Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 86
[2ªT] Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Sei que toda nota de capítulo eu peço desculpas pela demora, mas dessa vez o que eu mais temia aconteceu: acabei tendo bloqueio criativo e o capítulo simplesmente não saía! Eu já sabia tudo o que precisava acontecer, mas não estava conseguindo colocar em palavras, que desesperooo!

Mas agora tá tudo bem, todo mundo vivo, certo? Eu espero que sim, porque esse capítulo é cheio de emoção, gente. Então segurem na minha mão aqui, fazendo favor! :x

AAAAA e como o prometido, esse capítulo é dedicado a uma das minhas leituras mais queridas do universo, que sofre, xinga e se revolta, e sempre compartilha suas dores comigo. Ela é super fã de The Vampire Diaries e mega time Stelena (sou Delena, sorry), e quase morreu quando viu que acabei com o shipper dela DE NOVO (Natalie e Aaron), por isso acabei fazendo uma referência de uma cena maior linda de The Vampire Diaries no final desse capítulo! Espero que goste, Jujuba ♥

É isso, beninas, boa leitura! Estou ansiosíssima para a reação de vocês, ririri ♥



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Foi tudo como num passe de mágica. De que maneira Natalie havia chego em casa, nem ela mesma soube dizer. Era como se a sua memória tivesse deletado todos os momentos de desespero e apreensão que se sucedeu no percurso da rua ao metrô, e do metrô até a rua de seu prédio. E de repente ela estava no seu quarto, com o álbum Defenceless no último volume de seu speaker. Também não soube dizer porque havia colocado aquele disco para tocar, mas deu graças a Deus por Anna ter ido dormir no apartamento de Luke naquela noite.

 

If I Could Fly - One Direction

 

Natalie estava escutando a mesma música que Winter havia colocado para encurralá-la um mês antes. A música em que Hunter lhe prometia o mundo se assim ela o quisesse, em que ele dizia o quanto havia se entregado a ela, e que somente ela o conhecia de verdade. Onde ele dizia que estar longe dela era como se um pedaço dele estivesse faltando…

Será que era verdade? Que ela realmente havia significado algo daquela magnitude para Hunter? E se sim, poderia ele estar se sentindo daquela maneira naquele exato momento? Da maneira que ela continuava a se sentir todo maldito dia? Ou… quando foi que Natalie havia deixado de ser tudo aquilo para ele, afinal?

Eram tantas perguntas para as quais ela nunca teve a resposta…! Natalie era diariamente torturada pela sua mente, que tentava entender e pontuar onde ela havia errado. O que ela não viu? E nunca chegar a uma conclusão era ainda pior do que as possibilidades absurdas que sua farta consciência lhe criava a fim de acabar com aquele eterno sofrimento.

A verdade é que Hunter continuava presente. Desde as detestáveis revistas de fofoca e paparazzi que vez ou outra ainda a perseguiam às fãs que reconheciam Natalie na rua e a abordavam para fotos. Estava presente nas rádios, na boca das pessoas como um mistério não resolvido. E estava presente no quarto dela, nas fotos escondidas debaixo da cama, no caderno de cartas que ela escrevia, na memória do celular. Na sua memória. Hunter Saxton estava em todos os malditos lugares para os quais olhava e não havia absolutamente nada que pudesse fazer.

Com os olhos ardendo, Natalie puxou a caixa quadrada que escondia debaixo da cama e a jogou sobre o colchão, sentando-se logo em seguida. Ao abri-la, sentiu o conhecido e saudoso perfume de Hunter inebriá-la junto das memórias que ali se escondiam.

O célebre rosto que ela tanto lutava para esquecer lhe encarou nas inúmeras fotos que ela tirou de dentro da caixa. Fotos de cunho pessoal, de momentos que eles julgaram só deles e de mais ninguém, nunca postadas ou divulgadas nas redes sociais. Era a maneira que o casal havia encontrado de criar momentos especiais que a realidade de Hunter nunca os havia permitido. 

