Deixe-me tentar. escrita por UchihaTenshi


Capítulo 1
Oneshot - Deixe-me tentar.


Notas iniciais do capítulo

Já postei essa fic em outro site então não, não é plágio rs.

Espero que gostem. ;*



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Hinata caminhava sozinha pelas ruas de Konoha, a cabeça baixa, passos calmos, cabelos em cascatas pelas costas, em sua mão um ramalhete de lírios muito bem montado por sua amiga Yamanaka, seu destino estava traçado em sua cabeça, visitaria o primo, o amigo, o irmão. A saudade que perdurava mesmo dois anos após o fim da guerra a estava matando. O fato de sempre ter sido calada, sempre ser a herdeira tímida dos Hyuuga a fazia sofrer mais. Ninguém em toda a vila podia ver seu sofrimento por detrás dos olhos perolados, ninguém notou que ela emagrecera muito nos últimos anos. Kiba e Shino notaram, conversaram, mas a Hyuuga sempre sorria dizendo estar tudo bem, sorria enquanto acompanhava o pai pelo distrito de seu clã e sorria quando a cumprimentavam na rua. Apenas Neji notaria, ele sempre notara.

Neji.

Depois da luta entre os primos na academia, muita coisa havia mudado. Hinata havia tirado força das palavras de Naruto e mesmo após perder, saiu vitoriosa, ganhara o amor de Neji, seu primo que sempre tivera mágoa da Hyuuga por pertencer a família principal. Hinata se lembrava. Olhou ao redor e viu a vila ser reconstruída melhor do que antes de Obito aparecer, viu alianças se formarem entre todas as vilas e amigos mais improváveis serem feitos.

Naruto, seu amor de infância agora era um aclamado herói e mesmo após esse tempo não haviam conversado sobre a declaração da Hyuuga ao mesmo, não haviam conversado sobre a guerra, nem sobre perdas. Ele a havia confortado no velório de Neji, mas todos a confortaram. Hinata era querida, não podia afirmar o contrário, seria um erro de sua parte, pois amava seus amigos e era amada de volta. Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios ao ver crianças correndo entre os aldeões que levantavam a parede do antigo antiquário da rua, ela gostava daquele antiquário. A Hyuuga acompanhava as crianças com o olhar e se deparou com alguém que caminhava em sua direção, subiu o olhar e reconheceu aquele azul.

— Naruto-kun. – Falou baixo, porém o suficiente para que o Uzumaki a escutasse. Ele sorriu e colocou a mão na nuca, parecia sem jeito.

— Hinata-chan – sorriu pra Hyuuga – Onde está indo? – ele disse se aproximando.

Próximo demais ela pensou e segurou a respiração antes que desmaiasse. Abriu a boca pra responder, porém a essa altura um grupo de garotas agarravam o braço do loiro o puxando enquanto gritavam histéricas. Hinata suspirou. O fã clube de Naruto que antes era composto apenas por ela, agora havia tomado proporções grandes demais até mesmo para Konoha. Aquela bandana no braço da moça que o puxava era da Névoa?

Ela suspirou sentindo a dor tão familiar lhe apertar o peito, apertou as flores que carregava em suas mãos e retomou sua caminhada enquanto Naruto tentava se livrar das supostas fãs, algo que não conseguia, por ser educado demais as garotas achavam brechas pra sempre o puxar.

Naruto acompanhou a morena com os olhos e suspirou derrotado. Queria falar com ela, eram amigos e ela lhe ajudara muito durante a guerra, o fez abrir os olhos quando pensou em desistir vendo o corpo de Neji.

Neji.

Ela deveria estar sofrendo muito com a perda do primo, sabia o quanto eles eram ligados e sentiu seu estômago revirar. Ela devia culpa-lo pela morte do primo. Certamente o culpava. Ele havia entrado na frente das estacas que Obito lançara para salvar Hinata. O loiro balançou a cabeça e puxou o braço que estava envolto por uma menina de cabelos castanhos. Vila da areia? Viu certo a bandana? Pediu desculpas e saiu se despedindo, ia em direção ao prédio da Hokage. Seu pensamento se voltava para Hyuuga. Se Neji não a tivesse salvo, ela estaria morta agora. Seu estômago doeu mais forte e levou a mão ao peito. Não saberia lidar com a perda de Hinata, ela lhe era uma pessoa especial. Descobriu que não amava Sakura como sempre pensou, mas Hinata lhe ocupava um lugar diferente no coração. Não podia ser amor, porque ele simplesmente não sabia o que era amor ao certo. Mas sabia que não era o afeto que tinha por Ino ou Tenten, a Hyuuga era diferente e ele de alguma forma não sabia o que isso significava.

