Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 55
Capítulo Cinquenta e Cinco


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, vou começar esse capítulo pedindo umas desculpinhas básicas por não ter postado antes! Eu não recebi as notificações dos coments maravilhosos de vocês e achei que ninguém tinha lido, acredita? Fiquei mega frustrada porque o capítulo anterior foi super babadeiro! Aí hoje resolvi vir postar e dei de cara com comentários lindos das leitoras MD, Juliana S 22 e da Letícia! Eu não recebi as notificações e fiquei chorosa HAHAHAHAHA Não me odeiem, estou sendo transparente com vocês ♥ hahahaha

PASSADO ESSE MAL ENTENDIDO, segurem o forninho desse capítulo porque VAI DAR O QUE FALAR



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Brown Eyed Girl – Faith Vegas

 

Natalie estava na cozinha de seu apartamento preparando o café da manhã. Apesar de ser sábado, acabara acordando mais cedo. O motivo? Mal conseguira pregar o olho lembrando-se do dia anterior ao lado de Hunter Saxton.

Enquanto colocava as fatias de pão na torradeira, lembrou-se das confissões que Hunter lhe fez na Grand Central Terminal, no Arco do Sussurro:

 

***INÍCIO DO FLASHBACK***

 

— Eu estou muito feliz de estar com você hoje. Estranho, não é? ­– Natalie sentiu as famosas borboletas no estômago se debaterem ao confessar aquilo. Pôde jurar que algumas dessas borboletas estavam conseguindo a proeza de bater as asas bem próximas ao seu coração, pois ele parecia bater violentamente contra o seu peito.

— Insano, na verdade. – os dois riram.

— E você?

— Eu o quê? – ele fingiu não entender.

— Acho que não está gostando muito, não é? Está fugindo da pergunta!

— Reformule a pergunta, repórter. – o rapaz brincou, fazendo-a rir.

— Se você pudesse escolher um lugar para estar agora...?

Hunter sorriu torto, sentindo seu coração acelerar. Respirou fundo:

— Aqui, com você. Na verdade... poderia ser qualquer lugar, desde que fosse com você.

 

***FIM DO FLASHBACK***

 

Lembrou-se da parte da noite. E do beijo quente que deram com ela sobre o capô do carro dele. Mal conseguia se conter dentro de si. Bem que tentava, mas os lábios a desobedeciam, e ela se via sorrindo sozinha feito uma boba enquanto esperava as torradas ficarem prontas. (GIF)

— Hmm, chegou tarde ou chegou cedo? – a voz de Anna preencheu a cozinha subitamente.

Natalie estava tão distraída que sequer percebeu a amiga se aproximar. Ela riu sem pudor enquanto colocava as torradas no prato e se direcionava para a bancada.

— Cheguei tarde, boba.

Anna franziu o cenho surpresa com o repentino bom humor matinal da melhor amiga. Percebeu como até o gesto de Natalie para servir o suco de laranja estava leve. Sorriu, inclinando a cabeça para o lado enquanto já a observava desconfiada.

— Pelo visto, o sumiço ontem com o sr. Saxton rendeu um estoque de bom humor...

Natalie sorriu sem graça, olhando-a por baixo. (GIF)

— Vai me contar ou vou ter que te ameaçar com esse garfo? – Anna levantou o garfo que iria usar para comer o ovo mexido que Natalie havia preparado para ela.

Natalie pressionou os lábios por alguns segundos, e quando os soltou, sua boca ganhou uma coloração mais rosada. Respirou fundo sem saber como contar, então simplesmente deixou que as palavras saíssem sem filtro.

— A gente ficou. E dessa vez eu não interrompi nada.

Anna soltou o garfo, e este tintilou na bancada. Ela levantou as duas mãos aos céus em sinal de agradecimento.

— Posso ouvir um Aleluia?!

— Idiota! – as duas riram em conjunto enquanto Natalie tampava o rosto.

