de reconhecer a imagem no preview do capítulo, nao apareceu no final. Vocês que também escrevem, como fazem para inserir imagens?



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Deveria sentir que estava em casa, mas não estava.

Sua casa, seu lar, tinha sido destruído e usurpado há cinquenta anos. Ou um pouco mais. Ele mal conseguia por em sua cabeça que estava em pleno 2017. O país, apesar das inovações tecnológicas e museus pela causa que matara milhões de pessoas, parecia igual, pois o mundo não mudara tanto seu fedor hipócrita. A diferença era que seus poderes atingiam mais as fontes eletrônicas e aquilo não poderia ser mais irônico.

Chegar em terra firme foi a parte mais fácil depois de sair da ilha. O difícil foi arrumar o básico para poder se passar como um cidadão comum e despertar pouca atenção sobre si. Haveria momentos melhores para chamar o foco do mundo para sua voz e para sua dor, mas aquele não era o momento. Ele dava pequenos pulsos eletromagnéticos por onde passava, para que as câmeras e quaisquer outros dispositivos não o pegassem. Seu macacão cinzento, meio de paciente, meio de presidiário, não ajudava.
Não demorou para que os outros o encontrassem.

Frost.

Foi ela quem o localizou rapidamente, estabelecendo um contato mental e lhe dando instruções de como agir e o que fazer no mundo moderno até que se encontrassem de fato.

“Está vivo.” Disse ela, sua voz aliviada. Ele não gostava de ter alguém na sua cabeça - ainda mais não sendo seu melhor amigo Xavier - mas ela se mostrou útil e leal, além de uma surpresa agradável. O procuravam, então.

“Você também” Respondeu, desconcertado e seco. “E me pergunto como ainda tem a voz jovem. Passou cinquenta anos exilada numa ilha deserta, também em criostase?”  

Emma Frost riu em sua cabeça, depois deu uma pausa breve com um suspiro agradecido, vaidoso. Não demorou para que fosse amarga.

“Pior. Passei anos numa escola para jovens mutantes em Massachusetts. Não que o governo saiba disso com detalhes e não que eu deteste, mas... Cinquenta anos te procurando, Magnus. Me conservei em diamante quase esse tempo todo.”

Dissera que o encontrara depois de muitas buscas com um tal de Arnim Zola. Maiores explicações ficariam para depois. “Agora, vá até a terceira rua à direita. Vai encontrar Raven lá.”

Erik os encontrou em Kochi, Índia, uma cidade sem grandes absurdos onde desembarcou depois de sair da ilha utilizando um pedaço de metal e seus poderes para fazê-lo voar até a costa mais próxima. Lá estava Raven assim como Emma havia dito, logo se transformando em sua forma real e azul para abraçá-lo. Também estavam lá Psylocke, um homem de destaque com a alcunha de Avalanche e mais aliados que ele não conhecia, porém que já sabiam de sua reputação e o seguiriam. Eles se dividiam em grupos menore]s e disfarçados de turistas e, após uma breve apresentação, seguiram para Mumbai e dali para outros países. O objetivo era chegar até Reino Unido, onde Emma estava, fazendo diversas escalas, tanto para reunir informações quanto fugir do policiamento. Mística poderia passar sem problema algum de lugar para outro, porém outros rostos começavam a ser reconhecidos pelos órgãos governamentais e seus respectivos serviços secretos. Havia também a questão do acirramento das políticas imigrações por conta da guerra e, no aeroporto de Mumbai, eles quase tiveram problema.

“Que guerra?” Perguntou no saguão antes de embarcarem, imaginando resquícios daquela que presenciara ainda muito pequeno ou talvez o que queria fazer com as próprias mãos, entre os Homos sapiens e Homos superior. 
“Guerra por religião.” Mística respondeu. “Por território. Guerra pelos motivos de sempre.” Olhando a discussão entre uma família ao final do saguão, gritos e a segurança sendo chamada, a metamorfa se sentiu na necessidade de complementar a informação: “Os governos não estão aceitando mais os refugiados.”

Magnus riu, riu e riu, a risada mais ácida e triste que qualquer um poderia ouvir. Uma mulher em um nicabe preto o encarou com seus olhos sérios por um longo tempo, tempo até demais, incomodada, até que um segurança pediu silêncio. O resto da viagem transcorreu tranquilamente.

Ele demandou ir à sua terra natal, Polônia, e não houve nenhum questionamento sobre aquilo, mas tinham que descansar e fazer uma breve escala na Ucrânia. Magneto escolheu a cidade de Vinnitsa, por memórias sombrias.

