Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 71
Capítulo Setenta e Um


Notas iniciais do capítulo

MUITO BEM. Acho que um dos capítulos mais esperados chegou! Muita gente querendo me matar no grupo, muita gente querendo me matar aqui também, mas em minha defesa... Acho que vai valer a espera.



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— Amiga, tem certeza que essa é uma boa ideia? - Anna perguntou enquanto entravam no elevador do prédio.

— A rainha da ousadia está questionando a excelência de um plano mais do que ousado? Não era você quem sempre me dizia para brincar um pouco com as cartas que eu tinha? - Natalie debochou, olhando para a amiga com um sorriso de canto.
— Pois é, mas esse seu plano ultrapassou tanto os limites da ousadia que até eu estou enxergando o desfecho disso, e eu te digo: não vai ser nada bom. Se o Hunter...
— Anna... - Natalie a puxou para perto para que ambas pudessem se olhar no espelho do elevador, interrompendo-a. - Até parece que os papeis estão trocados aqui! Olha pra gente.

Estavam deslumbrantes. Anna usava um vestido preto com um decote totalmente trabalhado em pedrarias e acinturado que depois ganhava volume devido ao tule que usava por baixo da saia. Os cabelos estavam soltos e levemente ondulados, o salto era vermelho rubro. A máscara prateada completava o look para o baile. (FOTO)

Natalie também usava um vestido preto, mas bem justo e com detalhes em renda. Seu cabelo estava bem liso e ela havia escolhido fazer um penteado meio preso e com um leve volume atrás. Seu salto era peep toe fechado da mesma cor do vestido. Decidiu que a ocasião pedia por um look todo escuro, por isso a máscara também era preta e com detalhes vazados, assim como o de Anna. A única cor diferente que decidiu vestir para aquela noite era o batom vermelho. (FOTO)

Natalie voltou a falar:

— Estamos gostosíssimas. E com um carro sensacional.

— E alugado. - Anna pontuou divertidamente.

Whatever. - Natalie rolou os olhos. - Vamos nos divertir, ok? - Natalie saiu do elevador quando chegaram ao térreo. Quando se deu conta de que Anna não acompanhava seus passos, correu antes que as portas se fechassem e puxou a amiga pelo braço para saírem. - Ok?

— Nats... - Anna suspirou enquanto saíam do prédio.

— Anna, vai dar tudo certo. Você e o Luke vão se resolver hoje ou hoje, ou não me chamo Natalie.

— Qual era aquele nome que você me disse uma vez que gostaria de ter, mesmo?

— Cala a boca e entra nesse carro divino.

As duas riram antes de se encaminharem até o Scion FR-S sedan vermelho com banco traseiro que Natalie havia alugado. (FOTO)

 

**

 

— Me explica de novo como você conseguiu esse carro foda? - Aaron ainda não conseguia tirar os olhos do Scion, mesmo enquanto o motorista do vallet já o estava dirigindo para longe deles na entrada da Marquee, nightclub que alocaria o baile de máscaras da NYU.

Natalie e Anna gargalharam enquanto observavam a expressão ainda em completo deslumbramento do rapaz.

— Digamos apenas que eu estou ganhando uma boa grana como fotógrafa da Elite Four. - Natalie deu uma piscadela.

— Posso ser seu assistente? - Aaron a puxou levemente pelo vestido como uma criança que chama por atenção.

— Aaron, o seu emprego é tão maneiro quanto. - Anna o empurrou de leve.

— Falta a parte do carro maneiro. - ele sorriu debochadamente enquanto escondia as mãos nos bolsos.

— Esse é alugado. - Anna o rebateu.

— Para de ser chata, Anna! Deixa eu fingir que é meu só por hoje? - a reclamação de Natalie fez Aaron rir, inclinando o corpo para trás e fechando os olhos atrás da máscara que usava. Ela era preta e continha detalhes em vinho, o que combinava em cheio com o terno que vestia.