— Como, quando, onde? Rolou tudo o que tinha direito? – Anna parecia uma criança pulando sentada na banqueta, tamanha era a sua animação e curiosidade diante da revelação da amiga.

— Não, né. – Natalie rolou os olhos divertidamente. Nenhum comentário de Anna seria capaz de acabar com o bom humor dela. – Fomos a vários lugares depois da minha reunião com o Steve. Foi tipo uma comemoração. – Anna deu uma piscadela sacana, o que arrancou risos de Natalie. – E acabamos parando no Fort Totten Park.

— Meu spoooot!

— Siiiiiim! Aquele lugar à noite... – Natalie olhou sonhadoramente para além da amiga, como se conseguisse visualizar o lugar bem ali na sua frente.

— Eu sei! Maravilhoso, né? O Hunter é esperto, escolheu o lugar perfeito! – Natalie lhe lançou um olhar sugestivo. – Que é? Tô brincando! Mas você tem que concordar que ele sabe criar uma atmosfera perfeita pras coisas rolarem.

— É, Anna, é... – dessa vez foi Anna quem riu enquanto Natalie espalhava geleia em suas torradas. – Enfim... a gente trocou muitas confidências, conversamos de um jeito que nunca havíamos conversado. Foi bem legal.

— Nem acredito que tô escutando isso... – Anna puxou o iPhone do bolso. – Pode repetir pra eu eternizar esse momento? – ela levantou o celular na altura do rosto de Natalie.

Give me a break, Anna! – Natalie afastou o aparelho da amiga com a mão enquanto ria abobada.

— Certo! – Anna ficou um pouco mais séria. – Mas que mal lhe pergunte... se foi tão legal assim, porque não...?

— Não que fôssemos fazer algo do tipo lá... mas dois policiais chegaram, e... – Anna engasgou com o suco de laranja quando começou a rir, e Natalie a acompanhou. – Pois é, que humilhação. A gente riu o caminho todo.

— Essas coisas só acontecem contigo, guria.

— Nem me fale...

— E agora?

— E agora o quê? – Natalie perguntou antes de dar uma mordida em sua torrada.

— Como vocês estão? – Anna levantou a sobrancelha como se aquele questionamento fosse um pouco óbvio.

— Hm... – a garota de sardas deu de ombros enquanto terminava de mastigar. – Não estamos. Eu Acho. – ela completou quando viu Anna a olhar surpresa. – Não tivemos tempo de falar sobre isso, amiga. Foi só uma pegação em cima do capô do carro, não tem muito o que decidir.

— No capô. Do carro?! Gente, me abana! – Anna começou a se abanar com um dos guardanapos que estavam sobre a bancada, fazendo Natalie rir de novo.

— É, tenho que reconhecer que foi. MUITO. BOM.

— Eu imagino... também é tanto desejo reprimido entre vocês que quando rola pega até fogo. – Anna constatou enquanto comia seu ovo mexido.

— De qualquer forma... vamos ver como vai ser na viagem.

— AI! – Anna bateu na própria testa como se lembrasse de algo, assustando Natalie. – A viagem! Vocês já vão segunda, né? Meu Deeeeeus, já estou com saudades! – ela fez bico.

— Eu tambééém! – Natalie a imitou. – Embarcamos na madrugada de domingo para segunda. Eles costumam pegar esses tipos de voos porque o aeroporto fica menos movimentado e evita o furdúncio de sempre. Você bem que podia ir com a gente!

— Ai, não viaja, Nats. Eu e o Luke não temos nada sério, não faria o menor sentido ele me convidar. Certo ele, que não o fez, inclusive. – ela tomou mais um gole de seu suco. – Hm, aqui! Hoje vamos pra balada. Temos que ter uma noite babadeira, só eu e você! Tipo uma despedida.

— Mas Anna, são só duas sem...

— Não quero saber, você conseguiu um emprego legal, vai ganhar uma boa grana e vai viajar com um boy, isso merece uma comemoração! Além disso, vou sentir falta do seu dramalhão diário. – Natalie parecia muito mais interessada em suas torradas do que no que Anna estava falando. Isso fez com que a morena roubasse a fatia da mão de Natalie para que prestasse atenção nela.

