Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 90
[2ªT] Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

Olarrr :)))

O cerco está fechando, estão sentindo? Como será que as coisas vão funcionar com a volta de nosso H? E a banda, será que tem volta? E a Nat não tá lá tendo as melhores reações diante dos últimos acontecimentos... aiaiaiai

É hora de se preparar para o que vem por aí



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Natalie abriu os olhos lentamente, tentando se acostumar com a luz que entrava de maneira furtiva pelas frestas da persiana. Olhou ao redor, ainda meio perdida, tentando identificar onde estava. (GIF)

Percebeu rapidamente que se tratava do quarto de hóspedes de Winter e Oliver. Como havia parado naquele cômodo, mesmo? Suas últimas lembranças eram um tanto nebulosas. Alguns flashes dela e Winter dançando e bebendo. Dela própria fumando um baseado sozinha. Depois dividindo com Benjamin. Mais bebidas…

Sentou-se um pouco rápido demais e sentiu como se sua cabeça estivesse inflada feito um balão. Odiava quando exagerava a ponto de ter a sua memória da noite anterior comprometida, e aquilo estava ficando mais frequente do que gostaria de admitir a si mesma.

Mas sabia exatamente o motivo de ter ido tão longe naquela noite. Queria esquecer a existência de Hunter, qualquer resquício dele que ainda vivia dentro dela e era capaz de tirá-la do eixo tão facilmente. A conta era bem simples: quando os narcóticos entravam em excesso, Hunter saía. E era disso que ela precisava. Queria perder o controle de sua mente, de seu subconsciente traiçoeiro, que insistia em criar as teorias e cenários mais absurdos, e a fazia surtar dentro de si mesma.

Parou de se esforçar para lembrar daquilo tudo novamente e procurou focar em outra coisa. Passou a língua seca pelos lábios e fez careta. Estava morrendo de sede.

Se levantou, mas quando sentiu uma leve tontura, apoiou seu peso com a mão sobre o colchão por alguns segundos. Correu os olhos pelo chão, à procura de sua calça. Os cabelos lhe caíram sobre o rosto, e a garota precisou segurá-los para trás, com a mão no topo da cabeça. Foi nesse instante em que ouviu o clique da porta. Era Benjamin. (GIF)

Ele ensaiou um sorrisinho torto, mas Natalie notou uma certa tensão acumulada na mandíbula do loiro.

— Que bom que acordou - Benjamin começou, se aproximando. - Winter e Oliver estão preparando o almoço.

Natalie arregalou os olhos e escaneou a cama, em busca do celular, sem sucesso.

— Que horas são?!

— Quase uma - o rapaz se sentou cautelosamente na beirada da cama, próximo a ela.

— Acho que passei da hora - Natalie riu fraco, relaxando ao se lembrar de que era domingo. Viu que Benjamin continuava com o mesmo semblante sério. Passou os olhos cor de mel por todo o rosto dele, estudando-o. - Tá tudo bem?

Benjamin pigarreou, limpando a garganta, e Natalie se sentou ao lado dele como resposta.

— Não sei, eu quem pergunto - Natalie entortou a cabeça, indicando que não estava entendendo muito bem o rumo daquela conversa. - Acho que não lembra, mas você ficou completamente wasted ontem.

Os lábios da castanha se transformaram em uma fina linha, acompanhando seus olhos levemente arregalados.

— Fiz algo errado? - perguntou um tanto receosa.

— Não - Benjamin a assistiu soltar o ar, aliviada. Focou seus olhos azuis nas pernas desnudas da garota em um ato totalmente sem intenções. - Mas acho que talvez você… sabe… devesse dar uma maneirada.

Quando levantou o olhar, percebeu que a voz de Natalie parecia ter ficado presa na garganta.

— Por que isso? - a garota de sardas finalmente indagou, um tanto surpresa.

— Não sei, Natalie. Mas você não deveria focar nisso com outras finalidades.  

— Não existe finalidade nenhuma, Ben - Natalie se levantou para voltar a procurar sua calça. Não queria ter aquela conversa. Não fazia o menor sentido. - Aliás, tem sim: - ela se agachou para pegar a peça de roupa que jazia quase embaixo da cama. - Eu só quero me divertir.

Benjamin respirou fundo, passando a mão por seus fios loiros. Natalie vestiu a calça sem parar de observá-lo. Podia sentir a tensão no ambiente. Algo não estava sendo dito.

Ele estava preocupado e não fez a menor questão de esconder aquilo. Tinha quase certeza que o episódio da última noite - e algumas outras - tinha a ver com Hunter Saxton. Mas sabia também que Natalie jamais o admitiria. Por teimosia… e por não querer magoá-lo.

— Tem certeza? - mesmo assim, Ben tentou, franzindo a testa.

