Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 9
Capítulo Nove




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Hunter estancou seus pés no chão. Sentiu que havia perdido todo o controle sobre o próprio corpo e as próprias ações, porque não conseguia desviar o olhar do de Natalie.

Demorou alguns segundos até que seus olhos verdes passassem a estudar todo o corpo da garota, como se analisasse o vestido que parecia ter sido desenhado no corpo dela. Não conseguiu disfarçar o quanto a estava admirando. Natalie pôde jurar que ele estava arrancando sua roupa com os olhos.

Ela não conseguiu se conter e acabou fazendo o mesmo, deixando que seus olhos cor de mel passeassem pelo corpo do rapaz, dos pés a cabeça. Os cabelos ondulados estavam jogados para o lado, caindo sobre os ombros, e ele vestia uma camisa roxa com as mangas dobradas até a metade dos antebraços, deixando algumas de suas muitas tatuagens à mostra. A calça era preta, assim como os sapatos. (LINK)

— Ora, ora, ora... – sua voz finalmente saíra.

— Natalie, você já tá bêbada ou o quê? Vai ficar aí parada? – Anna havia voltado para chamar a amiga, já que esta não havia lhe acompanhado.

Hunter deu um sorriso debochado, ainda encarando-a. Natalie não conseguiu responder a amiga, pois rapidamente seu rosto se fechou em uma carranca. Anna acompanhou o olhar para ver o que ela tanto encarava e viu Hunter parado na sua frente. Tampou a boca com a mão sem saber se ria ou se só deixava os lábios formarem um “O”.

— Se não é a esquentadinha! – ele não conseguiu evitar o sorriso.

Natalie o olhou com ar de deboche.

— Se não é o cafajeste more da Elite Four! – ela respondeu no mesmo tom.

Uma risada escapou da garganta de Hunter antes de ele colocar o gargalo de sua cerveja na boca e tomar um gole rápido.

— Se eu não te conhecesse diria que está me seguindo.

— E você não conhece. – Natalie levantou a sobrancelha.

— Porque você não deixou. Ou esqueceu do meu convite? – ele deu uma piscadela para irritá-la.

Natalie suspirou impacientemente e rolou os olhos.

— Quem me dera ter esquecido. – virou todo o conteúdo do copo, sentindo o conhecido líquido lhe arranhar a garganta novamente. Depois sentiu o estômago esquentar. Lutou para não fazer careta. Havia se arrependido de ter virado o drinque novamente, mas sentia que precisava fazê-lo diante daquela situação. Puxou Anna pelo pulso para saírem dali.

— Ei.

Sentiu a mão de Hunter lhe segurar o braço. Ela girou o corpo parcialmente para encará-lo, estupefata. Descobriu que ele trazia a mesma expressão no rosto, como se não tivesse planejado fazer aquilo.

Mesmo com as mangas compridas, era como se ela conseguisse sentir o calor da mão dele atravessar o tecido e tocar a sua pele. Sentiu arrepios percorrerem sua coluna.

Hunter a soltou mais do que rapidamente, um pouco sem graça, mas tentou manter a postura irreverente e segura. Os dois continuaram a se encarar antes de ele se pronunciar novamente.

— Hm... Por que a gente não deixa o que aconteceu um pouco de lado? Quer dizer... Estou com os moleques em uma mesa reservada com um pessoal... Você e sua amiga...? – ele lançou um olhar rápido a Anna.

— Anna. – Anna logo completou, já animada com a proposta. Hunter sorriu torto com a atitude da garota.

— Certo. Você e a sua amiga Anna poderiam se juntar a nós, o que acha? Já que tá todo mundo aqui, poderíamos nos divertir um pouco.

— Estamos dentro! – Anna empurrou o ombro da amiga.

— Anna! – Natalie a repreendeu no mesmo instante. Depois voltou-se para o castanho novamente. – Olha, não sei se é uma boa...

— Natalie! – Anna usou o mesmo tom de repreensão da amiga. Aproximou-se para falar perto do ouvido dela em português. – Pelo amor de Deus, guria, para de se fazer de difícil porque assim não tem Cristo que insista. Ele tá tentando se redimir, tá sendo legal com você, não tá vendo?

— Não sei não, miga...

Hunter as encarou intrigado. Não conseguia entender uma única palavra que elas estavam falando e logo sentiu um nervosismo percorrer o seu corpo. Começou a se perguntar por que a havia convidado, sendo que durante toda a semana havia entrado em um conflito interno, em dúvida entre ligar para ela e se amaldiçoar por querer falar com a garota que o ignorou e o fez passar por uma das maiores humilhações na vida dele.

