Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 85
[2ªT] Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Olá. povo meu!

O tempo está passando, e tudo mudando tanto...! Será que os mundos de Hunter e Natalie estão ainda mais diferentes? Será que isso vai se tornar mais um empecilho pro nosso shipper? E agora, com o Benjamin na jogada? Estão com os corações dividos? Tantas perguntas, tantos acontecimentos...! Esse é mesmo um capítulo de MUDANÇAS. Espero que gostem ♥



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MÊS 7

Hunter’s POV

Quando tudo começou, Hunter não sabia exatamente onde ia dar. Depois da injeção de adrenalina que a sua última composição lhe provocou, a mente acabou entrando em um processo criativo que até espantava. Era como se, de alguma forma, Grace houvesse sido capaz de se comunicar através da música que ele havia escrito e lhe acendido uma pequena chama para aquecer ao menos um pouco seu coração.

Se aquilo era possível, Hunter não saberia dizer. Mas de uma coisa ele sabia: nunca havia produzido canções com tanta assiduidade e rapidez. E ao mesmo tempo, com tanto propósito. Um propósito que tinha nome: Grace Saxton.

Sua irmã havia lhe pedido tão completamente que vivesse…! Vivesse cada dia como se fosse o último e a colocasse em cada uma das coisas que fizesse com amor, pois dessa forma, ela estaria sempre ao seu lado. E ele podia realmente senti-la em todas as partes, a cada soar das cordas de seu violão. A cada letra rabiscada no caderno, ou mesmo no timbre de sua voz rouca enquanto cantava. Aquela era a maneira que Hunter, enfim, havia encontrado para estar junto de Grace, que parecia sussurrar em seu ouvido e até palpitar nas letras que escrevia - o que o irritava em alguns momentos, porque o fazia brigar consigo mesmo atrás da melhor palavra, do melhor ritmo, como se a irmã o estivesse importunando.

Lydia, sua terapeuta, dizia que aquela era uma boa maneira de começar a aceitar a morte de Grace e a seguir a sua vida, mas que era importante compreender que aquela era apenas uma estratégia que seu subconsciente havia criado para lidar com a perda traumática que havia sofrido, e que não poderia se apegar àquela ideia permanentemente. E ele sabia daquilo tão bem quanto gostaria. Mas por ora, era tudo o que ele precisava, e estava tudo bem.

Também havia feito um grande avanço no tratamento e finalmente foi possível que parasse com os medicamentos que o ajudavam a dormir. Os remédios eram, na verdade, calmantes naturais que colaboravam com as noites difíceis. E aos poucos, o que antes era uma rotina com medicações, transformou-se em momentos isolados. A pesada culpa que carregava em suas costas diminuía gradativamente. Tudo ficaria bem, exatamente como Grace havia prometido.

Com isso, conseguiu escrever ao menos 11 novas canções. Sobre Grace, sobre seu passado… e principalmente sobre a única garota capaz de batalhar por um espaço em sua mente além da própria irmã: Natalie.

 

Watch It All Fade - Gavin James

 

Como sentia saudades de sua Freckles…! Do cheiro, do toque, da risada dela. Nunca havia parado para pensar no quanto era viciado em Natalie e em tudo o que ela era capaz de lhe proporcionar, de fazê-lo sentir. Pouco mais de um ano atrás, tudo o que Hunter mais abominava era se sentir fora do controle e completamente desarmado diante de tudo o que poderia provocar afeto, necessidade e amor… e agora nada mais parecia fazer sentido sem ela. Sua rotina, seus propósitos, seus planos. Sem perceber, ele a havia feito ser parte integral de sua vida. E todas essas constatações se transformaram, de alguma forma, em histórias para a maioria de suas canções.

A cada estrofe cantada, cada novo acorde tocado, Hunter era capaz de vê-la se projetar em sua frente. Os momentos, os lugares por onde passaram, os passeios que fizeram. O sorriso tímido escondido nas sardas, os olhos de mel que lhe derretiam o coração com uma simples encarada…! Tudo aquilo havia se desintegrado para sempre quando ele escolheu lhe dar as costas, mesmo não estando no mais perfeito juízo. E o que havia lhe restado foi eternizá-la em suas canções, em sua própria voz, como um grito perdido no universo que Natalie dizia existir dentro de cada pessoa. Sem ela, tudo se tornava vazio, oco.

Uma nova era se iniciava na vida dele. Um mundo onde já não existia Grace, Elite Four… e Natalie. As coisas nunca mais seriam as mesmas, Lydia estava certa. Sua vida não era mais a mesma, seus pensamentos não eram mais os mesmos. Nem mesmo as suas canções eram mais as mesmas. Isso o fez chegar à conclusão de que talvez já não existisse mais espaço para o Hunter de antes. Afinal… ele não era mais o mesmo.

E mesmo sabendo e sentindo em seu interior que já não era mais o mesmo, não conseguia sentir que aquilo estava sendo externalizado. Queria que as pessoas, que o mundo soubesse que o velho Hunter Saxton havia deixado de existir para sempre, junto com todas as outras bobagens que havia cometido no passado. Por isso, decidiu que queria tornar aquela mudança algo visualmente perceptível, que indicasse a ruptura de uma era. E foi com esse pensamento em mente que foi categórico o suficiente para pedir o que pediu à sua mãe:

— Hunter… tem certeza, meu filho?

