Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 67
Capítulo Sessenta e Sete


Notas iniciais do capítulo

Fiz propaganda lá no grupo de que teria surpresa nesse capítulo, e é real! ♥ Por favor, por favor, me contem o que acharam. Dediquei uma boa madrugada para isso hahahaha

SÃO MUITAS EMOÇÕES



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696872/chapter/67

Ao se unirem ao resto dos garotos para tomar café da manhã, Natalie e Hunter assinaram um atestado de motivo de piada. O tempo para se arrumarem e descerem foi suficiente para Thomas contar a fatídica cena que havia presenciado minutos antes no quarto de Hunter

Thomas e Luke – que parecia mais animado do que nos últimos dias – não os pouparam. Mas nada parecia abalar o humor dos dois. Exceto quando Hunter finalmente deixou o seu olhar cair sobre Hans. Apesar de o loiro ter esboçado um breve sorriso ao ver que o casal finalmente havia se entendido, ele não dirigiu uma única palavra a Hunter. Quando o casal adentrou a cozinha, o loiro cumprimentou Natalie com um estalado beijo na bochecha, enquanto Hunter fora completamente ignorado. Fazia sentido. A briga entre os dois amigos não era culpa de Natalie, e sim culpa dele próprio e de todas as bobagens que ele havia dito ao amigo na noite passada.

Assim que Natalie notou o olhar que um lançava ao outro, disfarçadamente puxou Thomas e Luke, convidando-os para ir à sala de TV assistir a um episódio de uma série de culinária qualquer.

Hans já havia se levantado da mesa e estava quase saindo do cômodo quando Hunter finalmente uniu coragem para chama-lo de volta.

— Hans... Espera. - o castanho viu Hans respirar fundo antes de se virar para olhá-lo. – Eu tava querendo trocar uma ideia contigo.

— Certo... – Hans parecia profundamente magoado.

— Eu nem sei por onde começar, na real. – Hunter apoiou o corpo na mesa como se fosse se sentar sobre a mesma. Sentia-se ridículo enquanto se lembrava da série de absurdos que havia proferido ao irlandês desde o início da viagem. Estava envergonhado. – Só sei que passei da cota de escrotidão com você.

— Hunter, na boa... – Hans tentou interrompê-lo enquanto coçava a sobrancelha com os dedos indicador e médio. Não queria ter de entrar em uma nova discussão com Hunter.

— É sério, deixa eu falar... – Hunter respirou fundo. Encarou os próprios pés, procurando as palavras certas. Depois voltou a olhar para Hans. – Talvez você não me perdoe. E se isso acontecer, eu entendo porque eu mereço. Você sempre foi meu melhor amigo, sempre encobertou todas as minhas cagadas e deslizes. Sempre me entendeu e segurou todas as broncas comigo. Mesmo quando todo mundo estava contra mim e acreditava que eu não valia à pena. – Hunter sentia que sua garganta parecia estar se fechando. – Você nunca desacreditou. E eu sempre fui muito grato pela nossa amizade, pela nossa parceria. Eu te admiro pra caralho e já te falei isso milhares de vezes. – o castanho jogou os cabelos para o lado. – Me desculpa, irmão. Eu tô me sentindo um bosta. Desconfiei da última pessoa da qual eu deveria desconfiar. Ofendi você e a Natalie das mais variadas e injustas formas.

— Eu sempre apoiei o lance de vocês. Mesmo quando você falava que ela não passava de mais uma foda. Eu já sabia desde o início que não era.

— Você sempre sabe. – Hunter tentou sorrir.

— Mas parece que você nunca sabe, Hunter. Eu fiz a tua pra Natalie inúmeras vezes. – Hans fechou o cenho e cruzou os braços. – Eu sei que já fiz cagada com amigos meus. E eu não me orgulho disso. O Ellijahe tudo mais... Mas de todos os amigos que eu tenho, você é o ÚLTIMO com quem eu seria capaz de fazer algo do tipo. Sempre te considerei meu irmão.

— E eu sou! – Hunter deu alguns passos na direção de Hans enquanto apontava a si mesmo com ambas as mãos.

— Será? Parece que a Natalie não é a única com problemas para confiar nas pessoas.

