Twenty One escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 13
Me Quer


Notas iniciais do capítulo

Olá, me desculpem por ter sumido!
Tive um problema com o capítulo tendo sido apagado sem salvar e, logo depois, uma crise de falta de inspiração muito grande.
Mas estou de volta e espero que gostem!
Boa leitura!


Recapitulando:
Annabeth voltou;
Thalia teve que voltar a trabalhar pra Dionísio;
Thalia quer distancia de Nico depois do beijo deles no parque;



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Thalia sabia que, mais ou cedo ou mais tarde, iria acabar encontrando com o Di Angelo. E o tal dia veio duas semanas depois de se humilhar para Dionísio pedindo o emprego de volta. O rapaz entrou na cafeteria sem olhar para o balcão, sentando-se na mesa de sempre e já espalhando seus papéis e lápis.

Thalia virou-se para trás, pronta para suplicar para que Will o atendesse, mas o loiro já se dirigia até a mesa, a postura um pouco mais reta que o normal. Will Solace estava definitivamente irritado.

Sem querer ser notada, Thalia abaixou a cabeça e continuou a passar o pano no balcão, observando de soslaio o sorriso do Di Angelo ao se dirigir a Will, provavelmente lançando uma piada maliciosa, mas Will não demorou: ao voltar para o balcão, revirava os olhos, um pouco menos reluzente que o normal. Thalia o observou passar por ela, praguejando que ia matar “aquele filho da…” e ela apenas não conteve o riso: era divertido ver Will sem paciência.

A postura do rapaz não mudou quando voltou a mesa de Nico, levando a costumeira xícara de cappuccino e, praticamente, jogando-a. Thalia abafou o riso para não chamar atenção, contudo, logo o Di Angelo estava debruçado sobre o balcão, a cara amarrada.

— Posso ajudar em algo, senhor? — Thalia ofereceu, tentando manter uma expressão neutra.

Nico a olhou surpreso e, então, abriu um sorriso malicioso.

— Olha só quem está de volta… — entoou, sentando-se no banco e apoiando os cotovelos na mesa. — Sabia que eu ainda teria motivos para voltar aqui.

— Achei que nossos cappuccino fosse motivo mais que suficiente. — Thalia retrucou, afastando-se com a desculpa de limpar a outra extremidade do balcão.

— Um cappuccino nunca seria tão delicioso quanto seus lábios, minha querida. — O Di Angelo flertou com a voz rouca.

— Triste que apenas do cappuccino você vai provar de novo! — Thalia retrucou, mantendo um sorriso frio e cantando um mantra em sua mente que “não iria cair naqueles encantos de jeito nenhum!”.

— Estou começando a sentir que não sou bem-vindo. — O rapaz resmungou, mas seus olhos diziam que ele se divertia com o desafio.

— Thalia, pode avisar nosso cliente que seria bom se ele ocupasse apenas um banco? — Will ordenou, passando atrás de Thalia com o bule na mão. — Ele está ocupando o lugar de outros clientes!

— Como se essa espelunca estivesse lotada. — Nico debochou, olhando em volta e encontrando apenas um casal de adolescentes matando aula e um velhinho com seu jornal. — Vocês tem sorte de usufruírem da minha magnânima presença.

— O senhor Di Angelo precisa de dois bancos, Will. — Thalia proferiu, sua voz alta o suficiente para ecoar no estabelecimento vazio. — Um para ele e o outro para seu ego gigantesco.

Dessa vez, Will sorriu ao voltar para o balcão, deixando de lado o bule e recostando-se na parede logo atrás de Thalia.

— Provavelmente essa é a coisa mais verdadeira que falaram dele. — Will concluiu, fazendo O Di Angelo revirar os olhos.

— E não estou ocupando dois lugares, apenas vim fazer uma reclamação. — Nico resmungou, ajustando a postura no balcão e levando a xícara para perto de Thalia. — Meu cappuccino está gelado!

— Na temperatura do seu coração, meu querido! — Will retrucou e Thalia abafou a risada, observando a cara de espanto do Di Angelo. E aquela era a língua afiada de Will Solace!

