Amortentia escrita por Luna Lovegood


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Eu sempre quis escrever uma fanfic no universo de Harry Potter, mas sempre achei que era uma espécie de sacrilégio mexer em uma história tão perfeita. Finalmente eu consegui vencer meu medo de escrever, então essa daqui é a primeira (de muitas espero). É algo bem simples, apenas uma one e espero muito que aprovem a história.
Boa leitura!



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Severus Snape lia pela quinta vez o modo de preparação da poção, se certificando de que tinha feito tudo exatamente conforme o autor do manual de Estudos avançados no preparo de poções descrevia. Ficou contente consigo mesmo, ao perceber que a poção adquirira o tom de verde brilhante conforme estava descrito, e agora perfumava o banheiro com cheiro de livros antigos e flores do campo. Aquela era uma poção muito avançada para um aluno do quarto ano, mas ao que parecia ele tinha conseguido fazê-la perfeitamente. Será que funcionaria?

Ele ainda estava receoso em usá-la. Se Lilian descobrisse, provavelmente ficaria furiosa com ele, e talvez isso o fizesse perder a amizade da garota, mas se não o fizesse, ele nunca seria nada além do que seu melhor amigo. Ele havia economizado o ano inteiro e comprado os melhores chocolates da Dedos de Mel, colocaria uma gota somente, nada muito exagerado, apenas o necessário para despertar o interesse dela, para que ela não o rechaçasse quando ele contasse o quanto pensava nela, o quanto gostava dela.

Sorriu para si mesmo, aquilo poderia dar certo.

— Ora, ora, ora se não é o Ranhoso brincando de cozinhar no banheiro feminino. — Severus trincou os dentes e sentiu a raiva imediatamente crescer dentro do peito ao ver o sorriso presunçoso de Tiago Potter, sempre acompanhado de seu fiel amigo e igualmente arrogante, Sirius Black. Antes que ele pudesse sequer pensar em puxar a varinha do bolso para se defender, Tiago pronunciou o seu feitiço favorito em alto e bom tom — Levicorpus! — E pronto, apenas uma palavra e Severus era erguido pelos tornozelos, sua varinha caiu ao chão rolando para longe, enquanto ele estava pendurado no ar de cabeça para baixo.

Sirius e Tiago riam dele e o insultavam, como sempre faziam. E mais uma vez alimentavam aquele ódio que crescia cada dia mais dentro do garoto.

— Eu exijo que me soltem!  — exclamou tentando soar altivo, mas isso só fez com que os dois meninos o provocassem ainda mais.

— Vamos ver o que Ranhoso estava fazendo! — Sirius disse.

— Não mexa nisso! — gritou, quando percebeu que Sirius tinha o manual de poções em suas mãos.

— O Ranhoso pretendia fazer uma poção do amor! — Sirius debochou ao olhar a página em que o livro estava aberto.

— Deixe-me ver — Tiago desviou o olhar para o livro rapidamente e em seguida ajoelhou-se no chão, ficando próximo ao caldeirão em que borbulhava a mais perfeita poção do amor. Ele inspirou o perfume lentamente, não contendo o pequeno sorriso ao sentir o perfume que ela exalava —, tem cheiro de madeira do cabo da minha vassoura e de primavera, flores do campo talvez, me lembra o cheiro do... — O garoto não completou a frase, mas lançou um olhar estarrecido para Snape.

As palavras de Tiago fizeram com que Severus se remexesse ainda mais no ar, tentando inutilmente se soltar. Ele sabia que Amortentia tinha um cheiro diferente para cada pessoa, dependendo do que a atraia. Não era curioso que Tiago também sentisse cheiro de flores do campo? Principalmente considerando que esse era o cheiro que tinham os cabelos de Lilian?

— Não acha mesmo que uma garota como Lilian Evans se apaixonaria por você? É claro que não! Exatamente por isso que precisaria de uma poção assim, para obrigá-la a amá-lo! Não sei como ela  sequer suporta andar com você, um sonserino estúpido de cabelo ensebado. Deve ser pena. — ofendeu, e Severus cerrou ambas as mãos em punho, se ao menos tivesse sua varinha por perto teria lançado a pior azaração que conhecia sobre Tiago naquele momento.

— Eu não sinto cheiro de flores, na verdade eu sinto o cheiro de filhote de cachorro e... — inspirou mais profundamente  — ...do seu chulé, Tiago! — Sirius exclamou e Severus não segurou a pequena risada ao escutar a descrição do garoto. Ah, se ele soubesse o que isso significava...