— Hans... Por favor. Você sabe o porquê. – Hunter se aproximou ainda mais, ficando frente a frente com o loiro. – Eu... Eu sou louco por ela. De um jeito que eu nunca fui antes por qualquer outra. Eu já a estava perdendo por merdas que eu mesmo havia causado. Mas só de pensar em perdê-la pra você... Um cara incrivelmente melhor que eu...

Cut the crap, Hunter.

— É sério. Você é um cara que encanta qualquer pessoa, qualquer mulher. Você é tudo o que eu não sou. Tudo o que eu nunca vou ser capaz de oferecer à Natalie.

Hans respirou fundo.

— Então é bom você começar a ser capaz. – o loiro descruzou os braços, o que para Hunter parecia ser um bom sinal. – A Natalie não é obrigada a entender a sua personalidade e a suportar os seus picos de surtos e doçura.

— E você? – Hunter o indicou com a cabeça.

Hans respirou fundo e rolou os olhos.

— Como não suportar você... – Hans sequer conseguiu terminar de falar, pois Hunter avançou sobre ele para um abraço apertado.

— Desculpa, irmão. – o castanho falou baixo. – Eu amo você, cara.

— É, eu sei.

— Ok, acho que já vi cenas de pós-sexo o suficiente por hoje, pessoal... – Thomas apareceu quase que subitamente, batendo nos ombros de Hunter e Hans enquanto as risadas de Natalie e Luke preenchiam o ambiente. – Arrumem um quarto, sim?

Fuck you, Tate. – Hunter riu enquanto se soltava de Hans.

— O lance do quarto vai ter que ficar pra depois. – Luke deu uma piscadela quando Hans fingiu ameaçá-lo com um soco. – Já que estávamos com o tempo livre essa tarde, resolvi marcar um horário no estúdio.

— Perdi alguma coisa por aqui? – Hunter olhou confuso para os amigos.

— Se você não estivesse ocupado ontem... AI! – Thomas foi interrompido por um soco de Hunter em seu braço. – O Luke terminou de compor aquela música e queria começar a gravá-la.

— Mas e o show de hoje à noite? – Hunter coçou o queixo.

— É por isso que temos de ir agora. Senão não vai dar tempo. – Luke começou a empurrá-lo na direção da porta.

— Mas e a Natalie? – o castanho tentava olhar para trás enquanto era empurrado. Percebeu Natalie carregando a case da câmera fotográfica e uma mochila enquanto os acompanhava. Ela com certeza havia buscado todo o equipamento enquanto a conversa entre ele e Hans acontecia na cozinha.

— Acha que vou perder isso? É uma oportunidade incrível pra terminar o meu projeto.

— Qual é, galera...! – Hunter não conseguiu terminar de falar, pois havia sido completamente empurrado para fora do apartamento enquanto seus amigos o seguiam.

 

**

 

Não demorou muito para que Natalie conseguisse todas as filmagens necessárias na gravação de estúdio. Assim que pôde, pediu a um dos produtores para que lhe deixassem usar a sala de reuniões para poder editar o projeto em seu notebook. A cada nova parte editada ficava ainda mais ansiosa para poder apresentá-lo à equipe após o show daquela noite.

Trabalhou por horas a finco, parando apenas para bebericar um pouco do café que um dos funcionários do estúdio lhe trouxe. Quando conseguiu terminar, não conseguiu acreditar no resultado. Assistiu uma, duas... Três vezes em busca de algum erro ou corte mal feito.

Já estava terminando de guardar o notebook para sair da sala quando Hunter apareceu na soleira da porta.

— Se escondendo, Freckles? – ele brincou enquanto a viu se aproximar dele para lhe dar um selinho lento e delicado. Hunter sorriu, levemente surpreso, mas feliz pelo ato dela. Aquele era o primeiro ato de carinho fora do quarto do rapaz.

— Foi o melhor lugar que encontrei. Tom está me rondando desde ontem atrás das benditas fotos! – Hunter puxou a mochila da garota para si e a jogou em seu ombro enquanto beijava a têmpora dela delicadamente.

Tom is the worst. Muito curioso. Fico imaginando se ele fosse mulher... – os dois já andavam pelo corredor.