As lágrimas inevitavelmente transbordaram do mel dos olhos de Natalie ao lembrar daqueles momentos registrados por ela. Em uma das imagens, Hunter usava o roupão de frio de Natalie enquanto segurava uma taça de vinho na cozinha dela, aos risos. (FOTO)

Em uma outra, ele parecia ligeiramente frustrado por Natalie estar clicando-o em meio a um jantar romântico do restaurante favorito deles. (FOTO)

A seguinte estava em preto e branco. Havia sido tirada na festa de aniversário de Hunter, e dessa vez Natalie havia aparecido na foto com ele. O flash estava amadoramente ligado e eles estavam fazendo uma pose com expressões engraçadas e aleatórias. (FOTO)

A outra fotografia havia sido tirada com a Instax de Natalie, ela parecia tentar esconder o rosto, aos risos, enquanto Hunter parecia gargalhar ao olhar para a câmera que ele mesmo segurava. (FOTO)

A última das fotos a fez prender a respiração de tal forma que ela quase se esqueceu de como inspirar. Depois de muito insistir, Hunter a convenceu a fazerem uma sessão de fotos juntos, e ela só concordou por terem combinado que seria algo mais voltado ao conceitual. Aquela havia sido a fotografia favorita do casal. Ela estava em preto e branco e os trazia sentados no chão. Natalie estava sentada de perfil, com os cabelos todos lhe cobrindo o rosto, que estava abaixado. Hunter a envolvia, sem camisa, e lhe beijava as costas. Era linda. E conceitual, como queria. Virou a foto e encontrou a conhecida letra dele: “Meu melhor”, ele havia escrito.

Uma mistura de revolta e desespero a assolou de tal forma que ela juntou todas aquelas imagens que tanto lhe significavam e lhe machucavam, e as rasgou.

— Estou cansada de chorar! - Natalie exclamou para o vazio enquanto continuava a rasgar tudo o que via pela frente. (GIF)

Num súbito, pegou o isqueiro na cômoda ao lado da cama e puxou a lixeira perto da penteadeira. Pegou uma das imagens picotadas e deixou que a chama consumisse a beirada do papel. Quando o fogo havia se dissipado e estava a ponto de queimar seus dedos, ela jogou o que restou daquela foto na lixeira. Em seguida, jogou os papéis que estavam dentro da caixa no lixo e assistiu o fogo tomar conta de todas suas lembranças.

Natalie estava realmente cansada. Cansada de chorar, de fugir como sempre vinha fugindo de tudo que a ligava àquelas histórias e de tudo no que elas poderiam refletir se fossem redescobertas por seus novos amigos, por Benjamin. Estava cansada de fingir que estava tudo bem quando não estava, cansada de tentar provar algo a um Hunter que já não fazia mais parte de sua vida. Precisava aceitar aquele fato de uma vez por todas. Sua mente já havia compreendido, mas não o seu coração.

E era justamente por aquele motivo que estava destruindo aquelas fotografias e cartas. Porque aqueles eram os momentos e lembranças com os quais seu coração estava diretamente ligado. Mais do que tudo, estava cansada de viver dividida entre o que a sua vida havia sido antes e o que era agora. Não queria mais ter que relacionar aqueles dois instantes que jamais teriam qualquer similaridade.

Natalie amou Hunter, e sabia que no fundo ainda o amava. E talvez nunca o deixaria de fazê-lo. Mas chegou ao consenso de que nada a impedia de amar duas pessoas ao mesmo tempo. Por que não? Afinal de contas, um amor jamais seria igual ao outro, e ela sabia que Benjamin já estava criando o seu próprio espaço dentro de seu coração. Ele entrou ali sem nem pedir licença, e sem nem saber, começou a arrumar a bagunça que Hunter havia deixado antes de partir. E quando Natalie se deu conta, Benjamin já estava fazendo de seu coração uma nova morada.

