Velho-novo Mundo escrita por Mari Moreira


Capítulo 10
Forgive Me




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Abri a porta lentamente. Deparei-me com Dixon sentado numa maca, sua batata da perna esquerda enfaixada e, por conseguinte, sua calça rasgada. Ele estava sem camisa. A sala era bem quente.

Ele estava lindo e vulnerável, e a culpa era minha.

— Porque Rick deixou você entrar? Sinceramente... – ele disse ao me ver, fechando a cara.

— Daryl... desculpe... você apareceu do nada... eu me assustei. Nenhuma arma está carregada, geralmente... achei que não havia perigo...

— Aqui não é lugar para achismos, Ellie.

Eu me sentei na beirada livre da maca. Eu ainda transpirava muito. Ele também. Estávamos ambos suados, fedidos e ferrados.

— Fodido e mal pago... quero essa frase na minha lápide. O que eu fiz pra merecer você, Ellie? Você é uma negação com armas e em cuidados.

— Daryl... – eu comecei a chorar. Finalmente, o nó da garganta ia se desfazendo... eu não estava mais agüentando segurar. Eu me sentia uma inútil e extremamente culpada – Como está sua perna? Qual a gravidade? Daryl me perdoe.

— Pare de chorar, garota. Foi um raspão, ou sabe-se lá o que o Hershel disse que é. Vou sobreviver – ele disse sem me encarar, apesar de eu ter sentido que ele tentava me consolar.

Dixon não atrapalhou meu momento de choro ridículo, mas não se solidarizou de pronto.

— Vou ter que ficar sentado por uns dias, graças a você. Você sabe que eu odeio ficar parado. Eu NÃO POSSO ficar parado, Ellie – ele dizia entredentes, como se estivesse desabafando.

Fiquei fitando-o. Eu não sabia mais o que dizer. Fitei sua boca. Seu semblante parecia irritadiço, mas ao mesmo tempo aliviado por não ter acontecido algo pior, creio que minha face denunciava o mesmo sentimento.

Toquei seu braço musculoso e fui descendo, em procura da mão dele, que se encontrava escondida devido aos seus braços que se encontravam cruzados.

Ele me olhou com uma interrogação no olhar, fez menção de esquivar, mas não o fez. Bem como não me apresentou sua mão. Eu queria apenas tocá-lo mais e dizer algo legal... pedir desculpas formalmente, como era antigamente no mundo que conhecíamos.

Assim, apenas dei pequenas apertadas ao longo dos braços dele enquanto pedia desculpas, desculpas, desculpas, desculpas... até eu ouvir um “ok” de sua boca. Ficamos em silencio por algum tempo, nos olhando.

Demorou um tempo, eu estava soluçando quando ouvi um “vem cá” sair da boca dele, e o senti me puxando num abraço. Meu rosto ficou escondido em seu pescoço. E eu não pude evitar chorar mais.

— Eu fiquei com tanto medo – eu disse afogada em seu pescoço e cabelos. Ao falar, meus lábios tocaram a pele de seu pescoço e pude sentir o salgado de seu suor, bem como sua pele macia.

Meu coração acelerou ridiculamente, estar em contato físico com ele era maravilhoso e eu sentia que ele me perdoava pela minha cagada quase fatal... meu coração não se acalmava e eu realmente fiquei com medo.

A última vez que eu tinha me sentido assim, desde o fim dos tempos, foi quando eu perdi minha irmã: minhas crises de ansiedade pareciam ter voltado.

Finalmente, resolvi encará-lo, tentando controlar minha respiração. Não queria que ele, nem ninguém, se preocupasse com minhas crises.

— O que você estava fazendo atrás de mim? – eu perguntei, quebrando o gelo.

— Vi que Michonne não estava mais com você, mas você não tinha ido me procurar, como Rick ordenara.

— Eu queria ficar um pouco sozinha

— Com as armas? – ele riu. Ele riu!!!

— Você fica lindo sorrindo, Dixon.

— Não adianta querer me elogiar logo depois de me dar um tiro.

Estava tudo bem quando a porta se abre com tudo: Anny, a mal educada.

— Daryl, que merda... como você está? – Anny diz se aproximando.

Daryl se ajeitou na cama, ficando mais ereto, assim quando viu Anny. Eu também me ajeitei, afinal, estávamos bem próximos antes da inconveniente da Anny chegar. Ela se sentou do outro lado da maca.

— Sei que nos conhecemos pouco, mas nosso papo bateu super bem. Não poderia deixar de vir ver como você está – Anny ia dizendo com uma voz aguda, e me fitou, finalmente, – e dizer para você não se preocupar quanto às aulas de tiro, podemos remanejar isso.

— Estou ok, Anny. Você é legal – ele respondeu. Daryl estava vulnerável e dando abertura pra malAnny. Mala + Anny. Uma junção que eu inventei sozinha. Podem me dar um prêmio.

Que merda de aula de tiro ela estava falando? Mantive minha pose. Ocorre que: minha ansiedade não sabia o que era isso. Minha respiração começou a ficar descompassada, chamando atenção.

— Voce está bem, querida? – Anny perguntou

“Querida” é a puta que te pariu!

— Sim, claro – eu saí.

Assim que saí da sala, uma lufada de ar fresco invadiu meus pulmões e fiquei mais aliviada. Um Hershel agitado chegou, ia quase entrando na sala quando se voltou à mim.

— Ellie, você está pálida...

— Eu...

Senti meu nariz latejar. Bye bye cirurgia plástica feita no nariz antes do mundo ter virado do avesso: eu havia caído com a cara no chão. Eu desmaiei: tudo ficou preto e a voz de Hershel era apenas um zunido para mim.


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