Twenty One escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 17
Gata Borralheira


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Dedico esse capítulo à Duda que está fazendo aniversário hoje. Parabéns, Sweet!
Ademais, boa leitura!



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A nova vida de Annabeth só melhorava. A cada dia ela se sentia mais próxima de Thalia e Luke, as noites ainda eram tão animadas quanto na infância. No entanto, agora eles podiam ficar na segurança de uma casa comendo besteira, sem ter que se preocupar em serem descobertos pela polícia ou marginais.

Thalia continuava sendo sua melhor amiga e todos os dias elas conversavam antes de dormir, às vezes alguns minutos, às vezes por horas. Fosse sobre quando eram crianças, sobre séries ou sobre os encontros de Thalia e Nico, a parte favorita de Annabeth.

Até Luke estava se tornando menos super-protetor. Ele continuava a enchendo de mimos e carinhos, aquilo era verdade,  no entanto, ele estava bem mais flexível. Nas noites em que Thalia não estava, passavam a madrugada assistindo tevê ou conversando, Luke conseguia ser bem divertido quando queria.

Ah, e tinha Tyson. Annabeth adorava Tyson como um irmãozinho mais novo, apesar de terem a mesma idade. Depois da escola, eles iam estudar ou só se divertir na cafeteria onde Thalia trabalhava, pelo menos uma vez por semana. E era isso que eles fariam naquela quinta-feira, mas haviam optado por mudar um pouco.

— Você vai ver, Annabeth, minha família tem o melhor sorvete azul do mundo!

— Azul?!

Ela ainda perguntou, mas Tyson continuou a falar como se “azul” fosse só mais um sabor, como chocolate ou baunilha. Como mais uma das peculiaridades de Tyson, Annabeth deixou de lado, se divertindo com a animação deles enquanto caminhavam lado-a-lado em direção a sorveteria da família de Tyson, A Máquina do Tempo Jackson.

Já estavam na metade do caminho quando Tyson parou em uma banca de jornais, analisando alguns mangás enquanto abaixava o tom para sussurrar para Annabeth:

— Você também tá com uma sensação ruim?

Ela apenas franziu as sobrancelha, sem entender: — Como assim?

Tyson olhou em volta, como se procurasse alguma coisa. Eles estavam numa rua longa, com lojas e restaurantes provocando uma movimentação de pessoas nas calçadas, além de carros pela rua, boa parte composta por estudantes. Tudo parecia normal para o final do horário letivo.

— É só uma sensação… — Tyson completou, devolvendo um exemplar de One Piece à banca. — Como se tivéssemos sendo seguidos ou algo assim.

Annabeth sentiu um calafrio e olhou em volta, tentando reconhecer alguém entre os transeuntes, mas todos pareciam alheios aos dois.

— Tem certeza que não está só nervoso? — Ela perguntou, tentando soar positiva. — Pode ser só porque eu vou conhecer seus pais.

— Pode ser. — Tyson deu de ombros, voltando a andar com as mãos nos bolsos. — Nunca levei nenhum amigo lá. Você é a primeira.

— E isso é uma grande honra! — ela abriu seu sorriso mais animador, pensando em quão solitário Tyson poderia ser as vezes.

No entanto, enquanto caminhavam por aquela rua, Annabeth não conseguia afastar o pressentimento ruim depois que Tyson havia falado. Ela estava mais atenta, olhando para o rosto das pessoas e memorizando, principalmente para aqueles que iam na mesma direção que eles, e também para os carros, fossem os que passavam ou os estacionados.

Ela não encontrou nada, exceto um vw amarelo que havia dado umas quatro voltas pela rua lentamente, mas, Annabeth se convenceu que deveria estar procurando uma vaga para estacionar na rua já lotada.

Contudo, quando eles fizeram zigue-e-zangue por dois quarteirões e o carro passou novamente, Annabeth sentiu o pânico crescer em seu peito.

— Tyson, estamos chegando? — Ela sussurrou, apressando o passo e fazendo o amigo a acompanhar. Para piorar, aquela era mais estreita e menos movimentada, com pouquíssimos pedestres e carros esporádicos.

— Duas ruas. — O menino respondeu, olhando em volta. — Por quê? Acha que…

— Só vamos mais rápido. — Annabeth ordenou, segurando o pulso de Tyson para caso algo acontecesse. No entanto, quando o Volkswagen novamente passou ao seu lado, ela soltou a mão do amigo rapidamente.