Já estava par de novas informações sobre as revoltas mutantes, ocasionadas em resposta das ações opressoras dos governos e preconceito geral. Tudo vinha se desenrolando devido à invasões alienígenas - provocada por um deus nórdico de chifres dourados - em 2012, depois uma inteligência artificial que quase esmagara um país próximo, pequeno e pobre, Sokovia. Outras aberrações surgiram, orgânicas e tecnológicas, outras invasões alienígenas aconteceram, como em Londres, 2013. Envolvidos em todos, estava um grupo que o mundo chamava de Vingadores, e Magnus só pôde pensar o quanto eles estavam errados.O mundo era e continuava uma bagunça, e ainda existiam pessoas sofrendo.
Ainda existiam mães sendo separadas de filhos, filhos indo parar em laboratórios e covas. Ele mudaria isso. Xavier, com a sua promessa pacífica, já deveria ter mudado aquilo.

Os gêmeos Maximoff, porém, lhe chamaram a atenção. Eles sim, queriam vingança. Apenas a garota sobrevivera e agora era uma fugitiva procurada internacionalmente. Sua fama completara um ciclo completo, de vilã a heroína, de heroína a vilã. Um fato óbvio se tratando de humanos comuns, sujos.

Antes de chegarem no ponto de encontro combinado - uma fábrica abandonada - passaram numa área do lado oposto do tal lugar e afastado do centro, onde agora jazia somente um vazio. Era também um desejo de Erik ver aquele lugar. 
Este espaço foi uma vez ocupado por uma casa pequena e uma família judia. Hoje não restava nada de seu lar com Magda, depois daquele dia de fogo e fúria. Sua pequena… Sua Anya. Ela, morta. Magda, desaparecida. Talvez morta também. Será que seu corpo, há tanto decomposto, ainda teria o colar que ele lhe dera em Setembro de 1935? De algum modo ela conseguira salvar aquele presente tolo, feito de restos de materiais para relógios, da loja de seu pai, quando ambos ainda eram apenas crianças. 
Era um absurdo como todos os sonhos de serem uma família foram enterrados em uma única noite, logo eles, os dois que se conheceram antes da Guerra e sobreviveram todos os horrores dos campos de concentração. Ele olhou para aquele vazio em silêncio, contemplando o espaço oco também dentro de si.

Max Eisenhardt, filho de Jakob e Edie Eisenhardt. Durante a infância, antes de sua marca na pele e a morte de tudo, não passava de uma criança com pais e uma irmã adoráveis, uma criança talentosa que carregava esse nome tipicamente germano-judeu. E ele continuou com este nome, mesmo depois da Guerra.

Talvez já não fosse o mesmo. Mas havia Magda. Eles se casaram, tiveram uma filha cedo e uma vida ingrata, ainda que esperançosa. Então ele começou a ser chamado de Erik Magnus Lensherr, para não ser perturbado por vizinhos e pelo preconceito que ainda imperava naquela região e naquela época. Não adiantou.

A vida trouxe ainda outros dissabores.

Erik era explorado e chantageado pelo patrão. Certo dia, houve um acidente. Sem intenção, em puro instinto e dose de frustração, metais se moveram de forma estranha. Seu patrão saiu ferido. Talvez ninguém soubesse. Ele era um canalha, um bêbado. Quando acreditariam?

Quando Erik voltou para casa, havia fogo e sua esposa chorava do lado de fora sem sua filha. Sem sua menininha, Anya. Os dois tentaram entrar na casa de novo para salvá-la, sem ajuda de nenhum vizinho - embora houvesse uma platéia para assistí-los.

Uma parede quase despencou neles, mas curiosamente a estrutura de ferro foi retorcida e nada os atingiu. Erik tentava pela segunda vez tirar sua filha da casa quando policiais vieram, mas não para ajudá-los.

Para prendê-lo por agressão.

Erik recebeu uma cacetada no pescoço enquanto gritava para sua filha ser corajosa, pois papai estava chegando, chegando. Ele gritou, tentou se desvencilhar dos golpes e pontapés que os guardas lhe davam.

“Vai resistir a Oficiais do Estado? Melhor ensinar algo à este cão!”

“Minha filha, por favor. Minha filha” Era só o que clamava, ouvindo Anya o chamar, Magda gritar.

“É provavelmente um monstro igual o pai. E monstros não merecem viver”

A casa explodiu, talvez pelo botijão de gás na cozinha. Depois que os tímpanos de Erik se ajustaram novamente, bem como seus olhos voltaram a enxergar após o clarão de luz, ele não escutava mais a voz de sua filha - apenas o crepitar do fogo.

Magda estava ajoelhada no chão.