— Dê-me aqui, eu faço outro. — Thalia suspirou dramaticamente, em uma forma de fugir dali.

— Por que acho que você vai cuspir dentro? — Nico semicerrou os olhos e Thalia apenas deu de ombros.

— Meu veneno não é tão forte como o seu. — A garota lhe deu língua, já pegando a xícara e se apressando para entrar na cozinha minúscula.

— Certeza? Ainda sinto meus lábios dormente desde que provei dele. — Nico retrucou e Thalia ainda teve tempo de ouvir Will perguntar como exatamente Nico havia provado antes de deixar a porta bater atrás de si. Pelo amor! Ela precisava de um jeito de se afastar de Nico di Angelo!

 

No entanto, Nico parecia ter decidido o contrário: a cada vez que Thalia lhe dava uma resposta mal criada, ou o ignorava ou, ainda, revirava os olhos sempre que ele entrava na cafeteira, parecia aumentar ainda mais a vontade do Di Angelo em provocá-la.

A cada semana, o número de vezes que ele ia ao café aumentava, começando a usar truques baratos: na primeira semana, a convidou para voltar a D’Lirium. Depois, disse que poderiam ir a um lugar dançar, como parecia estar se tornando o padrão deles. Por fim, convidou-a para um encontro com todas as formalidades em que ela poderia escolher o local, por mais caro que fosse.

Os convites aumentavam e ele lhe jurava aventuras, desejos saciados e uma liberdade jamais sentida. Deu-lhe bombons, flores solitárias e até mesmo uma garrafa de Turmalina… Contudo, Thalia se enfurecia cada vez mais a ponto de mandá-lo enfiar a tal garrafa em um local pouco educado, por mais que cada recusa só fizesse o sorriso do Di Angelo aumentar, deixando claro que era apenas provocações.

Will parecia se divertir mais a cada dia com a situação, a ponto de esquecer sua raiva do Di Angelo e incitá-lo a continuar, principalmente por ele acabar comendo os bombons e deixando as flores sempre a vista de Thalia, para irritá-la mais.

Contudo, Thalia sabia que as visitas não eram somente para implica-la. O Di Angelo quase sempre aparecia na parte da manhã perto das dez horas, quando o movimento era menor e ele podia ficar sentado por mais de uma hora, apenas olhando pela janela, desenhando ou conversando com Will.

Thalia já havia observado a relação dos rapazes algumas vezes: a forma como falavam baixo, com olhares cúmplices e sorrisos de flertes. Por vezes, suas expressões eram sérias, preocupadas ou até tristes e Thalia percebia uma melancolia  em Will que durava o dia todo, deixando claro que havia alguma relação entre os dois, algo que se estendia para além da cafeteria.

Ela admitia que havia tentando escutar o que eles tanto conversavam algumas vezes e até mesmo havia tentado interrogar Will, mas tudo o que recebia era um sorriso debochado do loiro e comentários maliciosos que ela não precisava ouvir.

— Se está tão curiosa sobre isso — o Di Angelo havia dito uma vez, logo depois de Will contar que Thalia esteve o interrogando. —, posso te contar no nosso encontro hoje a noite. Ou Will pode se juntar à nós e tornarmos isso ainda mais divertido.

Daquela vez, Thalia não havia poupado xingamentos como respostas, por mais que houvesse respondido algumas insinuações do Di Angelo com flertes maliciosos. Ainda que sua consciência lhe dissesse que era perigoso alimentar aquele jogo, parte de si adorava a sensação de estar numa batalha. E, afinal, ela não era muito de ouvir sua consciência.

— Será que seu príncipe encantado desistiu de você, Thalia? — Will debochou na sexta-feira à tarde, depois de uma semana em que o Di Angelo não havia dado as caras. Como Thalia não havia lhe respondido, ele apenas continuou, apoiando o corpo no balcão o mais perto possível dela, forçando-a a se afastar. — Já não era sem tempo, geralmente os príncipes estão a procura de princesas e não de dragões.