A janela do carro estava abaixada e Annabeth reconheceu os familiares fios loiros, os olhos castanhos e o sorriso presunçoso do motorista. Afinal, como não os reconheceria? Provavelmente eram os primeiros traços que havia visto em sua vida, aquele era o primeiro homem que a havia pego no colo há dezessete anos.

Isso fez o pânico florescer ainda mais no peito de Annabeth, a ponto de fazê-la engolir um grito.

— Annie? — Tyson chamou, percebendo que ela havia estancado na surpresa. — O que foi?

Annabeth observou o carro dobrar a esquina, mas sabia que logo o veria novamente. Não estava apenas sendo seguida, em breve ela seria também seria encurralada.

— Nada. — Se forçou a engolir o pânico e oferecer um sorriso fraco ao amigo, voltando a andar apressada. — Só quero provar logo desse sorvete azul!

Tyson franziu a testa, mas aceitou a desculpa. Eles praticamente correram pelos quarteirões, a tensão palpável e o silêncio pesado enquanto se aproximavam. Quando enfim Tyson abriu a porta da sorveteria, ele respirou aliviado, mas Annabeth ainda estava em estado de alerta.

— Ei, eu não posso ficar. — Ela tentou dizer ainda, mal entrando na sorveteria e olhando para a porta de vidro a procura do carro ou do motorista. — Esqueci que tinha que resolver uma coisa em casa e… sinto muito!

— Que coisa? — Tyson questionou, obviamente percebendo as mentiras. — Annie, entra, você não parece bem.

— Eu estou. — Annabeth continuou a mentir, dando o seu máximo para deixar Tyson em segurança. — Só preciso ir pra casa. Amanhã conversamos está bem?

Tyson ia protestar, mas nem foi necessário. Uma mulher, com um vestido vermelho rodado de bolinhas, apareceu atrás dele com um sorriso, interrompendo a discussão.

— Você deve ser Annabeth! — Ela sorriu tão acolhedora que Annabeth sentiu parte do pânico ir embora. — Tyson me falou muito de você.

— Eu… eu… — Annabeth tentou encontrar as palavras, mas parecia muda quando suas mãos foram seguradas pela mulher sorridente.

— Não seja tímida! — ela continuou, puxando a menina para mais dentro da sorveteria. — Meu nome é Sally e Tyson me disse que você é muito esperta, então já sabe quem eu sou, não é?

— A mãe de Tyson. — Annabeth murmurou enquanto a senhora Jackson a fazia se sentar à uma das mesas centrais.

— Isso mesmo, querida. Agora, fique à vontade enquanto preparo o pedido de vocês. Tem alguma coisa que queira em especial?

Annabeth tentou processar a pergunta, mas se sentia encurralada pela simpatia de Sally, ao passo que não conseguia parar de olhar para a porta, esperando o motorista entrar a qualquer momento.

— Mãe, que tal o especial? — Tyson sugeriu, sentando-se de frente para a amiga. — Aquele milkshake que Percy gosta?

— Tudo bem, vou deixá-los à sós. — Sally acenou, dando-lhes espaço, enquanto Annabeth continuava a olhar para a porta, apreensiva.

— Annie, tá tudo bem. — Tyson tentou falar.

— Eu deveria ir pra casa. — Ela retorquiu. — Eu preciso ir.

— Annabeth… — Tyson ainda tentou, mas ela se pôs de pé, ajeitando a mochila nas costas. No entanto, assim que se virou para a porta, sentiu seu estômago afundar.

O motorista, já na casa dos quarenta anos, havia acabado de entrar e andava imponente até eles. Annabeth se deixou cair na cadeira, sentindo-se empalidecer ao reconhecer novamente a figura de seu pai, Frederick Chase.

— Annabeth? — Tyson chamou, mas a menina estava em pânico demais para responder.

Frederick se aproximou da mesa, um sorriso em seus lábios e os óculos de aros fino escorregando pelo nariz, como um simpático professor de história deveria parecer.

— Annabeth? — Ele chamou com tanta emoção na voz que a loira só não acreditou por ter presenciado o falso tom inúmeras vezes. — Filha, por onde andou?! Estive tão preocupado!

