Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 68
Capítulo Sessenta e Oito


Notas iniciais do capítulo

Olarrrrr! Quem aí tá nervouser pra saber o que a resposta do Steve sobre a nova proposta de Natalie para o álbum? Album "Defenceless". Que chiqueeeeeeeeeeee, vamos torcer hahahaha ♥

Como eu demorei um pouquinho mais pra postar esse capítulo, fui maior legal e fiz um beeem grandão, então aproveitem esse domingo com estilo lendo tudinho ♥



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Oh my fucking God, Natalie! – Thomas exclamou subitamente, se levantando da cadeira e quase a derrubando para trás. Ele parecia estar em êxtase após ter assistido o vídeo. Os olhos verde-mar dele miraram o resto da equipe. Sentou-se, tentando se recompor.

Os outros rapazes continuaram estáticos. Natalie não conseguia dizer se a expressão atônita deles era sinal de algo positivo ou negativo.

Seus olhos cor de mel estacionaram em Judith e Steve. Tanto a assessora quanto o empresário continuaram na mesma posição que estavam antes do vídeo acabar. A capa do álbum continuava exposta na televisão, e Steve parecia olhar da imagem para Natalie repetidamente, como se estivesse calculando alguma coisa.

— Você fez isso? – a voz de Steve finalmente ocupou a sala. Natalie assentiu sob tensão. O empresário apoiou o queixo na própria mão. Respirou fundo. – Preciso dizer... Que você tem audácia. – Ela engoliu em seco. – Eu nem preciso lembrar que você foi contratada apenas como fotógrafa substituta, e nada mais que isso.

— Ei, Steve. – Hunter o chamou com um tom um de repreensão. Os garotos olharam tensos para o empresário. – What the fuck?

Shut the fuck up, eu não terminei. – ele levantou a mão na direção dele para sinalizar que parasse de falar sem deixar de manter contato visual com Natalie. Esta aparentava respirar com certa dificuldade. – Como eu estava dizendo... Você foi contratada apenas como fotógrafa substituta. É uma mera estudante de jornalismo sem nenhuma formação em fotografia... Eu nunca fiz isso na minha vida, trazer alguém tão sem preparação para trabalhar comigo. – Natalie sentia que ia desabar a qualquer momento, mas tentou manter-se firme. – E eu preciso dizer que você, Natalie... – a garota fechou os olhos apenas esperando pela sentença final de Steve. – Foi a melhor escolha que eu fiz, girl.

Natalie abriu os olhos e encontrou um Steve sorridente. Viu os outros ao redor escancarar sorrisos. Natalie encostou-se na parede ao sentir suas pernas vacilarem. O coração parecia já estar no lugar do estômago, pois sentia-o ecoar por todo o seu corpo. As mãos formigavam insanamente, como se todo o seu sangue tivesse se concentrado em seu cérebro para lhe fornecer o oxigênio que lhe parecia faltar.

— Querida, você está bem? Está pálida. – Ouviu Judith e colocou a loira em seu foco de visão.

— Eu... – Percebeu Hunter se levantando rapidamente para ir para perto dela. Ele lhe segurou pela mão.

— Você tá gelada. Tá tudo bem? – Hunter sussurrou para ela, sentindo a pequena mão da garota abaixo da temperatura.

Natalie não lhe deu ouvidos. Voltou a olhar para o empresário.

— Steve?

Steve se levantou e começou a rir enquanto ia em direção da garota de sardas.

— Só vocês podem brincar por aqui? – o homem depositou a mão sobre o ombro dela. – Você conseguiu, Kalkmann. – Natalie focou os olhos nos dele. – Esse projeto é seu.

Hans, Thomas e Luke correram para cima da garota em polvorosa, gritando, assobiando e abraçando-a. Judith gargalhou assistindo à reação deles.

— Você ouviu, Nat? – Hans a chacoalhou pelos ombros sem conseguir se conter. – Você conseguiu!

Apenas quando o loiro a abraçou Natalie pareceu acordar do choque que Steve havia lhe causado. Seus batimentos pareciam ter voltado ao normal e ela finalmente respirou fundo, abraçando Hans de volta. Porém, seus olhos se focaram em Steve.

— Vai ter troco, viu?