— Ele já veio atrás de um sapo como você. — Thalia retrucou, não se deixando intimidar pelas brincadeiras do amigo. — Então não acho que ele seja bem um princípe.

Will apenas riu, pegando a pequena margarida que Thalia havia ganhado na semana passada. O loiro havia colocado-a dentro de um copo d’água sobre o balcão e ela havia vivido bastante, até que as pétalas murchassem no dia anterior.

— Vamos ver se ele te quer ou não. — Will implicou, começando a puxar as pétalas amarelas murmurando “bem-me-quer, mal-me-quer” e jogando-as em Thalia.

— Você poderia ser mais irritante? — Thalia questionou, quase rezando  para um cliente aparecer e ter algo para fazer além de aturar Will.

— Isso é um pedido? — Will sorriu lascivo e Thalia se arrependeu na hora. Felizmente, a campainha da porta soou e logo uma garota loira entrava, fazendo Thalia suspirar de alegria:

— Obrigada por me salvar!

— Will estava sendo Will de novo? — Annabeth riu, sentando-se no banco e organizando os livros sobre o balcão em uma pilha perfeita.

— Até parece que não gostam de mim. — Ele murmurou com um bico.

— Parece? — Thalia replicou, levando uma cotovelada de Will.

— Longe disso, Will. — Annabeth interferiu com um sorriso doce. Havia conhecido o loiro há pouco mais de um mês, quando fora morar com Thalia, mas havia gostado dele no primeiro momento. Will era uma pessoa alto-astral, positiva e engraçada, o tipo de pessoa que Annabeth mais gostava e sentia falta em sua vida.

— Thalia só está assim porque foi abandonada hoje pelo príncipe  encantado hoje! — Will alfinetou, fazendo Annabeth erguer a sobrancelha para a amiga.

— Príncipe? — A loira questionou, apoiando os cotovelos no balcão. — Que príncipe, senhorita Thalia?

— Asneiras de Will! — Thalia revidou. — Acho que tanto descolorante está entrando no cérebro dele!

— Descolorante?! — Will parecia genuinamente irritado e surpreso como se fosse um absurdo. — Saiba que eu sou naturalmente dourado como o sol!

Annabeth suspirou, ouvindo Thalia revidar e piorar a discussão, enquanto Will continuava debochando e replicando cada frase, em uma briga infindável, como era de praxe. Por fim, a loira decidiu intervir, abrindo seu melhor sorriso:

— Will, meu raio de sol favorito, poderia me fazer um chá? O seu é muito melhor que o de Thalia!

— Só porque não quero ficar mais perto de pessoas desagradáveis e você é uma fofa. — Will retrucou, franzindo o nariz para Thalia e lhe jogando a margarida com três pétalas. — Aqui, minha querida, você precisa mais do que eu.

Thalia apenas revirou os olhos, deixando a flor sobre o balcão e prestando atenção enquanto Annabeth começava a contar do dia no colégio. Luke fora bem claro no ponto de que Annabeth só poderia permanecer com eles desde que seguisse uma vida normal, o que inclui boas notas na escola, e não demorou para que a própria Annabeth resolvesse sua vida acadêmica.

Em um mês, ela já havia se habituado a nova escola e se saia bem na maior parte das classes avançadas, graças a sua perspicácia e o novo amigo que havia feito.

— Tyson está me ajudando com francês. — Annabeth suspirou, abrindo o caderno repleto de anotações. — Estou tomando raiva dessa língua, a pronuncia é tão estranha e eu não tenho culpa se não consigo distinguir bem aquelas sílabas cheias de frescura!

Thalia apenas riu, lembrando-se das horas que Annabeth havia ficado acordada tentando pronunciar as palavras com um aplicativo no celular, mas a cada tentativa parecia piorar a estressando mais. Normalmente Annabeth Chase se destacava pelas notas altas, principalmente em matérias de exatas, porém, como havia perdido boa parte das aulas primárias de francês, estava encontrando algumas dificuldades.