Tyson a olhou confuso, mas Annabeth apenas abaixou a cabeça, mordendo o lábio ao tentar pensar em como poderia sair daquela situação. De preferência, sem que nenhum dos seus amigos fossem afetados, incluindo Tyson.

— Filha, não vai falar comigo? — O senhor Chase continuou em um tom triste e cansado, como se estivesse magoado de verdade. Ela não se deu ao trabalho de responder, apertando as mãos embaixo da mesa, sua mente se afundando em pânico. — Jovenzinho, poderia nos dar um momento? Eu sou Frederick, o pai de Annabeth.

— Annie? — Tyson perguntou inseguro e Annabeth levantou o rosto, assentindo em seguida.

— Pode ir. — ela tentou forçar um sorriso, mesmo sabendo que não conseguiria. Ainda assim, Tyson se levantou, olhando-a preocupando quando seguiu para o balcão de atendimento.

Annabeth engoliu em seco e encarou seu pai, que agora tomava o lugar de Tyson à mesa.

— Então, Annabeth, você vai vir por bem ou por mal? — Apesar das palavras ácidas, seu tom era tão doce e seu semblante tão preocupado que qualquer um poderia acreditar que ele realmente estava preocupado.

— Eu não vou com você. — Annabeth replicou entredentes, tentando falar o mais baixo possível, sentindo o suor gelado descer por seu corpo. — Nós tínhamos um acordo, você devia me deixar em paz.

— Eu não posso te deixar sozinha. — ele continuou, colocando as mãos sobre a mesa como se fosse encostar nela. No entanto, a garota apenas retesou o corpo, se afastando mais.

— Não estou sozinha, estou com minha família de verdade.

— Seja razoável, minha filha. — Frederick continuou em seu tom baixo e cansado. — Não pode achar que eles são sua família, vocês ficaram anos sem se ver.

— Por sua culpa! — Annabeth cuspiu, sentindo o ódio florescer dentro de si. O lado bom é que o medo estava perdendo espaço e ela começava a reagir, por mais que ainda estivesse trêmula e com o coração acelerado.

— Minha? — Frederick ergueu a sobrancelha, incrédulo com a fala da filha. — Por minha culpa, Annabeth? Você se lembra do que aconteceu da última vez? Quer que se repita? Quer que Thalia se machuque novamente?

Annabeth sentiu como um soco no estômago, as imagens vívidas de Thalia caída em uma poça do próprio sangue inundando sua mente. Ela ainda podia ouvir o barulho do tiro, os gritos de Luke, podia sentir o medo de perder a melhor amiga. E tudo havia acontecido por culpa de Annabeth, porque Frederick a havia perseguido por todo o país, porque eles tiveram que fugir o tempo todo sem ter o que comer.

E, justo quando ela achava que poderia ter paz, Frederick voltava a caça-la.

— Deixe meus amigos em paz. — Annabeth vociferou, sentindo seu corpo tremer mais de ódio e medo. — Me deixe em paz.

Tardiamente, percebeu que havia aumentado um pouco o tom, o suficiente para que alguns fregueses a olhasse. Ela lançou um rápido olhar para o balcão, onde Tyson estava escorado de costas na porta, como se conversasse com alguém dentro da cozinha. Infelizmente, Frederick seguiu seu olhar e nem se esforçou para ocultar a risada rouca.

— Esse é seu namoradinho? — Ele provocou em um tom de escárnio, fazendo-a olhá-lo novamente. — Francamente...

Ela sentiu o sangue ferver, mas apenas mordeu o lábio com mais força, se forçando a não responder. Frederick não era o primeiro a fazer tais comentários sobre Annabeth e Tyson e, o que mais a deixava indignada, era como o subjugavam pelo jeito atrapalhado e o físico roliço, bem como a chamavam de interesseira. Odiava aquelas provocações, poucas pessoas sabiam quão maravilhoso e encantador Tyson era.

— O que você quer pra me deixar em paz? — Annabeth replicou para o pai, buscando a melhor forma de se livrar dele, que fosse por hora. — Mais dinheiro?

— Assim você me machuca, filha. — Frederick retornou ao tom pesaroso, seus olhos azuis lacrimejando. — Eu só quero que você volte para casa. Sua mãe e seus irmãos sentem sua falta.

— Ela.não.é.minha.mãe. — murmurou entredentes, pensando na madrasta negligente e nos meio-irmãos mais novos que haviam aprendido a odiá-la. Annabeth quase se sentiria a Gata Borralheira, se seu pai não fosse o pior vilão de todos.