Ele lhe estava cuidando tão bem! Benjamin poderia lhe dar tudo o que Hunter jamais seria capaz. Coisas que ela sequer havia se dado conta que havia perdido: o anonimato, os momentos simples que ela tanto apreciava em casal… como pegar metrô, ir ao cinema ou a qualquer lugar sem que um punhado de pessoas os abordassem ou paparazzi os atrapalhassem. A liberdade de fazerem o que quisessem sem serem julgados, de terem maus dias, de serem pessoas normais. Era isso o que ela queria, e com Benjamin poderia fazer tudo aquilo e muito mais. Era capaz de libertá-la das amarras que ela mesma havia criado dentro de si. De fazê-la viver sem medo, sem defesas.

Natalie continuou a assistir as fotos se queimarem até que se tornassem cinzas escuras dentro da lixeira. Não conseguiu deixar de ver a cômica, mas trágica analogia de que aquilo era exatamente o que havia restado dela e Hunter: cinzas.

A castanha começou a se desfazer da caixa quando notou que havia se esquecido de seu caderno de “cartas não-enviadas” sobre a penteadeira. Encarou-o por alguns instantes, em dúvida se deveria queimá-lo também. Mas decidiu que aquela seria a sua única lembrança de tudo o que viveu e sentiu nos últimos sete meses. Natalie era nostálgica o suficiente para querer se lembrar até mesmo do que havia sentido, dessa forma ela jamais se esqueceria daquele inferno, e faria de tudo para não revivê-lo. Escondeu o caderno dentro da gaveta da mesa de cabeceira quando ouviu a campainha ressoar no apartamento.

Ao abrir a porta, encontrou Benjamin com as mãos nos bolsos e os ombros encolhidos. Os olhos estavam atentos e levemente apreensivos. Sentiu o coração se inflar com aquele azul sobre ela. Não soube descrever o quão estava feliz de vê-lo ali, parado em sua porta. Era um misto de gratidão, satisfação e fascínio. Ele era de quem ela mais precisava naquele momento.

Antes mesmo de o loiro pronunciar qualquer palavra, Natalie pulou nos braços dele para um abraço forte e caloroso. (GIF)

Benjamin a apertou em seus braços, sentindo-se aliviado pela garota recebê-lo daquela maneira, pois havia achado que ele e seus amigos haviam lhe ofendido com alguma brincadeira. Mas sentir o corpo dela colado ao seu eliminou completamente aquela possibilidade. Em vez disso, um sentimento de surpresa o arrebatou ao se dar conta do quanto aquela garota de sardas havia se tornado importante para ele. O remoto pensamento de não tê-la mais por perto o havia angustiado no caminho de volta para casa de uma forma que não esperava. Ignorou os pedidos de Winter para deixá-la em paz por aquela noite e dirigiu o mais rápido que pôde.

— Hey… tá tudo bem? - o rapaz perguntou, ainda abraçando-a e se deixando perder no cheiro do perfume dos cabelos de Natalie. - O jeito que você saiu…

— Tá. Agora tá. - ela respondeu com a voz abafada, aconchegando o rosto na curva do pescoço dele. - Me desculpe.

Os dois finalmente se soltaram e Natalie deu espaço para que Benjamin entrasse no apartamento. A garota fechou a porta enquanto ele ainda se virava para ela.

— O que houve? Você se ofendeu com alguma coisa que o Oliver disse, ou…

— Não, claro que não. - a garota de sardas o interrompeu, segurando-o no antebraço. Os olhos azuis de Benjamin a fitaram confusos. Ela respirou fundo, encarando-o de volta. - Estou com alguns problemas para lidar com coisas do meu passado. E às vezes elas surgem do nada e eu acabo agindo daquela forma maluca que vocês viram e… me desculpa, de verdade.

 

Be Mine - Alice Booman

 

Benjamin a segurou pela mão, acariciando os nós dos dedos dela com o polegar.

— Há alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar? - Benjamin raramente usava um tom tão sério nas conversas com as pessoas com quem socializava. Isso porque sempre fora muito seletivo para julgar quem realmente valia seu esforço e atenção. Natalie havia se tornado uma delas.

— Na verdade… tem. - a castanha pareceu sorrir com os olhos antes de começar a guiá-lo para cruzar a sala.

