Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 56
Capítulo Cinquenta e Seis


Notas iniciais do capítulo

Olar, meus amoress!

Tenho uma news marotinha que gostaria muito de compartilhar com vocês...
Eu FINALMENTE tomei vergonha na cara e fiz um grupo para Defenceless no Facebook. E eu queria MUUUITO que vocês, seres maravilhosos, fizessem parte desse momento na minha vida. Parece uma coisa pequena, mas pra mim é um grande feito.
Eu fiz justamente por vocês, pois gostaria de manter um contato e um vínculo maior com as pessoas que dão força para o meu sonho (de escrever) continuar.

Por favor, peçam solicitação e façam ainda mais parte de Defenceless ♥ Lá eu sempre aviso a postagem de novos capítulos, e gostaria de iniciar discussões maneiras com vocês ♥

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Talk Is Cheap - Chet Faker

 

Quando Anna se desvencilhou do rapaz que estava beijando, Luke deu alguns passos para trás e se virou para sair dali. Sem nem pensar duas vezes, ela correu por entre a multidão de pessoas para ir atrás do moreno que andava em disparada na direção da saída do estabelecimento.

Hans se virou para segui-los, mas sentiu a mão de alguém segurá-lo pelo antebraço. Quando girou os calcanhares de volta para a posição inicial encontrou os olhos de Natalie. Estes expressavam um misto de tristeza e preocupação.

— É melhor você ficar. Pode acabar sobrando pra ti também.

— Sobrou pra você? – o loiro a viu assentir em resposta. – Que cara é essa?

— Nada. – Natalie tentou sorrir. Mudou o foco da conversa. – O que você tá fazendo aqui?

Hans respirou fundo e olhou para os lados como se procurasse algum lugar onde eles pudessem conversar melhor sem aquela música ensurdecedora que os fazia ter de falar quase gritando um com o outro.

— Quer sair daqui? – ele perguntou.

— Quê?! – ela aproximou o rosto para escutar melhor.

Os dois se olharam por alguns curtos segundos antes de começaram a rir em uníssono. Dessa vez foi Hans quem segurou-a pelo antebraço antes de aproximar seu rosto do ouvido dela para poder falar.

— Vamos sair daqui?

A castanha assentiu, seguindo Hans por entre a multidão.

 

**

 

Anna começou a correr quando viu Luke atravessar a rua na noite iluminada apenas pelos postes.

— Luke! Luke, espera...! – seus saltos estalavam no asfalto enquanto ela atravessava a rua e via o rapaz parar ao lado do próprio carro.

Luke respirou exaustiva e profundamente e virou-se para encará-la, e naquele mesmo instante Anna sentiu a garganta secar e ficar dolorida. Tudo devido ao olhar sem brilho e vontade que o moreno lhe deu.

— O que você quer? – a voz dele parecia ainda mais sem vontade.

— Eu... eu quem pergunto. – Anna respirava rapidamente como se houvesse participado de uma maratona há pouco.

— Eu? Não quero nada. Não mais. – Luke enrugou os lábios enquanto dava de ombros como se aquela conversa não tivesse importância alguma. – Não depois do que vi.

Anna sentiu suas mãos começarem a tremer, então fechou-as em formato de punho para tentar controlar aquele gesto involuntário que estava prestes a entregá-la. Ela tentou dar um sorriso irônico.

— Eu não tô entendendo você.

Luke deu uma risada nasal fraca e enfiou a mão no bolso em busca das chaves do carro.

— Não achei que eu precisasse jogar esse tipo de joguinho com você, Anna. Mas vamos lá. – ele apertou o botão do alarme para destravar o carro e abriu a porta do mesmo. – Eu achei que tínhamos algo legal.

— M-mas... Luke, nós nunca falamos sobre isso, sobre termos algo sério... – Anna já estava se sentindo tão envergonhada com o episódio que acabara de acontecer na 1OAK que não lhe restava mais fôlego algum para falar sobre a foto dele com outra mulher na revista. Não queria se humilhar. – Nunca achei que fôssemos exclusivos, eu... sejamos sinceros aqui. Você é famoso. É do tipo de cara que pode ter quantas e quem quiser.