— Você tem noção de quão infantil está sendo? — Frederick questionou em um tom cansado, tirando os óculos e passando as mãos pelo rosto. — E ainda se diz adulta.

— Eu não sou mais criança. — vociferou irritada. — Eu consegui provar até pra um juiz e tenho um documento que comprova isso. Então, vá embora e me deixa em paz!

— Ou o que? — ele questionou com um sorriso arrogante. — Eu ainda sou seu pai.

— Mas não meu dono. — Annabeth sibilou, controlando-se para manter o tom baixo. — E se você não for embora, você vai se arrepender.

— Eu vou me arrepender? — perguntou em chacota. Então seus olhos se estreitaram, parecendo perder a paciência, se pôs de pé, alcançando o braço da filha e apertando. — Chega de pirraça, Annabeth. Vamos embora.

— Não. — Se forçou a dizer entredentes, puxando o braço com força, seu corpo tremendo. Não queria atrair atenção, tampouco poderia ir com o pai, ninguém sabia se um dia poderia ter sua liberdade novamente.

— Vamos, não me faça perder a paciência. — ordenou novamente, olhando para os lados e abaixando o tom, mas ainda segurando firme o braço da garota. — Ande, ou você vai se arrepender. Lembre-se da última vez.

Annabeth engoliu um soluço, novamente pensando em Thalia caída e coberta de sangue, mas o pânico e a raiva ainda inundava seu peito. Frederick conseguiu fazê-la ficar em pé, mas ela ainda não se movia, uma dor quente se espalhando pelo braço.

— Você não quer que algo pior aconteça. — Frederick sibilou baixo e mais uma vez Annabeth teve o impulso de querer chorar, a culpa e a preocupação quebrando suas barreiras.

Ela sabia que Frederick não havia provocado o  tiro em Thalia, não diretamente. No entanto, ele a havia caçado por todo país, colocando-a em perigo para tentar se esconder e sobreviver, tornando-a uma arma contra os amigos.

E aquela ameaça significava que ele iria até o inferno para tê-la novamente, e não iria medir artilharia para isso. Mesmo que dessa vez ele tivesse que agir diretamente.

— Vá embora. — Annabeth murmurou, obrigando-se a permanecer com raiva e forte, puxando o braço com força e se livrando do aperto.

Ergueu o rosto irresoluta e encarou os olhos frios e o rosto vermelho de raiva do pai, tomando tanta coragem quanto conseguiria.

— Vai pro inferno! — ordenou novamente em um tom baixo e Frederick apertou os olhos, avançando para segurá-la, mas foi impedido por uma voz forte:

— Posso ajudá-la?

Annabeth se virou, atônita, para o rapaz que havia parado ao lado dela e de seu pai. Ela deu um passo para trás, registrando a pele bronzeada e o porte alto e atlético do homem que havia interferido, sua mente trabalhando em reconhecer os cabelos pretos e olhos verdes familiares, chegando a conclusão que eram muito parecidos com os de Tyson.

Percy. O nome ecoou na mente de Annabeth. Aquele era Percy, o irmão mais velho de Tyson, que a encarava com os olhos verdes interrogativos e protetores.

— Não é nada, rapaz. — A voz de Frederick soou simpática e envergonhada, como o grande manipulador que ele era. — Só estou tentando convencer minha filha a voltar para casa. Essas crianças de hoje…

Ele deu um sorriso simpático e Annabeth quis gritar internamente. Seu corpo ainda tremia e ela tinha certeza que tudo estava indo de mal a pior, logo Percy e toda a sua família cairiam nas manipulações de Frederick. Era uma batalha perdida. No entanto…

— Posso ajudá-la? — Percy perguntou novamente, encarando-a nos olhos, ignorando completamente as palavras do pai dela.

— Não se preocupe — Frederick voltou a salientar, dando mais um passo e novamente avançando para pegar no braço da filha. — Vamos, Annabeth, estamos atrapalhando aqui.

No entanto, o toque de Frederick foi suficiente para fazê-la despertar. Agindo por impulso, ela deu mais uma passo atrás e puxou o braço com força, sibilando em seguida:

— Já disse pra me deixar em paz.

— Annabeth... — Frederick murmurou entredentes, seus olhos azuis perigosos. Ele ia avançar novamente, mas Percy segurou-lhe o ombro.