— Hey! – Natalie lhe deu um empurrão, fazendo-o rir. – Eu não sou curiosa.

— Ah não? “Me conta logo senão eu vou cortar o seu cabelo!”  - Hunter fez uma voz afeminada, tentando imitar Natalie quando ele não quis lhe contar sobre Georgia mais cedo.

— Cala a bocaaa! – Natalie começou a rir, e ele a acompanhou.

— É melhor irmos logo. Teremos de jantar no camarim do estádio senão atrasaremos o show.

Hunter, que estava andando apressadamente na frente, esticou o braço para trás. Em um ato instintivo, segurou a mão de Natalie, entrelaçando os dedos nos dela. O ato quase a fez parar de respirar. Ela interrompeu os passos, olhando-o meio abobada. Aquilo o fez parar também e olhá-la de volta, um tanto confuso.

A garota de sardas olhou para as mãos deles entrelaçadas, e Hunter acompanhou o olhar dela. Depois voltou a encará-la um pouco receoso.

— Desculpa...

Ele já estava desentrelaçando seus dedos dos dela, quando sentiu-a firmar a mão, segurando-o.

— Não... – ela sorriu timidamente. Aproximou-se e sussurrou contra os lábios do castanho. – Eu amei.

Ele sorriu ligeiramente envergonhado. Não estava se reconhecendo. Parecia um adolescente inexperiente. Iniciou um beijo lento e apaixonado.

Caham Caham! – Era Thomas quem fingia uma tosse, interrompendo-os. – Entendo que estejam com fome... Mas será que podem parar de se comer, porque nós também estamos?! – o rapaz começou a rir quando teve de sair correndo porque Hunter avançou sobre ele.

 

**

 

O show fora uma tensão pura para Natalie. Por mais que tentasse se concentrar para tirar as fotos, tudo o que conseguia pensar era na reunião que havia marcado com a equipe e a banda para apresentar o projeto.

Era típico dela. Durante todo o processo de produção ela estava animada e cheia de energia, dando o seu máximo  tanto na produção das fotos e vídeos quanto na edição dos mesmos. Mas quando a hora H estava para chegar, a ansiedade e o nervosismo se apossavam de todo o seu corpo, e nada era capaz de conter a violência do seu coração acelerado dentro do peito. Ou o nó na garganta.

Quando ouviu Luke se despedir do público, sentiu que sua saliva parecia mais cubos de gelo descendo goela abaixo. Percebeu que estava tremendo levemente no momento em que foi guardar a câmera na case, já no camarim. Deu um pulinho quando sentiu um Hunter suado lhe beijar a bochecha. Olhou-a preocupado quando viu uma expressão de choque em suas feições.

— Tá tudo bem?

— Só um pouco... Ansiosa. – ela deu um sorriso fraco.

— Freckles, relaxa! – ele sorriu divertidamente enquanto passava uma toalha na nuca. – Você vai tirar de letra. Seja lá o que você aprontou. – ele riu da expressão espantada de Natalie. – Assim que todos estiverem de banho tomado aí você pode ficar ansiosa. Relaxa. – ele lhe deu um beijo rápido antes de sair.

— Certo. Relaxar. – Natalie respirou fundo enquanto Hans também passava por ela e lhe dava um beijo na bochecha.

— RELAXA, Nats! – ele correu para onde deveriam ser os chuveiros.

 

**

 

Era agora ou nunca. Lá estavam os garotos, Judith e Steve. Todos sentados em volta da mesa de uma sala de reuniões que nem mesmo Natalie sabia que existia no apart hotel em que estavam hospedados. E lá estava ela, de pé, na ponta da mesa e ao lado de uma grande televisão suspensa.

— Muito bem, querida. – Aquele foi o sinal de Judith para que ela começasse a apresentar o tal projeto.

Natalie prendeu a respiração. Olhou para Steve, que a observava com os braços cruzados. Depois seus olhos passaram por Thomas, que estava apoiado com os cotovelos sobre a mesa, ansioso. Luke lhe mandou um “boa sorte” labial. Hans parecia tão nervoso quanto ela, tenso. Hunter lhe lançou um olhar doce e encorajador, assentindo.