— Ora, sua...! – Natalie se esticou por cima da bancada para tentar pegar a fatia de volta.

— Você vai na balada? Sim? Ou sim? – Anna levantou o braço para o alto e o afastou para que Natalie não conseguisse alcançar a torrada.

— Eu vou, Anna, cacete! Agora me devolve a minha torrada!

 

**

 

Hunter já conseguia escutar a voz dos garotos jogando vídeo game enquanto descia as escadas. Era muito comum os amigos dormirem na casa dele mesmo sem avisá-lo – aliás, ninguém havia conseguido falar com ele desde o dia anterior.

— Veja sóóó, se não é o pior anfitrião da face da Terra! – mesmo sentado, Luke abriu os braços na direção de Hunter como se o fosse abraçar.

— Não começa, vai... vocês são de casa. – Hunter comentou enquanto se sentava ao lado de Luke e sentia o olhar não só dele, mas de Hans, Tom e Ellijah encarando-lhe. Não conseguiu conter o sorriso que lhe escapava os lábios furtivamente. Tampou a boca com a mão quase que inofensivamente, levantando as sobrancelhas.  – Que foi? (GIF)

— Parece que o motivo do desaparecimento de ontem foi bom... – Ellijah brincou enquanto pegava o controle de Luke. – MUITO BOM, eu diria.

— Não sei do que está falando. – Hunter entrou na brincadeira.

— Devo citar nomes? – o ruivo provocou.

— Não, não tem que citar caralho de nome nenhum, Scott.

A resposta de Hunter fez os amigos preencherem a sala com risadas.

— O bom humor do Hunter até voltou! Achei que o houvesse esquecido no nosso show do Madison Square Garden, quando levou um fora! – alfinetou Thomas, rememorando que aquele havia sido o show no qual haviam conhecido Natalie.

— Vai ver o fora não é mais um fora... – Hunter revelou traquinamente, fazendo com que os amigos o ovacionassem e o congratulassem com socos no ar e assobios.

— Finalmenteeeeeee! – Hans bateu palmas. – Acho que teremos uma lua de mel na nossa viagem de duas semanas. Sim ou com certeza?

A única resposta de Hunter foi um sorriso. Ele deu de ombros, não se importando em negar aquela afirmação.

— Aí que se engana, menino Hans! – Tom puxou o controle do vídeo game da mão do loiro para poder escolher o seu time no jogo. Todos o olharam confusos e um tanto surpresos. – Não teremos apenas UMA lua de mel, mas DUAS. Não é mesmo, menino Luke?

Todos os olhares passaram ligeiros e sugestivamente para Luke, que apoiou seus pés de maneira relaxada sobre as pernas de Hunter. O amigo olhou para o gesto com desdém e empurrou os pés dele para longe. (GIF)

— Como assim, L? – Hans perguntou simplesmente.

— Nada, é que não dá pra se contar a porra de um segredo por aqui...

— Acho bem justo, já que tudo o que eu faço vira notícia nessa banda. – Hunter balançou os ombros.

Visto que Luke negou-se a responder, Thomas voltou a falar:

— Luke quer convidar Anna pra viajar conosco.

— THOMAS?! – Luke gritou de forma repreensiva do outro lado da sala, jogando uma almofada com força no amigo.

— Que é? O que você ia fazer? – Tom pegou a almofada que Luke havia lhe acertado e que agora jazia no chão. - Enfiá-la na sua mala pra ninguém descobrir?

— Não sei, talvez eu ainda não estivesse pensando nisso porque eu sequer a convidei?! – Luke o respondeu com uma pergunta.

— Awnnn! – Ellijah soltou o controle no sofá e atravessou a sala para ir até onde Luke estava sentado. – Lukamy não sabe como convidá-la! Isso não é fofo? – ele provocou o amigo, apertando as bochechas dele e arrancando risada dos outros presentes.