— Preciso saber, tô certo! – Bateu o punho na mão aberta e virou-se tomando o mesmo caminho que havia passado a pouco, dessa vez ele corria.

Seguiu pelo caminho que vira a morena andar e logo reconheceu o caminho do cemitério, parou de correr. Ela deveria estar visitando o túmulo de Neji. O Uzumaki sentiu o coração acelerar ao ver Hinata sentada sobre as pernas em frente ao túmulo. Os cabelos da morena lhe caiam pelos ombros até quase a cintura, ela tinha os olhos fechados e murmurava baixo, Naruto via os lábios em movimento, mas não reconhecia as palavras. A morena estava longe. Usava uma calça preta comum de missões, mas sua camisa agora era de um lilás claro e continha o símbolo de seu clã nas mangas.

— Linda – pensou alto demais, mas ainda assim ela não o escutou. Ele se aproximou, ocultou seu chakra, pois sabia que a assustaria e não era sua intenção, caminhou em direção a ela.

— Ela deve me odiar. – fechou a mão em punhos enquanto a Hyuuga falava baixo. Foi então que ele a escutou. Quando se aproximava a voz ia ficando mais alta e ele pensou que alguém próximo escutava o rádio, sua mente demorou a processar a voz e ele imaginou que aquela era a melhor música que já escutara, a voz calma e doce, melodiosa. Estancou próximo a Hyuuga e arregalou os olhos percebendo ser a ela a cantar, como em tanto tempo, ele não percebeu a mulher maravilhosa que agora estava ali? Como em tanto tempo não pode notar como ela era linda?

Sentiu o rosto queimar e balançou a cabeça. Sua amiga era linda. A herdeira do clã Hyuuga era linda. Merda. Hinata era perfeita. Ficou abobalhado encarando-a.

Hinata estava de olhos fechados, em sua mente não havia um túmulo ali, era Neji com seu semblante sempre sério, com seu sorriso mínimo nos lábios, com seu jeito super protetor e calmo. De olhos fechados ela podia visualizar seu primo ali, em alguns momentos jurava sentir o cheiro de ervas que Neji sempre exalava. Ela contava seus medos, como estava treinando para se tornar uma boa ninja, ela falava de como amava Naruto e como isso a machucava devido ao silêncio por parte do Uzumaki mesmo após tanto tempo, pois ele parecia nunca perceber e ela já fizera muito se declarando dada sua timidez, então sempre, antes de ir embora, ela cantava pra ele. Já havia cantado boa parte da música. Cantava com a voz calma, doce, devagar, apreciava a letra, a sonoridade e a melodia. Ela gostava de cantar, porém não era uma qualidade louvável em seu clã. Uma herdeira do clã Hyuuga não deveria cantar, deveria ser séria, implacável, firme, forte. Tudo o que Hinata não era de acordo com ela mesma. Apenas Hanabi e Neji já a escutaram cantando em casa e Shino e Kiba por passarem muito tempo juntos em missões.

“You got to be careful when you've got good love

Cause them angels will just keep on multiplying”

 

Cantava calma e quando recuperava o fôlego sentiu o cheiro. Não era o de Neji. Era o cheiro que decorara desde que tinha doze anos. Cheiro de fim de tarde ao lado de uma cachoeira, era assim que ela definia o cheiro de Naruto, que misturava um cheiro de mar com folha seca.

Naruto.

Deu-se conta e levantou-se rápido demais, arfando, colocou as mãos sobre o peito e encarou as orbes azuis que a encarava de volta.

— Hi... Hinata-chan gomen nasai, eu.. é... não queria assusta-la. – Ele dizia visivelmente sem jeito.

Ela corou no mesmo instante e abaixou os olhos lembrando da cena mais cedo. Como ela, a estranha Hyuuga competiria com as moças de todas as cinco nações shinobis?

Naruto abaixar a cabeça e uma pontada lhe atravessou o coração. Kami sama, permita que ela não me odeie, apertou os punhos. Ela o odiava. Ela levantou os olhos e deu um sorriso calculado enquanto as lágrimas eram forçadas a permanecer nos olhos.

— Tudo bem Naruto-kun. Eu... eu já estava de saída.

Hinata se virou novamente para o túmulo juntando suas pequenas mãos e fazendo uma reverência, que foi acompanhada por Naruto.

— Até mais, niisan. – sorriu e se virou – Já ne Naruto-kun.