Por mais que não quisesse admitir, Natalie compreendia o motivo daquela preocupação. Mesmo que nem tudo estivesse sendo dito, ambos sabiam exatamente do que aquilo se tratava. Respirou fundo e foi até ele, voltando a se sentar ao seu lado. Sua mão alcançou as do rapaz, que descansavam desleixadamente sobre as próprias coxas. Acariciou a fina pele dele  com o polegar, fazendo-o olhá-la nos olhos.

— Tenho. - ela deu um sorriso fraco apenas com os lábios, como se aquele ato pudesse assegurá-lo. - Tá tudo bem. (GIF)

Benjamin entrelaçou os dedos nos dela, estreitando os olhos docemente. Natalie adorava quando ele o fazia. Tinha a impressão que os olhos do loiro eram capazes de sorrir.

— Te beijaria agora, mas nem escovei os dentes - a garota brincou, apertando a mão de Benjamin levemente, que soltou um risinho anasalado antes de se levantar da cama.

— Te perdoo - o loiro piscou em resposta e se direcionou até a saída do quarto. - Estarei lá embaixo - Natalie assentiu, voltando sua atenção aos seus tênis, quando ele a chamou novamente, fazendo-a olhá-lo. - Natalie. Amo você.

Ela sorriu com os lábios e os olhos, encarando-o docemente. Benjamin correspondeu ao olhar antes de fechar a porta.

 

**

 

Quando Hunter saiu do elevador, o memorável aroma de carvalho da recepção o inebriou. Não importava quanto tempo passasse, sempre que ia ao escritório de Steve, aquele cheiro amadeirado o levava imediatamente à primeira vez em que esteve ali, para fechar o contrato da Elite Four com outros integrantes - e até então, amigos.

Mas pela primeira vez, aquele cheiro não acalentou o seu coração. Afinal, a circunstância já não era necessariamente a mesma, e sabia que a nova realidade era reflexo de suas atitudes.

Agora, a Elite Four já não passava de um contrato formal para que nenhuma das partes fosse processada pela gravadora. As histórias, os momentos, a irmandade… tudo havia sido jogado no lixo. E tudo o que Hunter desejou no momento em que a secretária Demetria lhe indicou a sala de reuniões, era poder voltar no tempo. Mas máquinas do tempo não existiam.

Ao entrar na sala retangular, encontrou Hans, Thomas e Luke sentados contra a janela, como se fossem um júri prestes a condená-lo. Era a primeira vez que se reencontravam depois de sua partida, oito meses antes.

Steve estava à direita, sentado na extremidade da mesa de vidro, e não lhe restou outra opção a Hunter, a não ser sentar-se em uma das cadeiras à frente de seus ex-companheiros e amigos.

— Que bom vê-lo, Hunter! - Steve estava sendo sincero, mas os outros rostos presentes não pareciam concordar nem um pouco com aquela afirmação. O empresário pensou em se levantar para cumprimentá-lo, mas achou que aquela atitude tornaria as coisas ainda mais difíceis e forçadas.

O ar pareceu pesar mil toneladas naquele instante, tão tenso se tornou o clima no momento em que ele se sentou. Observou a expressão dos três à sua frente: pura indiferença. Era como se nunca houvessem se visto antes. Como se nunca houvessem divididos quartos de hotel ou ônibus de viagem.

Thomas parecia estar mais preocupado com as mensagens no celular do que com a presença de Hunter; Luke olhava para as próprias mãos, que descansavam sobre o tampo da mesa de vidro;  Hans assumia uma posição desleixada, com o corpo jogado para trás, no encosto da cadeira, e os braços cruzados. Era o único que o encarava diretamente, quase como se o desafiasse por estar ali.

Hunter sentiu certo alívio ao ver a figura de Judith surgir na porta, tirando toda a atenção que estava sobre ele.

— Hunter, querido! Quanto tempo! - a assessoria se aproximando, dando um beijo estalado no topo da cabeça dele, antes de se sentar ao seu lado. Em seguida, mandou beijos a cada um dos garotos, que sorriram pela primeira vez.

Steve cruzou as mãos sobre a mesa, analisando alguns papéis que trouxe consigo. Respirou fundo quando passou os olhos pelos presentes.

— Muito bem, podemos começar agora que todos estão aqui.

— Sempre estivemos aqui, Steve - Thomas comentou num tom calmo, franzindo a testa de maneira cínica e finalmente largando o celular sobre o tampo de vidro da mesa. - Quase todos, pelo menos - completou, lançando um olhar sugestivo a Hunter, que torceu a mandíbula e desviou o olhar, demonstrando incômodo.

— Poderíamos ter tido essa conversa há muito tempo, se quer saber… - Luke comentou com certo sarcasmo em sua voz.

— É, Steve. Não é como se tivéssemos te largado - Hans subiu os ombros despretensiosamente.

Hunter pigarreou fracamente e coçou a ponta do nariz para tentar se focar em outra coisa que não fosse o show de indiretas na qual seus ex-amigos estavam trabalhando. Compreendia aquele tratamento, mas não sabia por quanto tempo mais conseguiria tolerar.