— Vocês são insuportáveis. – Luke se desvencilhou das mãos de Ellijah.

— Viu como é bom? – Hunter o provocou cutucando-o repetidas vezes com o cotovelo.

— Cala a boca, Hazza. E só pra informação de vocês, eu liguei para encontrá-la hoje com esse propósito. – o moreno respondeu com desgosto e um tanto quanto decepcionado.

— E...? – Tom o incentivou a continuar.

— E que eu não vamos nos ver porque ela falou algo sobre a “noite das garotas” na 1OAK porque a Natalie vai viajar, e blábláblá. – todos continuaram a encará-lo como se aquilo não fosse uma boa desculpa. – Que é? Ela deixou claro que não quer que eu vá na balada, que é só ela e a Natalie.

— E quem disse que você não pode aparecer de surpresa e a convidar? Serão duas surpresas de uma vez só. – Ellijah sugeriu.

— É uma boa ideia. – Hunter concordou.

— Hunter até poderia ir junto e aproveitar o amorzinho dele. – o ruivo brincou.

Hunter mostrou o dedo do meio antes de se pronunciar:

— Bem que eu queria, mas tenho uma entrevista por Skype pra dar ao The Sun. – os garotos os olharam surpresos. – Sim. Por Skype. Num sábado.

— Isso que dá ficar pegando um monte de mulher. Depois vira assunto de jornal e não sabe por quê. – Thomas comentou fingindo falar algo corriqueiro e inocente.

— Te fode, Thomyna. – ele voltou a olhar Luke, que parecia estar considerando a ideia. – Mas hein. A ideia do Ellijah não é nada mal.

— É, tenho que admitir que o ruivo aí sabe conquistar uma mulher. – Luke riu.

— Acha que só a minha música conquista o coração das mulheres, Lukamy? – Ellijah deu uma piscadela em resposta.

— Além do mais, assim você pode fazer a minha e ficar de olho na Natalie pra mim... – Hunter sequer conseguiu terminar a sentença.

— AWWWWWWWNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN! – Thomas e Ellijah correram para pular em cima de Hunter no sofá, que começou a gritar sufocado pelos amigos.

 

**

 

— Mas já está bebendo? – Anna falou alto para que Natalie conseguisse escutá-la em meio ao som alto da música remixada que tocava na 1OAK, uma das baladas mais conceituadas de New York.

— Ué, já que é pra me divertir, tem que ser com classe. – Natalie respondeu no mesmo tom, levantando o copo de vodka com cranberry antes de tomar um gole.

— Você já tem classe, miga. A começar pelo look! – Anna puxou uma bebida para acompanhar a amiga.

Natalie trajava uma cropped preta sem alças e um par de shorts de cintura alta dourado que ornava com o colar da mesma cor. Seus sapatos de salto eram nude com o bico que trazia detalhes também dourados. (FOTO)

Anna apostou no preto e escolheu uma cropped preta, mas que cobria todo o seu colo e possuía detalhes que deixavam um pouco de suas costelas à mostra. Sua saia imitava um couro macio e não tão colado no corpo. Já o salto alto era aberto e prendia-se ao seu tornozelo. Para quebrar um pouco do tom escuro, adicionou um colar dourado ao look. (FOTO)

As duas foram para o meio da pista que estava abarrotada de pessoas, mas que ao mesmo tempo havia espaço o suficiente para dançarem tranquilamente sem que ninguém esbarrasse nelas. (FOTO 1 / FOTO 2)

— Tenho que admitir que foi uma ótima ideia termos vindo! – Natalie comentou enquanto se movimentava no ritmo da música e tentava focar o rosto da amiga - o que era um pouco difícil por conta do jogo de luzes que piscava o tempo todo.

