Vazios escrita por Shalashaska


Capítulo 22
XXII


Notas iniciais do capítulo

Aqui, como prometido. O próximo sai nesse final de semana, acho.
Agradeço demais o apoio de vocês e espero que apreciem a leitura ♥ Aos fantasminhas, deixo um convite de deixar um alô!
Agora, vamos movimentar as coisas...



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— O que você está fazendo com a cabeça dele?

O corpo de Wanda congelou após poucos passos depois da porta. Ela a ouviu fechar sozinha, selando-a no Laboratório de Criogenia, junto a duas pessoas. Bucky, desacordado. Shuri, uma prancheta em mãos e o quadril encostado numa das mesas. Antes que tivesse tempo de processar a cena ou pudesse recuar, a wakandana virou seu torso em sua direção.

— Vir visitá-lo, tudo bem. Você e seu patético hábito de rondar por aí. — Ela deu de ombros e se aproximou, a voz arrastada. — Capitão Rogers, se é que ainda tenho a necessidade de chamá-lo de “capitão”, vem aqui também.  Mas o que diabos você anda fazendo, bruxa?

— Eu não...

Wanda sentiu o velho chamado caótico em sua garganta enquanto gaguejava. Sabia que mais um pouco, só mais um pouco, e haveria uma cena realmente escarlate ali, líquida, morna e cheirando a metal. Se Shuri a pressionasse novamente... A Feiticeira Escarlate sentiu sua pressão cair. Ela poderia parti-la ao meio só com a força do pensamento.

— Ele tem uma mente frágil e você sabe disso. Mesmo na criogenia tem atividade cerebral no tálamo, responsável por transmissão de informações sensoriais. — Ouvindo a si mesma, Shuri soltou um suspiro. Mesmo sem lançar mão de seus poderes telepáticos, Wanda podia saber que ela a achava ignorante o suficiente para não entender o que falava. E que, estranhamente, a princesa estava cansada. — Ele sente dor. E assim que você sai, o tálamo para e o lobo temporal do córtex entra em atividade. Ele lembra. Então eu vou perguntar uma última vez: O que você está fazendo?

— Eu não sei! — Wanda sentiu sua mão direita segurar a testa, num gesto instintivo. Não que isso pudesse impedir seu poder de transbordar do corpo, como tantas vezes transbordara. Será que havia sido assim antes, ao visitar Bucky? Um mero acaso de seu poder aceso? — Um dia eu estava simplesmente aqui e ele... E ele me mostrou coisas que eu deveria lembrar, mas não lembro. E coisas que eu não deveria ser capaz de saber.

Os olhos de Shuri estavam muito escuros naquela madrugada, despertos e rígidos como uma obsidiana. No entanto, algo a mais reluziu em suas pupilas dos que as luzes frias do laboratório, algo que fisgou a atenção da outra.

Os lábios da africana hesitaram.

— Você precisa passar por um médico de verdade.

Não. De novo não.

Seus dedos repousados na testa apertaram sua fronte, pois algo lutava para sair. Wanda poderia chamar aquilo de “caos” novamente, de “rugido escarlate”, possessão demoníaca ou afinal dar um nome aquela eletricidade selvagem que lhe queimava de dentro pra fora, entretanto isso significaria que tal reação era algo à parte dela. Uma coisa amorfa, autônoma, magnânima e que a escravizava. Não era verdade.

O poder... A cor rubra. A ira. O fogo. Eram ela e só ela. E em alguns momentos entendia este fardo, em outros era pesado demais para aceitar. Seus pulmões moviam-se lentos por baixo da carne e dos ossos, ela sentiu cada átomo de seu duro suspiro.

A atmosfera tornou-se mais densa naquele cômodo, uma das luzes piscou.

— Não.

—Raciocine, Maximoff!  Duas das mentes mais instáveis dentro de um laboratório, sem supervisão? Você sabe que isso vai dar errado.

Wanda inclinou o rosto. Sua mão soltou a testa.

— Mas você não acha.

Shuri piscou, a boca aberta. Houve silêncio e choque transpassou o austero coração da wakandana. Os olhos da garota a sua frente eram vermelhos, vermelhos feito o sangue que tirara de sua pele pálida em um golpe muito bem aplicado há dias. E então veio seu toque delicado e agourento, como se Wanda pudesse acariciar com seus dedos magros o seu cérebro. Shuri compreendeu que sentia o que a outra fazia porque ela permitiu que sim. Que sua cabeça parecia ser delicadamente tocada por uma mão fantasma.