Steve lançou um olhar repreensivo aos três.

— Rapazes… não acham que estão...

— Steve - Hunter cortou o empresário rapidamente, chamando a atenção de todos. - Deixa. Pode seguir.

Steve assentiu uma única vez.

— Certo. Decidi fazer essa reunião depois de ter conversado individualmente com cada um de vocês. Quis entender a motivação e objetivo de cada um nesse momento de carreira solo. E bom… todos demonstraram interesse em continuar a trabalhar comigo. O que é ótimo, porque estamos em uma situação contratual que não os permitiria ter outro empresário, já que aos olhos do mundo, vocês estão apenas em pausa.

— Então, apesar de separados, vocês precisarão manter boas relações - Judith se adiantou. - Isso significa sem alfinetadas, provocações e afins diante da imprensa.

— Acho que podemos fazer isso - Thomas torceu o nariz.

— E terão que… fazer algumas aparições juntos de vez em quando - a assessora falou mais pausadamente, demonstrando certo receio.

Hunter assistiu o semblante dos rapazes assumir uma expressão de choque e insatisfação. Engoliu em seco e voltou sua atenção para a chuva que se iniciava lá fora. As gotas se engrossavam aos poucos, batendo com certa força contra o vidro da janela.

— Você só pode estar brincando - Hans parecia uma criança birrenta, e se fosse em outros tempos, Hunter teria zombado dele. Mas já não existia mais intimidade para qualquer tipo de brincadeira.

— Não, ela não está, Hans - Steve se levantou e colocou o peso do corpo nas mãos espalmadas sobre a mesa para encará-los. Voltou a assumir o velho tom seco e enérgico. - Não sei se vocês entendem a situação, mas a imprensa e a justiça não podem nem sonhar com o que está acontecendo. Ou então a gravadora pode nos processar. E o preço será alto, acredite.

Judith se levantou rapidamente e caminhou para perto de Steve, segurando-se no encosto da cadeira em que ele estava sentado antes.

— E analisando todas essas questões todas, pensamos que a primeira oportunidade para tornar a convivência de vocês algo mais “palpável”  para a imprensa seria a presença de vocês na festa de lançamento da primeira música solo de Luke.

— É o quê?! - foi a vez de Luke se pronunciar.

— Que tipo de grupo seriam se não se prestigiassem em um momento tão importante da carreira de um integrante barra amigo? - Judith rebateu rapidamente.

— Do tipo que larga a banda sem dar satisfação e volta meses depois fingindo que nada aconteceu? - Hans não conseguiu se conter.

Hunter se levantou de forma abrupta, apesar de seu semblante aparentar ser o mais tranquilo possível.

— Certo. Acho que podemos dar essa reunião por encerrada - o rapaz deu as costas e foi em direção a saída. Parou no batente, sem se virar. - Steve… quando será a data de lançamento?

— Neste sábado - Steve respondeu calmamente.

— Obrigado.

Hunter mal havia se retirado do recinto, quando Steve voltou a sua atenção ao trio que continuava sentado.

— Seriously?

— Não acredito que vai defendê-lo - Thomas estreitou os olhos verde-água, desgostoso.

— Vocês estão sendo muito injustos - o empresário levantou o dedo em forma de aviso.

Luke se levantou com tanta violência, que a cadeira de rodinhas deslizou com força até a janela, provocando um estrondo.

— Injustos?! O cara vai embora do país, larga a banda, a namorada… some durante MESES sem dar UMA explicação plausível, e nós é quem somos injustos?

— Luke… - Judith tentou falar, mas foi cortada.

— Não, “Luke”  nada. Já estou cansado de ter que bancar o compreensível com o Hunter. Sempre foi assim quando éramos uma banda. Sempre tínhamos que relevar. Só que agora não estamos mais juntos. Não vou mais tolerar isso - o moreno deu passos largos até a saída. Thomas o acompanhou. - Eu vou cumprir o que foi decidido em respeito ao Hans e ao Tom. Mas não me chame de injusto. Isso sim é injusto.

Steve e Judith continuaram a olhar a porta pela qual Luke e Thomas saíram durante alguns segundos. Se encararam de forma significativa, como se dialogassem através dos olhos.

Hans já havia se levantado da cadeira para sair quando Steve e Judith se colocaram à frente dele. Por milésimos de segundos, o único som presente era a respiração deles. Então, o irlandês viu Steve depositar a mão no bolso da calça e tirar um pedaço de papel dobrado.

— Pensamos muito antes de tomar essa decisão, Hans - o empresário estendeu o papel a ele.

— O que é isso? - o castanho passava os olhos do papel para Steve e Judith repetidamente.

— A verdade sobre a partida de Hunter. - Judith respondeu de uma vez.




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Notas finais do capítulo

GEEEZAZ, como serasse que o Hans vai reagir??? Será que ele tá preparado? Porque eu não :OOOO



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