O trio seguiu caminho adentro da balada após mostrar as pulseiras que serviam de credenciais para o baile de máscaras. E foi cerca de meio milésimo de segundo até o queixo deles despencar ao ver a decoração do lugar.

O ambiente estava iluminado majoritariamente pela luz negra que vinha do grande globo que servia de lustre. Algumas outras luzes eram direcionadas a esse globo para que os strass presos a ele refletissem nas paredes e em todo lugar que fosse capaz de atingir.

Os únicos outros sinais de luzes vinham do telão e da mesa de som do DJ que comandava a música diante da quantidade já significativa de convidados que dançavam e bebiam animados. (FOTO)

Holy fuck… - Aaron comentou, abismado.

Holy triple fuck. - Anna emendou. - Ainda bem que você me obrigou a vir, amiga.

Agora sim a verdadeira Anna está de volta… - Natalie deu uns tapinhas no ombro da amiga sem olhá-la. Estava muito ocupada observando cada detalhe daquele lugar.

Oh, yeah, babe. - Anna mirou o bar. - Com licença, a ocasião pede um drink.

Natalie e Aaron riram da frase da morena antes de segui-la.

 

**

 

Depois de duas doses de cerveja que Aaron prometeu beber com Anna, a morena acabou encontrando alguns amigos da sala e combinou de encontrar Natalie e ele mais tarde, deixando-os a sós.

A garota de sardas não podia beber por estar dirigindo, então esperou até que Aaron terminasse aquela garrafa para que pudessem ir à pista de dança.

Os dois dançaram animadamente em meio a risadas e piadas sobre algumas pessoas que dançavam ao redor deles.

 

She Will Be Loved - Maroon 5

Foram surpreendidos quando após umas sete músicas, os auto-falantes da balada foram tomados por um ritmo mais tranquilo para dançar a dois. O rapaz lhe ofereceu a mão como um pedido, e Natalie logo aceitou, segurando a mão de Aaron e sendo guiada por ele até a pista.

A garota da pele de neve apoiou a outra mão sobre o ombro de Aaron quando o sentiu envolvê-la pela cintura para dançarem mais próximos. Ela lhe deu um sorriso tímido por trás da máscara.

— O que a fez voltar atrás sobre o meu convite? - o rapaz finalmente quebrou o silêncio, olhando-a curiosamente enquanto dançavam.

Natalie respirou fundo, prendendo o ar por alguns instantes. Não estava contando com aquela pergunta. Pelo menos não tão cedo. Pensou em mentir. Pensou em inventar qualquer desculpa. Mas sabia que não era justo com Aaron, principalmente quando ela sabia das reais intenções do amigo. Ele sempre fora um doce de pessoa, sempre a ajudou e esteve à disposição. Não era certo.

— Aaron… - ela o encarou seriamente. - Eu nem sei por onde começar… Acho que “desculpa” seria a maneira mais correta, na realidade.

Aaron franziu o cenho, expondo a confusão em seu rosto.

— Do que você tá falando?

— Eu estava puta e acabei te envolvendo nos meus problemas, como sempre. - ela sacudiu a cabeça levemente. - Pode me odiar se quiser, mas eu vou ser sincera porque você merece.

— Ok…? - ele continuou a olhá-la sem entender.

— Eu… - ela se aproximou ainda mais para falar quase num sussurro. - Eu estou saindo com o Hunter há um tempo. Desde a viagem, pra ser mais específica. E… A gente acabou brigando porque ele foi um babaca e disse coisas absurdas pra não vir ao baile comigo. E… Eu sabia que…

Aaron soltou um riso anasalado, baixando os olhos em seguida. (GIF)

— E você sabia que iria deixá-lo puto se viesse comigo…

— Eu sei que fui egoísta, e sobretudo imatura. Não devia ter usado você como se…

— Tá brincando? Foi a melhor coisa que você poderia ter feito.

— É o que? - Natalie o olhou embasbacada.

Aaron não conseguiu evitar rir da expressão desconcertada que tomava o rosto dela.

