Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 87
[2ªT] Capítulo Nove


Notas iniciais do capítulo

Oi, Defenders, ainda tem alguém por aqui? ♥
Eu espero que sim.
Sei que devo muita coisa a vocês. Devo capítulos, devo gifs, músicas, sneak peeks, explicações… Mas devo, sobretudo, desculpas.
Eu sumi durante longos 6 meses daqui. Sumi das redes sociais, sumi de mim mesma, e da vida.
Tive problemas pessoais que jamais achei que um dia eu tivesse. Por causa de coisas que sequer poderia sonhar.
De repente, tudo perdeu cor, tudo perdeu gosto e até o sentido. Eu não sei como nos deixamos chegar a esse tipo de lugar, mas parece que nunca vamos conseguir sair.
Por meses eu parei de fazer tudo o que sempre mais gostei de fazer: sair, conhecer lugares, ver séries, ouvir música, ler livros, escrever Defenceless…! Quantas vezes eu me vi abrindo o arquivo para escrever e me frustrar porque nem isso parecia mais fazer sentido…!
E foi triste. Foi triste olhar pra história que eu tanto amo e achar que tudo não passava de milhares de bobagens mal-escritas. Que triste foi não ver mais graça em todos aqueles personagens que eu criei do 0, e que aos pouquinhos foram ganhando os corações de vocês. Que triste era sentir que eu desapontei meus leitores.
O que eu passei me fez questionar tudo o que Defenceless é e tudo o que eu queria que fosse. Em vários sentidos e pensamentos. Desde o mote da história até o que tudo àquilo sempre representou. As luzes de New York haviam parado de brilhar pra mim.
E demorou. Demorou pra eu reunir coragem. Demorou pra eu reunir forças pra encarar a Natalie de novo. Acho que nunca me identifiquei tanto com ela como nesse momento em que vivi.
Mas assim como ela… Eu precisava fazer alguma coisa. Eu precisava reagir.
E em algum momento (que eu não sei muito bem quando), eu reagi. Eu reagi e me arrisquei. E estou tentando estar de volta.
Esse textão é pra dizer que eu estou me esforçando e Defenceless ainda não acabou. Pelo menos não assim.
Obrigada pela compreensão. Espero que não nos abandonem, porque a Natalie, o Hunter, a Anna, o Hans e todos os outros estão ansiosos pra contar tudo o que vem por aí. ♥



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Hunter observava os detalhes do quarto. Passou os olhos verde-claros pela cama feita, pelo tapete cinza e felpudo. Deixou sua mente viajar no conhecido aroma que complementava as memórias que tinha de Grace. Olhou para a parede cheia de fotos que compunha o cenário onde ficava a mesa da escrivaninha dela. Mas diferente de todas as últimas vezes em que esteve ali, dessa vez ele trazia um pequeno e leve sorriso em seus lábios finos.

Oito meses haviam se passado. Oito meses de luto que o levou a todas as fases possíveis: culpa, negação, rebeldia, assimilação, inspiração, aceitação…!

As sessões de acompanhamento psicológico com Lydia continuariam, claro. Inicialmente seriam duas videoconferências por semana, até que Hunter conseguisse se adaptar com a mudança; depois o encontro diminuiria para um.

Havia pensado muito sobre aquele momento: o de voltar para New York. O de retomar a vida de onde ele havia abandonado. E agora não tinha mais como voltar atrás. Já havia contatado Steve e tudo já estava sendo planejado para sua entrada em estúdio com o mais novo projeto solo. A única coisa que havia pedido ao empresário foi que não avisasse à mídia sobre seu retorno das cinzas. Queria chegar e se ajustar sem ter ninguém em seu encalço.

Respirou fundo, se lembrando de todo o trabalho que foi para chegar a um consenso com Lydia de que estava na hora. Lembrou-se também das tentativas frustradas de falar com Hans, que ignorava todas as suas ligações.

E lembrou-se da coragem que reuniu, sem saber de onde, para ligar para Natalie há pouco mais de duas semanas.