— Claro que foi uma ótima ideia. Afinal de contas, fui eu quem sugeri. – Anna deu uma piscadela divertida e continuou a dançar com o copo de bebida na mão. – E olha só! Vai ter que me prometer mandar fotos TODOS OS DIAS. Do aeroporto, do avião, do quarto do hotel, da vista, dos shows, das ruas...! Quero me sentir como se eu estivesse lá, entendeu? – a morena agora fingia estar séria, como se fosse uma mãe dando instruções à filha que iria viajar com os amigos pela primeira vez.

— Ok, ok, Anninha. – Natalie gargalhou quando a amiga lhe deu o dedo do meio como resposta. Anna odiava que Natalie a chamasse daquela maneira.

— Cala a boca e dança, Natalie!

 

**

 

Depois de consideráveis seis drinks, Natalie poderia dizer que Anna já estava quase no “outro plano”. Era esse o termo que elas gostavam de usar para tirar sarro das pessoas extremamente bêbadas nas baladas.

— Acho que está na hora da dona Anna dar uma maneirada nas bebidas que piscam, né? – Natalie brincou enquanto ainda dançavam na pista conforme as batidas da música inundavam seus ouvidos.

— Ah, Nats, nem vem cortar meu barato! – Anna já estava falando ligeiramente enrolado. – Só porque você é a chata da noite que não quer encher a cara, não significa que eu vou ter que te acompanhar nessa.

— Eu não sou chata, veja bem! – Natalie lhe deu um tapinha. – Eu tenho que estar inteira pra viajar, lembra? E eu estou bebendo, mas não estou bebendo como se não houvesse amanhã.

— Ramelonaaaa!

— Vai se foder, Anna! – as duas riram. – Tudo bem, pode encher a cara, que hoje é minha vez de cuidar de você. Manda a ver.

— Acho bom, é assim que funciona Anna & Natalie S/A.

— Ok, cala a boca, é melhor. - Natalie sabia que Anna não estava tão alcoolizada assim, pois a morena era muito resistente quando se tratava de bebidas. Mas depois daquela piada sem graça, concluiu que Anna já não estava só “alegre”.

Whatever. De qualquer forma, hoje você nem vai precisar cuidar de mim. – ela fez uma expressão meio debochada.

— Ah, é? E posso saber como você vai voltar pra casa, queridona? – Natalie arqueou as sobrancelhas divertida e desafiadoramente.

— Hoje é sábado, dia de get laid[1]. Isso significa que é dia de outra pessoa cuidar da Anna.

Natalie gargalhou. A amiga estava falando mais bobagens do que o normal.

— Não estou vendo seu namoradinho "Eliter" aqui em nenhum lugar. Sinto te informar que não vai ser hoje, amiga.

— E quem disse que só existe ele no mundo agora? – Anna colocou as mãos na cintura, parando de dançar.

O sorriso de Natalie se desfez e a intensidade de movimentos para dançar diminuiu.

— Tá brincando, né?

— Eu já havia te falado que nós não éramos exclusivos. – Anna deu um gole na bebida para disfarçar a cara de desgosto que seu rosto insistia em criar.

— É, e eu já te falei que acho que você esqueceu de conversar com o Luke sobre o assunto. – Natalie alfinetou parando de dançar.

— Ok, e EU já TE falei que esse tipo de coisa não precisa ser conversado. Aliás, a foto daquela revista deixou isso bem claro. – Anna deu um sorrisinho cínico e voltou a dançar animadamente.

Foi aí que a ficha de Natalie caiu. A história da foto de Luke com a outra garota realmente havia mexido com Anna, mas ela era tão orgulhosa que seria incapaz de admitir aquele fato. Só agora Natalie conseguira perceber que sim, Anna Castillo, rainha do gelo, estava apaixonada por Luke Parish e havia acabado de ter o coração partido. E era por isso que ela estava bebendo daquela maneira. Conhecia a amiga o suficiente para saber que ela não estava bebendo para se divertir, e sim para se autossabotar.

— Amiga... – Natalie começou com um tom mais ameno para tentar confortar Anna. – Por que você não joga a real pra ele sobre o lance dessa foto? – ela viu a amiga jogar o corpo para trás enquanto ria com um certo deboche, mas ignorou. – Tenho certeza que tudo vai ser explicado, e...