— Durante o tempo em que você esteve fora, eu pude pensar melhor nas coisas que aconteceram, e… Bom, eu finalmente aceitei que você e eu… Nunca vai rolar. - ele subiu os ombros. - E tudo bem. Eu não posso me culpar e nem culpar a você por isso.

— M-mas… -  a garota de sardas piscou algumas vezes tentando processar as palavras dele. - Está tudo bem?

— Eu jamais deixaria de ser seu amigo, Natalie. Você continuará a ser importante pra mim.

Natalie correspondeu ao sorriso sincero que Aaron lhe deu.

— Você sabe que também é importante pra mim. Não da forma que você gostaria… Mas da forma que eu posso lhe oferecer. - ele assentiu. - Mas se você já tinha tudo isso em mente… Por que me convidou? E por que não está puto das calças por eu ter usado você?

— Puto das calças… - Aaron gargalhou docemente da expressão. - Porque eu estava planejando te contar isso essa noite. Que eu estou “tirando o meu time de campo”. E eu não fiquei puto porque… Bom, eu posso não estar mais competindo com ele, mas isso não vai mudar o fato de que ele é um cuzão e de que eu adoro deixá-lo fodido de raiva.

Dessa vez foi Natalie quem gargalhou.

— Ai, Aaron…

— Que é? Você sabe que ele merece.

— Infelizmente sou obrigada a concordar.

Aaron deu um sorriso sincero que a fez respirar fundo de alívio por aquela situação entre eles finalmente ter ganhado um desfecho positivo. Involuntariamente olhou por cima do ombro do amigo e achou que fosse sucumbir ou infartar. Pensou ter visto errado, ou se confundido. Olhou mais atentamente a pessoa que estava a uns 20 metros de distância e teve plena certeza de que o rapaz de cabelos compridos e ondulados era Hunter Saxton. Ele usava uma máscara preta que lhe escondia o nariz, mas ela era capaz de reconhecer aquela mandíbula a mil metros de distância. Parecia distraído, fuzilando cada centímetro do salão à procura de algo. Ou alguém.

— Oh, shit. - Natalie praguejou.

— Que foi? - Aaron a chamou, percebendo a feição de completo choque no rosto da garota. - Parece que viu um fantasma.

— Pior: vi o Hunter. - ela voltou a olhar para Aaron, usando a cabeça dele como escudo para que Hunter não conseguisse vê-la.

— Acho que você esqueceu de mencionar que ele viria para a festa, não é mesmo… 

— Não esqueci, não. Ele esfregou na minha cara que não viria. - Natalie confirmou.

— Vai ver ele quis te fazer uma surpresa… Não?

— HÁ, que piada.

Meticulosamente ela voltou a olhar por cima do ombro de Aaron, mas agora observando apenas com olho direito, como se estivesse espiando espreitada em uma parede.

Viu uma garota loira entre Hunter e um loiro que ela tinha certeza ser Hans. Ela usava uma máscara dourada que a deixava ainda mais bonita. O nariz dela lembrava bastante o de Hunter.

— Aquela só pode ser a irmã dele… Cretino. - Natalie apertou o ombro de Aaron, irritada.

Whoa, que isso? - Aaron afastou o rosto minimamente para encará-la.

— Um dos motivos da nossa briga é que ele disse que não a traria porque festa de faculdade não era ambiente pra ela.

— Estamos falando do mesmo Hunter Saxton?

Natalie não conseguiu segurar a risada que se formou em sua garganta.

— Pois é, ele é imprevisível.

— Então vamos ser ainda mais imprevisíveis.

— O que quer dizer com isso?

Aaron lhe devolveu um sorriso um tanto quanto maléfico.

 

**

 

Anna acompanhou alguns colegas de classe no bar, bebendo coisas elaboradas que já nem lembrava o nome após o primeiro gole. Estava nervosa. Uma mistura de sentimentos que ela desconhecia tomava conta de seu corpo. Sentia algo estranho contra seu peito e estômago. Não se lembrava qual fora a última vez que havia sentido aquele incômodo fruto de sua ansiedade. Lembrava-se apenas de Natalie lhe descrevendo isso quase que diariamente, já que a melhor amiga era a ansiedade em pessoa. Se duvidasse ela ficava nervosa até para saber o que teria para o almoço.