Seguiram pelo corredor do apartamento que Benjamin nunca sequer havia passado da porta de entrada. Como ele havia um espaço só para ele, preferia que Natalie fosse para lá na maioria das vezes - isso quando não dormiam na casa de Oliver e Winter.

Diferente da garota de sardas, Benjamin passou os olhos rapidamente pelo quarto dela sem muito detalhismo, especialmente porque não sentia que aquele era o momento apropriado para apreciar o ambiente como normalmente faria. Seu foco era totalmente Natalie, e somente Natalie.

A castanha o encarou por alguns instantes. Estava tentando gravar e relacionar a imagem dele ao seu quarto. Queria que aquele fosse o único novo cenário da sua rotina: Benjamin.

— Natalie? - ele a chamou, se aproximando e estimulando-a sair de sua divagação para respondê-lo.

Ela molhou os lábios e respondeu encarando-o profundamente.

— Fica comigo?

Benjamin deu um pequeno sorriso, apenas com os lábios. Segurou o rosto de Natalie entre suas mãos carinhosamente.

— Sabe que não precisa nem pedir.

— Não estou falando só de passar a noite aqui. - ela falou um pouco mais baixo quando seus rostos ficaram próximos. Sentiu-se irrevogavelmente mergulhada naquela imensidão azul.

— Eu sei. - ele respondeu ainda mais baixo, quase num sussurro, como se aquele fosse um segredo só deles.

Natalie sorriu encantadoramente antes de Benjamin lhe tomar os lábios para um beijo lento e apaixonado. (GIF)

Ela envolveu os braços em volta do pescoço dele antes de começar a dar alguns passos lentos para trás, trazendo-o consigo em meio ao beijo que se negou a interromper. Benjamin compreendeu as intenções de Natalie, e delicadamente impulsionou o seu corpo contra o dela, fazendo-a se deitar na cama e ficando por cima.

Seu corpo naturalmente se encaixou entre as pernas da garota enquanto trocavam beijos e carícias. Sorriu quando a sentiu puxar a sua blusa com o intuito de removê-la. (GIF)

 

**

 

— Não, eu não estou preparada pra esse jantar, Natalie.

Anna cruzou os braços enquanto assistia Natalie tirar a fôrma de dentro do forno, que arregalou os olhos ao ouvir tal protesto. A garota de sardas se virou para encarar a amiga, ainda segurando o recipiente com a ajuda de luvas térmicas.

— Anna, nem vem! Você prometeu, disse "sim" e não tem mais volta. Olha só. - chamou-a. Anna se aproximou da bancada onde Natalie depositava a fôrma para esfriar. - Eu até fiz uma receita vegetariana por sua causa: tomate recheado com shitake e queijo gruyére.

— Pois é, você me comprou pelo estômago, e isso é ilegal. - a morena aproximou o rosto da comida para sentir o cheiro de um dos seus pratos favoritos.

— Aprendi com a melhor chantageadora de estômagos de New York. - Natalie levantou as sobrancelhas de forma sugestiva e debochada para Anna.

Anna torceu o nariz em resposta, depois descruzou os braços e os deixou cair junto dos ombros, como uma criança mimada que faz birra quando precisa obedecer a uma ordem contra a vontade.

— Eu ainda não entendi qual o objetivo de juntar o Hans, essa Winter e a minha pessoa para um jantar, francamente.

Exasperada, Natalie se desfez das luvas e depositou as mãos na cintura, encarando Anna.

— Eu já disse o motivo! Vocês são meus melhores amigos atualmente, e eu gostaria que se conhecessem melhor. Além disso, é meu aniversário!

— Eu já conheço o Hans. - Anna pontuou, levantando o dedo indicador como se fosse uma sábia anciã.

— Mas vocês não conhecem a Winter! - Natalie riu da amiga.

— E nem preciso. Até porque só há um posto de melhor amiga, e um posto de melhor amigo. E receio que as duas vagas já estão preenchidas. 

Natalie não conseguiu segurar a risada que nasceu em sua garganta, o que fez Anna rolar os olhos castanho-escuros no mesmo instante.