Steve soltou uma gargalhada sincera que surpreendeu até mesmo os rapazes e Judith, que o olhou admirados, rindo em seguida pela naturalidade com que Natalie lhe respondeu.

Quando Hans a soltou, Hunter lhe tomou em seus braços, apertando-a firme contra o próprio corpo. Natalie fechou os olhos ao sentir o toque quente do rapaz.

O ato foi visto como uma novidade para Steve e Judith, que se entreolharam.

— Sabia que ia conseguir. - Hunter falou baixo contra o ouvido da castanha, para que só ela o ouvisse - Ficou incrível, Freckles.

Em resposta, Natalie acariciou a nuca do rapaz por debaixo dos cabelos compridos.

— O que acham de uma comemoração? - Judith sugeriu quando o casal se afastou.

— Acho que hoje a comemoração vai ser a dois, J. - Hans comentou enquanto lançava um olhar sugestivo para Natalie e Hunter, que nem se esforçaram para disfarçar.

— HEY, essa frase era minha, Irish! - Thomas se manifestou, mostrando-se ligeiramente frustrado, o que arrancou risada dos garotos e de Natalie.

— Ok… Sinto que estou perdendo alguma coisa aqui… - Judith olhou desconfiada para o grupo, os braços abertos como se quisesse impedir que alguém saísse até que lhe respondessem à sua indagação.

— Ih, Judith. Essa é uma looonga história… - Luke começou a se direcionar para fora do camarim, seguido de Thomas e Hans. Judith e Steve os seguiram.

— Como assim? - Judith se apressou para acompanhar Luke, deixando uma Natalie e um Hunter risonhos para trás.

O cantor virou-se para Natalie e colocou as mãos para trás enquanto inclinava o corpo na direção dela.

— Topa dar uma volta?

 

**

 

Something Just Like This - The Chainsmokers ft. Coldplay

 

— Para onde estamos indo? - Natalie olhou curiosa para Hunter dentro do carro alugado pela equipe. Este continuava com a sua atenção voltada à direção.

— Nenhum lugar. - ele respondeu divertido. Riu quando viu Natalie franzir a testa, juntando as sobrancelhas impacientemente - Não estamos indo para um lugar em especial. Passaremos por vários deles.

— Hunter! – ela o repreendeu.

Quando olhou para Natalie, viu-a fazer um biquinho e olhos pidões.

— Oh, para de ser fofa, vai.

— Impossível. (GIF)

Hunter gargalhou. Natalie deixou de dar atenção a ele para voltar seus olhos cor de mel para a janela, por onde cruzavam uma das famosas ruas da cidade de New Orleans que ela lembrava de ter visto em alguma de suas séries favoritas.

Era tarde da noite. Duas horas da manhã, talvez. E o fato de que tinham um vôo marcado para a manhã seguinte com certeza não foi um empecilho.

Tudo o que Natalie conseguia pensar era no fato de estar ali, junto de Hunter em uma cidade na qual nunca havia estado antes.

O rapaz sorriu quando a viu abrir a janela extasiada, como se o vidro fosse o único obstáculo entre as ruas consideravelmente vazias e tão cuidadosamente iluminadas.

— Essa é a famosa Royal Street. - ele comentou. (FOTO)

Hunter seguiu para a avenida que os guiavam para fora do centro. Natalie sentiu o vento invadir seus cabelos quando a velocidade do carro aumentou. Viu Hunter sorrir de canto quando ela começou a brincar com o vento, que empurrava sua mão conforme ela desenhava ondas no ar fora do carro. (GIF)

Foram cerca de 15 minutos até que os olhos da garota começassem a ser invadidos pelas luzes conforme eles seguiam pela Crescent City Connection Bridge sobre o Mississippi River. Ela não conseguiu evitar a expressão maravilhada naquela ponte iluminada na escuridão da madrugada. (FOTO)

Essa é sua noite, Natalie. - A voz de Hunter estava firme, o que provocou certo arrepio na espinha de Natalie quando ela o ouviu dizer seu nome - Quero que você se lembre desse momento pra sempre. Porque eu vou.

Natalie sorriu extasiada enquanto olhava as luzes da ponte engolindo o carro em alta velocidade.

Sem pensar, ela soltou o cinto de segurança e apoiou a metade de seu tronco para fora do carro, sentindo o vento forte e gélido que anunciava a chegada do inverno contra o seu rosto diante daquela vista inesquecível. A sua vista. E o seu momento.