Ele usou toda a sua ira e seu poder para esbravejar e empalar cada um num raio de cinquenta metros com os arames das cercas, com as hastes de ferro soltas das construções, com colares e botões de camisa. O ar em torno daquela cena era uma tormenta de dor e ferro. Erik entortou metal e esmagou ossos, gritando, gritando.

E então silêncio novamente.

Ele coletou o corpo de sua filhinha, sussurrando uma canção de ninar de sua terra, depois a estendeu no chão com cuidado. Era ela, irreconhecível devido as chamas. Magda se aproximou tremendo, balbuciando, e enfim Magnus se dirigiu à esposa:

“Venha, Magda. Coloquemos nossa filha para descansar e saiamos nós daqui.”

Ela chorou, disse frases ininteligíveis. Seus olhos eram grandes e verdes, banhados em lágrimas. Afirmou em voz alta, como se precisasse confirmar para si mesma, que havia visto o marido matar mais de vinte pessoas com um poder que não poderia caber a um homem. Que havia visto metal se mexer e ganir ao seu comando. Que havia visto a filha morrer.

“Você matou todos. Todos eles. Não és humano.

“Mais do que humano. Melhor do que um, suponho. Sou um mutante…”

“Oh, Deus. Eu não… Não…

“... Como Anya era. Assim como qualquer criança que eu tenha.”

Ela gritou “Não” e saiu correndo. Quanto mais alto ele a chamava de volta, mais rápido - e mais desesperada - Magda correu para dentro da noite. 
E então os sonhos de uma vida melhor tornaram-se pesadelos de vingança para Erik Lensherr. Ele guardava uma moeda especialmente para matar Sebastian Shawn, seu criador. Foi nessa ocasião que conheceu seu amigo, Charles Xavier, e seus aliados, como Raven. E então tornou-se Magneto.

 

Raven entendia. Psylocke, por mais estranho que fosse, entendia também.

Seguiram viagem e chegaram à fábrica.

Eles repassaram os planos. Estavam seguros ali, o grupo de nove pessoas. Não era o suficiente, mas iriam aumentar. Existiam muitos outros no mundo e eles se juntariam à causa. Portanto, tudo correndo dentro do esperado e eles, seguros o suficiente naquela fábrica, poderiam então discutir temas de suma importância.

Ele tinha em sua posse documentações falsas, caso necessário, além de vestimentas modernas. Erik, que preferia ser chamado de Magnus pelos novos recrutas, agora olhava a cidade onde estava  e após uma triste e larga contemplação, abrigou-se junto com seus novos aliados numa fábrica abandonada nos arredores de Vinnitsa. Passara-se quinze dias desde seu despertar.

— Onde está meu capacete?

— Está com Emma. — Psylocke disse, tirando seus olhos da mesa com mapas e um papel com uma longa lista. Magnus não se importou de ler, mas sua face de aspecto sólido e aura magnética demandava respostas completas, de forma natural. O resto do bando ocupava-se em satisfazer sua fome e seu cansaço enquanto Raven estudava algumas marcações no mapa. — Em um lugar seguro para nossos itens antigos. Desde os problemas envolvendo heróis, países poderosos como Wakanda e países pobres como Sokovia, as Nações Unidas tem desenvolvido políticas internacionais. Uma grande baboseira, mas até mesmo o Instituto Xavier tem tomado muito cuidado com seus brinquedinhos e itens valiosos. — Ele está vivo? Ele está bem?

— Sim para as duas perguntas.

Com apenas um olhar de aspecto contido, porém agressivo, Magnus viu que Psylocke não lhe responderia muito sobre seus inimigos, por mais que se tratasse de Charles. Fazia tantos anos, parecia uma outra vida. Melhor, era outra vida. Ele circundou a mesa, viu que as marcações que Raven tanto encarava indicavam Viena e Veneza, datas anteriores a que estavam.

— Como me encontraram?

Queria que Emma estivesse ali ou que afinal soltasse a língua numa conexão telepática. A jovem Psylocke, cuja a juventude a diferença de raça não haviam sido ainda explicados, jazia com seu temperamento difícil e não ofereceria respostas da maneira que Magnus desejava. Mas, ela era que estava a sua frente e era ela que iria responder.

— 2014. A antiga organização nazista chamada HYDRA ainda agia sob o disfarce de outro serviço secreto, a SHIELD. Tudo veio desmoronou quando se descobriu o projeto Insight, que queria eliminar pessoas que ameaçassem os planos deles. Esse projeto foi feito por um cientista alemão…

— Suíço. — Raven corrigiu, fato que a oriental ignorou completamente.