Todos aqueles pensamentos aleatórios desapareceram quando ela engasgou ao sentir alguém esbarrar em seu braço direito de maneira brusca, fazendo metade de sua bebida ser derramada sobre a bancada, e por sorte não lhe caíra no vestido.

Anna virou-se para já começar o mar de ofensas quando seus olhos castanhos escuros cruzaram os de Luke Parish.

Os cabelos do rapaz estavam um pouco mais compridos desde a última vez em que o havia visto há três semanas, e ele usava uma máscara marrom escura com detalhes em preto. Anna sentiu-se hipnotizada por aquele rosto tão facilmente reconhecido por ela. Aquele rosto que tomava conta de seus sonhos noites afora.

Tentou falar alguma coisa, mas nada saiu de sua boca. Era como se sua língua houvesse se esquecido do propósito de sua existência.

Luke parecia tão paralisado quanto ela, estudando cada centímetro daquele rosto que ele havia rezado tanto para esquecer, mas que sentia tanta falta de tê-lo perto do seu. Achou-a mais linda do que nunca.

O contato visual entre eles foi quebrado quando a garota ao lado dele lhe deu um empurrão, rindo logo em seguida:

— Luke, você é impossível! Será que não vê por onde anda? Perdoe esse destrambelhado, sim? Ele só não é pior por falta de espaço.

Correção: era Luke Parish e aquela mesma moça da fotografia da revista. Como ele ousava trazê-la em seu território?

A garota loira ao seu lado tinha os cabelos curtos em corte chanel e os olhos azuis gritavam atrás da máscara branca que cobria apenas a metade do rosto dela. Era mais linda do que se lembrava da fotografia.

— N-não, tudo bem. - a voz de Anna finalmente se libertara de sua garganta.

Anna havia se preparado tanto para aquele momento…! Mesmo que não quisesse admitir para Natalie, não via a hora de poder encontrar Luke e lhe pedir perdão por todo o mal que havia causado. Por vezes se imaginou pulando nos braços dele, beijando-lhe até irem para a cama, que era onde tudo se resolvia com eles.

Mas lá estava aquela garota lhe atrapalhando novamente. A mesma que havia lhe quebrado o coração lembrando-a da triste realidade de que talvez ela tivesse perdido Luke para sempre.

— Espera aí… Acho que eu sei quem é você. - a loira sorriu divertidamente, lançando um olhar cúmplice a Luke.

— Fica quieta, Nick. - os ouvidos de Anna finalmente foram preenchidos pela voz dura de Luke, fazendo-a engolir em seco.

— Não, é sério! - Nick virou-se para Anna naquele momento. - Você é a Anna, não é?

— Desde a última vez que chequei eu ainda era. - Anna lhe devolveu o sorriso, mas seu tom era áspero. Tinha vontade de esfregar a cara daquela garota na bancada do bar.

A loira riu enquanto apoiava-se em Luke.

— Sabia que já tinha visto o seu rostinho antes. Meu irmão não para de falar de você, não é, mano?

Anna teve a impressão de já não sentir mais o seu queixo, pois ele foi ao chão ao ouvir aquela declaração. Irmão?

— Nicola… Enough. - Luke parecia uma mistura de nervos e embaraço.

— Você é ainda mais bonita pessoalmente. - Nick deu uma piscadela antes de se soltar de Luke. - Agora que finalmente a encontramos vou dar uma volta com a galera, ok?

— Nick…! - Luke tentou segurá-la, mas esta desviou das mãos do irmão.