 

**

 

Os dois sequer dormiram para pegar o voo para San Francisco. Mas não se importaram nem um pouco. Ter visto o pôr do sol da baía juntos havia sido muito melhor do que qualquer boa noite de sono bem dormida. Dormiram o que foi possível no avião - isto é, quase cinco horas -, e Natalie sonhou com ela e Hunter sentados à beira do Mississippi River, exatamente como havia acontecido de madrugada. Os beijos, as carícias, as palavras de afeto… O sol aquecendo seu rosto enquanto deixava os olhos de Hunter ainda mais claros… Era como se ela houvesse revivido tudo de novo, o que a deixou ainda mais inebriada pelo momento e ainda mais apaixonada pelo rapaz de olhos de esmeralda quando acordou para desembarcar.

No novo apart hotel, mal tiveram tempo de tomar café e já tiveram que ir para o talkshow de uma apresentadora local.

Natalie precisou tomar pelo menos dois mocchas antes de o programa começar. Apenas a cafeína em seu sistema seria capaz de torná-la uma pessoa sociável e produtiva para aquele dia.

— Sabia que cafeína também é uma droga? - Hunter sussurrou ao pé do ouvido de Natalie, o que a fez dar um pulinho de susto e quase derrubar a lente que estava a acoplar na câmera.

— AI, que susto, garoto! - ela disse entredentes enquanto dava um empurrão de leve no ombro de Hunter. - Vamos mesmo falar de drogas? - Natalie lhe lançou um olhar sugestivo.

Hunter a encarou em silêncio por alguns segundos antes de puxar o copo de café dela.

— OK, dá um gole dessa merda aqui porque é capaz de eu sucumbir de sono no meio do programa. - o castanho confessou enquanto dava um gole enorme do copo. Natalie fez um sinal de permissão esticando o braço na direção dele. Hunter segurou o riso, pois sabia que a expressão indicava algo como “Claro, por que não? Você já bebeu sem eu dizer que sim, mesmo!”

— Anytime. - Natalie puxou o copo de volta, fazendo os dois rirem. A garota olhou mais atentamente para Hunter e percebeu que ele aparentava certa tensão. - Tá tudo bem?

— Claro, por que não estaria? - ele jogou os cabelos para trás, afastando-os de seus olhos antes de colocar as mãos na cintura.

— Não sei… Eu quem pergunto. - Natalie estudou-o de cima abaixo - Parece preocupado com algo.

Era engraçado como aquelas semanas - e a noite que passaram juntos em seu quarto, mais precisamente -, haviam criado uma conexão tão sensível entre os dois que já eram capazes de ler os sentimentos do outro como se estivessem lendo um livro. Aquela constatação o fez querer acariciar aquelas bochechas tão levemente manchadas pelas sardas, mas conteve-se.

Um considerável número de produtores e maquiadores terminavam de acertar detalhes finais do programa, e por isso entravam e saíam do camarim da banda. Decidiu que ainda não estavam na fase de demonstrações de afeto em público. Ser uma celebridade o fazia ter de considerar qualquer tipo de ação, e mesmo que ele odiasse ter de agir daquela maneira, a garota na sua frente não era qualquer uma com a qual ele não se importava em expor nos tabloides.

— Hunter. - Natalie o chamou firmemente, despertando-o e fazendo-o encará-la - Sei que quer me falar algo.

— Certo. - Hunter olhou ao seu redor para se certificar que os produtores estavam ocupados com os seus respectivos afazeres. Ficou mais próximo de Natalie para poder falar mais baixo. - Eu não costumo fazer esse tipo de coisa, mas acabei sendo descuidado contigo.

Natalie lhe encarou confusa, franzindo a testa.

— Do que falamos?

Hunter olhou para cima como se estivesse se concentrando antes de voltar a olhá-la. Aquilo a fez conter o sorriso e deixar uma expressão divertida tomar o seu rosto.

— Na noite em que… Você sabe. - estava receoso em usar qualquer palavra que alguém ao redor pudesse ser capaz de interpretar, mesmo que estivesse falando quase num sussurro.