— Sou. Sou famoso. E posso até ser o tipo de cara que pode ter quantas e quem quiser. Só que eu não quero e nem ajo dessa maneira. – ele falava balançando a cabeça como se ainda não acreditasse no que estava acontecendo. – Achei que houvesse notado isso depois de todo o tempo que passamos juntos. E sobre não termos conversado a respeito do que tínhamos... achei que certas coisas não precisavam ser conversadas. Achei que era meio óbvio.

Anna sentiu suas pernas vacilarem ao ouvir a frase que ela tanto repetiu à Natalie, mas só que agora de uma perspectiva nada cretina. Sentia um aperto no peito que sequer conseguiria descrever, não importava o quanto tentasse.

— Eu simplesmente não sabia.

Luke riu de novo, desacreditado.

— É aí que tá. Não é questão de saber, Anna. É sentir. E a sua resposta já deixa claro que você não sente nada.

— Eu sinto! Só não sei o quê! – ela tentou compassar a respiração.

— Pois é... só que eu sempre soube. – Luke engoliu a saliva, fazendo uma pausa na própria fala antes de prosseguir. - Eu não sou o Hunter, não fico brincando com o coração das pessoas. E também não quero que brinquem com o meu. Eu achei que desde o começo eu havia deixado claro o que eu queria e sentia. – o rapaz deu um sorriso fraco em meio ao mar de lágrimas que tentava escapar de seus olhos. – Ou eu fiz um trabalho bem porco na hora de demonstrar... ou talvez eu tenha escolhido a pessoa errada.

Anna sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e correrem livres pelo seu rosto com uma facilidade que a surpreendeu. Nunca ninguém havia lhe feito chorar com tão poucas palavras.

— Luke... – ela o chamou quando o viu entrar no carro. – Luke, espera, por favor.

— Eu já esperei demais, Anna. – algumas lágrimas finalmente venceram a batalha contra Luke e escorreram por suas bochechas. Mas apenas por alguns segundos, pois ele fez questão de limpá-las com a palma da mão antes de fechar a porta do carro.

— Luke! – Anna o ouviu dar partida no carro. – Luke, por favor! – Tentou correr um pouco atrás do automóvel sem sucesso. – LUKE!

 

**

 

Hans e Natalie entraram no carro do loiro que se encontrava a um bloco da 1OAK.

— Certo – Hans ligou o carro apenas para ligar o ar condicionado no nível mínimo e configurar o som do carro que estava plugado ao seu iPod.

 

One Day – Kodaline

 

Natalie sorriu ao prestar atenção na música que estava tocando.

— Sabe que podemos dizer muito sobre as pessoas através das músicas que elas escutam, né? – Natalie olhou para ele enquanto encostava a cabeça no apoio do próprio banco.

— E o que você diria de mim?

— Que você sabe o que há de bom nessa vida. - os dois riram. – Ok... vai me contar agora o que diabos estavam fazendo na 1OAK?

Hans sorriu um pouco envergonhado e respirou fundo antes de começar.

— Bom... na verdade eu meio que estou sobrando nessa história, porque meu único papel era dar apoio moral ao Luke. – Natalie o olhou com uma expressão confusa e isso o fez deixar ainda mais desconfortável. Coçou a parte de trás da cabeça antes de continuar. – O Luke planejava convidar a Anna para viajar com a banda durante essas duas semanas.

Shit. – Natalie colocou a mão na testa.

— É, double shit. – Hans pensou bem antes de fazer a pergunta que estava pairando em sua mente desde que presenciou toda a cena na 1OAK. Antes que se arrependesse, abriu a boca. – A Anna... hm... aquele cara...?

— Não. – Natalie respondeu de prontidão. Entendera o que Hans estava insinuando antes mesmo de ele terminar de formular a frase. – Foi o único cara que ela beijou desde que conheceu o Luke. Apenas... aconteceu uma situação bosta na hora mais errada que poderia ter acontecido.

— Entendi. – os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. – E o que quis dizer sobre ter sobrado pra você?

— Ah...

Natalie pensou em começar a falar tudo o que havia acontecido. Mas a voz de Anna veio como um trovão em sua mente:

 

“-[...] Eu não sou como você, que quebra a unha e precisa de alguém pra confortá-la. Eu resolvo os meus problemas sozinha. [...]”

 

Anna tinha razão. Natalie sempre precisava de alguém para estar ao lado dela. Ela precisava de alguém para dizer “vai ficar tudo bem”. Mesmo que nada fosse ficar bem de novo. Era a injeção de esperança e segurança que ela tanto queria dar e buscar nas pessoas. Sentiu-se uma coitada.