Angelina continuou parada atrás de Hunter, encarando-o através do espelho. Ele continuou sentado na cadeira, retribuindo o olhar da mãe, que segurava a tesoura um pouco apreensiva.

— Por que não teria? - ele respondeu retoricamente, tentando soar convincente.

— Porque eu sei o quanto significa pra você. - a mulher lhe lançou um olhar maternal através do espelho.

— É só cabelo, mãe. - Hunter rolou os olhos teatralmente. Queria tornar aquele momento o mais rápido possível. - Eu poderia ter ido a um profissional, mas você sabe cortar cabelo. Então gostaria que fosse você.

Angelina deu um sorriso fraco. Conhecia o filho bem o suficiente para saber que sim, ele se importava. Mas entendia, sobretudo, a magnitude daquele gesto.

— E qual será o primeiro ato do meu novo filho? - ela iniciou um outro assunto para distrai-lo enquanto juntava os cabelos dele em um rabo de cavalo com uma mão.

— Voltar para New York. - Hunter abaixou a cabeça, dando atenção ao celular que estava em sua mão.

A mulher lhe deu uma olhada rápida um tanto surpresa, mas tratou de não deixá-lo notar. Pressionou os lábios por alguns segundos, para conter o sorriso que tentou se formar em seus lábios. Viu Hunter colocar o celular no ouvido e logo depois afastá-lo.

— Vai voltar com a banda?

— Não. Mesmo que eu quisesse, acho que isso estaria longe de acontecer. - ele comentou, repetindo o gesto, como se tentasse ligar para alguém.

— Por quê? Juridicamente a banda ainda existe.

— Mas genuinamente, não. - Hunter pressionou a mandíbula. Parecia estar incomodado com o que fazia no celular.

— O que quer dizer com isso?

Hunter, afastou o celular do ouvido novamente e o colocou no viva-voz.

— Este telefone está programado para não receber chamadas. — a voz da gravadora ressoou no ambiente.

— Quero dizer que ninguém da banda quer saber de mim. - a famosa linha de expressão que tornava o rosto de Hunter sério nasceu em sua testa. - Hans bloqueou minhas chamadas.

— Querido…

— Só… - Hunter respirou fundo, voltando a olhar para a mãe pelo espelho. - Deixa pra lá. Pode cortar meu cabelo, por favor? O pessoal do Instituto vai chegar em breve.

— Vai mesmo doar seu cabelo? - Angelina sorriu, um tanto emocionada.

— Outras pessoas precisam mais do que eu. - ele respirou fundo, passando as mãos pelas raízes do cabelo. - Além disso, saber que estarei ajudando alguém faz com que o meu esforço valha a pena.

**

 

Natalie’s POV

Antes mesmo de Natalie adentrar o apartamento de Hans, recebeu uma mensagem do amigo que dizia que ele estava terminando de se trocar em seu quarto. A castanha rolou os olhos, se jogando no sofá da sala dele. Frequentava tanto aquele lugar que era quase como se fosse a extensão de sua casa - com a monstruosa diferença de que seu apartamento caberia umas 5 vezes dentro daquele.

Ficou passeando os olhos pelos detalhes tão conhecidos daquela sala no qual já havia cansado de dormir. O sofá era creme e combinava com o tom claro que todo o apartamento possuía. O lustre era como um globo modernista e ficava exatamente no centro da sala, logo acima da mesinha de vidro com detalhes de madeira.

Natalie girou seu tronco e apoiou os braços no encosto do sofá para observar a vista apaixonante da cidade de New York através das gigantescas janelas de vidro, que revelavam um céu que acordava lentamente, indicando o quão cedo ainda era naquela manhã de sábado. (FOTO)

Só mesmo Hans era capaz de convencê-la a acordar cedo no final de semana. Natalie havia protestado quando o melhor amigo sugeriu o horário, mesmo que no fundo não pudesse argumentar, já que para fotografar ao ar livre, a peça mais importante era nada mais nada menos do que a luz do dia. E eles precisavam aproveitar o máximo possível dos horários sem sol. 

E embora não quisesse admitir, não via a hora de irem fotografar. Ficou contando os dias secretamente como uma criança que conta os dias para o próprio aniversário. Já fazia algum tempo que sua câmera havia sido deixada de lado - sete meses, mais especificamente. Exatamente na mesma época em que Hunter havia partido. E mesmo depois de todos ao seu redor insistirem, apenas a decisão pessoal de Hans em voltar a cantar e desenvolver uma carreira solo foi capaz de lhe dar forças e inspiração suficientes para ela também voltar a fazer o que tanto amava. Querendo ou não, aquele era um momento realmente importante na vida de Natalie e Hans. Era um momento de ruptura, a hora de seguir em frente.

— Desculpe a demora, estava terminando de separar as combinações de roupas para o shooting.

O devaneio de Natalie foi quebrado quando a voz de Hans invadiu o ambiente e ela escutou os passos do rapaz se aproximando do sofá. Mas foi somente quando ela se virou para olhá-lo que seu queixo quase se desprendeu da cabeça.

— Hans?