— Esse Tyson é um amorzinho. — Thalia implicou, mas Annabeth sequer prestou atenção na chacota, seus olhos cinzas fixos nas anotações do caderno.

— Sim, ele é. — Annabeth confirmou, por fim. Seu tom era de quem dizia algo óbvio, sem qualquer romantismo para desgosto de Thalia. — Uma das pessoas mais gentis que eu conheço.

Completou, com uma pontada de pena.

— Por que isso é ruim? — Will se intrometeu, entregando a xícara para Annabeth.

— Essa é uma conversa particular, sabia? — Thalia revidou, mas o loiro apenas colocou os cotovelos sobre o balcão e apoiou o queixo nas mãos, encarando Annabeth:

— Conte pra gente essa desventura.

— Desventuras? — Thalia murmurou a última fala de Will, se perguntando se ele estava passando tempo demais com o Di Angelo para começar a falar complicado.

— É só que ele não consegue ver o mal nas pessoas. — Annabeth respondeu, por fim. — E algumas acabam se aproveitando disso e maltratando ele. E ele nem perceber quando zombam dele, por mais inteligente que seja.

A loira suspirou mais uma vez, levando a xícara de chá aos lábios e dando o assunto por encerrado. Por mais que adorasse Tyson, tudo o que ela havia dito era verdade: Tyson parecia apenas uma criança tentando lidar com o ensino médio e com a vida no todo, sem perceber quão cruéis eram as pessoas. Foi pelo coração solidário dele e sua prontidão em ajudá-la desde o primeiro dia, que Annabeth havia decidido se aproximar no menino grandão e desengonçado que era o motivo de piada da escola.

— Ah, você pode ser um amorzinho e sobreviver nesse mundo. — Will murmurou. — Olha meu caso!

— Mas você está em longe de ser ingênuo, Will. — Annabeth comentou. — E tenho certeza que alguma vez deve ter sofrido por ver apenas o lado bom das pessoas.

Will empalideceu, como se tivesse levado um soco, sua expressão tornou-se de dor e Annabeth percebeu como ele retesou a coluna, dizendo muito mais do que sim. Ela apertou os olhos, observando como ele se afastou um pouco do balcão, um tanto atordoado, pedindo licença e entrando novamente na cozinha.

Thalia pareceu não notar a reação do amigo, continuando a fazer perguntas para a amiga sobre Tyson, francês e a escola em geral, enquanto Annabeth percebia que a própria Thalia parecia um tanto nervosa naquele dia. No entanto, a Chase preferiu manter silêncio sobre os dois fatos observados.

Will voltou cerca de vinte minutos depois, menos pálido do que quando havia saído, mas Annabeth percebeu que ele estava um pouco abatido e suado. Ela ainda lhe perguntou se ele estava bem, contudo, como havia recebido um sorridente “sim” como resposta, deu o assunto por encerrado.

— Mas não faça a mesma pergunta pra Thalia — Will continuou, olhando de soslaio para a Grace quando ela contornou o balcão para servir mais café pros clientes que começavam a chegar.  —, ela foi largada pelo príncipe encantado essa semana.

— É mesmo? — Annabeth ergueu a sobrancelha, esperando Thalia voltar para rebater a implicância recente da amiga.

— Concentre-se em seus estudos, Annabeth. — Thalia ordenou no entanto, após servir uma senhora que sempre reclamava que o café estava frio demais. — Você não vai querer virar garçonete.

Ela completou em um tom irritadiço e baixo para a amiga, fuzilando a senhora que reclamava sem parar e ordenava que Thalia fosse buscar um café mais quente.

Annabeth apenas riu, ouvindo a garota xingar enquanto entrava na cozinha e o sino da porta avisando que mais clientes estavam chegando.

— Parece que brota gente nesse horário. — Will suspirou dramaticamente, ajustando a postura para atender um grupo de treze adolescentes que começava a discutir o que iriam querer.