 

***INÍCIO DO FLASHBACK***

 

Não estava acreditando no que estava fazendo. Sentiu a mão trêmula quando ouviu o telefone chamar pela primeira vez do outro lado da linha. Quis desistir. Amaldiçoou Lydia mentalmente quando se lembrou do quão certo o argumento dela havia parecido na última sessão:

“- Não posso fazer isso. - Hunter escondeu as mãos entre os nós dos joelhos, pressionando-os.

— Por que não? Se é o que quer. - Lydia subiu os ombros naturalmente, observando Hunter com seus olhos azuis que se escondiam atrás de seus óculos com armações grossas. (FOTO)

— Porque eu sumi da vida dela há quase 8 meses, porra! Não posso simplesmente ligar e ‘Oi, Natalie, me desculpe por desaparecer sem dar nenhuma explicação! Como está? Ah, é! Feliz aniversário!’ - ele finalmente gesticulou, impaciente.

— Se você falar o que estiver sentindo, realmente, já é um começo. Não acha?

— Não sei se tenho esse direito de entrar e sair da vida dela.

— Quem vai decidir isso é a Natalie, não você. Nós sabemos que você não pode controlar o que ela pensa e faz, mas você ainda é capaz de controlar suas próprias atitudes. Só vocês poderão resolver o que quer que ainda exista. O que não dá, é você ficar parado, agonizando por não saber o que pode ou não acontecer.”

Quando decidiu que aquela talvez não fosse a melhor ideia, ou talvez o melhor momento para ligar, ouviu Natalie atender a chamada e congelou.

— Alô? - não conseguiu pronunciar uma única palavra sequer. Que saudade daquela voz…! - … Alô? - dessa vez a voz de Natalie saiu trêmula. Era como se ela soubesse que era ele do outro lado da linha, o que indicava que ela já estava prestes a chorar. Ouvi-la por um fio foi quase como se algo houvesse rasgando o seu peito por dentro. - Hunter… é você? - não conseguiu conter o soluço que se formou quando ela chamou o seu nome.

Sentiu as batidas do coração ecoarem nas extremidades e nos ouvidos, pulsando como há muito não pulsava. Seus olhos marejaram instantaneamente. Queria lhe dizer que se lembrava dela todos os dias, e que se lembrava do aniversário dela. Queria lhe desejar felicitações, queria dizer que sentia sua falta e que a amava com a mesma intensidade de sempre. Queria dizer que ela continuava sendo o “Seu Melhor”. Mas não conseguia, não podia.

Quando a razão lhe atingiu e as lágrimas despencaram de sua imensidão verde, encerrou a chamada, se jogando no sofá e deixando que o choro lhe consumisse.

 

***FIM DO FLASHBACK***

 

Repetiu o exercício de respiração para conter a ansiedade que tentava tomar seu peito. Fechou os olhos por alguns instantes, tentando afastar aquelas lembranças.

“- Você fez o que deveria ter feito.” - a voz de Lydia o reafirmou. Hunter dizia que Lydia era a sua voz da razão atualmente, porque a dele havia surtado e tirado férias por tempo indeterminado.

— Hunter, querido? – ouviu a voz de sua mãe abafada, vindo do andar de baixo. - Hora de ir para o aeroporto.

— Já estou descendo! - ele gritou de volta.

Deu uma última olhada no quarto de Grace:

— Obrigado, maninha. Hora de voltarmos à New York, certo? - deu um sorriso fraco antes de fechar a porta.

 

**

 

Natalie precisava fazer aquilo. Não soube ao certo o que a impulsionou, ou mesmo como aquele pensamento se apossou de sua mente, mas percebeu que era tarde demais quando seus pés estancaram em frente ao prédio de Hunter.

Ela levantou seus olhos cor de mel até o topo do edifício, observando os detalhes da construção moderna que muito se destoava dos prédios mais antigos de New York. Há quanto tempo não fazia aquele caminho...!

E não era por acaso que ela estava ali. Precisava terminar com aquele ciclo sem fim que a prendia a Hunter Saxton. Há pouco menos de um mês, Hunter havia lhe ligado, bem no dia de seu aniversário.