Demorou alguns segundos até que o cérebro de Natalie finalmente assimilasse que aquele rapaz à sua frente era mesmo Hans Norwell. E o estranhamento aconteceu por um único detalhe: os cabelos dele já não eram mais loiros. Em vez disso, os fios agora obtinham uma coloração que tendia mais ao castanho claro. (FOTO)

Os olhos cor de mel de Natalie o fitaram com certo estarrecimento quando ela se levantou subitamente para receber o amigo, que sorria divertido diante da reação dela. (GIF)

— Que foi? Ficou tão ruim assim? - Hans riu, passando os dedos por entre as madeixas, agora escuras.

— Sabe que não. - ela também riu, ainda tentando se acostumar com a nova aparência dele. - Mas… what a hell?

— Acho que o momento pediu por mudanças. - o novo castanho balançou os ombros. - E eu queria que fosse algo marcante que fizesse as fãs entenderem isso. O que achou?

Natalie deu um sorrisinho maroto, se aproximando de Hans.

— Se você queria algo marcante, certamente conseguiu. - a garota de sardas bagunçou o cabelo dele. - Ficou lindo, como sempre. - Hans sorriu em resposta. - Acho que o shooting de hoje vai ser ainda mais interessante!

O momento foi interrompido pelo toque do celular do celular de Natalie, assustando-os. A garota correu para atender a chamada, que pela foto do identificador, ela descobriu ser Benjamin.

— Hey!

— Hello, beautiful.

Natalie torceu o rosto divertidamente.

— Já disse que esse apelido é vergonhoso, não disse?

— Yep. Por isso continuo a te chamar.

— Quer que eu te chame de Honey Bear? - ela soou provocativa. - Oliver vai amar.

— Parei.

— Foi o que pensei.

— Geez. Você é a pior pessoa do mundo.

— Sou a sua melhor pior pessoa do mundo. - Natalie sorriu, e Hans franziu a testa, observando-a ao telefone. (GIF)

— You’re damn right. Enfim, topa ir à casa da Winter e do Oliver hoje?

— Claro! Que horas?

— Estava pensando em ir umas 11 horas.

— Da manhã? - Natalie mordeu o lábio. Ainda estaria com Hans. - Tenho um trabalho hoje. Aliás, já estou nele.

— Precisa de uma mão? Assim podemos ir de carro direto para lá depois, o que acha?

— Ah… - Natalie engasgou com a própria fala por alguns instantes, pega de surpresa. - Não é necessário. Estou fazendo um projeto com um amigo que me contratou, nada sério. - Hans resmungou, a olhando feio e Natalie lhe deu um empurrão de leve, fazendo sinal de silêncio com o dedo indicador. - Posso encontrar você lá depois do almoço, sem problemas.

— Cool. Nos vemos mais tarde então. Bom trabalho, sexy. - Natalie gargalhou ao ouvir a entonação propositalmente nada atraente de Benjamin do outro lado da linha.

— See you later, alligator.

Natalie desligou o celular e sustentou o olhar, encarando Hans sem saber exatamente o que falar.

— Um projeto nada sério? - Hans levantou a sobrancelha, dando um sorriso de lado. - Não vai me dizer que você ainda não contou para Mr. Smoke o seu passado como fotógrafa oficial da Elite Four?!

— Cala a boca, Hans! - Natalie sorriu de volta, meio sem graça. - Não é como seu eu houvesse tido oportunidade e…

— C’mon, Natalie! Você sabe que ele me reconheceu aquele dia no seu apartamento. Uma hora ele vai acabar descobrindo. - Hans advertiu, apontando para ela enquanto pegava a carteira, as chaves do carro e a mala com as roupas para a sessão de fotos.

— Sim, ele me disse que você não lhe era estranho, mas… - Natalie pegou sua mochila com a câmera e os equipamentos. Ela soltou o ar impacientemente. - Deixa comigo, que eu sei o que eu tô fazendo, Irish.

— Sei… - ele riu de canto. - Escuta…

Natalie parou de andar em direção da porta quando Hans lhe chamou a atenção e o encarou para ouvir o que ele tinha a dizer.

O rapaz a fitou de volta, um tanto tenso. Há alguns dias atrás havia recebido ligações de Hunter. Aquela possibilidade sequer havia passado pela sua cabeça, já que o identificador de chamadas não reconheceu aquela chamada com o nome de Hunter, apenas como um número não registrado da Inglaterra.

Quando ouviu a voz de Hunter do outro lado da linha, ficou em choque. Ao mesmo tempo, uma onda de irritação lhe atacou.

— Como teve a coragem de me ligar? - usou o tom mais ríspido que conseguiu.

— Hans, por favor. Há coisas que você não iria entender…

— As pessoas nunca te entendem, não é? Mas não é como se você realmente se importasse com alguém.

— Isso não é verdade. Eu queria poder ter explicado a vocês, à Natalie, mas…

— “Mas” nada. Estamos todos cansados de você e das suas desculpas. Não torne a ligar, Hunter. Nós estamos bem sem você. Não precisamos mais do seu fantasma para nos assombrar.

Hans sequer o deixou lhe responder. Finalizou a chamada e bloqueou o número de Hunter instantaneamente.

Desde então, passou dias pensando em contar sobre aquela ligação para Natalie. Chegou a ligar para a garota a fim de relatar o episódio, mas sempre acabava desistindo e entrando em um outro assunto para disfarçar. Sentia-se dividido entre o dever que tinha com a melhor amiga e o fato de que sabia que aquilo a afetaria negativamente, com toda a certeza.