— Do que está rindo, Ranhoso? — Sirius questionou apontando a varinha em sua direção e imediatamente calou-se. — Melhor assim.

— Sabe o que devíamos fazer? Confiscar essa poção, não podemos deixá-la por aí, seria muito perigoso se o Ranhoso envenenasse alguma garota com ela. Faremos um serviço de utilidade pública — Tiago declarou — Pela primeira vez não estamos aprontando, na verdade merecíamos um prêmio de honra ao mérito, por salvarmos todas as garotas de Hogwarts de acidentalmente se apaixonarem pelo Ranhoso. Imagina só a vergonha que passariam quando o efeito da poção passasse?

— Boa Tiago! — Sirius elogiou dando um tapinha nas costas do amigo, e ambos os garotos começaram a encher um frasco com a poção.

— Eu sei perfeitamente o que farei com isso. — Tiago pronunciou com um sorriso após terem esvaziado completamente o caldeirão.

— Vamos usar em um professor? — Sirius perguntou animado com aquela perspectiva — Seria engraçado se fizéssemos a professora Minerva se apaixonar pelo Filch!

— Talvez. — Ele respondeu colocando o frasco em seu bolso e piscando para Severus antes de saírem do banheiro, deixando o garoto pendurado ainda sob o efeito do  levicorpus. A raiva queimava por cada célula do corpo dele, ele sabia perfeitamente o que Tiago faria com a poção: daria a Lily.

***

Severus Snape só conseguiu se libertar do feitiço após o terceiro período, pois demorou muito a convencer a murta que geme a pedir por alguma ajuda. O fantasma, na verdade, estava contente demais por ter uma companhia que não pudesse fugir dos seus falatórios constantes, mas no fim, após fazer vergonhosas promessas a ela de que retornaria em outro momento, ela concordou em ajudá-lo.

O garoto suspirou aborrecido quando sua amiga Lilian Evans entrou no banheiro pisando forte e deixando clara toda a sua revolta. Entre tantos alunos, professores e funcionários na escola, a murta que geme tinha que escolher justo ela?

— Devíamos fazer alguma coisa! Eles não podem continuar a andar pela escola acreditando que são invencíveis — bufou de raiva enquanto apontava a varinha na direção de Serevus — Liberacorpus. — pronunciou o contra feitiço fazendo com que o garoto fosse ao chão imediatamente — Me desculpe Severus! Você está bem? — Os olhos verdes de Lily faiscaram preocupados na direção dele, buscando por algum machucado evidente.

— Está tudo bem, Lily. — mentiu, sendo um pouco rude ao afastar a mão dela de sua testa, era certo que havia caído de mau jeito e já sentia o pequeno galo atrás da cabeça se formar, mas não iria lamentar isso com Lily porque não gostava de parecer fraco na frente dela.

A garota assentiu e os dois seguiram para fora do banheiro feminino. Eles não conversaram, Severus parecia emburrado, e por mais que a garota quisesse conversar com ele, ela sabia que Severus era orgulhoso demais para assumir que Tiago e seus amigos o haviam encurralado outra vez.

— Eu tenho aula de adivinhação agora. — Lilian disse parecendo frustrada quando parou em frente a uma das escadarias que se movimentavam. Essa era a única aula que não dividia com o amigo, então teriam que deixar a conversa para depois. — Nos encontramos no final da aula? Certo? — Questionou parecendo em dúvida, mas quando o garoto assentiu para ela com um sorriso tímido se sentiu mais confiante e imediatamente sorriu de volta para ele. Colocou-se a subir os degraus da escada rapidamente antes que se atrasasse para a aula.

— Espere Lily! Não aceite nada que Tiago Potter te oferecer! — Severus advertiu ao se lembrar que seu maior inimigo estaria na mesma aula que ela, mas para o seu azar garota já estava longe, se misturando a multidão de alunos e ele não teve certeza se ela o escutou.

Passou o horário inteiro pensando no que estava acontecendo com Lily, sem prestar atenção a aula de Aritmância. Será que Tiago teria dado a poção a ela? E se tivesse? Ela viraria as costas para o amigo e ficaria passando por ele de mãos dadas com Tiago? A mera ideia de aquilo acontecer deixava o garoto doente de ciúmes. Ele não poderia permitir isso! Retirou o manual de estudos avançado de poções e tratou de folhear as  páginas em busca do antídoto.