Natalie engasgou com a própria saliva no reflexo de conter uma gargalhada que se formou em sua garganta. Aquilo fez Hunter a olhar um pouco nervoso. Ela logo o puxou pelo ombro para que ele flexionasse um pouco os joelhos e ela pudesse ficar mais próxima do ouvido dele.

— Eu tomo injeção, Hunter. Não se preocupe com isso. Não sou nenhuma irresponsável.

— Eu não disse isso... - ele deu um sorriso fraco. - É que as vezes as coisas parecem sair do controle entre a gente, e… Você sabe. Não iríamos querer que… - o sorriso de Natalie se desfez no mesmo instante. - Que um imprevisto como esse acontecesse, sei lá.

— Imprevistos. - Natalie repetiu o termo de Hunter. Ela assentiu, mordendo o interior de seu lábio superior. Ela parecia chateada. - Pode ficar tranquilo, Hunter. - Natalie voltou a focar a sua atenção na câmera que continuava na sua mão.

Hunter a segurou pelo antebraço com delicadeza.

— Falei algo errado?

— Não, claro que não! - Natalie forçou o seu sorriso mais convincente. Ele percebeu um certo incômodo na garota.

— Hey…

— Hunter, cinco minutos! - uma produtora o chamou, tocando em seu ombro e interrompendo a conversa.

Hunter se virou para Natalie, como se quisesse se certificar que estava tudo bem.

— Vai, Hunter. Não se preocupa! Você precisa ir. - ela lhe deu o olhar mais doce que conseguiu, e aquilo pareceu convencê-lo, pelo menos um pouco.

Ele assentiu antes de apressar os passos na direção do palco, enquanto Natalie deixou a máscara de seu sorriso cair quando percebeu que não precisava mais fingir.

 

**

 

Spiders – Nina Nesbitt

 

Depois de tirar algumas fotos do primeiro bloco do talkshow, Natalie decidiu voltar de Uber para o apart hotel. Aquele assunto com Hunter simplesmente não havia lhe caído bem. Ficar e trabalhar seria impossível. E se fosse para fazer algo mal feito, ela preferia não fazê-lo. Aproveitou o início do segundo bloco, quando todo mundo estava ocupado, e foi embora sem avisar ninguém. Sabia que seria alvo de perguntas (principalmente de Hunter), e era a última coisa da qual ela precisava naquele momento: responder perguntas sobre algo que ela queria esquecer para sempre.

Veio o caminho todo com Izaac na cabeça. Flashes com o ex-namorado passavam como um filme em sua cabeça. De quando se conheceram, de quando iniciaram o relacionamento... Até aquele dia.

Por que diabos teve de lembrar tudo aquilo? Justo agora, que finalmente havia seguido em frente e se deixado viver algo real de novo, assumido um sentimento que há tanto escondeu. Mas não adiantava fugir. Não havia como se esconder, porque o passado simplesmente bateu à sua porta para dar um breve “Olá” ao seu presente:

 

“ - Não iríamos querer que… Que um imprevisto como esse acontecesse, sei lá.”

 

Não estava chateada com Hunter. Seria até injusto se ela estivesse, porque no fim das contas, daquela vez não era culpa dele. E sim da sua mente que fez questão de fazer uma infeliz associação às memórias com Izaac. Aquelas palavras as reavivaram como uma faísca em um palheiro.

Quando chegou ao apart hotel, foi direto para o quarto. Ao jogar sua mochila sobre a cama, respirou fundo enquanto seus pés ficavam se mexendo inquietos. Passou a mão pelos cabelos, respirando fundo mais uma vez e fechando os olhos.

— Eu não posso. Me deixar. Ser controlada. Por isso. – falou firme a si mesma. – Chega, Natalie. Chega de ser essa bagunça humana.

 

“ – Você não pode fazer isso comigo, Natalie!” — a voz de Izaac ainda era fresca em sua mente.

 

— Para. – sua voz saiu entredentes enquanto ela falava com a própria mente. – Você. Não. Vai. Me VENCER.

Ela abriu os olhos subitamente quando conseguiu expulsar aquela onda de sentimentos e cenas dos seus pensamentos de uma vez. Ela havia conseguido. Sozinha! (GIF)

 

**

 

Assim que acabou o programa, os garotos foram direto para o camarim. Queriam juntar os seus pertences e ir embora o quanto antes. Estavam exaustos.