— Pare.

— As áreas responsáveis pela dor diminuem atividade depois.  — A sua voz, geralmente miúda, agora era desprovida de emoção e carregada de sotaque sokoviano. Em resposta, Shuri chacoalhou a cabeça e deu um passo para trás. — Sua equipe escreveu isso no relatório. Você leu.

A princesa praguejou em sua língua materna, piscando e piscando os olhos. Em sua privilegiada educação, sabia mais do que estratégia, diplomacia e guerra, mas se preparara para confrontos físicos, não psíquicos. Preparara-se para ser a próxima Pantera Negra. E agora desejava ter aceitado as aulas do Instituto especializado de seu país ou alguns conselhos do professor Xavier.

Então ela se lembrou de uma conversa com a Maximoff, tão pálida e tão fraca. Sangrando na arena.

“Talvez seja por isso. Ele quer que eu aprenda como revidar e você quando não usar os punhos.”

Houve um quê de vergonha por sua imaturidade em Shuri. Batendo numa pobre garota, sem chance de uma luta justa. Porém, veio a raiva também. Ela era responsável por muita dor. Por Zemo ter matado seu pai.

Portanto, mesmo com a bruxa envolta em substância escarlate, Shuri permaneceu onde estava. Havia desafio em seu tom e em sua postura.

— Você própria não sabe o que está fazendo. Não entende o perigo? Ou ignora? Ou o deseja?

Wanda franziu os cenhos. Não estava ofendida, mas sim intrigada. A mente dela resistia a lhe dar respostas inteiras. Se pudesse ter mais humor na situação, diria apenas que era uma cabeça-dura.

— Você não veio aqui pra me dizer isso.

O toque espectral de Wanda passou de um tato gentil a uma pressão considerável. Era incrível a capacidade de Shuri a resistir, tanto que a Feiticeira concordou com os pensamentos da princesa na discussão com rei T’Challa naquela tarde:

Ela era metal, ela era cristal, ela era uma guerreira e só se permitiria sangrar.

Wanda estava disposta a fazê-la sangrar. Seus dedos inquietaram-se, a postura de Shuri se retraiu.

— Pare! Saia da minha cabeça!

— Pare você. Estou cansada de me dizerem o que fazer e o que sou. Sou uma arma nuclear, lembra-se? Sou uma bruxa. Que inteligente inibir o controle sobre mim mesma até que eu simplesmente exploda. Sim, estou lendo a sua mente, mas não fiz isso antes. Sabe o porquê? Porque seria mais fácil se todos me dissessem o que diabos elas querem. Então, Vossa Alteza... O que quer?

Ela a soltou.

A câmara criogênica soltou mais uma baforada de gás, os bipes das máquinas ressoavam como aves no início da manhã. Mais um dia começava, querendo tingir o cômodo de tons mornos em contraste com a impessoalidade das luzes artificiais.

Shuri engasgou um pouco, mexeu os ombros e encarou um ponto fixo no chão por diversos minutos até erguer os olhos. Foi neste instante que Wanda arregalou os seus, desprovida de fúria e de cor rubra em seus olhos.

— Eu vim para trabalharmos juntas. T’Challa não confia em mim para questões importantes, nem acho que Capitão Rogers permita que você avance sem tutela, o que se justifica. — Wanda sentiu o tom de deboche. —O fato é que somos moças bem grandinhas, mas aparentemente ninguém enxerga isso.

— Com Steve e Sam é diferente. Eu tenho depressão e eles agem com cuidado.

Ela deu de ombros, torcendo a face.

— Que seja, mas você acredita mesmo que eles confiam em você igual confiam em Romanoff? — A quietude respondeu por ambas. A princesa até podia ser uma desgraçada agressiva, mas era uma desgraçada agressiva esperta e com razão. Aquela pergunta ardeu em Wanda.  — Foi o que pensei.

— O que sugere?

— Já que você não tem ideia do que está fazendo e eu não quero descobrir com algum acidente terrível envolvendo magia escarlate no meu centro de treinamento, vou te ajudar. Eu não quero que exploda, então acho que não posso te impedir no que... No que quer fazer. — Shuri desviou o rosto, uma atitude evasiva o suficiente para parecer fora do personagem da princesa. Ela também queria algo, isso era perceptível. Cansada e querendo algo... Wanda notou que havia algo mais ali. — Vou te ensinar a usar os punhos. Você mesma sugeriu isso.