Sabia o quanto ele, e principalmente ela, havia demorado mais do que Thomas e Luke para aceitar a partida de Hunter como algo permanente. Mais do que isso, sabia o quanto a partida de Hunter havia causado feridas e inseguranças profundas. Ele era seu melhor amigo, e de uma hora para outra, sentiu-se traído, enganado por aquele que dividia seus sonhos e suas histórias. Imaginava como aquele acontecimento havia gerado o dobro de sua dor em Natalie. Afinal de contas, ela era a namorada de Hunter. Fez parte de toda a história dos dois, havia acompanhado cada evolução, cada fase daquele relacionamento que se fortificava dia após dia. E testemunhou a queda de sua melhor amiga até o poço. Assistiu-a abandonar suas ocupações, seus planos e sonhos, a isolar-se do mundo e querer sumir. Só ele e Anna sabiam tudo o que Natalie havia passado durante todo aquele tempo e o quanto demorou até que as coisas finalmente começassem a voltar aos eixos. E por mais que não concordasse com o novo estilo que ela levava ao lado de Benjamin e seus amigos, aquela era a melhor Natalie que ela já havia reencontrado depois de tudo. Aquilo poderia ser apenas uma fase, e Hans não ousaria destruir todo o avanço por causa de uma ligação que ele sabia ser capaz de devastá-la e até levá-la a um caminho sem volta.

— Fala, Hans. Bugou? - Natalie debochou, ainda encarando Hans, à espera dele.

— Buguei. - ele respondeu, passando por ela para alcançar a porta. - Buguei de tanta melação que fui obrigado a presenciar. “Honey Bear”“See you later, alligator”? - fez cara de ânsia.

— Idiota! - Natalie riu, empurrando-o para fora do apartamento.

 

**

 

Benjamin e Oliver estavam em uma partida acirrada de Call Of Duty no PlayStation enquanto Winter estava ocupada fazendo as unhas na cozinha com os fones de ouvido no último volume.

— Fuck, Oliver! - Benjamin xingou quando Oliver o alvejou na partida.

— Sabe o que dizem: azar no jogo, sorte no amor. Você não pode ter tudo. - Oliver se vangloriou, dando uma piscadela que Benjamin julgou petulante de sua parte.

— Ah, claro. Então você e a Winter estão na merda, por acaso? - Benjamin voltou a se focar na nova partida.

— Obviamente que não. Só que eu sou o rei do Call of Duty, Ben. Aceite. - Oliver franziu o cenho, mordendo a língua por alguns instantes, concentrado no jogo. - Mas a existência da Nats é um bem para a toda a humanidade, se quer saber. Temos de agradecer.

— Como é? - Benjamin torceu o rosto, olhando rapidamente para o amigo um tanto abismado com o comentário de Oliver. Voltou a olhar para a tela logo em seguida.

— Desde que você e a Natalie começaram a sair, seu humor melhorou em exatos 96%. - o rapaz de cabelos escuros esticou a mão rapidamente sobre a mesinha ao lado do sofá para agarrar uma porção de salgadinhos e enfiar tudo na boca em meio ao jogo. - Isso reflete diretamente na minha segurança e paciência.

— E os outros 4%?

— Esses são irreversíveis e das trevas.

Benjamin rolou os olhos enquanto um sorriso torto surgiu em seus lábios.

— Como você é escroto.

— Estou falando sério! - Oliver lançou um rápido olhar ao amigo. - Viu? Está até sorrindo. Em outro momento estaria praticando seus golpes de boxe em mim. - dessa vez Benjamin não conseguiu conter o riso. - Está gastando a energia em sexo, isso é ótimo.

 Geez, Ollie!

Oliver não soube dizer se o grito de Benjamin era em resposta ao comentário dele ou se porque ele havia acabado de matá-lo novamente.

— Já estão namorando? - o rapaz questionou como se fosse uma pergunta qualquer enquanto uma outra partida se iniciava.

Benjamin deu pause no jogo no mesmo instante e girou o seu corpo na direção do amigo, apoiando o braço sobre o encosto do sofá.

— Ok. Já chega de ficar tentando criar uma conversa jogando perguntas soltas no ar. - Oliver lhe lançou um olhar teatralmente inocente, como se estivesse ofendido com a acusação de Benjamin. - Cut the crap, Ollie. Pergunta logo.

Oliver o encarou por alguns instantes até perceber que seu plano realmente não havia funcionado. Ele, então, jogou o controle para o lado, dando-se por vencido. Benjamin o conhecia bem o suficiente para saber quando ele estava tentando arrancar informações pelas beiradas.

— Vocês já conversaram?

— Pode ser mais específico? - Benjamin bocejou. - Conversamos o tempo todo, sobre muitas coisas.

O amigo de cabelos espetados rolou os olhos, suspirando e afundando as costas no sofá.

— Porra… já tá na cara que vocês claramente estão em um novo “patamar”. - Benjamin fez uma careta, meneou a cabeça por alguns instantes, mas finalmente concordou com Oliver, que continuou. - E até agora, as únicas coisas que você sabe é que ela é brasileira, faz jornalismo e ama café.

Benjamin riu em resposta, jogando a cabeça para trás relaxada e debochadamente.