 

***INÍCIO DO FLASHBACK***

 

Natalie franziu o cenho quando apanhou o aparelho e percebeu que o identificador classificava o conteúdo como desconhecido. Deslizou o dedo rapidamente pela tela para atender:

— Alô? - não obteve resposta, e instantaneamente um sentimento estranho lhe assolou quando reconheceu o ritmo da respiração do outro lado da linha. Sentiu a sua garganta fechar. Seria possível? - … Alô? - sua voz saiu trêmula antes de chamar o nome que há tanto tempo não saia de sua boca. - Hunter… é você? - ouviu um soluço baixo como resposta e sentiu seus olhos marejarem enquanto ela tentava entender do que se tratava aquela ligação depois de tanto tempo. Queria perguntar-lhe um milhão de coisas, mas nada saiu quando aquele momento se resumia a única coisa justificável: Hunter havia se lembrado do aniversário dela.

No momento em que fez menção de falar qualquer coisa que fosse, a ligação foi intencionalmente interrompida. Aturdida, Natalie afastou o iPhone do ouvido e encarou a tela já desligada com a mão trêmula. Quando levantou os olhos de mel para encarar os amigos que a observavam com espanto, as lágrimas instantaneamente escaparam. (GIF)

— Amiga! - Natalie sentiu Anna lhe envolver com força em seus braços enquanto ouvia as cadeiras de Hans e Winter se arrastarem bruscamente para que eles se levantassem e corressem até a garota.

— Ele falou alguma coisa? - Hans perguntou, apreensivo, puxando o celular da mão dela para tentar verificar a origem de chamada. Natalie balançou a cabeça em negativa, apenas sentindo as lágrimas lhe molharem toda a face.

— Como sabe que era ele?

Anna soltou Natalie para que, junto dos outros dois, pudesse fitar a castanha.

— Eu só… sei. - a garota de sardas balançou os ombros encolhidos, enxergando a figura dos amigos um tanto turva por conta das lágrimas. - Era ele. Eu só não sei porquê… depois de tanto tempo… por quê?

Foi a vez de Winter se aproximar e segurar a amiga pelos ombros, chamando a sua atenção.

— Porque, Natalie… life sucks. - Anna arqueou as sobrancelhas mas não a interrompeu. - Porque a vida é uma vadia que sempre nos bate e não para de bater até que a gente caia e ache que não vai mais levantar. - ela firmou seus olhos verdes no mel dos olhos de Natalie. - Mesmo quando a gente tá de joelhos e já não tem mais forças para combater aquela dor, pedindo pra parar, pedindo pra desistir. - Winter observou a respiração fora de compasso da amiga em meio ao choro. - E aí, quando a gente desiste… alguém oferece a mão. Alguém surge e nos dá a força necessária para nos reerguermos. Infelizmente o mundo não vai parar para que você se recupere desses tombos doloridos, girl. Mas há pessoas que te amam. Nós todos aqui, cada um do seu jeito, está te oferecendo a mão. E a gente não vai largar, tá escutando? Mas você precisa ser forte. Precisa ser forte e precisa querer superar isso.

— Eu não sei fazer isso! - Natalie soluçou.

— Mas vai saber, Natalie! Você vai saber! - Winter a puxou para um abraço apertado.

  

***FIM DO FLASHBACK***

 

E como num passe de mágica, todas as palavras de Winter passaram a fazer sentido. Demorou para o dia chegar, mas chegou. E ela soube. Soube que não poderia mais conviver com todo aquele sentimento preso dentro de si.

Há pouco menos de um mês, ela também havia queimado todas as fotos e bilhetes que guardava e tanto a lembravam de seu relacionamento frustrado. Mas além do caderno de cartas não enviadas, havia restado uma outra coisa: o colar com pingente de crucifixo que Hunter havia lhe dado no Natal retrasado. E aquele último acontecimento havia sido a gota d’água.

Durante todos aqueles meses, não importava o quanto ela se dizia “curada”, não importava o quanto ela afirmava que o havia esquecido, pois um pedaço dele continuava pendurado sobre o seu pescoço - mais trágico e ironicamente próximo de seu coração do que gostaria de admitir, inclusive.

Depois que Hunter havia lhe abandonado, o colar era a sua única fonte de força, sua proteção. Era tudo o que lhe havia restado. Toda vez que pensava em quebrar, em desistir, em sucumbir... Natalie levava seus dedos ao crucifixo e o apertava firmemente, como se aquele ato a reconfortasse e a abastecesse de todo estímulo necessário para continuar a seguir em frente. Como um elixir. Um elixir da vida no qual bastava apenas tocar.