Hunter, o primeiro a entrar, foi tomado pela surpresa de encontrar o cômodo vazio. Virou-se para os amigos e interrompeu a conversa deles:

— Alguém sabe da Natalie?

— Se você não percebeu, nós saímos da entrevista assim como você, gênio. – Thomas o provocou.

— Ela deve ter saído para um café, H. Sabe como a Natalie é viciada assumida. – Hans respondeu dando uma olhada reprovadora a Tom, que riu.

Hunter notou que a mochila dela também não estava no recinto e ficou tenso. Será que ela havia ficado brava por causa da conversa que tiveram antes do talkshow?

Conteve a vontade de indagar aquele detalhe aos amigos e puxou o iPhone do bolso de trás da calça.

Hey, Freckles.

Where are you?

 

**

 

Após um banho de banheira relaxante, Natalie prontificou-se a esquecer a conversa que teve com Hunter. Focou-se em fazer um novo post para o blog com os últimos acontecimentos. Aproveitou a junção de todas novidades e fez um compilado de posts, atualizando as fãs da Elite Four nos mínimos detalhes, revelando, inclusive, que ela seria a nova responsável pela identidade visual do álbum, assim como o nome do mesmo. Aquela atividade foi a melhor coisa que ela poderia ter realizado, pois quando começava a escrever sua mente sempre se refazia e ela esquecia todos os problemas.  

Mal havia postado e notificações de comentários começaram a surgir. Seus olhos cor de mel se arregalaram surpresos conforme ela descia a barra de rolagem. Não fazia nem cinco minutos desde que o conteúdo havia sido postado, mas o número de comentários já havia passado dos 100. Eram idiomas do mundo inteiro, com as mais variadas opiniões. Em sua maioria as fãs lhe teciam elogios pelas fotos e pelo projeto, vangloriando-a e dizendo que já a estavam seguindo em suas redes sociais. Haviam também comentários de conteúdo um tanto quanto incabível que ela preferiu não dar muita atenção. Outras fãs começaram a mobilizar e especular um possível relacionamento entre ela e algum integrante da Elite Four - Hans e Hunter, em sua maioria.

A tela de seu celular acendeu e ela viu milhares de atualizações em seu Instagram, desde novos seguidores até likes e comentários em fotos novas e antigas. Seu coração palpitava acelerado. Não sabia como deveria estar se sentindo.

Estava feliz, mas ao mesmo tempo assustada com a proporção e o rumo que as coisas estavam tomando tão rapidamente.

Tentou focar-se no fato de que toda aquela repercussão seria positiva em sua futura carreira e passou a responder os comentários. Mesmo os negativos, agradecendo e usando até mesmo do bom humor. Ficou tão focada com aquela atividade que nem viu o tempo passar. Só percebeu que tinha companhia quando Hunter se pôs atrás da cadeira e aproximou o rosto, ficando bem ao lado dela para observar a tela do notebook.

— Wow. Acho que você conseguiu a atenção que a Judith esperava com esse projeto. - Hunter comentou, reparando no número exorbitante de comentários. Ele assentiu repetidas vezes enquanto torcia os lábios em tom de surpresa e aprovação.

Natalie deu um pequeno sorriso tímido e viu Hunter depositar o peso de seu corpo no braço direito, que estava apoiado na mesa.

— Que bom. Estou sendo paga pra isso também, afinal.

O rapaz olhou ao seu redor antes de virar o corpo para apoiá-lo na mesa, encostando as nádegas na beirada e cruzando as pernas confortavelmente. Daquele ângulo ele poderia olhá-la melhor.

— Você parecia chateada quando saí… - Natalie engoliu em seco e tentou manter o olhar na tela do notebook como se o que ele falasse não fosse nada demais.

— Claro que não, Hunter. Não sei de onde você tirou isso. - ela balançou a cabeça em negativa, se esforçando para dar um sorriso divertido.

A mão de Hunter foi de encontro com a mão de Natalie, que estava sobre o mousepad. O gesto a fez querer encará-lo. Era incrível como o seu corpo sempre reagia a qualquer toque de Hunter involuntariamente.