Podia ser difícil para Annabeth manter o foco nos estudos no meio da cafeteria movimentada, enquanto os clientes deixavam Will e Thalia loucos. Mas ela preferia isto ao silêncio pesado que teria em casa, ou aos murmúrios da biblioteca sufocante, ou ainda o olhar de Luke sobre ela se ficasse com ele na loja. Além do mais, ela odiava aquela loja de artigos místicos, afinal, sequer acreditava em magia e temia que Luke pudesse acabar acreditando, tal como a mãe, e acabaria também ficando louco.

Annabeth suspirou mais uma vez, a técnica que sempre usava para voltar ao foco, e decidiu voltar a atenção para as anotações de Francês, por mais que já tivesse repassado quase toda a grafia. Ela sabia que eu problema era na fonética e ficar relendo não adiantaria muita coisa, mas precisava ter uma boa base para quando Tyson fosse lhe ajudar na semana seguinte.

Tentou murmurar algumas palavras em voz alta enquanto os adolescentes barulhentos pediam seus lattes, donuts e macchiatos, notando de soslaio quando alguém sentou-se ao seu lado no balcão.

Annabeth praguejou baixo ao misturar as sílabas de mais uma palavra ao tentar pronunciar, fechando o caderno com raiva e percebendo que estava sendo observada pelo rapaz ao seu lado.

— Francês? — Ele perguntou, desinteressado se estava sendo bisbilhoteiro ou não. A loira assentiu com a cabeça, a procura do chá de camomila, mas a xícara estava vazia. — Eu odeio essa língua, nunca consegui aprender. Prefiro mil vezes italiano ou espanhol, são tão mais sensuais.

Annabeth avaliou o rapaz, o sorriso malicioso puxado para o canto direito, os olhos escuros concentrados nela com uma pitada de divertimento e o nariz fino levemente arrebitado.  Não era preciso prestar muita atenção para encontrar os traços italianos no rosto, ou a arrogância exposta em sua postura.

— Achei que francês combinasse mais com príncipes encantados. — Will se intrometeu, apoiando o corpo no balcão entre os dois, de frente para eles, mas perto o suficiente para fazer Annabeth recuar um pouco para o lado esquerdo, oposto ao do rapaz. — Aliás, sua princesa estava te esperando a semana toda.

Annabeth ergueu a sobrancelha, subitamente se lembrando das brincadeiras de Will sobre um príncipe encantado de Thalia. Ela analisou o rapaz novamente e abriu um sorriso: apesar do ar arrogante e melancólico, o tal príncipe era muito bonito e parecia ser esperto o suficiente para bater de frente com Thalia.

— E onde está minha bela princesa? A procura de algum dragão para mantê-la longe de mim?!

E, como se tivesse ouvido, Thalia havia escolhido o momento para jogar uma bandeja ao lado de Annabeth, xingando sem parar uma das clientes, o mais baixo que conseguia.

— Aquela… — Estava prestes a praguejar novamente quando olhou para Annabeth. Ou melhor, sobre o ombro de Annabeth. Os olhos azuis encontraram o tal príncipe e, no momento seguinte, ela puxava Annabeth pelo braço, para longe dele.

— Fique bem longe daquele ali! Não quero você perto dele!

— O que foi que eu fiz?! — O rapaz parecia genuinamente inocente, levando a mão ao peito com incredulidade.

— Você já seduziu eu e Will, Di Angelo! — Thalia vociferou, colocando o corpo na frente do da amiga. — Não vai fazer o mesmo com Annabeth!

— Seduzi?! — Primeiro a expressão do Di Angelo era de espanto, depois se abriu para um sorriso malicioso. — Se eu te seduzi, por que você continua não querendo sair comigo?!

Thalia ficou perigosamente vermelha, os braços ainda ao lado do corpo, como se tentasse proteger Annabeth com o próprio corpo. A loira não sabia se acalmava a amiga ou se ria da situação.

— Thalia — Ela disse por fim. —, fique calma, eu sei cuidar de mim mesma. E eu tenho certeza que ele não vai me seduzir.

— Meu alvo no momento é você, querida. — O rapaz completou, sorrindo como se estivesse fazendo uma declaração de amor. — Sua amiga está a salvo.