— … Que se chama Arnim Zola. O cérebro dele estava num armazém na Base Leigh, Estados Unidos, na forma de um computador antiquado. Todos pensavam que tinha sido destruído por causa de um míssil que explodiu o lugar, mas sua Inteligência Artificial, se é que podemos chamar assim, foi copiada para outro local e mudou de ideia sobre o eliminar ameaças. Ele quer eliminar a raça humana e recomeçar do zero com apenas mutantes. Contatou Emma. Disse que tinha sido responsável por te colocar na criostase e que supostamente estava no Pentágono. Não estava. O resto é história.

Ele demorou para responder.

— Suíço, huh?

—… Sim.

— E como nosso cientista nazista e suíço quer que façamos esse trabalho? Genocídio? Campos de concentração? Guetos para os humanos que restarem?

— Magnus. — Mística se virou para ele. — Não vamos seguir nada de Zola. Ele pensa está nos usando, quando só queríamos te encontrar. Nós usamos ele, porque nosso líder é você. Sempre foi.

— Eu… — Ele tomou fôlego. — Eu quero me encontrar com Arnim Zola. Nada de telas ou quaisquer funções modernas dessa era. Quero estar no mesmo cômodo que ele existe. E varrê-lo da face da Terra.

A boca azul de Raven comprimiu-se. Não existiram encontros com Arnim Zola sem telas de computador, por mais medíocres que fossem, mas Magnus não precisaria saber disso no momento.

— Isso será facilmente resolvido. Apenas espere mais um pouco.

— Certo, certo. E Lorna?

E Lorna?

Silêncio. E então entendimento.
Dor. Violência. Luto.

 

** ** **

 

A equipe médica e pessoal do rei T’Challa fez cada o exames possível em James Barnes e todos os resultados foram favoráveis à sua integridade física. Pressão correta, taxas de glicose e colesterol dentro do normal, assim como batimentos cardíacos. Testes mais específicos detectaram oscilações do nível de serotonina, embora em um nível melhor do que os primeiros exames feitos, e a recomendação era tanto uma dieta composta por proteínas ricas em triptofano e carboidratos quanto atividades físicas regulares. Tal prescrição médica era semelhante aos cuidados mentais recomendados por Njeri à Wanda, e ela se perguntou se no futuro ele também faria algum acompanhamento psiquiátrico. Seria bom, no entanto, era sábio deixá-lo se acostumar com a dinâmica do lugar e das pessoas.

Wanda e Steve o acompanhavam em tais consultas, tentando fazer com que ele se sentisse mais confortável. Já era o sétimo dia que visitavam o Laboratório, agora com a câmara criogênica desligada e portanto o som ambiente muito mais ameno. Wanda também não pôde deixar de notar a rapidez com qual os wakandanos consertaram os estragos feitos por ela e pela princesa Shuri, numa briga que surpreendeu ambas e todas as estrelas no céu.

James tinha se mudado para os dormitórios, num quarto ao lado do de Steve e de frente para o de Wanda. Depois de dias fuçando sua cabeça enquanto estava em criostase e algumas horas o conhecendo de verdade, ela deveria sentir que o conhecia o suficiente. Deveria se sentir serena e de algum modo realmente sentia-se assim e aquilo lhe provocava extrema estranheza. Seria unilateral? Não deveria achar que o conhecia só porque vira… Memórias dele. Era injusto e invasivo, pois mais que não tivesse pedido para ver suas lembranças da primeira vez.

A Feiticeira ainda olhava um pouco de longe e em silêncio, sua cabeça pensando e tentando não pensar numa velocidade absurda. Era o dia em que ele receberia uma nova prótese no braço.

Ganhou uma barra de chocolate meio amargo de Steve, para alavancar a tal serotonina que os médicos haviam mencionado. Wanda também pesquisara e vira que ameixas faziam parte de pesquisas sobre memória, mas não tinha nenhuma para oferecer à ele. Infelizmente.

Ele comia o doce enquanto seu amigo o atualizava sobre os meses em que estivera em seu sono, e também ocasionalmente relembrava algo muito distante e que envolvesse o antigo bairro em que moravam na América. O azul da aura de Steve queria tomar conta da sala e até mesmo tocava o vermelho de Wanda e a fazia se sentir mais tranquila e otimista. Bucky, apesar de sorrir de volta para o melhor amigo, mantinha seu semblante escuro e retraído.

Vez ou outra seus olhos buscavam os de Wanda.