Hinata passou pelo loiro tentando controlar a tremedeira que agora se apossava de suas pernas. Kami sama zombava de sua situação, ou isso ou ela realmente mereceria sofrer daquela maneira, uma lágrima teimosa lhe desceu pelo rosto e sentiu uma mão aperta-lhe o braço com firmeza.

— Hinata... – a voz do Uzumaki saiu embargada e rouca – me perdoe.

Hinata estava parada, seu cabelo agora voava de encontro ao rosto de Naruto, mesmo de costas ela sabia que ele a olhava.

— Gomen Naruto-kun – a voz doce estava cortada, os olhos fechados com força. Não chore Hinata, não chore. – Não lhe entendo.

Naruto a virou de frente a ele e ela abriu os olhos devagar o encarando.

— Me perdoe por não poder ter salvado Neji, por ter sido idiota e não ter lhe correspondido os sentimentos na luta com Pain. Me perdoe por não ter te ajudado durante todo esse tempo – ele passou os dedos pela bochecha da Hyuuga enxugando as lágrimas que agora desciam em cascata, os olhos arregalados de espanto o fitavam – Sei que não foi fácil pra você, Hina, você é tão forte e ajuda a todos e eu não me dei conta antes, por favor me perdoe.

Naruto se espantava com as próprias palavras, como pôde ter sido tão estúpido? Realmente era um baka, Sakura o tentara avisar tantas vezes. Quando Hinata parecia se ferir quando aquelas garotas o paravam na rua, como ela corava quando se falavam, como ela sorria vendo como o loiro lidava com as crianças da vila. Ela sempre estava lá, desde criança, desde sempre. Era ela a despertá-lo quando ele achava que havia perdido tudo. Era sempre Hinata, ela sempre esteve lá para ele e por ele e nunca havia estado lá pra ela. Sempre soube pelos outros o quanto a Hyuuga sofria em seu clã e apesar de tudo isso, ainda estava com seu sorriso gentil ajudando e confortando as pessoas a seu redor. Agora ela estava ali, frágil, magra demais ele se deu conta. Hinata estava deixando que sua luz apagasse e pela primeira vez na vida Naruto entendeu o amor de seus pais, entendeu quando Neji se jogou a frente de Hinata abrindo mão da própria vida por ela. Ele entendeu que faria o mesmo mil vezes se fosse necessário, ele abriria mão de tudo por ela e agora era tarde, o baka descobriu quando o amor que ela lhe tinha havia acabado, ela o olhava atônita e ele viu o espanto em seu olhar. Ela me odeia, pensou mais uma vez.

Hinata o olhava, era uma pegadinha. Não podia ser real. Então Naruto a abraçou e ela chorou. Chorou por Neji, por seus amigos que pereceram na guerra, por seu passado tão humilhante, por seu pai que apesar de ter abrandado com a morte de Neji ainda lhe era distante e pesaroso. Hinata chorou tudo que estava guardado em seu coração e Naruto a abraçou mais forte deixando que os soluços da morena preenchessem o local.

Permaneceram abraçados por longos minutos, ele sentia o perfume que o cabelo da morena exalava e ela acalmava o coração escutando os batimentos do loiro, quando estava mais calma sentiu que ele se afastava e se conteve para não puxa-lo de volta. Naruto desceu as mãos para a cintura da morena e a olhou nos olhos.

— Eu entendo que não me queira perto. Eu... eu realmente sinto muito Hinata.

A Hyuuga sentiu a lágrima em sua bochecha e olhou pra cima, era dele. Mas porque ele estava chorando?

— Lie Naruto-kun – ela disse enquanto suas mãos foram automaticamente até o rosto do loiro enxugando-lhe as lágrimas. – Não tenho que lhe perdoar por nada. Não foi culpa sua, nada do que aconteceu, pelo contrário. Foi por você Naruto que muitas pessoas mudaram, que eu mudei – ela sorriu, não sabia de onde aquela confiança havia surgido, mas a aproveitaria – Neji deu sua vida por nós, porque acreditava em você, ele foi um herói e sempre será lembrado e eu nunca irei querer que se afaste, mesmo que seja feliz com outra pessoa, serei feliz também, seu sorriso me salvou Naruto-kun.

Ele a encarava, como ela podia ser tão doce e suave?

— Você ainda me ama? – ele perguntou rápido demais. Sincero demais. Colou sua testa a dela e sentiu a respiração da morena contra seus lábios.

— Cada dia mais. – Ela sussurrou para que ele escutasse viu o azul de seus olhos se tornarem aconchegantes.