Wanda engoliu seco. Depois haveria muito tempo para se arrepender de seu comportamento, deste modo ela se limitou a ouvir qual era o jogo da outra. Parecia importante o suficiente para que Shuri baixasse a guarda e admitisse que precisava de sua ajuda. Importante e perigoso.

— Isso não me parece tão sensato.

— Prefere apanhar brutalmente das Dora Milaje?  Isso é bem mais prudente, é verdade. Vamos, — Ao menos a voz dela se limitou a ser sarcástica, mas não arrogante. De alguma forma. Ela soltou um bafejo baixo, um riso meio felino. — Não seja ridícula.

— Acha que isso vai mudar a ideia de T’Challa?

— Para você, Majestade. E apesar de não ter um fraco pela irmã, reconhece meus esforços.

O sorriso de Wanda foi largo, largo o suficiente para Shuri erguesse uma das sobrancelhas.

Importante e perigoso. Algo dizia para Wanda declinar a oferta, mas sendo irmã de quem era e possuindo os impulsos que tinha, não pôde evitar. Ela e Pietro compartilhavam o fascínio infantil por coisas perigosas e aquilo, infelizmente, não havia mudado. Seu sorriso permaneceu largo e o fogo dentro de si estava aceso.

Era ela. O caos.

— Você realmente está engolindo seu ego.

— Por isso não teste minha paciência.

Wanda recuou um passo, colocou a mão no queixo. Pensou um pouco enquanto dava um ou outro passo no laboratório, o que despertou nada além de tédio em sua estranha aliada.

— Eu tenho condições. Você vai me ajudar a decodificar algumas informações e a pesquisar certas coisas. E vai me deixar voltar aqui.

— Você definitivamente está testando minha paciência.

— Ainda terá o que quer.

— Certo. — Concordou a contragosto. — Mas eu também tenho alguns termos pra você. O monitoramento neste laboratório continua. Te dou uma hora por dia aqui. — Ela ergueu a palma da mão, impedindo os protestos de Wanda de sair de sua boca. — Se eu sequer pensar que estragando alguma coisa, serei obrigada a levá-la a julgamento wakandano.

— Ótimo. Vou ganhar uma tatuagem de queimadura no pescoço.

— E... — Ignorou o comentário. — Você vai ver um médico. Um psiquiatra que pode te ajudar.

O riso dela se fechou. Já não era mais engraçado.

Veremos.

Shuri se deu por satisfeita por hora com aquela resposta. Andou mais um pouco, anotando coisa ou outra na prancheta até que a soltou em uma mesa junto com um longo suspiro. Acomodou o quadril na quina e cruzou seus braços atléticos, numa postura muito parecida com aquela que Wanda se deparara quando veio ao laboratório.

— Veja, um conterrâneo seu matou meu pai. Você também é responsável pela morte de onze dos meus. Se olhar de novo dentro da minha mente e não enxergar o que estou passando pra te deixar em meu reino, então você é mais cruel do que imaginava.

A atenção de Wanda estava fixa na princesa. Verdes ou rubros, não importava a cor de suas íris, só que agora seus olhos enxergavam Shuri em sua totalidade. Sua aura reluzia fosca, como uma lâmina. Aço? Titânio? Platina ou o pobre ferro?

Só o tempo diria e Wanda aguardaria a resposta.

— Sabe, Shuri... Eu não sei se você sabe disso pelos tais registros que leu sobre mim, mas eu já passei fome. Miséria. Fui aprisionada a vida inteira por causa da minha simples natureza. Judia, cigana, bruxa, mutante. — Deu de ombros. — Entreguei meu corpo para ciência pela paz de meu país e me tornaram uma arma de guerra. Me tratam como uma bomba. Fui desumanizada. Decidi que nunca mais alguém me aprisionaria e veja, fui parar numa cela submarina com um colar de choque. Acredite, você não vai me querer como prisioneira. Então não me trate como uma. Se não enxerga isso, é mais tola que pensei.

— Não acredito que vou fazer isso, mas... Tome.

Shuri estava com o braço estendido, com um pequeno objeto cintilante e azul na mão.

— O quê? — Foi a vez de Wanda soltar um riso sarcástico, embora logo tenha se aquietado pela mera ilusão de não querer acordar James. — Uma pulseira da amizade? Depois vou por um piercing no septo também?