— Acho melhor o senhor se retirar. — O rapaz sugeriu em um tom baixo, mas com claro tom de ordem.

— Eu só estou tentando convencer minha filha a fazer o mesmo. — O senhor Chase voltou ao seu modus operandi de pai simpático e preocupado. — Ela ainda é uma criança e vive fugindo de casa. Estou há um mês procurando ela dessa vez, se eu sair por essa porta, só Deus sabe quando vou achá-la de novo.

Annabeth sentia o estômago embrulhar com a forma como seu pai podia distorcer a verdade e inserir mentiras rapidamente.

— Eu não sou criança. — ela argumentou, se obrigando a manter a calma.

— Você só tem dezessete anos, minha querida. — Frederick falou docemente, como se falasse com uma criança.

— Mas sou emancipada. — Annabeth se defendeu, decidindo não facilitar para o pai. — E não fugi de casa, eu saí. Não que eu te deva explicações agora.

— Vamos, filha, seja razoável. — Frederick pediu. — Vamos pra casa conversar lá. Você diz que é adulta, mas olha o show que está dando.

— Eu já disse que não vou com você. E você não pode me obrigar mais.

Frederick lançou a Percy um olhar de desespero, como um pedido de ajuda para lidar com a filha, novamente dando mais um passo em direção à ela.

— Sinto muito, mas não posso sair sem minha filha. — Frederick falou. — Ela precisa de ajuda, tem alguns problemas mentais e você sabe o que esses jovens encontram na rua hoje em dia…

— Isso é mentira! — Annabeth gritou exasperada, sem conseguir acreditar.

— Ela está há mais de um mês sem os remédios e eu preciso levá-la para casa. — Frederick continuou a ignorando. — Desse jeito ela é perigosa e não só pra ela.

Ele lançou um olhar para o balcão, de onde Tyson os observava nervoso. Frederick devia ter assimilado a semelhança dos garotos e agora usava como arma. Annabeth não podia acreditar que ele a acusava de senil e até de drogada, mas sabia que gritar não era a resposta.

— Eu entendo. — Percy disse por fim e Annabeth sentiu um calafrio passar por seu corpo quando o rapaz lhe dirigiu os olhos verdes.

— Eu agradeço pela compreensão e paciência. — Frederick sorriu amistoso. — Desculpe pela minha filha, prometo que a manterei sobre controle.

— Um momento. — Percy pediu, novamente colocando a mão sobre o ombro do homem, dessa vez dando um leve aperto. — Se tudo o que o senhor diz é verdade,deve chamar a polícia pra levar Annabeth.

Ele entoou, lançando um olhar de confiança para a garota.

— Senão, eu sugiro que saia daqui e não volte, ou eu chamarei a polícia. Tenho certeza que vão adorar saber sobre perseguição de menores.

Frederick empalideceu, engolindo em seco. Por um momento, Annabeth pensou que ele iria retrucar, Percy parecia tão novo quanto Luke, um garoto ainda. No entanto, ele era forte e havia ameaçado chamar a polícia, além de não ter se deixado intimidar ou manipular. Tudo isso, somado aos outros clientes que assistiam tudo, fizeram Frederick recuar.

— Annabeth, é sua última chance. — O senhor Chase sibilou, mas Annabeth começava a recuperar o controle do corpo.

Ela ergueu o rosto e o encarou desafiadoramente.

— Me deixa em paz. — ordenou mais uma vez e Frederick apenas deu um último olhar para Percy, antes de se retirar da sorveteria.

 

 

"Mas a tristeza pode chegar a qualquer reino, por mais feliz que seja."

(Ella em Cinderela [2015])


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Notas finais do capítulo

Obrigada à MaryDiAngelo por me ajudar a postar esse capítulo que quase me deixou louca!
Está na hora de mudar um pouquinho o foco, não é? Afinal, Percy e Annabeth não estão aqui de enfeite!
O que acharam do Frederick? E desse primeiro encontro Percabeth? Lembrando que a Annabeth não é lá muito Princesa Disney, né ~sabemos bem que Percy é a Ariel~ então podem ter certeza que vai ter tretas, ahsuah'
Espero que tenham gostado e perdoem os erros, escrevi esse capítulo e corrigi todo pelo celular.
Enfim, espero que vocês comentem, recomendem, favoritem... Obrigada pela atenção!
Beijinhos!