— Aqui, —  disse o monarca. Ele havia acabado de instalar - se esta era a palavra certa - um braço metálico no ombro esquerdo de James Era a primeira vez que Wanda o via após o incidente com Shuri e seu coração bateu rápido, procurando um caminho para fora através de seu esôfago. Se ele notou, não deixou transparecer durante o processo inteiro e parecia de fato preocupado em deixar seu novo aliado seguro do processo. Wanda só pôde concordar que havia momentos em que T’Challa era mais cientista, mais herói, do que rei.— Você agora têm garras igual ao de meu traje de Pantera.

James Barnes e Steve Rogers empalideceram.

— Sério?

— Não. — T’Challa sorriu. — Mas considerei seriamente colocar algumas inscrições e desenhos típicos de Wakanda. Seria um braço metálico muito elegante, artesanal.

—Eu sou um homem de gostos simples. — Respondeu, já com cor de volta ao seu rosto. Com a mão direita apalpava a prótese, girando também os cotovelos e sentindo o peso. Era mais leve do que a anterior soviética, e não fora fundida a sua carne através de dor e metal quente. — É de vibranium, certo?

— Sim. Considere uma oferta de paz.

Wanda viu que James ponderou sobre a afirmação do rei e sua garganta ardeu, pois queria saber exatamente o que ele estava pensando. A Feiticeira soube se conter, porém seus olhos atentos e postura tensa não passaram despercebidos por James Barnes. No entanto, não disse nada.

— Eu aceito. — Ele deu de ombros, encarando o novo membro. — Talvez eu leve mais tempo para me acostumar, mas não vou mais jogar meu corpo para o lado enquanto ando. O braço anterior era muito pesado.

Steve tinha as mãos enfiadas nos bolsos da calça e parecia fazer força para não sorrir mais ainda. Era de conhecimento geral de que James era uma pessoa de sua estima, alguém por quem ele enfrentaria - e enfrentou - 117 países. Seu melhor amigo, alguém fora do tempo quanto ele e ao seu lado desde que era somente um rapaz do Brooklyn. Wanda imaginava como era a sensação de trazer um irmão de volta a vida.

— Senhorita Maximoff? — T’Challa se prostrou a sua frente. Foi um esforço considerável não lançá-lo para o outro lado do cômodo com seus poderes escarlates por puro reflexo. Ela comprimiu seus próprios lábios e esperou por um longo sermão, talvez uma sentença ou uma escarificação.  — Peço que deixe a sala. Tenho outros assuntos a tratar com Capitão Rogers e Sargento Barnes. Espero que entenda.

— Perfeitamente, Vossa Majestade. — Wanda nem soube como conseguiu responder. Sua face, apesar de tudo, mantinha-se plácida. Havia metade alívio e metade ofensa em sua voz. O que ela não poderia ouvir? Considerando mais uma vez uma extradição e a cadeia, ela assentiu brevemente, tanto para afirmar que tinha entendido quanto para despedir-se de seus amigos.

— Dou lhe também outra missão. — Completou, antes que ela pudesse sair. — Visite o quarto de minha irmã. Ela não tem saído muito por conta do gesso na perna e acredito que sua visita fará bem ao seu espírito. Ah, e mais: Xavier quer vê-la antes de partir. Ele pega um vôo às 17h. Esteja em sua presença às 16h, nos jardins da Ala Leste.

— Oh. — Ela não queria completar a primeira tarefa e a segunda lhe era um tanto inusitada. — Sim, sim.

Steve virou-se para o Pantera Negra, preparando-se para a conversa que teriam. Bucky, porém, acompanhou-a com os olhos até que a porta se fechasse.


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Notas finais do capítulo

*Essa fic tem a linha do tempo misturada com coisas das HQs e dos filmes, tanto da FOX quando da MARVEL. Caso fique muito confuso, posso disponibilizar uma linha do tempo que venho montando... Talvez denuncie alguns spoilers, então preciso da resposta de vocês.
*Todo a juventude de Magneto foi baseada na HQ "Magneto: Testamento". É uma leitura riquíssima e eu recomendo demais. Lá mostra com detalhes sutis como os poderes dele floresceram e como o nazismo cresceu até proporções monstruosas. #NeverAgain.
*Magneto realmente se casou com uma mulher romani chamada Magda e teve uma filha, Anya. Vocês podem saber mais nesses links:
http://vacanerd.com.br/wp-content/uploads/2014/01/magneto03.jpg
http://static2.businessinsider.com/image/574f3e39dd0895f7498b45c7-600/lol.jpg
https://imgur.com/gallery/7to5k
*O capítulo foi revisado, mas existe a possibilidade deste arquivo ser sabotado pela HYDRA. Caso encontre algum erro, favor reporte à Shalashaska.



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