Ela soltou o ar e passou os dedos pelo mousepad de seu notebook. A tela dela foi espelhada na televisão. Aquele era o seu momento. Havia trabalhado duro para estar ali. E não se tratava apenas daquele trabalho.

Um flash de tudo o que ela havia passado, o início do intercâmbio morando com uma família como au pair, os apuros, os obstáculos para que ela finalmente pudesse estender a sua estadia nos Estados Unidos, a prova para a bolsa da NYU...

“Eu mereço estar aqui”, sua mente afirmou isso. E era verdade. Ela merecia. Ela lutou. E aquele momento seria mais uma conquista.

— Certo. – sua voz saiu mais alta do que esperava. Ficou satisfeita. – Essa oportunidade tem me trazido cada vez mais experiências e conhecimentos incríveis. Apesar de estar sendo paga para fazer o que eu já sei... Acreditem, eu estou aprendendo cada vez mais com cada um aqui a cada dia que passa. – notou sorrisos surgirem. Manteve o foco. – E depois desses dias ao lado dos garotos, conversando e documentando a vida deles na estrada... E me lembrando daquela coletiva que vocês deram... – Steve olhou para os garotos surpreso. – Eu entendi que esse é um momento que vocês desejam que seja uma transição. Vocês estão se preparando para ter um álbum totalmente composto por músicas de vocês. É um momento de recriação de identidade. O momento de juntar tudo o que os quatro representam na Elite Four como unidade. – Viu alguns assentirem orgulhosos. – Vocês têm uma carreira consolidada para arriscar e finalmente mostrar quem são.

Enquanto ela falava, as fotos em preto e branco dos garotos iam passando, uma a uma. Cada integrante aparecia primeiro sério, e na segunda foto, fazendo uma careta. Olhou a expressão surpresa ganhar o rosto dos seis que a assistiam. (FOTOS: LUKETHOMASHANSHUNTER)

Ela continuou a falar antes que desistisse e sua voz sumisse para sempre:

— Nesse ensaio eu não quis cenário. Não quis roupas de tendência. Não quis sensualidade. Eu quis vocês. Lembro que me disseram que gostaram das minhas fotos porque eu conseguia captar a essência de cada um. Então acho que talvez eu seja mesmo a pessoa certa para a produção desse álbum. – Hunter sorriu quando ela finalmente constatou o que para eles era óbvio há muito tempo.

Ela deixou que duas fotos da banda aparecessem no visor. Uma delas mostrava Hunter e Hans sentados em um sofá enquanto Luke e Thomas estavam logo à frente, no chão (FOTO). A outra foto apresentava o grupo de pé, todos bem juntos e naturais. Sem poses pensadas e ao ar livre (FOTO).

Natalie respirou fundo, pois daquele momento em diante não teria mais volta. Não para o que ela ia mostrar.

— Sei que não me pediram para que eu fizesse. Sei que existe toda uma equipe por trás da Elite Four, entre desenvolver a proposta e tudo o que cada decisão possa refletir na banda e na carreira de cada um. Mas fui ousada. – até mesmo Steve riu da brincadeira dela. – Fui real como eu tenho visto a Elite Four ser. E eu queria que as fãs pudessem conhecer a Elite Four que eu conheço. Sem defesas. Defenceless.

Ela apertou o botão do notebook e deu o play no vídeo que ela produziu. Vídeos deles nos shows, no estúdio e outros momentos mais intimistas ganharam a atenção dos expectadores. E os ouvidos também, pois Natalie se deu o trabalho de colocar uma trilha para ornar com a proposta. Era um trailer. E o texto foi surgindo, cena à cena:

IT'S TIME

OF A NEW ERA

BEYOND THE SPOTLIGHT

FORGET ABOUT EVERYTHING YOU'VE SEEN

FORGET EVERYTHING YOU'VE KNOWN

IT'S A NEW STORY

FROM THEM

TO YOU

ELITE FOUR

DEFENCELESS

(VÍDEO)

O final do vídeo revelava a capa do álbum na qual ela havia trabalhado. A foto mostrava os garotos sentados em um rooftop, descontraídos. Na parte inferior da imagem, a marca com o nome da banda e a proposta de nome do novo álbum: Defenceless.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AI, ME FALEM, ME CONTEM. Gostaram? >