— É impressão minha, ou Anna Castillo está com ciúmes? - a garota de sardas abraçou a amiga por trás, impedindo-a de mexer os braços.

— Ciúmes é uma palavra forte demais. - a morena levantou as sobrancelhas de forma imponente. - Mas podemos concordar que agora vocês parecem irmãs siamesas? Vão às compras, a shows, festas. E você vive dormindo lá. - Anna se soltou para poder se virar e voltar a fitar a amiga.

— Ora, mas isso é porque você sempre está com o Luke. - Natalie indagou. - Podemos concordar que você também me deu uma abandonada?

Natalie deu sua cartada, sorrindo divertidamente em seguida. Anna levantou os olhos, mas dessa vez sem saber o que responder. Não havia como negar a declaração da castanha, porque aquela era a mais pura verdade. Sentiu-se culpada. (GIF)

— É, talvez você tenha razão, mas…

— A Winter é super maneira, An. Aposto que vocês vão se dar super bem. Dá uma chance!

— Nhé… - ela lamuriou.

— E trate de ser legal e tirar essa bitch face. - Natalie  abriu a gaveta de talheres.

— Que bitch face? - Anna franziu a testa irritantemente.

A garota de sardas olhou para amiga.

— Essa mesma.

— Idiota. - Anna soltou o ar de forma impaciente. - Tudo bem. Mas só porque é seu aniversário.

Natalie sorriu, pulando na amiga. As duas riram cúmplices.

— Também te amo. Agora vou me arrumar porque logo eles chegam!

 

**

 

— Será que vocês poderiam mudar essas caras de enterro? A ocasião é meu aniversário, lembram? - Natalie levantou as sobrancelhas, encarando Hans e Anna enquanto depositava a travessa de tomates recheados sobre a mesa de jantar. - Parece que nem querem comemorar comigo.

Hans escondeu o lábio superior por alguns segundos. Parecia ligeiramente incomodado e um tanto impaciente.

— Sabe que não é isso, N. - o castanho pendeu a cabeça para o lado. - É só que eu não sei se estou a fim de conhecer uma das pessoas que estão sendo uma péssima influência pra você.

— Viu? O Hans concorda comigo. - Anna focou sua atenção nas próprias unhas, examinando o esmalte cinicamente.

— Jesus Christ, isso é tão retrógrado! - Natalie apoiou as mãos na cintura. - Eu não sou criança, faço minhas próprias escolhas e ninguém exerce poder nenhum sobre mim. Vocês nem a conhecem, estão sendo preconceituosos.

— Preconceito é muito forte, Natalie. - Anna se defendeu, finalmente colocando seus olhos castanho-escuros sobre a amiga. - A gente não compactua com esse… estilo de vida, só isso.

— Não é um estilo de vida, goddamnit. - Natalie falou entredentes, encarando os dois. - Vocês acham que tudo o que fazemos é encher a bunda de maconha? Francamente! Nossa amizade não gira em torno disso. E Hans… ela é uma grande fã sua, da Elite Four, espero que se lembre disso. - Hans franziu o cenho como uma criança a quem a atenção estava sendo chamada. Natalie respirou fundo exaustivamente. - Por favor, gente… é meu aniversário, e sabem que odeio celebrá-lo. Nem o Benjamin eu chamei, preferi passar o dia com ele e compartilhar a noite com vocês. Podem se esforçar? Por mim.

Anna e Hans se entreolharam por alguns segundos, como se fossem capaz de se comunicar mentalmente. Como se houvessem combinado, os dois soltaram o ar e voltaram a encarar a garota de sardas, assentindo. Natalie deu um sorrisinho em agradecimento antes de a campainha tocar e ela correr para a porta.

— Sorriam. - ela ordenou antes de abrir a porta e dar de cara com uma Winter toda produzida, provavelmente porque sabia que Hans estaria presente.

— Atrasada? - Winter deu um sorriso torto.

— Em ponto!

— Happy fuckin’ birthday, mean girl.— a morena esticou as mãos para entregar um embrulho roxo cintilante à Natalie, que sorriu.

— Obrigada, amiga! Não precisava! - a garota de sardas aceitou o presente e deu espaço para que Winter entrasse.