— Não quero falar disso agora, ok? – Anna a interrompeu. – Estamos aqui pra nos divertirmos, não pra ficar falando de peguete.

— Para de ficar fingindo que não está magoada. Não tem nada de mal em admitir isso. – Natalie mexeu o próprio drink com o canudo que pendia do copo.

— Eu não estou magoada. Vamos mudar de assunto? – Anna balançou os cabelos enquanto dançava mais intensamente.

— Você tá sim, A! Poxa, você sempre me ajuda e me dá conselhos. Eu também estou aqui pra você. E essa sou eu te dizendo que vocês deveriam conversar.

Anna riu mais escandalosamente e Natalie notou que aquilo era sinal de que ela estava se irritando.

— Você nunca resolve os seus problemas com o Hunter e vem querer falar pra eu resolver os meus com o Luke na base da conversa?

A garota de sardas ignorou o tom ofensivo que começava a surgir nos comentários de Anna. Sabia que aquilo era efeito da bebida.

— Pelo menos eu sempre deixo claro pra ele o que eu penso. E você? Faz o mesmo com o Luke? – Natalie a cutucou.

Aquilo havia sido como um soco no estômago de Anna. Natalie estava simplesmente jogando na sua cara que ela era realmente incapaz de demonstrar seus sentimentos quando se tratava de relacionamentos. E por mais que aquilo fosse realmente verdade, não deixou de atingi-la em cheio. Doeu.

— HÁ. Essa é boa, vindo da garota com mais históricos de relacionamentos fodidos do mundo.

Natalie lhe lançou um olhar incrédulo e surpreso, o que fez com que Anna, mesmo alcoolizada, se arrependesse interiormente por ter falado aquilo.

— O que você disse?

A morena desejou que seu cérebro estivesse sóbrio o suficiente para dizer à melhor amiga para esquecer aquela atrocidade que havia acabado de dizer e lhe pedir desculpas. Mas não era seu cérebro quem mandava naquele momento. Era o álcool. E ele não estava sendo nada amigável.

— Natalie, não me leve a mal, não. Eu sei que não sou a pessoa mais transparente do mundo quando se trata de expressar sentimentos, mas não venha querer se mostrar uma garota forte e independente. Eu posso ser fodida no amor, mas você está anos-luz na minha frente. – Anna só desejava que alguém lhe desse um soco na cara e a impedisse de continuar falando tudo aquilo. Viu os olhos da amiga lacrimejarem enquanto flamejavam raiva. - Você é a bagunça em pessoa. Passou por um traição e ficou arruinada pra sempre. Não consegue mais sequer se envolver com alguém! Eu não me envolvo porque não quero, não porque estou traumatizada. E ainda vem querer dizer pra mim o que eu devo fazer com relação ao Luke? Eu não sou como você, que quebra a unha e precisa de alguém pra confortá-la. Eu resolvo os meus problemas sozinha. E se o que eu tô sentindo aqui é “dor de amor”, pode deixar que eu sei muito bem como resolver isso.

Natalie nem teve tempo de reagir ou responder Anna à altura. Primeiro porque estava bestificada com todas as coisas que ela havia acabado de cuspir na sua cara. Segundo porque Anna simplesmente tascou um beijou no rapaz que dançava ao lado delas.

Foi tudo muito rápido. Quando virou o tronco para sair dali quase enfartou. Luke e Hans estavam parados a pouco mais de dois metros delas assistindo àquela cena.

Embora quisesse que Anna se explodisse naquele momento, a alma de boa amiga falou mais alto:

— ANNA! – ela berrou no meio da balada.

Anna preparou-se para interromper o beijo e começar a brigar com Natalie, mas ao abrir o olho em meio ao ato entendeu porque a castanha havia gritado seu nome. Luke. E Hans. Luke. (GIF)

 

[1] Transar


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Notas finais do capítulo

Anna cagou no rolê BONITO, fala sériooooo



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