— Nem pensar, baby brother. Foi um trabalho do cão conseguir te trazer para essa parte do bar e ainda calcular friamente um golpe perfeito na bebida dela. Agora é hora de vocês tomarem vergonha na cara e se resolverem porque eu já estou de saco-cheio da sua carinha de velório. - Nick mandou um beijo no ar antes de desaparecer por entre a multidão, deixando uma Anna e um Luke totalmente perplexos com a revelação do plano dela.

 

**

 

Hanging by a Moment - Lifehouse

Não havia mais escapatória. Embora houvessem feito o possível para postergar aquela conversa, Anna e Luke sabiam que uma hora eles teriam de encarar um ao outro. Por isso Luke nem se esforçou para fazer qualquer objeção quando os dois decidiram seguir para o rooftop do prédio da NYU.

Assim que chegaram ao topo, Anna sentiu o vento gelado que finalmente lhe dava boas-vindas naquele primeiro dia de inverno. Abraçou a si mesma, tentando proteger os braços nus.

— Podemos ir para outro lugar, se preferir. - Luke ofereceu quando percebeu o gesto da garota.

— Tá tudo bem. Aqui não seremos interrompidos.

Ele assentiu em resposta enquanto a observava se aproximar.

— Bom…?

Anna deu um sorriso escondido, mordendo o lábio superior. Sabia que aquela conversa não seria nada fácil. Encarou-o profundamente e, sem quebrar o contato visual, levou as mãos ao rosto, tirando a máscara que usava. Viu a testa de Luke franzir em resposta.

— Se vamos conversar, acho que a melhor forma de fazer isso é literalmente tirando a minha máscara. - segurou o objeto com as duas mãos, tentando controlar o nervosismo.

Um tanto surpreso, Luke acabou por imitá-la, tirando a própria máscara.

Ela mergulhou fundo no castanho dos olhos do rapaz e focou no sentimento que sempre crescia quando ele estava por perto, o sentimento que ela relutou para admitir a si mesma. Não sabia dizer o que era, exatamente. Tudo o que ela sabia, no entanto, é que Luke Parish não era apenas mais um em sua lista. Não era o caso de uma noite. Ou aquele com quem ela saía quando não tinha nada melhor para fazer. Ele era o oposto de todos que um dia passaram pela sua vida, tudo o que ninguém nunca foi capaz de ser para ela. E talvez aquela fosse a última chance de fazê-lo ter conhecimento de tudo o que ele representava. Agora ou nunca.

— Eu sei que não sou a garota mais delicada… Ou a mais romântica. Sei que o meu sarcasmo ultrapassa todos os limites e que eu sei ser uma verdadeira bitch quando quero. - Anna manteve firme o seu contato visual com Luke. - Mas se tem uma coisa que eu nunca fui capaz de fazer… Essa coisa é demonstrar os meus sentimentos. Na verdade eu sempre fui muito boa em escondê-los. Sempre procurei desculpas para justificar as minhas omissões. E estava dando tudo certo. Até você aparecer na minha vida. - ela deu um sorriso fraco enquanto ela sentia seus olhos úmidos.

Ela começou a andar, contornando-o e fazendo-o se virar para acompanhá-la. Luke estava completamente hipnotizado pela voz dela. Ouvia cada palavra com um detalhismo que chegava a assustá-lo. Ela continuou:

— Você chegou tão leve e despretensiosamente…! Era tudo tão natural, tão… Simples. Isso, essa é a palavra que define tudo. As coisas nunca foram simples pra mim… Não sei se porque era tudo complicado ou se era eu que complicava, mesmo. - Luke soltou uma pequena risada nasal. - E de repente ter alguém assim, que descomplica tudo… É um pouco assustador. No sentido de que “espera aí, tá bom demais pra ser verdade”, sabe? E estava. Estava perfeito, mesmo eu não querendo admitir o quão envolvida eu estava. Tão perfeito que meu cérebro fez eu achar algo errado, algo que ele inventou. - ela respirou fundo antes de revelar o que tanto escondeu. - Eu vi uma foto sua com uma garota em uma revista. - Luke franziu o cenho sem entender. - E quando eu vi… Não consegui fazer mais nada. Eu sequer li do que se tratava. Só aceitei que era aquilo. Que éramos só diversão. Então eu fiz o que você viu. E acredite ou não, eu não ficava com mais ninguém além de você. Pelo menos não até aquela noite. - Uma lágrima escorreu e ela logo se apressou em enxugá-la, envergonhada. - E só hoje eu descobri que a tal garota da revista… Era a tua irmã.