— Claro que precisava. - ela respondeu despretensiosamente enquanto Natalie fechava a porta. - Até parece que eu não ia te dar um presente!

Assim que entrou, Winter emudeceu. Seus olhos verdes focaram Hans sentado à mesa de jantar. Sentiu seu coração acelerar ao passo em que seus pés estancaram no chão. Deu um sorriso surpreso, como uma adolescente. Hans devolveu o olhar com uma expressão um tanto séria e um pouco sem jeito, se levantando. (GIF)

Holy shit.— a morena soltou quando viu Hans se aproximar lentamente dela. Anna também se levantou.

— Bom… - Natalie esticou o braço para indicar o amigo que já estava de frente para Winter. - Como o prometido… Hans, essa é a Winter. Acho que ele dispensa apresentações, né?

— Muito prazer. - o novo castanho deu o melhor sorriso de pôde, oferecendo a mão à garota.

Winter ignorou completamente o gesto de Hans e pulou nos braços dele, agarrando-o fortemente. Anna observou a cena horrorizada. Natalie tampou a boca para esconder o sorriso e conter a risada ao ver a expressão surpresa e desconsertada de Hans, que estava em um misto de abraçá-la e tentar afastá-la.

— Meu Deus, é você mesmo! - Winter o soltou apenas para apertar-lhe as bochechas, tocando cada extremidade do rosto dele, como se quisesse se certificar de que aquele era mesmo Hans Norwell. O ato foi a cereja do bolo para Natalie explodir em risadas.

— Sim, a-acho que sou s-sim. - o rapaz se afastou dela, alarmado.

Quando Hans se apressou em voltar a se sentar à mesa, Natalie colocou o presente embrulhado que havia ganhado sobre a bancada e segurou Winter pelos ombros, guiando-a na direção de Anna, que lhe lançava um olhar hesitante.

— Winter, essa é a Anna. Anna, Winter. - Natalie continuou atrás de Winter, observando a expressão blasé de Anna. Ela fez uma expressão ameaçadora para que a melhor amiga fosse amigável.

— Então essa é a sua melhor amiga careta! - Winter falou de maneira divertida, segurando o queixo.

Natalie e Hans se entreolharam no mesmo instante, e a castanha riu para disfarçar o clima tenso que sabia que já havia sido criado. Anna ficou tão surpresa com a audácia da garota, que riu cinicamente em resposta, demonstrando que não havia achado graça alguma. (GIF)

— Então essa é a sua amiga Zé Droguinha! - ela devolveu.

Winter riu com gosto do que achava ser uma piada sem maldade, e passou por Anna para se sentar à mesa, de frente para Hans. Natalie soltou um riso mais fraco, encolhendo-se ao passar pela melhor amiga, que lhe lançou um olhar reprovador antes das duas se encaminharem para onde os outros dois já estavam. Anna se adiantou para sentar ao lado do rapaz, pois tinha certeza que mataria Winter se tivesse que se sentar ao lado dela.

O que se sucedeu a partir daquele momento foi um verdadeiro show de horrores, onde Winter, inocente e divertidamente enchia Hans de perguntas inconvenientes, aos quais ele acabava respondendo com um tom de puro constrangimento. Natalie não conseguia fazer nada além de rir e seguir a conversa, pois já conhecia Winter o suficiente para saber que ela apenas não tinha filtro algum, e e era aquela característica que a tornava ainda mais especial. Winter era capaz de arrancar Natalie de sua própria mente sabotadoramente caótica.

Mas se Natalie estava se divertindo com aquela reunião, para Anna aquele momento estava mais semelhante a uma sessão de tortura do que qualquer outra coisa. Ela simplesmente não conseguia disfarçar ou evitar que seus olhos rolassem a cada vez que Winter abria a boca para fazer qualquer um de seus comentários ou piadas impróprias. Não poupava em responder às brincadeiras da garota com alfinetadas certeiras que a faziam gargalhar irritantemente. E o fato de Natalie fomentar a postura da convidada e rir de tudo aborrecia Anna ainda mais. Odiava admitir, mas estava morrendo de ciúmes da cumplicidade que evidentemente existia entre as duas. E odiava ainda mais admitir a si mesma que se ela estivesse mais presente na vida da melhor amiga, talvez Winter jamais estivesse naquele jantar.