E só depois de muito tempo ela se deu conta de que aquela era uma desculpa que seu próprio subconsciente havia mascarado para sentir Hunter próximo. E aquele pensamento a corroía, a queimava como um ferro ardente.

Natalie não queria mais depender de Hunter. Não queria mais ter de se apegar à lembrança da presença dele para que sentisse que as coisas estavam bem. Não queria mais estar com Benjamin e sentir Hunter tocando-a, mesmo que simbolicamente. Aquilo precisava acabar.

Mas aquele colar não era como as fotografias e as outras lembranças que ela corajosamente queimou. O objeto havia sido presente da avó de Hunter, e por mais que Natalie quisesse odiá-lo, não tinha coragem para se desfazer do colar de maneira destrutiva. Existia um valor mais do que sentimental, por isso ela decidiu que devolvê-lo fosse o mais prudente.

Sabia que não seria possível entregá-lo a Hunter, propriamente. Não sabia seu atual endereço ou coisa do gênero, por isso acabou julgando que deixá-lo no antigo apartamento dele era melhor opção que ela tinha. Afinal de contas, ainda possuía consigo a cópia da chave que Hunter havia lhe dado enquanto namoravam. Todos os seguranças e recepcionistas do condomínio já estavam cansados de saber quem ela era e do passe-livre que possuía para ir e vir, mas o cantor achou que não era o suficiente. A chave era outro símbolo do que Natalie representava na vida dele - ou pelo menos foi isso o que ele lhe disse. Na altura do campeonato, já não sabia dizer se aquilo algum dia realmente fizera sentido. Mas também já não importava.

O que Natalie não estava contando, é que seu coração lhe trairia a partir do momento em que ela adentrasse o elevador. Sentiu um tremor percorrer todo o seu corpo e se intensificar nas mãos quando usou sua digital no leitor antes de apertar o botão referente ao andar do antes tão conhecido apartamento.

Memórias que nunca achou possuir sobre os vários episódios em que fizera aquele percurso inundaram sua cabeça. Cenas dela sozinha. Cenas dela acompanhada de Hunter. Rindo, beijando-o. Fazendo piadas...

Chacoalhou a cabeça para afastar as lembranças quando ouviu o elevador anunciar que havia chegado no andar anteriormente designado.

As portas se abriram e ela reconheceu o pequeno hall e a porta de entrada do apartamento.

Pegou a chave que havia retirado de seu chaveiro há algum tempo e nervosamente inseriu-a na fechadura. Quando pensou em desistir e dar o fora dali, destrancou a porta e entrou, cerrando-a às suas costas logo em seguida.

Natalie sentiu a garganta travar ao se dar conta de que estava no ambiente que jamais imaginou voltar a por os pés. O lugar no qual ela teve seus melhores dias. E também os seus piores.

As luzes estavam apagadas, e o recinto era iluminado apenas pela claridade externa das enormes janelas da sala. A garota se apressou em ligar o interruptor e assistiu tudo ganhar cor e forma.

O apartamento estava com os móveis um pouco empoeirados, mas continuava exatamente da maneira que ela havia deixado quando foi embora dali, depois de esperar de forma triste e ilusória pelo retorno de Hunter durante algumas noites. Quis rir de si mesma por ter sido tão tola em acreditar que ele voltaria.

Natalie cruzou a sala e foi direto para a mesa de jantar, que ficava depois do largo corredor do primeiro andar. Depositou a solitária chave sobre o tampo da mesa, pois não possuía mais intenções de mantê-la. Quando saísse do apartamento, deixaria a porta travada para trancá-la.

Respirou fundo, e antes que desistisse de seu propósito inicial, levou as mãos ao fecho do colar em seu pescoço, tirando-o. Natalie sentia como se estivesse se livrando de alguma parte de seu próprio corpo. Deixou a corrente pender por entre seus dedos e observou o pingente de cruz na palma de sua mão. Tentou guardar cada detalhe daquele objeto. Desde o tom do ouro ao peso.