— Não fala bobagem, Ollie. Sabemos bastante um do outro, e cada dia há algo novo. Então acho que você não tem que se preocupar com isso.

— É mesmo? - Oliver levantou uma de suas sobrancelhas com uma expressão duvidosa. - Qual o nome do ex dela?

— Oh my God. Então todo esse papo é sobre isso? - o loiro respirou fundo. - Ela também não sabe nada sobre a Sophia. Isso não significa nada.

— Mas a Winter claramente sabe de algo que você não sabe. Isso não te preocupa?

— Na verdade, não.

A tranquilidade de Benjamin surpreendeu Oliver. (GIF)

— Tá falando sério?

— Tô. - Benjamin ficou encarando Oliver por um tempo até perceber que aquela resposta não era o suficiente. - Cara… a Winter é minha amiga. Se fosse algo realmente sério, ela já teria me falado. Isso significa que ela entende e respeita que a Natalie vai falar quando achar que deve, assim como eu. Nós não estamos namorando e ela não tem que se sentir na obrigação de falar sobre o que ainda não se sente confortável. Não vou ficar me colocando em uma posição que não me cabe, simples assim.

O loiro passou as mãos nos cabelos de forma inquieta quando notou a expressão nada convencida de Oliver, que logo rebateu: (GIF)

— Tudo bem. Acho nobre... escroto, mas nobre que você tenha essa paciência toda, porque eu gosto de viver às claras… só não venha me dizer que vocês não são namorados e você não tem o direito de saber, porque a única coisa que vocês não têm é a porra do rótulo, Ben. Vocês agem como namorados, sim. - ele viu Benjamin abrir a boca para argumentar, mas não permitiu. - Qual é! Ela sai com seus melhores amigos, e dorme na sua casa constantemente. Até presente de Natal vocês trocaram! E até onde eu sei, vocês não estão transando com mais ninguém, estão?

— Não. - Benjamin admitiu naturalmente.

 There it go. Vocês estão namorando, ponto final, não quero saber.

O loiro não conseguiu fazer nada além de gargalhar de Oliver, que lhe lançou um olhar triunfante antes de se levantar para atender a campainha que tocava.

— Deve ser a sua namorada.

 

**

 

A reunião, assim como todas as outras em que Natalie estava na presença do trio, era puramente regada a risos, jogos, confissões e conversas jogadas fora que ela adorava. A cada encontro que tinha com Winter, Benjamin e Oliver, mais se sentia parte do grupo. Já era normal que ela e Benjamin acabassem dormindo no apartamento do casal depois de algum jantar ou festa. Aliás, nenhum evento era realizado sem que Natalie fosse convidada ou ajudasse a organizar. Sua integração era mais do que oficial, e aos poucos Winter se tornou a sua amiga mais próxima - depois de Anna, é claro. Anna era praticamente sua irmã.

Elas conversavam sobre tudo, com exceção das vezes em que Winter perguntava sobre seu passado com Hunter e a Elite Four. A propósito, aquela época se tornava cada vez mais distante da sua realidade dia após dia, quase como se nunca tivesse acontecido. A única coisa que a prendia àquela história era a sua amizade com Hans, que não por acaso, se fortalecia ainda mais. Inclusive, Winter vivia lhe pedindo que a levasse em uma de suas reuniões com Hans para que ela finalmente pudesse conhecê-lo. Natalie havia se rendido e prometido que promoveria aquele encontro em um futuro não muito longe, desde que ela se lembrasse de não mencionar o nome de seu amigo a Benjamin e Oliver.

Não mencionar Hans com tanta frequência quanto gostaria era um desafio e tanto para Natalie, especialmente porque ele era seu melhor amigo. Mesmo assim, ela tentava fazer de tudo para que aqueles dois mundos tão distintos não se cruzassem para que não fosse obrigada a ter de falar sobre Hunter. Era também por este motivo que a castanha não promovia encontros entre Benjamin e Anna. Em algum momento ele conheceria Luke, e as coisas acabariam indo para o mesmo caminho que ela tanto evitava. E Anna odiava aquela situação, principalmente por estar enciumada com a amizade entre Natalie e Winter. Porém, em vez de admitir tal fato, preferia alfinetar Natalie com comentários que flutuavam entre o cômico e o dramático. Mas era assim que a garota de sardas havia decidido viver por enquanto: omitindo e encobrindo.

E foi com essa premissa que ela acabou subindo para o rooftop do prédio de Winter e Oliver para retornar a ligação de Hans:

— Desculpe, quando fui atender parou de tocar! - Natalie começou quando Hans atendeu a chamada.

— Isso que dá ficar vivendo uma mentira! - Hans brincou acidamente.

— Não vivo uma mentira, Hans, shut up. - ela riu e ouviu o loiro gargalhar do outro lado da linha.

— Se você diz… escuta! Quando conseguimos fazer a segunda sessão de fotos? O Steve já quer marcar uma entrevista de “volta aos palcos” com o James Corden em breve. Vou gravar a última música essa semana e precisamos das fotos do álbum prontas até o fim da próxima semana.

— Meu Deus, já está chegando! Nem acredito que já está com o álbum quase todo gravado! Nem parece que madruguei com você no estúdio por quase uma semana! - a castanha começou a andar pelo rooftop, passeando despretensiosamente enquanto conversava.