— VAMO LOGO PRA ESSA MESA, MINHA FILHA! – Anna gritou, segurando-a pelos ombros. – Não vamo perder tempo aqui quando a porra do Hunter Saxton tá convidando a gente pra área VIP da Lavo. Você sabe muito bem o quanto sempre almejamos uma oportunidade dessas, e se você jogar fora eu juro que corto relações contigo. – ela lançou um olhar pidão a amiga. – Nunca te pedi nada, miga.

Natalie encarou Anna por alguns segundos. Passou seus olhos em Hunter, que a encarava com um ponto de interrogação no rosto. Depois voltou-se para a amiga respirando pesadamente.

— Mentira, todo dia você usa essa frase e me pede algo. E sempre funciona. Como agora. Bora.

— YAY! – Anna deu alguns pulinhos, arrancando risos de Natalie.

Hunter não tinha ideia do que estava acontecendo, mas percebera que aquela era a primeira vez que via Natalie rir e não pôde deixar de admirá-la.

— E então?

Natalie finalmente voltou a falar em inglês.

— Ok, nós vamos. – ele sorriu em resposta antes de ela levantar o dedo na direção de seu rosto, fazendo-o ficar sério novamente. – Mas nada de gracinhas, entendeu?

— Nada de gracinhas. – ele assentiu como uma criança obedecendo a mãe.

— Onde é a mesa?

 

**

 

Luke, Hans e Thomas estavam dançando enquanto bebiam junto de um grupo de amigos na área VIP.

— Aí o Joe chegou correndo no corredor só de cueca desesperado achando que o quarto do Hans tava pegando fogo! – Thomas estava contando uma das peças que pregaram no segurança nas aventuras da última turnê e as pessoas que estavam por perto deram risada junto com ele.

— Deveríamos vir aqui mais vezes... Gostei do lugar. – Luke comentou com Hans. Os dois estavam na mesma roda de conversa que Thomas, mas em assuntos completamente diferentes. Deu um longo gole de sua cerveja.

— Santa mãe de Deus! – Hans exclamou.

— Que foi? – Luke o olhou intrigado no mesmo instante.

— Não olhe agora, mas o H. tá vindo... E ele tá com a tal da Natalie. – o loiro respondeu olhando por cima do ombro do amigo.

Luke virou-se abruptamente e viu Hunter se aproximar deles com Natalie logo atrás dele. Thomas, que estava próximo, até perdeu a linha de raciocínio da história quando notou a presença da garota. Hunter lançou um olhar expressivo que dizia “nenhum comentário sobre o assunto, ou aconselharei vocês a dormirem de olhos abertos”, e todos rapidamente entenderam o recado.

— Ei, olha só quem eu encontrei... – ele comentou naturalmente.

— Ei! – Hans cumprimentou. – Bem que dizem que Nova York é um ovo!

Natalie riu do comentário do loiro, que nem havia sido engraçado, mas ela já estava levemente alcoolizada para achar graça naquilo.

— Hm, essa é minha melhor amiga, Anna. – puxou Anna pelo pulso, trazendo-a para perto e fazendo com que a atenção fosse para ela.

— Ei, Anna! Beleza? – Hans sorriu para a moça.

— Tudo, obrigada. – Anna sorriu em resposta.

Thomas acenou para a garota de maneira simpática, que retribuiu o gesto. Quando se virou, notou Luke a observando. Os olhos ligeiramente estreitos em sua direção a fizeram prender a respiração. Sustentou o olhar dele, dando um sorriso tímido e provocador. Natalie captou o momento no mesmo instante e comentou no ouvido da amiga para que só ela escutasse:

— Mas já, Anna?

— Já nada, amô. Você que é lenta demais. Anna é simples. Anna é prática. Aprenda com Anna. – ela respondeu, arrancando gargalhadas de Natalie e se aproximou de Luke, deixando a amiga para trás. – Ei... Tudo bem?

— Tudo e você? – Luke limpou a garganta, olhando-a profundamente da cabeça aos pés.

Natalie rolou os olhos e riu mais uma vez.

— Parece que eles vão se entender muito bem... – Hunter ocupou o lugar de Anna enquanto finalizava a garrafa de cerveja com um último grande gole.

— É, parece que sim...

— Sua amiga poderia te servir de exemplo. – ele começou com um tom divertido enquanto se servia de vodca e a misturava com suco.

— Oh, não. – ela se virou para olhá-lo no mesmo instante. – Nem se atreva a começar.

— Você não dá um descanso? – Hunter levantou as mãos em sinal de defesa.