— Thalia acha que você é um demônio. — Will riu, mas Thalia ignorou, parecendo acalmar e deixar que Annabeth se sentasse no banco à esquerda do que estava, um banco vazio entre ela e o Di Angelo. — Vamos, Thaliazinha, sente-se: acalme-se um pouco antes que saia matando nossos clientes. Café fica horrível com gotas de sangue!

Thalia lançou-lhe um olhar irritado, mas acabou se sentando no banco que antes Annabeth estava, seus olhos azuis fixos no Di Angelo que sorria como se fosse inocente.

— Agora, pode me explicar o que está acontecendo? — Annabeth pediu diplomaticamente. Thalia apertou os olhos, deixando claro que começava um tratamento de silêncio e Will apenas assistia, com um sorriso que indicava que só não faria pipoca para assistir aquilo porque seria interrompido pelos clientes.

— É uma história muito triste, minha querida. — O tal príncipe Di Angelo disse, com um olhar triste. — Eu me chamo… — Ele fez uma pequena pausa, olhando para Thalia, depois abriu um sorriso encrenqueiro e voltou-se para Annabeth. — Nico. Nico di Angelo.

Annabeth ouviu Thalia arfar, mas não entendeu muito mais do que aquilo deveria ser uma provocação, principalmente pelo riso de Will.

— Certo. — A loira confirmou, guardando em sua memória que deveria perguntar o porquê da surpresa de Thalia depois. — Continue.

— Eu sou apenas um pobre rapaz que está tendo seu coração estraçalhado por essa linda e delicada donzela. — Nico continuou, com um tom de pesar e Annabeth tentou não rir. Sim, Thalia era linda de um jeito um tanto intimidante, mas delicada? Donzela? Não, aquelas palavras não poderiam ser usadas para descrevê-la. — Por mais que eu insista que ela me dê a honra de cortejá-la, ela apenas maltrata meu flagelado coração.

Annabeth observou Thalia revirar os olhos, nenhum pouco tentada a desmentir tais palavras.

— Bom, se ela recusa, tenho certeza que deve ter um bom motivo. — A Chase deu de ombros, por fim. — Certo, Thalia?

Thalia apenas suspirou, cruzando os braços e fuzilando o Di Angelo com os olhos.

— Ou não? — Annabeth questionou, sorrindo de canto. Era visível que havia alguma química entre os dois e, talvez, até algo mais. Mas Thalia era orgulhosa demais para admitir.

— Tenha misericórdia do meu pobre coração, senhorita Grace. — Nico murmurou, seus olhos lacrimejando. — Apenas dei-me uma noite do seu tempo. Uma noite é tudo o que eu peço.

Annabeth soube que Thalia estava tentada a aceitar, mas não daria o braço a torcer. Seus olhos plúmbeos localizaram a pequena margarida que Will havia deixado sobre o balcão, agora praticamente despetalada. Sorrindo, Annabeth a pegou e ofereceu a Thalia.

A Grace analisou a flor, seus lábios comprimidos em uma linha de tensão, mas seus olhos azuis demonstrando a batalha interna. Por fim, estendeu a flor ao Di Angelo, que sorriu ao tocar na primeira pétala.

— Bem-me-quer. — Ele sussurrou, puxando a pétala alva.

— Mal-me-quer. — Thalia completou, puxando a penúltima e deixando que ela caísse no chão.

Nico sorriu, seus dedos percorrendo a última pétala em um carinho, antes de puxá-la:

— Bem-me-quer.

Ele sorriu travesso enquanto a última pétala dançava pelo ar e Thalia o olhava com os olhos semicerrados:

— Tudo bem, Di Angelo. — Thalia disse, por fim. — Você conseguiu seu encontro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Desculpem os erros, a última parte não foi revisada com muita atenção porque queria postar no dia 21 ainda.
Espero que tenham gostado e eu adoraria que aparecessem para dar um oi. Alguma ideia de pra onde o Nico vai levar a Thalia?
Enfim, obrigada pela atenção e prometo não sumir de novo!



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