— Pois é, a sorte é que eu já havia composto as músicas ao longo dos meses, sem planejamento de voltar ou algo do tipo. E o Steve me colocou em processo mais do que acelerado de gravação. Já até soltou rumores sobre a minha volta na imprensa. – Hans riu fracamente e Natalie o acompanhou. - Ele quer me lançar um pouco depois do Luke.

— Entendi! Bom, podemos amanhã ou depois, o que acha? Podemos aproveitar seu terraço.

— Ótima ideia! Vou avisar o Steve, ele vai querer conversar com você pessoalmente.

— Sem problemas! Vai me atualizando. - Natalie se apoiou no parapeito.

— Tudo bem. E vai preparando o coração do seu Don Juan para a notícia.

Natalie gargalhou.

— Cala a boca.

— Amo você. — Natalie conseguiu perceber que Hans sorria do outro lado.

— Também amo você. - ela sorriu abobada antes de desligarem.

A garota de sardas mal havia guardado o celular no bolso de trás da calça e deu um pulinho ao ouvir a voz de Benjamin às suas costas:

— Quer dizer que tenho um concorrente? - o loiro brincou, dando uma piscadela quando Natalie se virou.

— Bem… o que dizer? Sou bem concorrida. - Natalie entrou na brincadeira ao vê-lo se aproximar. - Era Hans, estávamos fechando a próxima sessão de fotos.

Benjamin colocou o baseado que trazia entre os dedos na boca e prendeu-o com os lábios para acendê-lo com o isqueiro, tragando-o no momento em que a chama se acendeu. Natalie o observou segurar a fumaça por alguns segundos antes de soltá-la para o alto com tranquilidade. Em seguida, puxou-a com delicadeza pela lombar enquanto lhe entregava o cigarro com a outra mão. Natalie repetiu o gesto do rapaz, tragando a fumaça. Os olhos cor de mel se atentaram ao papel da seda que se queimava lentamente.

— Acho que ele não gostou muito de mim. - Benjamin comentou de forma espontânea enquanto a via soltar a fumaça de seus pulmões. Adorava vê-la fazer aquilo. Aos seus olhos, ela ficava ainda mais sexy.

— Não é isso. Ele só se preocupa comigo.

Natalie sorriu timidamente quando o notou encará-la. Sentia-se cada vez mais atraída por Benjamin a cada olhar que recebia dele. No entanto, percebeu que o azul escondia uma certa inquietação que ela não se lembrava de já ter notado alguma outra vez, e a constatação desfez seu sorriso no mesmo instante.

— Acha que ele tem motivos? - Benjamin questionou, sustentando o olhar no dela, sentindo-se mergulhar naquele espelho amendoado.

A castanha respirou fundo e lançou seu olhar para além dos ombros de Benjamin, encarando a paisagem dos prédios de Manhattan ao longe. Muito rapidamente voltou a encará-lo. Sentiu o ar ficar rarefeito e não soube dizer se era pelo nervosismo que lhe tomava ou se era por conta da erva que havia fumado. Na dúvida, tragou o baseado mais uma vez para tentar afastar a agitação que tomava conta de seu peito.

— Na verdade tem… mas não por sua causa. - ela se adiantou, impedindo que o loiro tivesse qualquer reação. - São pelas coisas que me aconteceram há algum tempo. Meu passado não ajuda muito. - deu um sorriso fraco.

— Sei como se sente. - Benjamin imitou o sorriso dela e observou-a franzir o cenho em sinal de dúvida sobre o que ele havia acabado de falar. Ele pressionou os lábios por um segundo antes de voltar a falar, incerto. - Meu passado também não ajuda nem um pouco. Tanto que acabei mentindo pra você.

Natalie sentiu algo se chocar violentamente em seu tórax, e por segundos ela achou que seu coração tivesse se desprendido.

— M-mentiu? - seu estômago se revirou só de ouvir a palavra “mentira”. Estaria ela passando por tudo de novo?

— Sim… quando disse que eu sempre quis vir para New York City, bom… era mentira. - ele fez uma pequena pausa, olhando para baixo. Parecia nervoso. - Só que depois, em uma das nossas conversas, você falou o quanto odiava mentiras e eu acabei ficando refém do que havia já havia contado e…

— Não precisa continuar. - ela o interrompeu, ainda sentindo o coração acelerado. - Você não precisa…

A castanha se surpreendeu quando sentiu Benjamin a segurar delicadamente pelos braços, impedindo-a de continuar a falar no mesmo instante.

— Não, eu… eu preciso. - ele sequer sabia o motivo. Talvez fosse o efeito da maconha.

— Tudo bem… - Natalie concordou sem saber o que esperar.

— Eu vim para New York contra a minha vontade. Tinha essa garota, a Sophia. Ela era mais velha do que eu. - Natalie tensionou a própria mandíbula, escutando-o atenta e receosamente. - E quando nos apaixonamos, fazemos coisas estúpidas. - ele soltou um riso fraco e anasalado, como se aquela história o fizesse viajar para aquele tempo. - Ela me convenceu que deveríamos nos aventurar pelo mundo afora, que fôssemos para a Califórnia. Eu poderia começar a procurar empregos na área cinematográfica e ela, iniciar testes como atriz. Eram os nossos sonhos, sabe? - ele sorriu apenas com os lábios, franzindo a testa, e Natalie transformou sua boca em uma única e fina linha. - E é claro que meus pais não concordaram. Por isso, eu roubei o Porsche do meu pai e fugi com ela para a Califórnia.