Luke ficou estático, o coração se debatendo violentamente contra sua caixa torácica como se fosse explodi-la. Demorou alguns segundos a mais para processar aquele mar de palavras que se misturavam entre desculpas, desabafos e confissões sobre uma foto de uma revista da qual ele não fazia nem ideia da existência.

Percebeu a respiração descompassada de Anna. A garota que havia quebrado seu coração estava ali, depois de quase um mês, confessando todo o seu passado, todos os seus sentimentos relacionados a ele e toda a confusão da qual ele nem sabia a existência.

Resistiu ao ímpeto de rir quando se deu conta de que o término deles era fruto de algo relacionado ao infortúnio de ele ser uma celebridade. Não havia escapatória, mesmo quando ele fazia ao máximo para que os dois mundos não se chocassem daquela maneira.

E ali estava Anna, a garota que havia quebrado o seu coração tentando juntar cada pedacinho.

Quando achou que a morena estava a ponto de sucumbir diante daquele silêncio, deu alguns passos na direção dela, diminuindo o espaço entre eles ao máximo que seus pés permitiam. Estudou aquele delicado rosto, olhando fundo nos olhos dela tentando passar todo o carinho e zelo que gritavam para sair de dentro dele há tanto tempo.

Luke levou a mão para tocar a face dela, acariciando-lhe a bochecha e sentindo aquela pele tão lisa. Seu corpo reagiu àquele pequeno gesto, lembrando-se de como era tocá-la.

— Você, Anna Castillo… - a voz de Luke quebrou o ar, fazendo-a se arrepiar com a pronúncia de seu nome vindo daqueles lábios. - Não existe ninguém mais teimosa e complicada do que você. Você não tem nada de simples. É um maremoto, a própria força da natureza. Acho que você mesma não tem noção do que é capaz, do poder que tem sobre as pessoas, sobre mim. - ele segurou o rosto dela com as duas mãos. - Eu quero você e toda essa indelicadeza, esse sarcasmo, essa complexidade. Eu sei que não vai ser algo fácil. Mas eu nunca disse que gostava do fácil. Eu te adoro. Eu te amo.

Antes que Anna pudesse dizer qualquer coisa, Luke a puxou para si, beijando-a com vontade. Os braços da garota enrolaram-se em volta do pescoço dele em meio à brincadeira que suas línguas faziam.

Inesperadamente, Anna o afastou um pouco:

— Espera. - Luke a olhou confuso, um tanto sem ar. - Só pra constar, eu também te amo.

Anna puxou-o de volta, retomando o beijo enquanto Luke sorria minimamente.


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Notas finais do capítulo

ESSA NATALIE NÃO POUPOU ONSTENTAÇÃO, não é mesmo? Que carroooo, socorro hahahahaha

Mas vamos ao que realmente interessa: o que foi esse reencontro maravilhouser de Lukanna no bar? Alguém consegue por favor expressar a reação ao descobrir que a moça da revista era a Nicola, irmã mais velha do Luke? Que fora, hein, Annaaaaa hahahahahaha Defenceless é regida por mal-entendidos, ponto.

Agora... Essa reconciliação deles com direito a "EU TE AMO", me digam! *-* precisaram desse tempo todo longe pra entender que se amavam? Vou te contaaar. E a Anna tá me saindo um cuti-cuti com essas declarações dela, né? ESTOU SUSPIRANDO, E VOCÊS?

AH, e o choque de realidade bateu forte no Aaron, people. Acho que ele finalmente entendeu que as coisas entre e a Natalie nunca passaram de amizade. Posso ouvir um Aleluia?