Os ingredientes eram muitos e a poção um pouco complexa. Ele teria que invadir a sala do professor Slughorn, e furtar algumas coisas de seu armário. Faria isso na próxima  hora que seria o tempo para o almoço, quando todos estivessem no Salão Principal, ele se arrastaria até lá, se tudo desse certo ele teria o antidoto pronto até o final da primeira aula da tarde. Esperava que desse certo, e que não fosse pego quando estivesse furtando algo, isso poderia colocá-lo em sérios problemas.

Mas valeria uma detenção ou até mesmo muitas. Ele não se importava, ele faria tudo, faria qualquer coisa por Lily. Caminhou apressadamente pelos corredores enfeitados com corações e pequenos cupidos enfeitiçados que lançavam flechas ilusórias, empurrou alguns dos alunos que estavam a sua frente bloqueando a passagem, mas por fim resolveu cortar caminho passando por uma parte gramada, onde muitos estudantes costumavam se deitar e aproveitar o sol ameno de fevereiro.

— Severus! —  escutou o grito animado da garota ruiva que corria em sua direção e ele imediatamente parou. Ele a analisou de longe, Lily parecia perfeitamente normal, um pouco alegre e feliz demais. Será que estava assim porque acreditava estar apaixonada?

— Porque você está sorrindo tanto? — Severus questionou aborrecido assim que ela chegou ao seu lado, afobada pela pequena corrida. Ele estava incomodado com aquele sorriso tão grande em seu rosto, se perguntando qual o motivo, ou quem seria o responsável por colocá-lo lá.

— Vem, eu quero estar bem perto para ver isso. — Ele iria perguntá-la o que era isso que ela tanto queria ver, mas se esqueceu completamente de como falar ao sentir a mão da garota se enlaçar na sua e puxá-lo. Seu corpo se aqueceu com aquele toque tão singelo, seu coração palpitou tão rápido que mais parecia o bater apressado das asas de uma fada.

Ele a seguiu sem relutar, e nem o teria feito, enquanto a mão da garota estivesse tocando a sua de forma tão pessoal, ele não se atrevia a dizer ou fazer nada que pudesse interromper aquelas sensações que seu simples toque desencadeava. Mas toda a esperança desvaneceu dele quando ela separou suas mãos, e sentou-se na grama a poucos metros de uma árvore frondosa onde Tiago, Sirius, Lupin e Pedro estavam.

Os marotos, eram assim que se auto proclamavam. Severus pessoalmente achava que aquele era o nome mais idiota para se dar a um grupo de amigos que estava sempre testando os limites das regras de Hogwarts, porém todos pareciam os achar incríveis! Será que ninguém mais via que eram apenas garotos que desprezavam as regras e subjugavam os alunos que consideravam inferiores?

Observou a cena a sua frente, Lupin de todos era o que normalmente tendia a ser o mais sensato, mas não tinha voz alguma dentro do grupo e sempre se deixava levar. Ele estava deitado na grama lendo um livro, parecendo alheio a tudo a sua volta. Pedro Pettigrew por sua vez, estava encostado no tronco da árvore e se preparava para comer uma variedade de doces que estava sobre o seu colo. Sirius e Tiago conversavam e riam provavelmente planejando qual seria a próxima aventura, o último ainda brincava com um pomo de ouro ridículo, deixando-o voar um pouco e o capturando logo em seguida. Tiago pareceu perceber que estava sendo observado pelos dois, pois assim que os viu lançou um sorriso para Lily e passou as mãos por seus cabelos, deixando-os ainda mais bagunçados.

Severus bufou irritado com o descarado flerte de Tiago com Lilian.

— Você me trouxe até aqui para ficar olhando para o Potter? — Não escondeu o desgosto em sua voz ao perceber que Lily havia correspondido ao sorriso de Tiago. — Não me diga que você agora é uma dessas garotas que ficam se derramando em sorrisos só porque ele é um jogador de quadribol? — Cuspiu as palavras com raiva, já estava pronto para voltar para dentro do castelo para tentar encontrar os ingredientes e fazer um antídoto logo, antes que os dois passassem da fase de troca de olhares. Mas então Lily gargalhou alto e suas próximas palavras deixaram o garoto surpreso.