— Meu Deus… - Natalie arregalou os olhos.

— Meus pais nunca gostaram da Sophia. Diziam que ela tinha forte influência sobre mim… e acho que era verdade. Eu fazia tudo por aquela maluca, e ela sabia disso. - Benjamin soltou o ar de uma vez. - E bom, eu estraçalhei o carro do meu pai. O fim dessa história? Meus pais me buscaram, me deram um castigo colossal e me impediram de ingressar na melhor faculdade de cinema de Los Angeles.

— Como assim, e a Sophia?

— Quando meus pais foram me buscar, ela sumiu com medo que eles a denunciassem por ser maior de idade, ou algo do tipo. Mas na verdade, ela me usou para conseguir chegar lá. Ela não tinha grana e encontrou um filhinho de papai idiota que tinha. - apontou para si mesmo antes de continuar. - Ficou na Califórnia, e nunca mais me procurou. E foi assim que eu perdi a chance da minha vida de estudar cinema em LA. Por isso vim estudar na Tisch. Meu pai se recusou a pagar qualquer universidade da Califórnia.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos e Benjamin subiu os ombros de maneira um tanto divertida antes de roubar o baseado da mão de Natalie para fumar. Era curioso que ele contasse aquela história com tanta naturalidade.

— Uau. - foi a única coisa que Natalie foi capaz de proferir.

— É. Eu achei que seria meio esquizofrênico contar que eu perdi a garota e a faculdade no nosso primeiro encontro. E como vi que o quanto você amava New York… - ele deu um sorrisinho sapeca, fazendo-a rir.

— Você não precisava falar sobre isso, por quê…?

— Porque eu confio em você. - Benjamin a cortou, olhando-a firmemente. - E porque eu tô chapado. 

Natalie gargalhou, jogando a cabeça para trás. (GIF)

— Bobo. - ela envolveu seus braços ao redor do pescoço do loiro.

— Sei que fará o mesmo quando se sentir preparada. - Benjamin segurou os braços dela, acariciando-os.

A garota de sardas sorriu abobada. Desejava ser tão corajosa quanto ele.

— Obrigada, melhor pior pessoa. - Benjamin sorriu encantadoramente em resposta.

Natalie diminuiu o espaço entre eles para beijá-lo demoradamente.

 

**

 

Depois de um tempo juntos, Benjamin e Natalie desceram para se juntar a Winter e Oliver, que discutiam sobre o final de um filme que haviam assistido mais cedo. Uma playlist aleatória tocava ao fundo.

— Não, que diabos. É cientificamente impossível. Como o moleque no espaço se comunica com uma garota na Terra em tempo real, Winter? For Christ’s sake. - Oliver se pronunciou, inconformado, gesticulando enquanto estava jogado no sofá.

— É por isso que se chama ficção científica, Oliver. - Winter rebateu, rolando os olhos.

— Inaceitável.

Natalie nem sabia do que se tratava a discussão, mas estava se divertindo. Segurou o riso, olhando discretamente para Benjamin, que não conteve o sorriso, balançando a cabeça em negativo. A castanha alcançou a taça de vinho que havia abandonado mais cedo na mesinha ao lado do sofá, quando foi atender a ligação de Hans.

— Qual foi, Ollie? - Benjamin se jogou ao lado do melhor amigo, curioso.

— Winter me fez assistir a um péssimo filme e ainda quer argumentar. - Oliver parecia desolado. - Fala pra ela que aquela aberração cinematográfica não pode ser considerada ficção científica, pelo amor de Deus, Ben.

— Não me mete nessa treta, não. - o loiro avisou, apontando.

— O filme é super fofo, para com isso! Eu não falo mal dos filmes que você escolhe! - Winter franziu o cenho.

— Claro, você dorme nos primeiros dois minutos! - ele abriu os braços em resposta, o que fez Natalie quase cuspir o vinho que estava em sua boca.

— Chato! - a morena cruzou os braços, emburrada.

Oliver deu de ombros e voltou sua atenção para Natalie, e ela já sabia, apenas pela expressão debochada que se formava em seu rosto, que ele a provocaria com algo. Adoravam perturbar um ao outro.

— E aí, N? Altos pegas com o Ben lá em cima?

— Ô! Diferente de você, Ollie, gastamos o tempo com coisas bem mais calientes que discutir sobre filmes, não é, Ben? - Natalie brincou, fazendo Oliver lhe mostrar o dedo do meio e incitar os outros a rir.

— Essa é a minha garota. - Benjamin lançou um sorriso um tanto sedutor para Natalie, o que ela prontamente retribuiu, levantando as sobrancelhas enquanto tomava um gole de seu vinho e lhe observava pelo canto do olho. (GIF)

— Winter, fala pra eles que fazemos coisas calientes. - Oliver ordenou à namorada já com um sorriso triunfante para Natalie.

— Eu não. - Winter deu de ombros de forma brincalhona. - Prefiro meu filme ruim, by the way.

— Uuuu! - Benjamin pulou no amigo para tirar sarro dele.