— Calada. — Antes que Wanda pudesse pegá-la, Shuri desviou e com a outra mão ajeitou o próprio piercing, de repente ofendida. — O braço esquerdo, bruxa. E tenha mais respeito. É uma joia Kimoyo que estou lhe dando. Significa “espírito”.

— Sinto muito se sou estúpida e não sei o que é essa coisa, Vossa Alteza.

Na realidade, a Feiticeira estava impressionada. Depois de uma discussão envolvendo poderes telepáticos e ameaças, receber uma pulseira de contas brilhantes e azul era a última coisa que esperava, a menos que aquilo fosse uma espécie de algema.

Senão, aquilo seria muito apropriado.

E por este mesmo motivo, algo disparou dentro de si. Eletricidade percorreu sua pele, tal qual havia sido feito há anos atrás em um laboratório em Sokovia. Com os olhos arregalados e a boca entreaberta, sua voz tremeu.

— Por que quer que use isso? Quer me monitorar em tempo real também?

— Não é como se eu não pudesse ver o que faz dentro do meu castelo. Mas, — O riso dela foi contido, embora seu tom fosse sincero. — Não é para isso.

Shuri fez menção de colocar a pulseira em seu pulso esquerdo, no entanto foi a vez de Wanda recuar.

— Pensei que iria me dizer o que quer. Não me obrigue a... — A frase, até então selvagem e elétrica, morreu na boca da bruxa. Seus lábios hesitaram antes de completar sua sentença, uma verdade e uma súplica que ela queria ter dito a todos que lhe colocaram algemas: — Não me obrigue. Apenas... Não me obrigue.

Houve dúvida na princesa de Wakanda. Ela esperou e esperou mais alguma reação da outra, o que não veio. Então, tal qual um felino, soltou um suspiro.

— Eu quero descobrir antes de T’Challa quem está por trás desses hacks. Descobrir, investigar, eliminar. As Dora Milaje diriam ao meu rei se pensarem que estou agindo contra minha própria segurança ou de Wakanda.

— E você está?

Mais uma vez, silêncio.

— Essa pergunta me enoja.

— Eu já pensei que estava fazendo uma coisa boa. O fim da história você leu nos seus arquivos.

 — Isso é diferente.

— Isso não é diferente! A única coisa que muda é a protagonista da história: Uma princesa, não uma órfã.

— Pare de ser hipócrita. Você quer isso tanto quanto eu. — Os gestos dela, expansivos e irritados, eram patadas no ar. — Quer entrar em ação, quer fazer alguma coisa. Nós duas não somos de ficar paradas, assistindo o mundo desmoronar. Você disse, Maximoff. Somos protagonistas.

—É claro que eu quero! Quero que as pessoas me vejam como uma pessoa, não como uma arma nuclear. Eu quero que elas me vejam...

A garganta dela ardeu. Foi o que ele tinha dito pra ela, meses atrás. Em seu tom cordato parecia tão diferente, até mesmo doce, mas sua postura era rija e ele não a permitiu passar. Mas permitiu a coleira elétrica em seu pescoço.

— Eu quero que elas me vejam como uma pessoa. — Repetiu. — Nem mais como uma heroína, talvez porque eu não seja isso. Mas alguém. Alguém com algo a mais.

— E eu quero que elas também me vejam, Wanda. Mais do que a herdeira ou a irmã. Ou a princesa. — Ela deu de ombros. — Alguém que faz o correto. Rápido. Uma futura rainha. Eu não sou uma voz frágil na tempestade, Maximoff. Wakanda sempre foi um reino pacífico e longe dos problemas do resto mundo e, por mais que T’Challa esteja envolvido com política internacional no momento, eu pretendo manter desta forma. É hora de agir.

— Está preocupada por T’Challa se envolver com o Ocidente, mas pede ajuda a uma estrangeira para os interesses wakandanos?

— Porque sei que essa estrangeira compreende o quanto meu país e meu povo significam pra mim. E o que podemos fazer em nome deles.

— Escute, Vossa Alteza... Você agiu como se eu fosse uma criminosa até o momento, então não espere que me junte a você, por mais que tenha algo do meu interesse.

Shuri olhou para baixo durante alguns instantes, mas assim que voltou seu rosto para o de Wanda, sua expressão foi firme.