— Tiago Potter é um babaca! Acredita que teve a coragem de me presentear com chocolates embebecidos com amortentia? Como se eu fosse tola o suficiente para comê-los. — deixou o ar sair aliviado e feliz ao mesmo tempo. Aliviado por ele mesmo não ter feito a mesma coisa e feliz por Tiago não ter conseguido enganá-la. Lily era uma garota esperta demais para cair num truque tão bobo quanto esse e, além disso, era muito melhor ter alguém ao seu lado que gosta de você como é, independente se fosse sua amiga ou namorada. — Mas ele vai pagar por ter me julgando como uma tola. — Os olhos verdes de Lily que eram sempre tão cálidos e belos, tinham um brilho diferente dessa vez, algo mais divertido e feroz.

— O que você fez? —  perguntou tentando não parecer curioso demais.

— Espere um pouco... Só mais um pouquinho... Agora! — disse socando o ar parecendo vitoriosa, mas Severus não via nada de diferente na cena. A não ser por Pedro, que já não mais olhava para os doces escolhendo qual comeria primeiro, mas devorava uma barra inteira de chocolate. O garoto levantou-se de uma só vez, parecendo surpreso, ou melhor, arrebatado por um novo conhecimento.

— Eu te amo Tiago Potter!  — Pedro Pettigrew declarou bem alto fazendo com que todos os alunos que estavam ali por perto dessem gargalhadas. Mas o garoto não se importou, seu olhar fixo em Tiago, que pela primeira vez não sabia o que dizer ou fazer. Manteve a boca aberta em evidente surpresa, a cor havia desaparecido completamente de seu rosto, deixando o garoto tão pálido quanto um fantasma. 

— Tiago eu te amo! Por favor, não fuja de mim, nós somos amigos, podemos ser mais que isso! — Pedro Pettigrew gritava enquanto corria de braços abertos em direção ao Tiago.

— Não me obrigue a azará-lo Rabicho! — Resmungou o jovem bruxo erguendo a varinha na esperança de que Pedro parasse.

— Porque você despreza o meu amor? — questionou parecendo verdadeiramente ferido. Tiago abriu a boca sem saber o que dizer, mas então como se tivesse tornando consciente de algo seu olhar furioso recaiu sobre Snape, o culpando por toda a confusão. Então ele correu, e Pedro com suas pernas curtas e gordinhas corria em seu encalço gritando juras de amor.

Não havia um estudante de Hogwarts que não estivesse rindo daquela situação.

Lilian e Severus sem dúvidas, eram os que mais riam das tentativas de Tiago de fugir de Pedro, que culminaram no garoto subindo em uma árvore enquanto Pettigrew fazia rimas de amor toscas rimando Tiago com quiabo. Os dois rolaram por sobre a grama, e riram tanto até que suas barrigas começaram a doer e se viram obrigados a pararem um pouco para respirar.

— Severus? — Lilian sentou-se na grama e chamou seu nome. Ele amava a forma como ela dizia o seu nome, ninguém nunca o dissera com tanto carinho. Ele sentou-se ficando ao lado dela, encantado com a forma que a luz do sol iluminava seu rosto, e deixava aqueles olhos verdes ainda mais claros e bonitos. Ela lançou para ele um sorriso tão belo que fez o coração do garoto se aquecer por dentro. — Obrigada.

— Pelo quê? — Piscou confuso.

— Por ser meu amigo. — E então algo incrível aconteceu: os lábios macios dela tocaram o rosto dele suavemente, um calor ameno e agradável se espalhou por todo o corpo do garoto, fazendo algo em seu estômago se agitar ferozmente. Severus a observou levantar da grama sem dizer uma só palavra e sair saltitante, sorrindo e balançando seus cabelos ruivos brilhantes de um lado para o outro.

Ele não a seguiu como normalmente faria. Dessa vez ele apenas a observou de longe.

Tudo deveria seguir seu tempo.

Sentimentos não deveriam ser forçados, porque assim eles nunca seriam verdadeiros. O amor deveria ser algo cultivado, e para isso precisava de tempo para crescer e florescer. Lilian Evans podia até não ser a garota dele, mas definitivamente, era para ele que ela dava o seu sorriso mais reluzente, era com ele que ela passava horas conversando. Ela não se importava se o seu cabelo não era naturalmente bagunçado, mas sim ensebado, se ele preferia passar horas na biblioteca ao invés de assistir uma partida de quadribol. Ela gostava dele do jeitinho que ele era. Severus finalmente compreendeu, ele não precisava conquistar o amor de Lilian com uma poção mágica. Ele já o tinha, era um amor de amigo, mas ainda assim era um amor puro e verdadeiro.

E sempre seria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, aguardo seus comentários, opiniões ou críticas! ;)



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