— Nada... – ela completou depois de um tempo. – Acho que tô precisando aprender a lidar com os meus problemas sozinha. Pelo menos um pouquinho.

Hans estreitou os olhos azuis minimamente, emanando zelo e compaixão. (GIF)

— Quem disse isso?

— Ninguém... eu só acho que tenho que parar de precisar tanto das pessoas.

— Isso é uma grande bobagem, Nats. – foi a vez do irlandês pender a cabeça para trás para apoiá-la no encosto. – Eu preciso. Você também. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, precisa de alguém. E isso não é ser fraco... muito pelo contrário. Fracos são aqueles incapazes de admitir quando precisam de alguém.

Natalie franziu o cenho enquanto absorvia tudo o que Hans havia lhe dito com tanto sentimento.

— Acha que sou uma bagunça?

Hans riu docemente como um pai ri de uma criança que faz uma pergunta boba e inocente. Esticou a mão na direção de Natalie e mexeu nas pontas do cabelo dela de forma delicada e carinhosa.

— Todos somos uma bagunça. Lembra do que o Gato disse para a Alice? “We’re all mad here. I’m mad. You’re mad.”— Hans viu Natalie sorrir após a referência de Alice no País das Maravilhas. (GIF)

— Você... é incrível, Irish.

— Eu sei. Mamãe diz isso o tempo todo. – Natalie soltou uma risada analasada. – Olha só... sei que não somos tão próximos... mas se precisar conversar na viagem... sabe onde me encontrar.

Natalie não sabia se era Anna ou se era Hans quem estava certo, mas ouvir o que loiro tinha a dizer foi realmente reconfortante. E saber que ele estaria por perto na viagem parecia tornar o bolo na barriga menor. A garota de sardas simplesmente esticou o seu corpo por cima do câmbio do carro que os separava e abraçou Hans.

— Obrigada. Sério.

Este retribuiu o abraço.

— Não precisa agradecer. – eles logo se soltaram e Hans finalmente deu partida no carro. – Uma caroninha?

— Aceito.

 

**

 

Everybody Hurts – R.E.M.

 

Anna soluçava em meio às infinitas lágrimas que insistiam em lhe borrar toda a maquiagem. Não conseguia se lembrar quando fora a última vez em que havia chorado tão copiosamente como naquele momento. Na verdade, não conseguia pensar em mais nada. Sua mente continuava a repetir as duras palavras de Luke enquanto ela permanecia inerte, os pés fincados exatamente no mesmo lugar em que tudo acontecera.

— Por quê? – ela perguntou a si mesma. A voz fraca dela saiu quase como um fio.

Por que Anna não conseguia se entregar de verdade? Por que era assim tão difícil acreditar que o amor também poderia funcionar para ela? Do que ela tinha tanto medo? Sempre que estava a ponto de embarcar em uma relação de verdade, ela arruinava tudo, de alguma forma. Eram inúmeras as desculpas que dava a si mesma, e elas sempre acabavam por lhe bastar. Mas por que daquela vez não estava sendo assim?

Fez esforço para que seus pés saíssem do meio da rua quando um carro passou rente ao seu corpo e o motorista segurou a mão na buzina.

Anna sentiu nojo de si mesma. O estômago se embrulhou e ela tossiu algumas vezes, com ânsia. Mas nada saía. Não era o álcool vivo em suas veias. Era a ressaca moral que lhe enjoava.

Queria ir para casa, mas não sabia como. Estava desnorteada. Tudo o que queria era que Natalie estivesse ali para ampará-la.

“Natalie”, ela pensou. Lembrou que minutos antes de Luke flagrá-la aos beijos com outro no meio da festa, sua melhor amiga estava bem ali tentando alertá-la das borradas que estava cometendo. Lembrou de como Natalie estava certa sobre tudo o que estava falando, mas ela preferiu ignorar e atacá-la com ofensas e insultos. Tudo por não querer admitir seus sentimentos.

Aconchegou-se na sarjeta da calçada e desabou ainda mais em lágrimas. Ela estava sozinha como sempre gostou de dizer em alto e em bom som que preferia assim. Mas não preferia. Não naquele momento.


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Notas finais do capítulo

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