— Tem certeza? - ele a viu fazer que sim com a cabeça. Hunter suspirou em resposta - Sei que devo estar agindo feito um idiota, é só que… - ele se conteve por alguns instantes. Falar o que sentia ainda o deixava envergonhado, e até meio transtornado. Não conseguia entender a onda de sentimentos que sempre lhe invadia quando estava com Natalie. - A gente tá tão bem… Não queria… Que tudo fosse para os ares, se é que me entende.

Natalie não conseguiu conter o sorriso que nasceu em seus lábios. Ela abaixou o olhar antes de se levantar e ficar na frente de Hunter, entre as pernas dele. A castanha segurou o rosto dele com as duas mãos, como se segurasse uma concha, e o olhou profundamente. Ela captou um ligeiro ar de preocupação naquele verde que havia se tornado a sua cor favorita já há algum tempo.

— Hunter... Tá tudo bem, tudo ótimo. - Natalie respondeu doce e tranquilamente, acariciando a bochecha dele com o polegar. Ela pôde ver as linhas de expressão da testa de Hunter se suavizaram enquanto a apreensão em seus olhos se esvaía - Nunca esteve melhor. Eu só... - tentou escolher as palavras cuidadosamente - Estava tensa por conta do conteúdo do blog que estava atrasado. – Natalie viu Hunter estreitar os olhos em pura desconfiança. – É sério!

— OK, love. Vamos fazer o seguinte. – ele começou a falar enquanto brincava com uma mecha de cabelo dela, olhando-a profundamente – Acredito em você quando diz que não fiz nada de errado. Mas sei que alguma coisa aconteceu. – Natalie escondeu os lábios em uma linha fina, ouvindo-o – Eu não vou te forçar a falar, sei que você vai me falar quando sentir vontade. Só não mente pra mim. Combinado?

Natalie sorriu um pouco constrangida. Hunter já conhecia bem o suficiente para saber que aquela era apenas uma desculpa para mascarar o verdadeiro motivo. E o mais impressionante foi ele compreender e respeitá-la. Não estava nos planos da garota falar sobre Izaac ou qualquer infortúnio que tenha passado com ele. Planejava simplesmente banir tudo de sua vida e pensamento. Mas ouvir aquilo de Hunter foi realmente confortante.

Natalie aproximou o rosto do dele, quase colando seus lábios, provocando-o. Hunter focou seus olhos na boca rosada da garota.

— Combinado. Obrigada. – ela respondeu enquanto dava um selinho em Hunter antes de se afastar dele e ir na direção da porta de seu quarto com uma expressão arteira, mordendo o lábio superior delicadamente. 

Hunter a olhou um tanto quanto perplexo.

— “Obrigada” nada. Que isso? Volta aqui, garota... – Hunter se desencostou da escrivaninha para ir até Natalie, mas parou quando viu o que ela estava fazendo. – Me provoca e sai assim?

— Cala a boca. – Natalie falou com seriedade, olhando-o sedutoramente, enquanto trancava a fechadura. Hunter sorriu com uma expressão descarada. (GIF)

 

**

 

Quando Natalie abriu os olhos, já havia amanhecido. Ficou observando a decoração do próprio quarto por algum tempo, mas ao sentir um movimento do outro lado do colchão, virou o pescoço sem deixar de ficar de bruços.

Encontrou um Hunter sentado, as costas apoiadas em um travesseiro. Assim como ela, ele ainda estava nu, mas cobria-se da cintura para baixo, deixando as tatuagens do seu corpo à mostra. Ela ficou surpresa quando o viu com um caderninho apoiado em seu colo enquanto escrevia alguma coisa.

Continuou a observá-lo por algum tempo. Prestou atenção na maneira que os nervos do pulso dele se mexiam conforme ele escrevia. E em como a sua mandíbula ficava em evidência quando ele estava concentrado. Os olhos verdes se estreitavam algumas vezes. Os cabelos castanhos caíam levemente e se distribuíam pelo trapézio dele.

Estava maravilhada com aquela visão. Sonhou que aquele momento nunca acabasse e ela pudesse assisti-lo por toda a eternidade. Chateou-se quando Hunter finalmente a percebera acordada. Os olhos dele se concentraram nela.

— Te acordei? - ele perguntou baixinho como se ela tivesse de se acostumar com a voz dele, já que havia acabado de acordar. Aquilo a fez sorrir.