— Você estava certa. Agi daquela maneira pelo o que li de você e... Agora estou te conhecendo. Espero que entenda.

A Feiticeira Escarlate sentiu a cabeça latejar. Algo dizia para sair dali, metade sua queria ficar e aceitar qualquer proposta insana. Enquanto isso, seu cérebro por inteiro doía, lembrando como a princesa havia entendido a ameaça da tempestade.

— Por favor, diga que não vamos nos arrepender disso.

— Quem consegue prever o futuro é você, bruxa, mas posso te garantir que não vamos nos arrepender. Não há espaço pra isso.

— Ao menos... Ao menos podemos consultar os outros? T’Challa e, hm, Steve? Ele também sabe ser bem patriótico, caso encontremos algo que possa ser contra a nossa segurança de Wakanda ou a sua.

— Vou reiterar que o meu conceito de princesa é bem mais complexo do que o estereótipo ocidental, então me julgo capaz de tomar decisões decentes. Mas, se acalma teu coração, veremos.

Não era um sim, não era um não. Era exatamente o que Wanda tinha respondido em relação a consultar um médico. Seria, de novo, uma manipulação para fazer algo que na realidade não queria? Se fosse e as coisas dessem errado, ela não seria capaz de suportar. Nem por ela, nem por Pietro. E ela não conseguiu fazer nada senão estender o braço esquerdo.

Assim que Shuri apertou o fecho, Wanda trouxe o pulso para mais perto de si e ficou a admirar o material cintilante e de luz própria. Era turquesa e mal pesava no braço, também não esquentava. Não havia muitas miçangas, mas era lindo.

—A primeira conta está pareada com os relatórios de sua saúde que fizemos quando veio para cá. Não é o diagnóstico perfeito, mas servirá por enquanto. Podemos acertar o resto no decorrer dos dias.

— Dá pra ser mais clara?

—Essa pulseira é apenas mais uma peça tecnológica daqui. Pense nela como um celular, só que mais útil. A primeira conta, esta mais escura, é dada ao nascimento e contém registros médicos. O seu contém informações que coletamos agora, então... — Ela deu de ombros, insatisfeita. — Depois há mais contas que podemos por. Uma é de áudio e vídeo. Internet. Outra é de comunicação. Serviços de voz. Fiz uma específica em sua língua, Maximoff.

— Hã... Certo. Obrigada?

Shuri pareceu um gato emburrado e cheio de suspiros. Se afastou.

— Te ensino a usar mais tarde. Será importante pra nos comunicarmos aqui dentro. Eu te ajudo com... A tal pesquisa. E você me auxilia a recuperar a confiança de T’Challa. — Naquela frase, Wanda percebeu o quanto as duas ainda escondiam uma da outra, soltando frases genéricas e prometendo aquilo que não sabiam se poderiam cumprir. Wanda queria laudos de pesquisas da HYDRA, respostas. Shuri queria o apoio do irmão, de alguma forma. Enfrentar algo impalpável que brincava com os maiores centros de tecnologia internacionais. — Teremos um longo treinamento, Maximoff.  Te espero hoje ás dez horas da manhã. Vá descansar um pouco.

— Eu já vou.

A princesa parou antes de atravessar a porta, virando seu tronco para a estrangeira com uma indagação no rosto.

— Você me deu uma hora, lembra? — Disse Wanda, referindo-se à Bucky.

Um momento passou antes que mais uma vez a voz de Shuri ecoasse no laboratório. Não era essa a pergunta que a herdeira de Wakanda desejava fazer. Houve suspense em seus lábios e um quê de curiosidade.

— Como?

— Como o quê?

— Como você sabe... Como você sabe que, o que quer que esteja fazendo, está trazendo alívio físico a ele? Digo, ao menos momentaneamente.

Wanda desviou o olhar. Preferiu encarar a câmara criogênica, serena e gélida, tal qual era Sokovia de sua infância.

— Não sou apenas o que leu nos arquivos... — Deu de ombros. — Mas também sou a mulher egoísta e inconsequente que você acha que eu seja.

— E o que isso significa?

Ela engoliu seco. Aquilo era tão errado.

— Que eu não sabia, Vossa Alteza.


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Notas finais do capítulo

Algum erro? Favor reportar à Shal ♥
*Pra mim, Shuri tem um piercing no septo e ninguém poderá me dizer o contrário hahaha
Espero que tenham gostado!



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