Quando percebeu que Natalie já estava mais recuperada de seu trauma com Hunter, Anna começou a passar mais dias seguidos na casa de Luke e a ajudá-lo no processo de reestruturação de sua marca e imagem. Acabou assumindo responsabilidades criativas que nem imaginou e acabou amando. Adorava planejar e desenvolver novos projetos, e poder participar de algo que tinha a ver com a carreira de seu namorado era realmente uma oportunidade única. Então acabou que não era só o fato de estar junto de Luke porque estavam em um relacionamento, mas também por ela ter assumido um compromisso ainda maior: o de relançá-lo no mercado.

Todos os devaneios de Anna foram quebrados quando ela foi obrigada a presenciar as bobagens desmedidas que saíam da boca de Winter:

— Ainda acho que um álbum com um shooting nu seria a melhor sacada para um retorno. - Winter sorriu sacana para Hans.

Anna apoiou a cabeça em sua mão, inconformada, enquanto Hans lançava um olhar de súplica para Natalie, que não conseguiu fazer nada além de rir.

— Acho que nossa amizade ainda não chegou nesse ponto de intimidade. - Natalie quase engasgou enquanto falava entre risos.

— Bom, eu posso fotografá-lo! - Winter espalmou a mão em seu próprio tórax, dando uma piscadela em seguida. Adorava ser debochada e causar impacto nas pessoas. Ela acreditava que aquela era a maneira mais efetiva ficar marcada na lembrança dos outros.

— Você não cansa de ser inconveniente? - Anna movimentou a cabeça em negativa.

— Geez, você é muito carrancuda, An. - Anna fez careta ao ouvir Winter chamá-la como se fossem íntimas. - Acho que uma maconhazinha não lhe faria mal, sabia? - ela comentou casualmente enquanto voltava a cortar um pedaço de seu tomate recheado.

Hans e Anna lançaram um olhar tão mortal que se Natalie não tivesse precisado se levantar da cadeira para atender o celular que tocava estridentemente sobre a bancada, com certeza teria caído morta no chão. Todos preferiram prestar atenção na castanha em vez de continuar aquele diálogo que possivelmente não acabaria bem.

Natalie franziu o cenho quando apanhou o aparelho e percebeu que o identificador classificava o conteúdo como desconhecido. Deslizou o dedo rapidamente pela tela para atender:

— Alô? - não obteve resposta, e instantaneamente um sentimento estranho lhe assolou quando reconheceu o ritmo da respiração do outro lado da linha. Sentiu a sua garganta fechar. Seria possível? - … Alô? - sua voz saiu trêmula antes de chamar o nome que há tanto tempo não saía de sua boca. - Hunter… é você? - ouviu um soluço baixo como resposta e sentiu seus olhos marejarem enquanto ela tentava entender do que se tratava aquela ligação depois de tanto tempo. Queria perguntar-lhe um milhão de coisas, mas nada saiu. Aquele momento se resumia a única coisa justificável: Hunter havia se lembrado do aniversário dela.

No momento em que fez menção de falar qualquer coisa que fosse, a ligação foi intencionalmente interrompida. Aturdida, Natalie afastou o iPhone do ouvido e encarou a tela já desligada com a mão trêmula. Quando levantou os olhos de mel para encarar os amigos que a observavam com espanto, as lágrimas instantaneamente escaparam. (GIF)


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Notas finais do capítulo

O QUE FOI ISSO, VYADUUUUUUUUU

Foi tanta emoção que acho que foi por isso que tive bloqueio, gentys. É Natalie queimando as foto tudo (QUE DOR NO CORAÇÃO), é Winter causany, é HUNTER LIGANDO E DESLIGANDO. Como lidar????

Parece que o retorno dele está próximo, galere. O cerco está fechando. Que que será que vai rolar?



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