— Não... Estava gostando de te observar. Não quer voltar a fazer o que estava fazendo? - Natalie finalmente virou o corpo na direção dele, puxando um dos lençóis para si e enrolando-se nele a partir dos seios, como se fosse uma toalha.

As palavras de Natalie fizeram Hunter soltar uma risada baixa, o que soou como uma música para os ouvidos dela.

A castanha se sentou e se aproximou de Hunter, esticando o pescoço para olhar o conteúdo escrito no caderno, mas foi surpreendida pelo rapaz, que o fechou no mesmo instante.

— Hey?! - Natalie o olhou boquiaberta. Esticou as mãos na direção do caderno, mas ele o afastou, tirando-o do alcance dela. - Qual é, Hunter?

— Você não pode ler! - Hunter ria enquanto a bloqueava com o braço, pois esta havia avançado para cima dele.

A perplexidade tomou o rosto de Natalie e ela interrompeu o gesto de tentar pegar o livro. Sentou-se onde estava anteriormente.

— Por que não?

— Porque não está pronta ainda. Estou compondo uma letra. - Hunter a observou divertidamente. Ela parecia uma criança curiosa. Encantava-se cada vez mais.

— Quando poderei ver?

— Quando ela estiver gravada no CD, assim como todo mundo. - ele respondeu sem olhá-la. Adorava provocá-la.

Are you shitting me? Desde quando eu sou "como todo mundo"?

Hunter gargalhou quando ela repetiu o final da frase dele com um terrível sotaque britânico.

— Desculpa. It is what it is. - ele viu uma carranca se formar no rosto de Natalie. - Não fica brava, Freckles. C'mon. - Hunter jogou o caderno na mesa de cabeceira e esticou o seu lençol para puxar a garota de sardas para o meio de suas pernas, de forma que as costas dela ficassem apoiadas em seu tórax. Ele ajeitou o lençol de Natalie para que não caísse e a envolveu com os braços.

Aquele gesto foi o suficiente para que a braveza dela se esvaísse toda. Hunter tinha cada vez mais poder sobre os sentimentos dela, o que a assustava. Sentia-se confortada e protegida com ele abraçado a ela daquela maneira. Sentiu a vibração das cordas vocais em suas costas quando ele finalmente voltou a falar.

— Estava pra te perguntar isso há um tempo, mas faltou oportunidade. - Natalie ficou atenta, escutando-o. - Tá tudo bem com você e a Anna? Não vi você mencioná-la uma única vez durante a viagem. Nem ligar para ela, ou algo do tipo.

Natalie suspirou pesadamente quando se lembrou daquele fato. De Anna.

— Na verdade, não. - Hunter apoiou seu queixo no espaço entre o pescoço e o início do ombro dela, concentrado. - Acabamos brigando na 1OAK, momentos antes do Luke vê-la com o cara. - Hunter não se pronunciou, então Natalie assumiu que Luke havia lhe contado sobre o acontecido. Ela continuou. - Não nos falamos desde então.

— Por que brigaram?

Natalie ficou em silêncio no primeiro instante. Não queria ter de falar sobre, pois no final das contas tudo acabava se tratando de Izaac. Ele, que mesmo não estando ali, fazia-se mais presente do que Natalie gostava de admitir. Resolveu ser sincera:

— Hunter... Não sei se quero falar sobre isso agora. - sentiu o corpo dele tensionar em reação às suas palavras. - Eu poderia inventar uma desculpa e mentir pra você. Mas eu prometi que não mentiria... - ela torceu o pescoço para conseguir olhá-lo minimamente - De alguma forma tudo tem a ver com o que eu senti ontem. E, bom...

— Eu entendo, não precisa continuar. - Hunter soltou o ar, relaxando o corpo. Estava ligeiramente incomodado por Natalie não querer se abrir com ele, mas procurou ser compreensivo. Acariciou os cabelos dela. - Obrigado por não mentir.


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Notas finais do capítulo

Eita, que agora o segredo do passado da Natalie está mais presente do que nunca, o que diabos será que rolou pra dar esse bafafá todo e ela ficar toda estranha assim DO NADA? Algum palpite?


O QUE FOI ESSE HUNTER TODO FOFO COM ELA PASSEANDO POR NEW ORLEANS, HEIN HEIN? E os dois na cama, gente? Socorro. Não me acordem desse sonho maravilhosooo