— Já fiz muito de ter aceitado o seu convite e vir aqui.

— Uhhh, devo me sentir honrado, então? – ele provocou.

— No mínimo. – ela respondeu de maneira provocativa, mas ao mesmo tempo divertida.

— Certo. – ele riu, passando a mão pelos cabelos e os jogando para o lado. Natalie fez uma anotação mental sobre como ele ficava lindo quando fazia aquilo, e no mesmo instante xingou suas futuras encarnações por tê-lo feito. – Que tal aproveitarmos esse seu “bom humor” pra encher a cara? – ela o encarou, vendo-o tomar um gole do novo copo. – Ou vai me dizer que é puritana pra isso também?

Natalie fuzilou-o com seus olhos cor de mel e ele pressionou a própria mandíbula, encarando-a de volta. Sua segunda anotação mental foi sobre a mandíbula de Hunter. Amava mandíbulas em evidência. Enquanto isso, o castanho concluía que os dois fariam jogos de olhares a noite toda. Gostou daquilo.

Distraído, não percebeu quando Natalie esticou a mão e lhe roubou o copo.

— Me dá aqui essa merda. – ela blasfemou antes de tomar um gole enorme, deixando Hunter completamente surpreso.

— Melhor se acostumar! – ele ouviu Anna gritar do outro lado da mesinha de onde estavam. Olhou para ela, que estava ao lado de Luke. – Ela sempre faz isso. Roubar copos.

Natalie deu risada e Hunter acompanhou-a. Gostou de como a risada dela se misturava com a dele em meio às batidas da música conhecida remixada, ganhando um ritmo mais eletrônico. Achava até que combinavam. Depois se sentiu um idiota por pensar naquilo. Quando foi a última vez que havia conversado com uma garota daquela maneira? Aliás, quando foi que ele jogou daquela maneira divertida e cheia de pretensões? Nem ele se lembrava. Respirou fundo e tentou não pensar muito naquilo.

— Então... Quer dizer que não são americanas? – ele começou, mostrando-se curioso. Natalie lembrou-se que haviam falado em português na frente dele momentos antes.

— Brasileiras. – ela respondeu olhando para o lado, assistindo às pessoas fora da área VIP dançando. – E se você soltar a cantada que logo imaginou que eu era brasileira porque sou muito atraente, eu juro que me jogo daqui. – ela lhe lançou um olhar divertido, trazendo um tom risonho no timbre da voz.

— Droga, já estava pronto pra falar. – ele brincou, fingindo frustração. Serviu-se novamente de outro drinque, já que Natalie havia roubado o seu. – Mora aqui há muito tempo? O sotaque é quase imperceptível.

— Dois anos. – ela respondeu, bebendo mais um gole considerável. – E obrigada pelo elogio. Dica: você vai ganhar mais pontos comigo se elogiar a falta do meu sotaque do que se soltar suas cantadas baratas.

Hunter pressionou um lábio no outro, rindo internamente. Havia gostado do humor ácido da garota. Era exatamente como ele.

— Vem cá... Tem certeza de que você não é britânica, love?

Natalie o encarou surpresa ao ouvi-lo chamá-la de “love”. Sempre teve quedas por homens com sotaque britânico. Derretia-se só de assistir aos filmes da saga Harry Potter, e ouvir Hunter Saxton chamá-la daquela maneira com aquele sotaque decididamente mexeu com ela.

— Que foi? – ele notou o olhar surpreso dela.

— Do que me chamou?

Ele deu um sorriso torto e aproximou seu rosto do ouvido dela.

Love. – repetiu, arrancando-lhe arrepios. – Por quê?

Não sabia se aqueles pensamentos que tomavam conta dela eram porque estava realmente ficando bêbada com o quarto copo de drinque, ou se Hunter Saxton estava realmente conseguindo provocá-la, mas tratou de se controlar.

— É assim que você faz pra levar as menininhas pra cama? – Natalie alfinetou.

— Se eu disser que sim... Consigo levar você? – o castanho provocou. Parecia tão levemente alterado quanto ela, mas não sabia dizer se aquilo ainda fazia parte da sobriedade canalha dele.

— Vai se foder. – Natalie gargalhou e ele a acompanhou.

Hunter estava decididamente se sentindo cada vez mais atraído por Natalie. Inicialmente havia sido só a beleza dela: diferente, exótica. Mas depois que a pôde ver mais de perto, percebeu que era muito mais. Queria conhecer a garota por trás do misterioso olhar dourado, mas estava lutando com aquele fato que só crescia dentro dele a cada momento que passava ao lado dela.


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