Com a mão esquerda, finalmente segurou o colar pela corrente e direcionou-a até a mesa. Mal descansou o objeto na mesa e ouviu um barulho atrás de si. Seu coração deu um pulo dentro do peito, e seu primeiro instinto foi se virar para tentar identificar de onde veio aquele ruído.

 

Sorry - Halsey

 

Foi então que ela sentiu como se o mundo houvesse parado de girar, que o tempo houvesse congelado. Sua visão ficou meio turva, meio em câmera lenta. Por milésimos de segundos, pensou estar sonhando, alucinando. Mas não demorou muito tempo para se dar conta de que aquela visão era legítima e a pessoa que estava à sua frente era ainda mais real. Aquela pessoa era Hunter Saxton. (GIF)

Os olhos cor de mel de Natalie se arregalaram violentamente, junto com a sua boca e queixo, que quase despencaram em direção ao chão. Sentiu sua visão embaçar com as automáticas lágrimas que transbordaram enquanto seus olhos fitavam Hunter dos pés a cabeça, lentamente.

Apesar da imagem de Hunter ainda ser tão fresca em sua memória, ele já não parecia mais o mesmo. As tatuagens continuavam lá, a linha de expressão entre as sobrancelhas continuava lá. Mas muita coisa parecia diferente, e ia muito além do cabelos curtos e tão perfeitamente bagunçados para trás que ele agora possuía. (FOTO)

Os olhos verdes do rapaz, apesar de demonstrarem surpresa ao vê-la, pareciam já não possuir o brilho intrigante que antes emanavam. A expressão facial era tão dura quanto a postura de seu corpo.

Ela notou que o peito de Hunter subia e descia devido à respiração descompassada. Parecia que a mente dos dois havia se conectado e ambos compartilhavam de um rápido filme que corria diante deles. Um filme sobre o que um dia já haviam sido quando juntos.

Lembraram-se de quando seus olhares haviam se cruzado pela primeira vez no camarim daquele show no Madison Square Garden. Das infindáveis brigas e confusões criadas até que finalmente se acertassem. Das viagens, das festas, de como tudo parecia tão bem e tão certo antes de ele ter ido embora… o passado era tão simples perto daquele presente desconexo, que era quase como se nada daquilo houvesse um dia acontecido.

A mandíbula de Hunter tensionou como nunca, e ela ficara ainda mais evidência agora que não existiam mais os longos cabelos para emoldurá-la. Ele não conseguiu evitar que seus olhos marejassem diante da presença de Natalie. Queria correr na direção dela. Queria tomá-la em seus braços, apertá-la, senti-la contra seu próprio corpo. Queria sentir o seu gosto. Queria tanta coisa…! Mas sabia que nada daquilo era possível. Não quando via tanta confusão naquele rosto manchado pelas sardas das quais ele tanto sentia falta.

Ninguém conseguiu pronunciar uma única palavra. Na verdade nem era necessário. Hunter conseguia ler cada pergunta, cada indagação que o corpo de Natalie carregava tão pesadamente. Ele conseguia sentir o mar de rancor e cólera no qual a castanha estava mergulhada. Conseguia sentir o gosto amargo de cada lágrima que ela derramava tão naturalmente, como se seus olhos fossem fontes puras de uma queda d’água ressentida. E a pior parte era ser capaz de ler todo aquele sofrimento tão exposto… e saber que a culpa era dele.

Natalie já não era mais a mesma, e aquele fato estava mais do que claro diante de seus olhos. Toda a imponência, toda a vivacidade e a soberania que eram tão parte dela pareciam ter se dissolvido. No lugar, Hunter via rancor, desordem, revolta... desconfiança. Ele a havia danificado. A arruinado.

Quando se mexeu minimamente, viu Natalie se esquivar como se fosse um animal se sentindo ameaçado. Ouviu-a soltar um ruído de susto antes de sair correndo dali o mais rapidamente que os pés lhe permitiram. Hunter fechou os olhos quando ouviu o estrondo da porta ao ser fechada.


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Notas finais do capítulo

A espera foi longa, mas o baque continua grande, né? :O Quem aí teve um ataque do coração com esse reencontro levanta a mão! o/



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