— E vai abrir mão do herói da vila assim? Pra umas garotinhas oferecidas que sequer sabem meu prato predileto? – Ele falou com um sorriso largo no rosto e ela sorriu de volta, atônita demais pra responder.

— Você já foi mais humilde Uzumaki. – Kami sama permita que não seja um sonho, permita que eu seja feliz, ela repetia em sua cabeça, o coração acelerado.

Ele sorriu com a forma que as palavras saíram da boca da Hyuuga, sem gaguejar, mas com o rubor tão característico na face. Sentiu seu coração quase pular pra fora do peito. Ele a amava.

Era tão claro que não entendeu como nunca antes havia se dado conta disso. Ele a amava. Completa e infinitamente.

— Hina... eu... – ele estava completamente vermelho e queria que houvesse um jeito mais fácil de dizer que lhe correspondia os sentimentos, que a amava, amava seu sorriso, sua voz, que queria que ela cantasse no casamento dos dois, que queria abraça-la sempre que chorasse, sempre que sorrisse. Sempre.

O susto se deu nos dois na mesma proporção. Nele que nunca pensou que ela iniciaria um beijo e não esperava a reação da morena e nela por ter sido ousada. Ela o beijou sem jeito e rápido, pressionou os lábios contra os dele com urgência e logo se afastou com a cabeça baixa.

— Me... me desculpe. – a voz já estava embargada. Sentiu os dedos passarem por seu rosto e pararem em seu queixo puxando-o para cima para que ela o encarasse.

— Me permita Hina. – Então ele tomou seus lábios de maneira calma, explorando a boca pequena que se entreabria com a investida do loiro. A mão do mesmo agora estava em sua nuca puxando o rosto contra o seu, a mão da pequena repousava no peitoral do maior e ela correspondia o beijo com a mesma intensidade. Os corações estavam acelerados e a pele parecia queimar com o toque. Afastaram-se aos poucos enquanto o loiro beijava-lhe os lábios e a face. Ele sorriu observando-a com os lábios vermelhos devido ao beijo e os olhos fechados.

Ela abriu os olhos esperando encarar o teto de seu quarto, mas viu o rosto do Uzumaki perto do seu e os olhos intrigados.

— Eu te amo Hinata. – Seu coração falhou uma batida escutando a voz rouca – Amo tudo em você e tudo o que você me faz ser. Sou um baka que nunca vai lhe merecer, mas, por favor, deixe-me tentar?

As lágrimas tomaram conta novamente do rosto da Hyuuga e morriam em um sorriso aberto que o Uzumaki decidira de imediato ser sua coisa preferida no mundo e que a faria dar mais sorrisos como aquele.

— H-hai. – ela sorriu abertamente.

Ele começou a puxa-la pra fora do cemitério sorrindo e já falando alto, Hinata se deixou ser levada sem reclamar, agradecendo a Kami pelo que sentia.

— Pensa só quando o teme voltar e ver que namoro com a mulher mais linda da vila! Ele vai morrer de inveja tebayo!! – o loiro falava alto com os dedos entrelaçados ao de Hinata. Então ele sentiu que ela parou e olhou pra trás, ela o olhava com os olhos arregalados. Ele tinha dito algo errado?

— Eu falei algo Hina?

— Vo... você disse... você disse...– ela o olhava incrédula, ele a chamou de namorada? Ouviu bem?

— Hina – ele pegou as pequenas mãos entre as suas – Não se preocupe, vou agora mesmo falar com seu pai e lhe pedir autorização para que namoremos, tudo bem?

Era isso não era? Dentro de si Naruto sentiu seu coração falhar. Ela não queria namorar com ele? A Hyuuga viu a expressão do loiro mudar e ele falou com a voz mais arrastada.

— Tudo bem se não quiser namorar comigo Hinata, eu entendo. Você é a herdeira dos Hyuuga e eu sou o garoto raposa então...

— Lie Naruto-kun – ela o cortou – Nada me faria mais feliz.

Naruto a olhou e sentiu o coração aquecer. A faria feliz. Havia decidido isso. Seria o melhor namorado, melhor marido e melhor pai do mundo. Era fácil pensar em um futuro ao lado de sua Hinata.

— Eu a farei feliz futura senhora Uzumaki. – ele falou antes de retomar o caminho com a mão da morena na sua. A Hyuuga com um sorriso aberto nos lábios seguia Naruto e ela sabia que o seguiria aonde quer que ele fosse, sem perguntar, de bom grado.

 


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