Natalie começou a rir, assistindo àquela cena. Era realmente muito bom estar na presença de seus novos amigos. Winter se juntou a ela nas risadas enquanto observava a carranca de Oliver ao ser provocado por Benjamin. Mas o sorriso de Natalie não durou muito tempo.

 

Perfect - One Direction

 

Sentiu sua coluna travar e os pés estancarem no chão ao ouvir a introdução da música tão conhecida aos seus ouvidos inundar o ambiente. Seus olhos cor de mel rapidamente procuraram o verde dos olhos de Winter, que já a estava encarando com uma expressão apavorada. A morena balançou a cabeça em negativa, indicando que daquela vez ela não era a culpada de uma música da Elite Four estar na playlist. Aquilo era realmente um acaso infortúnio.

— Oh, no! — Benjamin levou as duas mãos às maçãs do rosto ao ouvir a música. - De novo essa música?

— Culpa da Winter. - Oliver apontou para a morena. - Isso que dá dividir Spotify com a namorada. As playlists sugeridas se transformam em uma sessão de tortura.

— Cala a boca, idiota. - Winter xingou às pressas enquanto seguia para perto do celular do namorado, que estava ao lado dele, no sofá. - Basta trocar a maldita música!

No entanto, Winter foi impedida de alcançar o iPhone quando Oliver foi mais rápido.

— Ué, agora deixa! Você não ama essa música? - Winter fez careta, o que fez Oliver rir. - Que foi, tá com vergonha, agora?

— Céus, Winter. Você realmente gosta desses caras?

Winter tentava arrancar o celular da mão de Oliver, sem sucesso, pois ele a afastava com apenas uma mão. Às vezes usava uma de suas pernas também.

Natalie continuava estática, não conseguia realizar um simples movimento. Era como se qualquer gesto, qualquer frase fosse capaz de entregá-la. Seu coração já estava quase na boca e ela sentia que o vinho que havia acabado de ingerir voltaria a qualquer instante. Assistia àquela cena como se fosse um filme de terror, horrorizada, enquanto os garotos riam como se tudo aquilo fosse realmente cômico.

— Gosta, Ben. Sabe as músicas de corCan you believe this shit? - Oliver respondeu aos risos, pois a namorada tentava pular sobre ele.

— Você não é mais uma adolescente facilmente iludida, Winwin. Que vergonha. - Benjamin debochou.

— Pois é. É só analisar as letras, Winter. Só merda. Se liga só.

— Chega, Oliver. - Winter falou mais seriamente, mas Oliver a ignorou.

— Causar problemas em quartos de hotel? Ir para lugares que nem podem ser mencionados? - o rapaz de cabelos espetados questionou algumas das estrofes que estavam tocando no exato momento. - Eles se inspiram em uma garota qualquer com quem dormiram em uma noite, misturam a letra com as palavras “amor” e toda essas merdas que as menininhas gostam com um ritmo lento… e boom: vira uma música romântica de sucesso. Francamente. - Benjamin riu dos comentários do amigo. (GIF)

Aquela foi a gota d’água. Aquela não era uma música qualquer, e principalmente, a garota mencionada não era uma garota qualquer de uma única noite, e Natalie sabia perfeitamente daquilo. Pois ela era a inspiração daquela música que tanto amava e odiava, e que continuava a lembrá-la e assombrá-la de seu passado doloroso com Hunter Saxton. E não importava o quão lamentável fosse, aquela era e sempre seria a sua música. A música de Hunter para ela, e apenas ela. Era a história deles. E era perfeita do seu jeito.

A única coisa que Natalie teve tempo de fazer foi puxar a bolsa que estava no outro sofá e correr para a porta. Todos os olhares se voltaram para ela, e Benjamin se levantou com pressa para tentar alcançá-la, mas foi impedida por Winter, que a segurou pela manga da camiseta. Oliver também se levantou quando Natalie sumiu do apartamento, batendo a porta contra suas costas.

— Que porra acabou de acontecer? - Oliver olhou para Benjamin.


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Notas finais do capítulo

Alguém se emocionou com a atitude do Hunter em cortar e doar os cabelos ou foi só no meu olho que caiu um cisco, mesmo? Como disse nas notas iniciais do capítulo, tivemos mudanças ainda maiores, e aos poucos isso tudo vai refletir na transformação dos nossos lindos personagens. Resta esperar pra saber se será algo bom ou ruim, não é mesmo? E está chegandoooo! Hunter vai mesmo voltar pra NYC, SOCORRO

Outra coisa: estou amando o quanto a amizade da Natalie e do Hans se fortaleceu ainda mais, e vocês? Eles estão muito mais brincalhões, íntimos e fofos, né? *-* AH, o que acharam dele moreno? Um pitelzinho, vamos combinar hahahahah

MELDELS, essa coisa das músicas da Elite Four tocarem já estão ficando desesperadoras, néam? Oliver não conseguiu se segurar. Será que ficou muito na cara a reação da Natalie? Será que o Benjamin já sacou algo? Justo agora que ele se abriu pra Natalie! Foi muito fofo, né? Parece que todo mundo tem um passado meio dolorido nesse meio, hein...
E a Natalie, tadinha?! Gente, eu nem sei o que eu faria se estivesse no lugar dela. Acho que eu teria fingido um piripaque, sei lá HAHAHAHAH FORTES EMOÇÕES



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